Você está na página 1de 2

A retomada do ceticismo antigo no período moderno

Aluna: Domitila Correia de Sampaio Matrícula: 1627966


Disciplina: História da Filosofia III Prof.: Marcelo Victor de Souza Gomes

Apesar de estarem separados por séculos, tanto o período helenístico quanto a Idade
Moderna compartilham circunstâncias históricas semelhantes: ambos os períodos foram
marcados por mudanças culturais profundas e um ressurgimento intelectual baseado no
questionamento das tradições estabelecidas. No período helenístico, a disseminação das
ideias gregas foi impulsionada pela expansão do Império Macedônico, enquanto na Idade
Moderna, o Renascimento trouxe uma redescoberta das artes e das ciências clássicas. Além
disso, ambos os períodos testemunharam uma descentralização política, com a fragmentação
do império de Alexandre no helenístico e a formação de Estados-nação na Idade Moderna.

O ceticismo filosófico surgiu no período helenístico e desempenhou um papel


importante na construção do pensamento moderno, inclusive no contexto da Reforma
Protestante. Durante o período da Reforma, que ocorreu no século XVI, houve um
questionamento profundo das estruturas religiosas e autoridades estabelecidas.

O ceticismo antigo, com sua ênfase na dúvida e na suspensão do juízo, forneceu uma
base filosófica para muitos reformadores que buscavam romper com as tradições da Igreja
Católica e estabelecer novas interpretações da fé cristã, encorajando uma abordagem crítica e
racional à religião, incentivando as pessoas a questionar as doutrinas e práticas religiosas que
haviam sido aceitas por séculos. Isso foi particularmente relevante para os reformadores que
defendiam a ideia de Sola Scriptura, que enfatizava a autoridade da Bíblia como única fonte
de orientação religiosa.

Sexto Empírico, um filósofo grego que viveu entre os séculos II e III d.C.,
desempenhou um papel fundamental na reconstrução histórica e na compreensão dos
estóicos, uma das principais escolas filosóficas da antiguidade. Ele é conhecido
principalmente por sua obra “Contra os Matemáticos” e “Contra os Dogmas dos
Matemáticos”, nas quais apresenta e critica várias correntes filosóficas e científicas de seu
tempo, incluindo os estóicos.
Embora fosse um cético e crítico das diversas escolas filosóficas, sua abordagem
imparcial e objetiva em relação aos estóicos permitiu que estudiosos modernos obtivessem
interpretações valiosas sobre os ensinamentos e as visões dessa escola. As obras de filósofos
estóicos como Zenão de Cítio, Crisipo e outros eram amplamente discutidas e citadas por
outros escritores, mas poucos fragmentos diretos sobreviveram até os dias de hoje. Através
das informações contidas nas obras de Sexto Empírico, é possível reconstruir e compreender
melhor a filosofia estóica, suas crenças sobre a ética, a lógica, a física e outras áreas do
conhecimento.

Portanto, o ceticismo antigo contribuiu para a atmosfera intelectual da Reforma


Protestante, estimulando o pensamento crítico e a busca por verdades pessoais em vez de
aderir cegamente às tradições religiosas estabelecidas. Isso teve um impacto duradouro no
desenvolvimento do pensamento moderno e na formação das diversas correntes religiosas e
filosóficas que emergiram desse período.

Você também pode gostar