Disciplina: Química Orgânica Biológica Experimental QMC5218
Testes colorimétricos para a identificação de carboidratos
Gabriel Chitolina Rodrigues, Lauren Bertoldo Cardoso e Marie Farines
Palavras Chave: Carboidratos, Testes Qualitativos.
Abstract
Carbohydrates identification via colorimetric tests
This work aimed to identify ten solutions of possibles
carbohydrates through four colorimetric tests and
classify them qualitatively based on their structural
characteristics. For such the Molisch’s test was
employed to check the presence of sugars in the
solutions. Then we used Bial’s test to tell apart
pentoses from hexoses. Furthermore, Seliwanoff’s
test was applied to distinguish ketoses and aldoses.
Lastly, Benedict’s test was employed to identify
reducing sugars. Through the proposed
methodology it was possible to classify successfully
the carbohydrates.
Objetivos
O objetivo deste experimento foi através dos testes
de Molisch, Bial, Seliwanoff e Benedict diferenciar
qualitativamente alguns tipos de carboidratos
amplamente utilizados.
Introdução
O grande foco para essa gama de testes capazes
de identificar e diferenciar os carboidratos, é por
serem a classe de biomoléculas mais abundantes
no planeta. A sua oxidação é um dos principais
meios energéticos da maioria das células, assim
estando presente em diversas espécies. Outra
grande finalidade para esse tipo de molécula é a
atuação nas redes celulares tanto nos vegetais
quanto em animais [1].
Com essa grande importância acabou-se focando
muito em meio de caracterizações e determinação
dos carboidratos. Existem algumas diferenciações
bem características nestes açúcares, uma delas é
pela diferença dos grupo funcional. As duas
principais funções orgânicas dos sacarídeos
estudados são as cetonas e os aldeídos. Estas são
denominadas neste caso como cetoses e aldoses,
respectivamente. Um exemplo para cetose pode ser
encontrado na frutose, já a aldose podemos ter a
glicose [2].
Existem testes que conseguem distinguir açúcares
que possuem uma característica que apenas os
sacarídeos, contendo aldeídos, são capazes de
exercer. Este grupo funcional em específico realiza
um processo de redução, gerando um grupo
denominado açúcares redutores. Os mais comuns
são a glicose, galactose e glucose. Porém existe a
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possibilidade dos sacarídeos possuintes da cetose
também reduzirem. Neste caso necessariamente
terá que ocorrer o equilíbrio dinâmico para se
tornarem aldeídos, e assim reduzirem, mas é um
processo que demora e pode ser distinguido dos
aldeídos [3].
O tamanhos das cadeias também é algo que pode
ser utilizado para diferenciar os carboidratos.
Portanto, diferentes números de carbono presente
em sua estrutura molecular exercem reações
diferentes para alguns reagentes específicos
fazendo com que possamos identificá-los [2].
Comumente, as práticas de bioquímica demandam
um gasto elevado por conta de reagentes e
equipamentos de alto custo. Tendo em vista que os
testes realizados, considerando o custo reduzido e
sua acessibilidade, é possível abranger diversos
temas sobre carboidratos.
Parte experimental
As amostras foram submetidas a quatro testes
distintos para a identificação de carboidratos. Sendo
o primeiro o Teste de Molish, no qual foram
adicionadas 10 gotas das soluções de 1% de
glicose, sacarose, amido e sorbitol em tubos de
ensaio distintos e diluiu-se as amostras em 2 mL de
água, adicionou-se 5 gotas da solução de α-naftol,
em seguida foi adicionado a cada tubo de ensaio
2mL de ácido sulfúrico pelas laterais do tubo de
ensaio e a formação de um anel púrpura surgiu nas
amostras positivas para este teste.
O teste de Bial consistiu em adicionar 2 mL de
amostra em um tubo de ensaio, sendo elas, glicose,
sacarose, lactose, maltose, frutose, arabinose,
manose e galactose. Em seguida adicionou-se 1 mL
do reagente de Bial e 2,5 mL de ácido clorídrico
concentrado. As amostras foram lavadas para o
banho maria por aproximadamente 10 minutos,
após esse tempo foi possível observar a coloração
verde que indica positivo para pentoses e marrom é
positiva para hexoses.
O teste de Seliwanoff consistiu em adicionar 3 gotas
de solução 1% de glicose, sacarose, lactose,
maltose, frutose, arabinose, manose e galactose,
em tubos de ensaio distintos e 5 ml de reagente de
Seliwanoff a cada tubo, em seguidas as amostras
foram submetidas ao banho maria, a mudança de
coloração foi anotada em tempos diferentes, 1
minuto e 4 minutos, já que aldoses reagem mais
lentamente.
O teste de Benedict foi executado da seguinte
maneira, 2,5 ml de reagente de Benedict foi
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adicionado a cada tubo de ensaio e em seguida Soluções Teste de Teste de Teste de Teste de
adicionou-se as soluções 1% de glicose, sacarose, Molisch Bial Seliwanoff Benedict
lactose, maltose, frutose, arabinose, manose e
galactose, as amostras foram levadas para o banho Glicose Positivo Negativo Laranja bem Positivo
(hexose) claro (aldose)
maria por 6 minutos, assim foi possível perceber a
mudança de coloração para vermelho tijolo, que
Sacarose Positivo Positivo Vermelho Negativo
indicava que o teste deu positivo para açúcares (dissacarí cereja
redutores. deo, (cetose,
referente a referente a
frutose) frutose)
Resultados e Discussão
Amido Negativo - - -
Neste experimento testou-se dez diferentes
soluções passíveis de conter carboidratos, sendo Sorbitol Negativo - - -
estes: glicose, sacarose, amido, sorbitol, lactose,
maltose, frutose, arabinose, manose e galactose. Lactose - Negativo Laranja claro Positivo
(hexose) (dissacarídeo)

