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VICENTINI, Dayanne
Pedagogia – Universidade Estadual de Londrina
dayannevicentini@hotmail.com
VERÁSTEGUI, Rosa de Lourdes Aguilar
Educação – Universidade Estadual de Londrina
rosaguilar@uel.br
O objetivo deste texto é tratar sobre a liberdade, a educação e os direitos humanos sob o
olhar de Paulo Freire. Esta é uma pesquisa bibliográfica com reflexões pessoais, sendo
que as principais referências teóricas utilizadas neste trabalho são as próprias obras do
autor. O tema está dividido em “a educação como um direito humano”, “ a educação em
direitos humanos e a diversidade cultural” e “ educando em direitos humanos por meio
da escola cidadã”. Esperamos com isto ecoar a necessidade de levar os direitos humanos
em todo nível escolar, desde o ensino básico até o ensino superior, para poder encontrar
soluções aos problemas de violação em direitos humanos e educarmos dia a dia.
Palavras-chave: liberdade; educação; direitos humanos.
INTRODUÇÃO
Dessa forma, Freire (2011) tem como uma de suas bases o diálogo, que
possibilita a conscientização do sujeito, com o objetivo de formar cidadãos para a práxis
progressista, transformadores da ordem social, econômica e política injusta. Os
oprimidos, ao descobrirem nitidamente o opressor, necessitam engajar-se na luta
organizada pela sua libertação, assim, começam a crer em si mesmos, superando sua
“convivência” com o regime opressor. Mas, para que isso aconteça, é preciso um sério
empenho de reflexão. Para Freire (2011) o diálogo crítico e libertador tem que ser
realizado com os oprimidos qualquer que seja a situação em que esteja a luta pela sua
libertação. Neste sentido, os oprimidos precisam se reconhecer como homens em sua
vocação ontológica e histórica de ser mais, já que o sujeito humano se configura como
um ser inacabado na concepção de Freire. Para o educador, somente a reflexão conduz à
prática consciente. Ele ainda ressalta que “não podemos esquecer que a libertação dos
oprimidos é a libertação de homens e não de ‘coisas’” (Freire, 2011). Por isso, é que
ninguém se liberta sozinho e ninguém liberta ninguém, o homem se liberta em
comunhão com os outros homens, pois somos seres políticos e sociais que não podemos
lutar sozinhos.
A educação para os direitos humanos é uma arma poderosa de luta pela busca do
ser mais e para o exercício da democracia, pois para Bobbio (1992) a democracia não
pode existir sem direitos humanos e direitos humanos não existe sem democracia.
O diálogo para Freire deve ser constante entre o educador e o educando de modo
que submeta todas as palavras à reflexão, tornando a educação uma verdadeira práxis na
busca do reconhecimento dos direitos humanos. Além disso, o diálogo apresenta-se
como um instrumento de transformação e só acontece dentro da sociedade, por isso
deve estar em constante relação com o contexto social num todo. Educar, não é
simplesmente ensinar a ler e a escrever, e sim ensinar a pensar, é ajudar o sujeito a
construir sua autonomia por meio da responsabilidade ética, econômica, social e
política, cultural, entre outras.
Isso era o que Paulo Freire almejava: uma sociedade “desalienada”, crítica,
pensante que lutasse para a transformação da realidade injusta, onde as pessoas
pudessem reconhecer seus direitos e exercê-los plenamente. Mas segundo Padilha
(2005) não se pode falar em educação para os direitos humanos se o educador não se
respeita, nem respeita seus próprios direitos, e que às vezes nem os conhece e que não
sabe defende-los. Será que ele tem condições de ensinar outro alguém sobre o exercício
de um direito ou sobre qualquer outro conteúdo de forma crítica e emancipadora? Ou
ainda como um educador que se deixa vencer pela rotina, por mais dura que for, pode
contribuir para a formação de sujeitos que exerçam a sua cidadania de forma plena e
saibam defender seus direitos, sociais, civis e políticos?
Segundo Paulo Freire, o professor para ser consistente com sua postura política,
deve ser um professor competente, tanto o reacionário, quanto o progressista. Ambos
têm que ensinar realmente. Em contrapartida, a maneira como ensinam já não pode ser a
mesma. Isso nos leva às questões de natureza filosófica e política como a relação entre
método, conteúdo e objetivos. Para o autor, o professor de postura progressista não
pode tratar o mesmo conteúdo da mesma forma que trata o professor reacionário, pois a
temática educação em direitos humanos soa de modo diferente, de acordo com sua
postura, com sua compreensão política e ideológica.
Segundo Padilha (2005) alguns princípios da Escola Cidadã contribuem para que
consigamos construir a escola que Paulo Freire sonhou e tanto trabalhou: uma escola
que fosse estatal quanto ao financiamento, democrática e comunitária quanto à gestão e
pública e popular quanto à destinação. Ela é uma instituição de ensino e aprendizagem
que valoriza o diálogo, a amorosidade, a afetividade, estimulados com base nas
experiências acumuladas pela humanidade, no que se diz respeito às contribuições das
diferentes culturas, das diferentes ciências e formas de expressão e manifestações
simbólicas. A escola que Freire busca é aquela que se embase num planejamento
dialógico e num processo de avaliação dialógica continuada, onde seu currículo seja
intertranscultural e, portanto, inter e transdisciplinar, no qual tenha por referência um
processo rico e participativo de leitura de mundo, que resulte na definição do
conhecimento científico significativo para o aluno, trabalhando com base nas suas
experiências concretas e no contexto sociocultural em que vive, respeitando seu ritmo
pessoal, histórico e social construído.
Considerações Finais
Com a criação da escola cidadã, na qual Paulo Freire assumiu como um centro
de direitos e deveres foi possível realizar um trabalho de educar para os direitos
humanos. Ela se configura como uma escola que exercita a construção da cidadania é
uma escola da comunidade e que não pode jamais atender aos princípios autoritários e a
manutenção do status quo, que valoriza o diálogo, a amorosidade e a afetividade.
REFERÊNCIAS