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UNIVERSIDADE DOS AÇORES

UNIDADE CURRICULAR DE BIOQUÍMICA - AULAS PRÁTICAS

- TRABALHO 5 -

Reações dos
hidratos de carbono
Reações dos
hidratos de carbono
Reações dos hidratos de carbono (HC)

- TÉCNICA -

Recorrendo à utilização de uma série de ensaios Solução Soluto (HC) Caraterísticas


estruturais do
qualitativos, procurar-se-á identificar o conteúdo numa HC
A Glucose1
amostra desconhecida. Para identificar a amostra
B Frutose1
desconhecida que lhe foi fornecida, irá dispor de um
C Xilose1
CONJUNTO DE AMOSTRAS CONHECIDAS, que poderá usar D Sacarose2
como teste positivo ou negativo, INDICADAS NA TABELA E Lactose2
AO LADO (soluções a 1%). Os testes serão realizados F Amilopectina3
usando tubos de ensaio. G Amilose3
H Amido3
Neste trabalho mais que em qualquer outro, é necessário 1
Oses, 2Dissacáridos, 3Polissacáridos
um bom plano de trabalho. Sugere-se a seguinte
estratégia:

1. Uma vez que pretende identificar uma solução problema, sugere-se que comece por
estudar as CARATERÍSTICAS ESTRUTURAIS das moléculas da tabela acima. Por exemplo, no
caso das oses, classifique-as quanto ao número de átomos de carbono e quanto à natureza do grupo
funcional. Identifique ainda, por exemplo, os hidratos de carbono redutores e não redutores.

2. Elabore um diagrama com uma sequência possível de ensaios a realizar e que lhe
permitirá chegar a uma conclusão (ou seja, saber a constituição da amostra desconhecida que lhe
foi fornecida). Veja abaixo quais são os testes disponíveis e que caraterísticas dos hidratos de
carbono permitem detetar (consulte também o ponto 4 do Anexo). Como auxílio para esta
planificação, consulte ainda o site indicado no item bibliografia ( CONSULTE também o ponto 5 do
Anexo).

3. Selecione os controlos (positivo e negativo) a incluir em cada ensaio.

TESTES DE MOLISCH, IODO, BENEDICT, BARFOED, SELIWANOFF E BIAL:

TESTE DE MOLISCH À PRESENÇA DE HIDRATOS DE CARBONO


1. Adicionar 2 gotas de reagente de Molisch já preparado (-naftol, 50g/L etanol
96%) a 2 mL de amostra e MISTURAR BEM.
2. Escorrer LENTA E CUIDADOSAMENTE, NA HOTTE, cerca de 2 mL de ácido
sulfúrico concentrado pela parede interna do tubo de ensaio (que deverá estar
inclinado a 45º), de forma a permitir a formação de duas fases.
3. Observar o desenvolvimento de cor arroxeada (púrpura) na junção das duas fases
(ver figura ao lado).

TESTE DO IODO À PRESENÇA DE POLISSACÁRIDOS COM ESTRUTURA HELICOIDAL

1. Duas gotas do reagente já preparado (0.25 g de I2 e 1.99 g KI por 100 mL água) são
adicionadas a 10 gotas de amostra.
2. Observe a cor formada (polissacáridos com estrutura helicoidal adquirem uma cor azul/roxa).

TESTE DE BENEDICT À CAPACIDADE REDUTORA DE HIDRATOS DE CARBONO

1. A 2 mL de reagente de Benedict já preparado (1.73 g CuSO4.5H2O, 10.0 g Na2CO3 anidro e


17.3 g citrato de sódio dihidratado por 100 mL água destilada) adicione 5 gotas de amostra e
agite.
2. Os tubos são incubados num banho de água em ebulição durante 3-5 minutos.
3. Observar o eventual aparecimento de um precipitado de óxido de cobre (com uma cor verde,
amarelo, laranja ou vermelho, dependendo da concentração do hidrato de carbono).

TESTE DE BARFOED À PRESENÇA DE MONOSSACÁRIDOS

1. Adicionar 2 mL de reagente de Barfoed já preparado (6.6 g Cu(CH 3COO)2 e 1.8 mL de


CH3COOH glacial por 100 mL de reagente) a 1 mL de amostra e agitar.
2. Imergir os tubos num banho de água em ebulição durante exatamente 2 MINUTOS (períodos
mais longos podem resultar na hidrólise de dissacáridos, falseando os resultados). Retirar os
tubos e deixar arrefecer.
3. Observar o eventual aparecimento de uma turvação ou precipitado de cor avermelhado ou
alaranjado.

