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Química Orgânica I

Atividade 10 Data: ___/ ____/____

Cromatografia

Objetivos:
Introduzir a técnica de cromatografia;
Purificar e separar uma mistura de compostos orgânicos.

Introdução ao assunto:
Cromatografia é um processo de análise que se presta à purificação,
separação, identificação ou doseamento de substâncias orgânicas e inorgânicas tendo
como base a diferença de velocidade com que as substâncias se movem através de
um meio poroso (fase estacionária) quando arrastadas por um solvente (eluente) em
movimento.

Definições de alguns termos usados em cromatografia.


 Câmara ou cuba cromatografica: recipiente de vidro com tampa fechada
hermeticamente, onde processa a eluição da cromatoplaca ou do papel (Figura 01).
 Fase móvel: um solvente (líquido, ou gás) ou mistura de solventes que fluem
através da fase fixa, arrastando os solutos.
 Fase estacionária ou fase fixa: suporte sólido ou líquido no qual se promove a
separação cromatografica por adsorção.
 Revelador ou agente cromogênico: agente físico (Ex.: UV) ou químico (Ex.: vapores
de iodo) que tornam visíveis as substâncias separadas.
 Saturação da cuba: distribuição uniforme no interior da cuba (da fase vapor da fase
móvel) após alcançado o equilíbrio. Para obter-se a saturação de uma cuba, coloca-
se um papel de filtro, embebido na fase móvel aderido às paredes laterais internas
da cuba
 Sílica gel (SiO2): o ácido silício amorfo, altamente poroso, é um dos adsorventes
mais utilizados em cromatografia por adsorção. Apresenta caráter fracamente ácido,
é empregado na separação de compostos lipofílicos: aldeídos, cetonas, fenóis,
ácidos graxos, aminoácidos, terpenóides e esteróides.
São vários os critérios usados para a classificação das diferentes modalidades
de cromatografia, dentre estes:
a) Forma física do sistema: a fase estacionária pode ser colocada em um tubo
cilíndrico ou disposta sobre uma superfície plana. Baseando-se nesta, a cromatografia
pode ser subdividida em cromatografia em coluna e cromatografia em camada plana,
respectivamente.
b) Estado físico da fase móvel: se a fase móvel for um gás distingui-se a cromatografia
gasosa, e se for um líquido tem-se a cromatografia líquida
A cromatografia líquida em coluna se divide em dois grupos: cromatografia em
coluna clássica, feita em colunas de vidro, sob pressão atmosférica e a cromatografia
em coluna sob pressão. Esta, pode ser dividida em cromatografia a média pressão
(coluna flash), ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) que faz uso de altas
pressões, sendo as colunas fabricadas normalmente em cilindros de aço inoxidável e
a pressão do sistema é obtida através do uso de bombas de alta pressão.
O processo de separação por Cromatografia está fundamentado
principalmente, no fenômeno da adsorção. A adsorção ou absorção (partição) são
baseados principalmente em atrações eletrostáticas ou dipolar (forças de Van der
Waals), incluindo a formação de ligação de hidrogênio.

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Na cromatografia plana em camada fina, a fase móvel se desloca através da


placa cromatografica, passando pelos “spots” das substâncias em estudo, provocando
dessa forma o deslocamento das mesmas (Figura 11). A distância percorrida pela
linha do solvente é denominada ‘dm’, enquanto que a distância percorrida pela
substância é denominada ‘dr’. (Figura 12)

CUBA CROMATOGRAFICA

tampa
placa cromatografica

Solvente

spots de
volume de * * * amostras
solvente

Figura 11
Sílica Gel
Cromatograma típico desenvolvido por cromatografia plana

linha de chegada
da fase móvel

dm
dr1
dr2
ponto de aplicação
profundidade * * * das amostras
da fase móvel
Figura 13
Figura 12

As separações ou análise cromatográficas podem ser feitas de acordo com os


seguintes métodos:

1) Cromatografia em papel monodirecional ascendente.


