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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

GRAZIELLE DOS SANTOS CUNHA

DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: A


RELEVÂNCIA DOS CONCEITOS NA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

GRAZIELLE DOS SANTOS CUNHA

DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: A


RELEVÂNCIA DOS CONCEITOS NA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

Trabalho de conclusão de
curso apresentado como
requisito parcial à obtenção
do título especialista em
PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL, CLÍNICA
E EDUCAÇÃO INFANTIL.

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2022
DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: A
RELEVÂNCIA DOS CONCEITOS NA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

Grazielle dos Santos Cunha1

Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO:

1 graziscunharj@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A relação da Psicopedagogia com a aprendizagem

É próprio do processo de aprendizagem que por vezes haja desafios que


possam representar maiores dificuldades na apropriação dos conhecimentos
historicamente construídos pela sociedade e essas dificuldades podem ser de
diferentes ordens. Compreender a origem das mesmas é fundamental para que
seja possível propor estratégias mais eficazes para a sua superação,
considerando que, na ausência de condições muito específicas do
desenvolvimento cognitivo que inviabilizam a aprendizagem, todos os indivíduos
são capazes de aprender.
Afirmar que todos são capazes de aprender, no entanto, implica conceituar
o que, neste artigo, entende-se por aprendizagem. Apoiando-se na definição de
Rotta (2016), defini-se a aprendizagem:

(...) como um processo que se cumpre no sistema nervoso central (SNC)


em que se produzem modificações mais ou menos permanentes, que se
traduzem por uma modificação funcional ou conductual, permitindo uma
melhor adaptação do indivíduo ao seu meio como resposta a uma
solicitação interna ou externa. Dito de outra forma, quando um estímulo
já é conhecido do SNC, desencadeia uma lembrança; quando o estímulo
é novo, desencadeia uma mudança. (ROTTA, 2016, p. 4-5)

Partindo do exposto, a aprendizagem em si é um processo possível de


acontecer em todos os indivíduos, pois, cada vez que um estímulo novo provoca
uma mudança, há aprendizagem. Os problemas de aprendizagem decorrem das
expectativas de que mudanças específicas sejam operadas no SNC, resultando
em conclusões de que certas aprendizagens não são possíveis a todos os
indivíduos. Filho & Bridi (2016, p. 17) contextualizam de onde vêm essas
expectativas de aprendizagem, explicando que elas se tornam centrais devido “à
importância do aprender em nossa cultura, uma vez que todos necessitam
cumprir com êxito essa ação”. Os autores continuam:

O imperativo da aprendizagem na atualidade se traduz na


obrigatoriedade da escolarização e na apropriação do conhecimento
sistematizado, manifestado principalmente por meio das habilidades
como a leitura, a escrita e o cálculo. (...) O impositivo da aprendizagem
sistematizada a todos os sujeitos vem acompanhado de uma
compreensão ampliada de aprendizagem considerando-a como um
elemento presente ao longo de toda a vida. (FILHO & BRIDI, 2016, p. 17)

Assim, o processo de aprendizagem de modo geral “é um elemento


intrínseco à condição humana” (FILHO & BRIDI, 2016, p. 17), ainda que
permeado por diferentes níveis de complexidade e especificidades em relação ao
indivíduo que aprende. Porém, quando são definidas quais aprendizagens
importam para que o indivíduo seja plenamente inserido em sua sociedade, a
relação “estímulo novo - mudança” deixa de ser o bastante para comprovar que
houve aprendizagem. Os resultados se expressam basicamente na perspectiva
da aquisição das habilidades desejadas, no caso, as de leitura, escrita e cálculo e
todas as que decorrem dessas citadas. Quando essas aprendizagens não
ocorrem de acordo com as etapas estabelecidas em um processo considerado
“normal”, levanta-se a hipótese de que haja uma barreira que esteja impedindo o
indivíduo de aprender.
Essa barreira representaria, então, a dificuldade de aprendizagem desse
indivíduo. Para compreender como essa dificuldade afeta o processo de
aprendizagem, é fundamental a observação para se identificar a origem dela. Em
algumas circunstâncias, o processo de aprendizagem referente à leitura e à
escrita, por exemplo, não se desenvolve devido a questões do ambiente no qual o
indivíduo está inserido, como poucos estímulos ou estímulos inadequados.
Nesses casos, a intervenção deve ser feita no ambiente, com a adequação dos
recursos e estratégias de ensino, pois a barreira não está no indivíduo.
Considerando que o problema esteja na forma como esses estímulos são
trabalhados com os indivíduos, o foco da intervenção deve ser o processo de
ensino, pois “o processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da
transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra
educação” (PAÍN, 1985, p. 11). Quando são identificadas falhas no processo de
ensino, há de ser feita a crítica a partir do que se observa como causa, uma vez
que a esses indivíduos está sendo negado o direito de inserção plena em sua
sociedade, por meio do compartilhamento dos conhecimentos privilegiados por
ela. Para Paín (1985),