Maltose - Negativo Laranja claro Positivo

(hexose) (dissacarídeo)

Frutose - Positivo Vermelho Positivo

Glicose Sacarose (pentose) cereja
(cetose)

Arabinose - Positivo Transparente Positivo

(pentose) (aldose)

Manose - Negativo Laranja bem Positivo

(hexose) claro (aldose)
Amido Sorbitol
Galactose - Negativo Laranja bem Positivo
(hexose) claro (aldose)

Tabela 1. Tabela de resultado dos testes

colorimétricos de Molish, Bial, Seliwanoff e Benedict.
O teste de Molisch, que foi realizado apenas com a
Lactose Maltose glicose, sacarose, amido e sorbitol neste caso,
consiste em um teste generalista para sacarídeos,
tanto monossacarídeos quanto polissacarídeos e
oligossacarídeos dão resultados positivos neste
teste. Este teste fundamenta-se na desidratação do
açúcar por um ácido forte. A retirada de três
moléculas de água produz o furfural, no caso de
Frutose Arabinose pentoses, e o hidroximetilfurfural, no caso de
hexoses. Para visualizar o produto de desidratação,
que é incolor, adiciona-se α-naftol, presente no
reagente de Molisch, que condensa-se com o
produto da desidratação gerando produto de
coloração púrpura. No caso de polissacarídeos e
oligossacarídeos a reação ocorre mas é mais lenta,
uma vez que é preciso clivar as ligações glicosídicas
dos polissacarídeos, quebrando-os em seus
Manose Galactose monossacarídeos para que estes possam ser
desidratados.
Figura 1. Estrutura dos possíveis carboidratos
presentes nas soluções

Os resultados dos testes de Molisch, Bial,

Seliwanoff e Benedict estão apresentados na tabela
a seguir.

