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A CTNBio, órgão responsável por "emitir parecer técnico prévio conclusivo sobre
registro, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo, liberação e
descarte de produto contendo OGM ou derivados, encaminhando-o ao órgão de
fiscalização competente", estabelece uma série de normas para que seja autorizada a
liberação de transgênicos no meio ambiente (veja Instrução Normativa 03, de
13/11/1996). As exigências são extensas e incluem: descrever o tamanho do
experimento, em área ou volume, e sua localização; os motivos para a escolha da
área; as características da área que possam minimizar ou exacerbar efeitos
indesejáveis (direção do vento, lençol freático, proximidade de cursos d'água e áreas
de proteção, etc); a distribuição geográfica do organismo parental no Brasil e no
mundo; os genes introduzidos no organismo e quais as suas funções específicas;
descrição em detalhes do produto da expressão do gene e de seus possíveis efeitos
para a saúde humana, animal e ambiental; informações sobre a taxa de crescimento e
sobrevivência, para comparação do OGM com o organismo não modificado; etc.
"Com todas essas exigências, que são legítimas", diz Maria José Sampaio,
pesquisadora da Embrapa, "é preciso investir no desenvolvimento de metodologias de
avaliação de impacto ambiental dos transgênicos, senão pouco adianta a pesquisa e o
desenvolvimento de novos cultivares, já que é preciso também provar que eles não
causam danos à saúde humana e ao meio ambiente". Maria José coordena um grupo
de trabalho na Embrapa, que está elaborando uma proposta de desenvolvimento de
protocolos de avaliação de impacto ambiental para três culturas pesquisadas pela
empresa: mamão, feijão e batata transgênicos, com resistência a vírus. A proposta
está em fase de finalização e deverá ser submetida em breve ao Ministério da Ciência e
Tecnologia. "Esperamos contar com recursos do Fundo de Tecnologia e do Fundo de
Agropecuária", afirma. Porém, ela reconhece que as dificuldades são grandes, pois são
necessários cerca de quatro anos para o desenvolvimento desses protocolos e os
custos são altos.
Até agora, nenhum OGM foi autorizado para liberação no meio ambiente no Brasil. O
processo da soja Roundup Ready (resistente ao herbicida glifosato), da Monsanto, está
tramitando desde 1998 e aguarda agora a decisão de juízes do Tribunal Regional
Federal, que já deveriam ter se pronunciado, mas ainda não o fizeram (sobre a
legislação de transgênicos no país, veja também reportagem nesta edição).