Em resumo, em função do caráter complexo da função educativa, a


aprendizagem se dá simultaneamente como instância alienante e como
possibilidade libertadora. A alfabetização, por exemplo, que sustenta um
sistema opressivo baseado na eficiência e no consumo, se transforma na
via necessária da conscientização e da doutrinação rebelde. Desta
forma, o sujeito que não aprende não realiza nenhuma das funções
sociais da educação, acusando, sem dúvida, o fracasso da mesma, mas
sucumbindo a esse fracasso. (PAÍN, 1985, p. 12)

A educação, enquanto processo que sugere que há a relação entre alguém


ou algo que ensina e alguém que aprende, se constitui como oportunidade de
acomodação dos sujeitos em seus lugares sociais ou como oportunidade de
superação desses lugares. O fracasso, então, deve ser visto em perspectiva: o
quanto, de fato, espera-se que esse indivíduo aprenda? Esse tipo de barreira no
processo de aprendizagem merece reflexões de variadas ordens, especialmente
sociológicas, para propor a sua superação.
No entanto, há indivíduos que não conseguem aprender mesmo tendo
acesso a processos de ensino e condições ambientais adequadas. A barreira,
neste caso, está no indivíduo, e é essencial que se investigue as possíveis
causas para eliminá-la ou, ao menos, minimizar os seus impactos no processo de
aprendizagem. Essa investigação deve contar com diferentes olhares de
diferentes profissionais, dentre eles, o profissional da Psicopedagogia, pois,

Situada entre a busca de compreensão e a possibilidade de intervenção


sobre o aprender humano, a psicopedagogia caracteriza-se por oferecer
um espaço de ressignificação da aprendizagem. O encontro do sujeito
com o campo/espaço psicopedagógico ocorre no momento em que suas
estruturas, ferramentas e estratégias internas mostram-se insuficientes
para atender às demandas externas (escolares, acadêmicas,
profissionais). (FILHO & BRIDI, 2016, p. 23)

A Psicopedagogia, portanto, se aproxima do espaço escolar para


compreender e auxiliar o indivíduo em seu processo de aprendizagem,
identificando as suas dificuldades e construindo junto com ele estratégias de
superação das mesmas. Por isso, o trabalho do psicopedagogo depende da
investigação e do estudo sobre as especificidades do sujeito aprendente que ele
está atendendo, compreendendo que o acompanhamento é personalizado, pois
são as suas singularidades que oferecerão os subsídios mais eficazes para a
elaboração de uma proposta de atendimento que efetivamente o ajude a
aprender.
Além da relevância da compreensão de que o atendimento
psicopedagógico deve ser pensado para cada indivíduo, a partir das suas
especificidades diante do processo de aprendizagem, é fundamental destacar que
essa investigação não deve ser feita apenas pelo profissional da Psicopedagogia.
Moojen & Costa (2010) esclarecem:

O problema da aprendizagem, pela sua magnitude e importância nos


dias atuais, requer a interação entre os diversos profissionais que lidam
com o caso, particularmente para o estabelecimento do diagnóstico e
das indicações terapêuticas mais apropriadas. Nesse contexto, a
avaliação psicopedagógica tem sido cada vez mais requisitada,
obrigando o psicopedagogo a realizar uma avaliação breve e objetiva,
sem perder de vista as outras contingências biológicas, psicológicas,
familiares e socioculturais nas quais o indivíduo está inserido. (MOOJEN
& COSTA, 2010, p. 91)

Assim, uma vez identificado um problema de aprendizagem e levantada a


hipótese de que esse problema possa decorrer de um transtorno, a avaliação
multidisciplinar é essencial para a definição do atendimento ao qual o sujeito se
beneficiará para superar os entraves no processo para que efetivamente tenha
possibilidades de aprender. O psicopedagogo tem sido cada vez mais requisitado
nos contextos educativos e a sua atuação assertiva pode ser o diferencial que o
educando espera para conseguir reverter um histórico de fracasso escolar em
oportunidades de superação e aprendizagens.

2.2 Esclarecendo conceitos: dificuldades e transtornos

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