Este método, algumas vezes, chamado cromatografia de partição em papel, é
o mais elementar e consiste em gotejar a solução contendo a mistura a ser analisada
próximo à extremidade de uma folha de papel de filtro quadrangular, ou retangular e a
folha de papel é colocada em contato com o solvente que se encontra em um
recipiente fechado (câmara cromatográfica), de maneira a facilitar a ascensão do
solvente por capilaridade. O solvente passa sobre a mancha arrastando os
componentes com velocidades diferentes. O sistema é um complexo envolvendo o
solvente e a mistura de compostos, o papel e a água (umidade) que está normalmente
no papel.

2) Cromatografia em camada delgada (CCD):


Neste método uma placa de vidro, ou uma folha de plástico, ou mesmo
metálica é revestida com uma fina camada de um material adsorvente formando as
cromatoplacas. O desenvolvimento de cromatograma deve ser feito em atmosfera
saturada com o solvente empregado, numa cuba de eluição. Muitas das substâncias
analisadas por este processo não são coloridas; a cor é desenvolvida
momentaneamente por exposição do sistema à luz-violeta, ou então estas substâncias
incolores podem ser convertidas a derivados coloridos quando a cromatoplaca é
pulverizada com um reagente apropriado (ex.: sulfato cérico) ou exposto à atmosfera
de um reagente apropriado (ex. iodo).

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Na cromatografia CCD, algumas vezes é desejável para objetivos analíticos,


obter os chamados valores de “fatores de retenção (Rf)”, que são calculados por meio
da equação:

dr (cm, mm)
Rf =
dm (cm, mm)

Comparação dos valores de Rf da amostra com o de um padrão é o método


qualitativo mais utilizado em cromatografia de camada delgada (CCD).
A cromatografia em camada delgada apresenta algumas vantagens em relação
à cromatografia em papel, tais como maior nitidez, alta sensibilidade, grande rapidez e
ainda, a possibilidade do emprego de solventes e reveladores que são nocivos ao
papel (à base de ácidos concentrados e complexos fortemente oxidantes) e de
utilização de aquecimento até 3000C, o que torna mais visível o cromatograma.

3) Cromatografia em coluna
Na cromatografia em coluna (Figura 13), a separação de uma mistura é feita
através da passagem do solvente pela coluna, e baseia-se na interação dos
componentes da amostra e do solvente com a superfície do adsorvente (fase
estacionária). Um adsorvente sólido ativo tem uma grande área superficial, dispondo
de inúmeros sítios polares que podem se combinar reversivelmente ou adsorver
pequena concentração de substâncias, através de forças de atração eletrostáticas. O
solvente movendo-se pela superfície do adsorvente, compete com a amostra
adsorvida e com o adsorvente, e então desloca seus constituintes reversivelmente e
continuamente, visualizado como uma competição entre a amostra, o solvente e o
adsorvente.

amostra-adsorvente  solvente  amostra-solvente

A velocidade de eluição dos componentes vai depender da natureza de cada


um deles. Compostos polares ou polarizáveis, tais como álcoois, ácidos carboxílicos,
aminas e amidas, são adsorvidos mais fortemente e eluídos menos prontamente do
que compostos pouco polares, tais como compostos halogenados, aldeídos, cetonas,
ésteres e hidrocarbonetos.

Material e reagentes:
Béquer 50 mL; tubos capilares; placas cromatograficas; cuba de vidro; papel de filtro;
erlenmeyer; sílica gel; bureta de 25 mL; álcool etílico; ácido acético 5%, tubos de
ensaio, amostras A, B e C, etanol comercial.