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Figura 2. Reação de Molisch.
No caso do teste realizado em laboratório a glicose
e sacarose apresentaram um anel de coloração
púrpura referente ao resultado positivo para
açúcares. Já o sorbitol e o amido não formaram este
anel, tendo assim apresentado resultado negativo.
O sorbitol pode ser classificado como um poliálcool
e não um carboidrato, confirmando assim o
resultado negativo obtido, uma vez que o sorbitol ou
o produto de suas desidratações não é capaz de
condensar-se com o α-naftol. Já o amido é um
polissacarídeo com muitos monossacarídeos
ligados por ligações glicosídicas, sendo assim
necessário clivar todas essas ligações através de
inúmeras etapas de hidrólise a fim de finalmente
poder desidratar os monossacarídeos que formam a
molécula, desta forma a reação é muito demorada e
dificilmente será positiva.
Figura 3. Resultado visual do teste de Molisch, em
ordem: glicose, sacarose, amido e sorbitol.
O teste de Bial é empregado na diferenciação de
pentoses e hexoses, fundamenta-se na reação
sucessiva de desidratação de pentoses, tanto
aldopentoses como cetopentoses, utilizando ácido
clorídrico, produzindo furfural, como no teste
anterior. Entretanto, no teste de Bial o furfural é
condensado com duas moléculas de orcinol em
presença de cloreto férrico, presentes no reagente
de Bial, gerando um produto de coloração azul
esverdeada. Já o hidroximetilfurfural, produto da
desidratação das hexoses, quando reage com o
orcinol em presença de cloreto férrico apresenta
coloração marrom.
Figura 4. Reação de Bial com pentoses e hexoses.
Neste teste somente a sacarose, frutose e
arabinose apresentam coloração azul esverdeada,
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positivando assim, para pentoses. Já a glicose,
lactose, maltose, manose e galactose apresentaram
coloração marrom, sendo assim, hexoses. Se
avaliarmos a estrutura molecular destes
carboidratos podemos ver que a frutose e arabinose
são de fato pentoses, monossacarídeos compostos
por cinco carbonos, já a sacarose é um
dissacarídeo, junção da glicose e frutose, e neste
caso apresenta resultado positivo por conta da
frutose. Ao focar na estrutura da glicose, manose e
galactose confirma-se que estes açúcares são
hexoses, monossacarídeos compostos por seis
carbonos, já a lactose e a maltose apresentam
coloração marrom por se tratarem de dissacarídeos
compostos pela junção de dois monossacarídeos de
seis carbonos cada.
Figura 5. Resultado visual do teste de Bial,
respectivamente, coloração positiva e negativa.
O teste de Seliwanoff é utilizado para diferenciar
cetoses de aldoses e fundamenta-se, como nos
testes anteriores, na desidratação dos carboidratos
e em seguida na reação de condensação com o
resorcinol, presente no reagente de Seliwanoff, do
produto da desidratação. No caso de cetoses a
coloração advinda da reação de condensação é
vermelho-cereja, no caso de aldoses a reação
também vai produzir essa coloração, entretanto será
muito mais lenta pois a etapa de desidratação neste
caso é mais longa, dissacarídeos também
produzirão a coloração avermelhada lentamente,
uma vez que possui uma etapa adicional de
hidrólise das ligações glicosídicas, todavia ainda
ocorre mais rapidamente que as aldoses.
Figura 6. Reação de Seliwanoff.
Neste teste a sacarose e a frutose produziram uma
coloração vermelho cereja forte, típica de
cetohexoses, de fato a frutose é uma cetohexose, já
a sacarose é um dissacarídeo, formado pela frutose
e glicose, a coloração vermelha escura é
provavelmente devida a frutose presente no
dissacarídeo. Os demais dissacarídeos (lactose e
maltose), formados pela junção de duas aldoses,
apresentaram coloração laranja clara, resultado que
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está de acordo com o esperado uma vez que os
dissacarídeos demoram mais a reagir que as
cetoses mas menos que as aldoses. Por fim a
glicose, a manose e a galactose apresentaram
coloração laranja bem fraca e a arabinose não
apresentou coloração, estando de acordo com o
esperado uma vez que se tratam de aldoses, que
demoram mais para reagirem.
O teste de Benedict utilizado para diferenciar
açúcares redutores e não redutores, fundamenta-se
no fato dos açúcares redutores em meio alcalino
reduzirem os íons Cu2+ do reagente de Benedict
para Cu+ e simultaneamente o grupo aldeído ou
cetona livres dos açúcares é oxidado para um ácido
carboxílico, o precipitado Cu2O formado tem
coloração vermelho tijolo e indica resultado positivo.
Figura 7. Reação de Benedict.
No caso do experimento realizado em laboratório
somente a sacarose deu resultado negativo para,
sendo assim a glicose, lactose, maltose, frutose,
arabinose, manose e galactose açúcares redutores.
Este resultado é condizente com as estrutura destas
moléculas, uma vez que normalmente os
dissacarídeos como a sacarose não possuem
carbonos anoméricos livres, uma vez que estes
estão envolvidos em ligações glicosídicas, apesar
da lactose e da maltose também serem
dissacarídeos estes possuem carbono anomérico
livre, já os monossacarídeos tais quais a glicose,
frutose, arabinose, manose e galactose possuem
carbono anomérico livre e assim podem ser
oxidados, sendo assim açúcares redutores.
Figura 8. Teste de Benedict para açúcares
redutores, negativo e positivo (respectivamente).
Conclusões
Foi concluído que pelo teste de Molish é possível o
reconhecimento da presença de carboidratos, onde
glicose e sacarose apresentam resultados
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positivos.. Já o teste de Biel é utilizado na
diferenciação de pentoses e hexoses, onde
arabinose e frutose possuem um resultado positivo
para pentose, já que o furfural é condensado com
duas moléculas de orcinol na presença de cloreto
férrico, apresentando uma coloração esverdeada.
Já a glicose, lactose, maltose, manose e galactose
são positivas para hexoses.
O teste de Seliwanoff é utilizado para distinguir
aldoses de cetoses, já que se um açúcar for
convertido em um grupo cetona se trata de uma
cetose, já se for convertido em um aldeído é uma
aldose, isto se dá pois cetoses sofrem desidratação
mais rapidamente que aldoses.
O teste de Benedict mostrou a diferença de
açúcares redutores e não redutores, pelo princípio
de que açúcares redutores em meio alcalinos
acabam por reduzirem os íons Cu2+ do reagente de
Benedict em Cu+, assim formando o precipitado
Cu2O, que por sua vez possui coloração vermelho
tijolo.
Referências
____________________
[1] E. FRANCISCO JUNIOR, Wilmo. Carboidratos: Estrutura,
Propriedades e Funções. Conceitos Científicos em Destaque, [s. l.],
2018. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc29/03-CCD-2907.pdf. Acesso em: 6
set. 2022.
[2] FIALOVÁ , Lenka. Reactions of Saccharides Polarimetry. General
Medicine, [s. l.], 2019.
[3] MORAES DORNEMANN, Guilherme. Comparação de Métodos
Para Determinação de Açúcares Redutores e Não -redutor s.
TRABALHO DE DIPLOMAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA, [S.
l.], p. 1-2, 1 jan. 2016. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/143940/000998082.p
df?seq. Acesso em: 6 set. 2022.