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• Com o desenvolvimento do comércio e

ORIGEM E EVOLUÇÃO crescimento das corporações de ofício, o


HISTÓRICA Estado passou a se interessar pelo comércio,
com a edição de normas, processamento e
julgamento das controvérsias mercantis.
Os bens e serviços de que todos precisamos para viver –
isto é, os que atendem às nossas necessidades de
vestuário, alimentação, saúde, educação, lazer etc. – são Essas Instituições tinham autonomia para:
produzidos em organizações econômicas especializadas 1. Determinar as regras de mercado;
e negociados no mercado. 2. Quem poderia atuar no mercado;
3. Qual preço poderia ser cobrado pelos
Antiguidade: Os bens e serviços de consumo
produtos no mercado;
(alimentos, utensílios, vestimentas, bebidas,
4. Qual o valor das matérias-primas
educação, etc.) eram produzidos pelas próprias
utilizadas;
pessoas nas suas casas, para atender às necessidades
5. Quais os lucros que deveriam ser
dos seus moradores. Apenas o eventual excendente
obtidos pelos comerciantes;
era utilizado para a realização de trocas com outras
6. Regular a disponibilidade dos
pessoas. Ausência de Norma de regulamentação do
artefatos no mercado, indicando o
comércio.
quantitativo de produtos que
Idade Média: Intensifica-se a produção de bens de poderiam estar disponíveis para
consumo não para a subsistência ou uso direto por oferta.
quem os fabricava, mas sim para serem vendidos.
Nesta 1°fase, o Direito Comercial se
concretiza nas normas incidentes sobre os
1ª Fase de construção histórica do comerciantes membros das corporações de
Direito Comercial/Empresarial- ofício.
Idade Média.
Paradigma: Subjetivo: Sujeito.
Modernidade: (1453 – 1789)
• As corporações de ofício eram organizações
que reuniam pessoas que compartilhavam interesses Sistematização das pseudonormas das
econômicos. corporações de ofício em leis estatais do
Direito Comercial:
• Essas organizações, em geral, eram formadas
• Napoleão Bonaparte: Código Civil
por artesãos especializados na realização do mesmo
Napoleônico (1804)
trabalho.
• Código Comercial (1808).
• Nesses espaços, eles realizavam intercâmbio
de conhecimento e, muitas vezes, o monopólio sobre
a produção de artefatos específicos.
• As próprias corporações de oficio editavam as Direito
Civil
Direito
Comercial
Direito
Privado
normas de comércio, bem como resolviam os
conflitos mercantis através da aplicação das referidas
normas (legislação, tribunais e julgamentos próprios).
O Direito empresarial se aplica às pessoas que
2ª Fase de evolução do Direito exercem atividade empresarial - empresários.
Comercial: Teoria dos Atos de
Comércio-Modernidade. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de
Teoria dos atos de comércio: Direito comercial se bens ou de serviços.
aplica às pessoas enquadradas como comerciantes.
Comerciantes são aqueles que exercem os atos de Paradigma: volta a ser subjetivo. Para a doutrina,
comércio definidos em lei, de modo profissional e um paradigma subjetivo moderno.
habitual e, portanto, atraem a incidência do código
comercial.
Noções introdutórias do Direito
Todavia, o código não era capaz de listar todos os Empresarial
atos passíveis de enquadramento como atos de
comércio. Com o desenvolvimento econômico,
sempre surgiam novas atividades econômicas que Objeto de Estudo: O Direito Comercial cuida do
não estavam previstas como atos de comércio na exercício dessa atividade econômica organizada de
lei, como por exemplo: as áreas de serviços, a fornecimento de bens ou serviços, denominada
agricultura, a negociação imobiliária, novas empresa. Seu objeto é o estudo dos meios
tecnologias e etc. socialmente estruturados de superação dos conflitos
de interesses envolvendo empresários ou
Nesta segunda fase, o Direito Comercial era definido
relacionados as empresas que eles exploram. As leis
não pelo sujeito – comerciantes registrados nas
e a forma pela qual são interpretadas pela
corporações de ofício, mas sim pelo seu objeto –
jurisprudência e doutrina, os valores prestigiados
atos de comércio previstos em lei.
pela sociedade, bem assim o funcionamento dos
Paradigma: Objetivo. aparatos estatal e paraestatal, na superação desses
conflitos de interesses, formam o objeto da
• Excluía-se da incidência do Direito disciplina
Comercial os atos que não eram definidos
como mercancia, como por exemplo: • Conceito: Ramo do Direito Privado,
prestação de serviços, negociação de imóveis composto por normas que regulam a
e atividades rurais. atividade empresarial.
• Autonomia Científica: Constitui uma
matéria específica, que contém doutrina
3ª Fase de formação do Direito propria.
Comercia/Empresarial: Teoria da
empresa-Contemporaneidade. • Autonomia Legislativa: Possui regras
próprias, cuja competência legislative é
exclusive da União.
Com o fracasso da Teoria dos Atos de Comércio
• Art. 22. Compete privativamente à União
para definir o objeto do Direito Comercial, surgiu
legislar sobre: I - direito civil, comercial,
um novo marco teórico chamado “Teoria da
penal, processual, eleitoral, agrário,
Empresa”, de origem italiana, datado do ano de
marítimo, aeronáutico, espacial e do
1942.
trabalho.
O Direito comercial deixa de ser definido pelos
atos de comércio, e passa a ser definido pela FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL:
forma de ser produzir ou colocar em circulação Fontes primárias: CF/88, Código Civil, Código
bens e serviços – a empresarial. Comercial (relações de comércio marítimo), Lei
das S.As, Lei de Falências e Recuperação de
Na 3ª Fase, o Direito Comercial/Empresarial se Empresas).
aplica aos empresários, ou seja, pessoas que
produzem e circulam bens e serviços através do Fontes secundárias: Costumes, Princípios