Procedimentos:

1) Cromatografia em papel:
- Soluções: NaCl 3% (p/v); KBr 2% (p/v); KI 2% (p/v)
- fase móvel: acetona/água (5:1)
- revelador: AgNO3 1,5% (p/v)
- cortar 3 tiras de papel de filtro (de tal forma que caibam em um tubo de
ensaio)
- colocar de 1 a 2 mL da fase móvel em 3 tubos de ensaio.

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Colocar 1 gota da solução de cloreto de sódio no papel. Esta gota não pode ter
mis que 0,5 cm de diâmetro no ponto de partida. Repetir esta operação em dois outros

papéis com as soluções de brometo e iodeto. Feito isto, trabalhar com as três soluções
em misturas, tendo o cuidado de colocar uma solução por vez, secar a gota para
depois colocar a próxima na mesma tira do papel.
Introduzir as tiras de papel nos tubos, de modo que a extremidade inferior
mergulhe na fase móvel, e tampar.
Quando a fase móvel atingir a linha de chegada, remover as tiras dos tubos e
deixar secar ao ar. Quando a tira estiver seca, umedeça-a ou borrife com a solução
de AgNO3. Leve as tiras a estufa ( a 100oC) por 10 minutos. Meça os valores de Rf
para cada ânion.

2)Cromatografia em camada delgada (CCD):


Em uma placa cromatografica previamente preparada faça um “spot” da
substância A, um “spot” da substância B, e um “spot” da substância C. Deixe evaporar
o solvente e em seguida transfira para uma cuba de vidro contendo etanol e promova
a eluição da placa cromatografica. O etanol não deve ultrapassar a altura dos “spots”
das substâncias em estudo. Dentro da cuba deve ser colocado um pedaço de papel de
filtro, apoiado em uma das paredes, de preferência atrás da placa cromatografica. A
cuba deve permanecer tampada até o final da eluição. Após o final da eluição, a placa
cromatografica deve ser retirada e seca á temperatura ambiente, para promover a
análise do resultado. Meça o Rf (em cm) de cada substância.

3) Cromatografia em coluna:
Lave a coluna cromatografica (bureta), usando acetona comercial, e em
seguida deixe secar completamente. Coloque na extremidade inferior, logo acima da
torneira, um pequeno chumaço de algodão seco, levemente compactado, e introduza
sílica gel, cuidadosamente, até a marca de 6 mL. Transfira a sílica para um bequer e
molhe com álcool. Transfira a mistura homogeneizada, novamente, para a coluna e
espere decantar. Passe 10 mL de etanol na coluna e recolha em um erlenmeyer.
Adicione a mistura a ser separada, com cuidado. Acrescente etanol (10 mL), não
deixando ocorrer a secura da coluna. Colete as frações em erlenmeyer de 50 mL ou
vidros de penicilina. Adicione 20 mL de uma mistura de etanol/ácido acético (5%) 1:1 e
recolha as frações. Observe as separações que ocorreram.

Questões sobre a atividade:

a) Em que se baseia a técnica de cromatografia?


b) Quais os tipos de cromatografia utilizada nesta prática? Quais as diferenças entre
elas?
c) Porque a cuba cromatográfica deve ser energicamente fechada?
d) Dentre as substâncias A, B e C analisadas por CCD qual representava uma
mistura de subtâncias. Porque?
e) Considere que as substâncias E e F foram analisadas por CCD e apresentaram os
Rf: 0,3cm e 0,8cm, respectivamente. A partir destes valores responda:
Qual substância deve ser mais polar? Porque?
Ao tentar separar esta mistura por cromatografia em coluna, qual a substância que
deve ser eluída primeira? Porque?

Bibliografia recomendada:
- Collins, C.H.; Braga, G.L.; Bonato, P. Introdução a Métodos Cromatográficos, 5 ed.,
Campinas:Unicamp, 1993.

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Química Orgânica I
a
- Ewing, G.E. Métodos Instrumentais de Análise Química, 6 reimpressão, Editor Edgard
Blucher Ltda, 1998, volume 2.

Anotações

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