exercício de atividade empresarial. Gerais do Direito, jurisprudência.
Organização: O empresário deve ser o
A EMPRESA E O EMPRESÁRIO responsável pela organização dos fatores da
produção para o bom exercício da atividade. E
essa organização deve ser de fundamental
Empresa: Atividade econômica exercida importância, assumindo prevalência sobre a
profissionalmente pelo empresário e por ele atividade pessoal do sujeito.
organizada para a produção ou circulação de
bens e/ou serviços. Profissionalidade: O empresário deve ser o
responsável pela organização dos fatores da
Teoria Poliédrica da Empresa de Alberto produção para o bom exercício da atividade. E
Asquini: “A empresa é um fenômeno poliédrico essa organização deve ser de fundamental
(multidimensional), o qual tem, sob o aspecto importância, assumindo prevalência sobre a
jurídico, não um, mas diversos perfis em relação atividade pessoal do sujeito.
aos diversos elementos que a integram.
Profissionalismo: habitualidade, pessoalidade e
PERFIL EMPRESÁRIO monopólio de informações.
SUBJETIVO
PERFIL ESTABELECIMENTO 1. A atividade exercida pelo empresario deve
OBJETIVO ser habitual, de modo que não se enquadra
PERFIL ATIVIDADE nesse conceito quem exerce atividade de
FUNCIONAL EMPRES. forma esporádica.
PERFIL INSTITUIÇÃO
CORPORATIVO 2. A atividade exercida pelo empresário deve
ser pessoal, de modo que o empresario
exerce pessoalmente (em nome próprio) a
A empresa é sujeito de direito? NÃO. atividade empresarial, enquanto seus
Somente pessoas podem ser sujeitos de empregados e prepostos, fazem-no em nome
Direito, e empresa não é pessoa, mas sim, do empresário.
atividade exercida por uma pessoa.
3. Monopólio das informações: As informações
Natureza Jurídica da empresa: Para Marlon sobre os bens ou serviços que oferece ao
Tomazette a natureza jurídica da empresa é de mercado – especialmente as que dizem
fato jurídico. Ou seja, trata-se de uma respeito às suas condições de uso, qualidade,
ação/contecimento/atividade, sobre as quais o insumos empregados, defeitos de fabricação,
direito incide, fazendo nascer, modiicar, subsistir riscos potenciais à saúde ou vida dos
ou extinguir relações jurídicas. consumidores – costumam ser de seu inteiro
O Empresário: Art. 966. Considera-se conhecimento.
empresário quem exerce profissionalmente Assunção do risco: O empresário assume o
atividade econômica organizada para a risco total da empresa. Não há uma prévia
produção ou a circulação de bens ou de definição dos riscos, eles são incertos e
serviços. ilimitados. Ademais, o risco da atividade não é
garantido por ninguém.
Elementos do conceito de empresário:
Direcionamento ao mercado: O empresário
• Economicidade; deve desenvolver atividade de produção ou
• A organização; circulação de bens ou serviços para o mercado, e
• A profissionalidade; não para si próprio.
• A assunção do risco; Exclusão do conceito de empresario:
• O direcionamento ao mercado.
Art. 966. Não se considera empresário quem
economicidade: O empresário, enquanto sujeito de exerce profissão intelectual, de natureza
direitos que exerce a empresa, desenvolve sempre científica, literária ou artística, ainda com o
atividades econômicas, entendidas aqui como a concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
atividade voltada para a produção de novas riquezas se o exercício da profissão constituir elemento
de empresa.
Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil Art. 5. A menoridade cessa aos dezoito anos
CJF: “Os profissionais liberais não são completos, quando a pessoa fica habilitada à
considerados empresários, salvo se a prática de todos os atos da vida civil.
organização dos fatores da produção for mais
Cessará, para os menores, a incapacidade:
importante que a atividade pessoal
desenvolvida”. I. pela concessão dos pais, ou de um
deles na falta do outro, mediante
Sociedade de advogados pode ser sociedade
instrumento público,
empresária? STJ: “As sociedades de
independentemente de homologação
advogados são sociedades simples marcadas
judicial, ou por sentença do juiz,
pela inexistência de organização dos fatores
ouvido o tutor, se o menor tiver
de produção para o desenvolvimento da
dezesseis anos completos;
atividade a que se propõem. Os sócios,
II. pelo casamento;
advogados, ainda que objetivem lucro, utilizem-
III. pelo exercício de emprego público
se de estrutura complexa e contem com
efetivo;
colaboradores nunca revestirão caráter
IV. pela colação de grau em curso de
empresarial, tendo em vista a existência de
ensino superior;
expressa vedação.
V. pelo estabelecimento civil ou
➢ EMPRESÁRIO INDIVIDUAL comercial, ou pela existência de
➢ SOCIEDADE EMPRESÁRIA relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com
Empresário Individual: O empresário dezesseis anos completos tenha
individual é a pessoa física que exerce a economia própria.
empresa em seu próprio nome, assumindo
todo o risco da atividade. É a própria pessoa Qualquer causa de emancipação é suficiente para a
física que será o titular da atividade. Possui atribuição de capacidade plena e consequentemente
CNPJ próprio, distinto do seu CPF, mas não há para permitir o exercício da atividade empresarial.
distinção entre a pessoa física/natural e o Portanto, a capacidade para ser empresário se
empresário. Não há distinção patrimonial entre a adquire aos 16 anos, dada a possibilidade de
pessoa física/natural e o empresário. A pessoa emancipação com o exercício da atividade. A
física do empresário individual responde partir desta idade, qualquer pessoa, que não incorra
ilimitadamente pelas obrigações contraídas em outra hipótese de incapacidade, pode se tornar
enquanto empresário, sem necessidade de empresário.
instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica. ATENÇÃO!!!!!

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade ❖ Apenas para o início das atividades é
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade essencial a capacidade plena ou, ao menos, a
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a idade de 16 anos. Todavia, o incapaz, menor
requerimento da parte, ou do Ministério Público de 16 anos ou interdito, devidamente
quando lhe couber intervir no processo, representado ou assistido, pode continuar o
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e exercício de atividade que já vinha sendo
determinadas relações de obrigações sejam exercida por ele, enquanto capaz, ou por seus
estendidos aos bens particulares de pais, ou pelo autor da herança (art. 974 do
administradores ou de sócios da pessoa jurídica Código Civil).
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. ❖ Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de
representante ou devidamente assistido,
Capacidade jurídica para ser empresário continuar a empresa antes exercida por ele
individual: enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor
O empresário individual deve ser dotado de de herança.
capacidade plena, isto é, para ser empresário ❖ § 1º Nos casos deste artigo, precederá
individual, a pessoa física deve, como regra autorização judicial, após exame das
geral, ser absolutamente capaz. circunstâncias e dos riscos da empresa, bem
como da conveniência em continuá-la,
podendo a autorização ser revogada pelo
juiz, ouvidos os pais, tutores ou
representantes legais do menor ou do
interdito, sem prejuízo dos direitos
adquiridos por terceiros.
❖ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da
empresa os bens que o incapaz já possuía, ao
tempo da sucessão ou da interdição, desde
que estranhos ao acervo daquela, devendo
tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização.
Só respondem pelos resultados da atividade
empresarial aqueles bens ligados a ela,
sendo imunes os bens que o incapaz já
possuía ao tempo da interdição ou da
sucessão, desde que estranhos à empresa.

Proibições ao exercício de atividade


empresarial:.
Lei 8.112/90 – Regime jurídico dos servidores
públicos civis da União:Art. 117. Ao servidor é
proibido: X - participar de gerência ou
administração de sociedade privada, personificada
ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário.
Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar
35/79 – art. 36, I e II) proíbe os magistrados de
serem empresários individuais, ou de exercerem
cargo de administração em sociedade, permitindo-
lhes a condição de quotista ou acionista. Idêntica é a
situação dos membros do Ministério Público (Lei n.
8.625/93, art. 44, III), pelas mesmas razões.
Também são proibidos de serem empresários, ou de
serem administradores de sociedades, os militares da
ativa, sendo-lhes permitida a condição de quotista ou
acionista de sociedades. Tal proibição decorre do
art. 204 do Código Penal Militar (Decreto-lei n.
1.001/69), que considera crime militar a violação a
tal proibição.

Fim.

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