TESTE DE SELIWANOFF À PRESENÇA DE CETOSES


1. Adicionar 2 gotas de amostra a 2 mL de reagente de Seliwnnoff já preparado (0.1 g
resorcinol e 30 mL de HCl concentrado para 100 mL de reagente) e agitar.
2. Aquecer num banho de água em ebulição durante 2-3 MINUTOS (prolongar a ebulição pode
levar à reação com aldoses, falseando os resultados).
3. Observar o eventual aparecimento de uma cor. POSITIVO: cor laranja ou vermelha (ou
intermédia).

TESTE DE BIAL PARA DISTINÇÃO DE HEXOSES E PENTOSES

1. Na hotte, adicionar 2.5 mL de reagente de Bial já preparado (3 g orcinol p.a. e 0.5 g FeCl 3
em 100 mL de HCl concentrado) aos tubos de ensaio. ATENÇÃO: EXTREMAMENTE
TÓXICO E CORROSIVO.
2. Adicionar 1 mL de amostra, agitar e aquecer ATÉ À FERVURA num banho de água durante 30
segundos (prolongar a ebulição pode levar à reação com hexoses, falseando os resultados).
3. Observar o eventual aparecimento de uma cor. POSITIVO: cor verde ou azul (ou intermédia)
para pentoses.

Observações

Na elaboração do elemento de avaliação deste trabalho, não esqueça de indicar os resultados


observados para o controlo positivo e negativo em cada teste. Quais as suas conclusões quanto à
constituição da amostra desconhecida?

Bibliografia
- Benedict, S.R. 1908. A Reagent For the Detection of Reducing Sugars. J. Biol. Chem. 5: 485-487.

- Carbohydrates - Prelab Questions (Virtual Chemistry Lab):


http://www.harpercollege.edu/tm-ps/chm/100/dgodambe/thedisk/carbo/yprelab.htm (consultado em
30/04/2020)

- ANEXO –

IDENTIFICAÇÃO DE HIDRATOS DE CARBONO

Os hidratos de carbono são moléculas abundantes constituídas, na sua forma mais simples,
por C, H e O na proporção de 1:2:1, daí a designação "hidratos de carbono", uma vez que a sua
fórmula geral poderá ser indicada como (CH2O)n. Na sua forma mais simples, os monossacáridos ou
oses, são aldeídos ou cetonas polihidroxilados.
A sua diversidade resulta de: (1) a riqueza de isómeros que existem, (2) tipo e grau de
polimerização e (3) ligação a outros tipos de moléculas.

1. Unidades mais simples: monossacáridos ou oses

Ex1: GLUCOSE, uma aldohexose (grupo aldeído, 6 átomos de carbono)

Ex2: FRUTOSE, uma cetohexose (grupo cetona, 6 átomos de carbono)

Ex3: ARABINOSE, uma aldopentose (grupo aldeído, 5 átomos de carbono)


AÇÚCARES REDUTORES:

Os monossacáridos cíclicos, em solução aquosa, existem em equilíbrio com a sua forma aberta,
embora esta exista em concentrações relativamente baixas. Estes aldeídos e -hidroxicetonas não
cíclicas podem ser oxidados, reduzindo iões metálicos como o ião cobre em solução, formando um
precipitado. Por esta razão designam-se açúcares redutores.

2. Dissacáridos redutores e não redutores:


- A SACAROSE é um dissacárido composto pela condensação de dois monossacáridos ou oses (a
glucose e a frutose).

Não é um açúcar redutor porque a ligação é feita entre os 2 carbonos que contém o grupo carbonilo
(aldeído ou cetona), de modo que não há nenhuma extremidade redutora livre.

- A LACTOSE e a MALTOSE são dissacáridos redutores:

Em ambos os casos, a ligação entre as duas oses é feita de modo que deixa uma extremidade
redutora livre na segunda unidade.

3. Polissacáridos (muitas oses ou monossacáridos ligados entre si)


Ex: AMIDO – mistura de dois polissacáridos com unidades de glucose: amilose e amilopectina.
Consoante a proveniência de um amido as percentagens de amilose e amilopectina variam.

Não são redutores, dando negativo em todos os testes.

Teste do iodo para polissacáridos:

Quando as cadeias dos polissacáridos assumem uma forma helicoidal, com mais de 8 resíduos
(unidades de ose) seguidos, o iodo molecular insere-se no seu interior, dando uma cor azul (amido,
amilose), roxa (amilopectina), etc. Polissacáridos muito ramificados como o glicogénio não dão
resultado positivo com este teste (não chegam a ter zonas de espiral com o comprimento suficiente,
uma vez que as ramificações são demasiado frequentes).

4. Aula de identificação de hidratos de carbono: notas

Ensaios qualitativos

Os ensaios de natureza qualitativa destinam-se a detetar a presença ou ausência de


substâncias químicas em amostras. Para a sua realização é extremamente importante a realização de
dois tipos de controlo experimental:
1. Controlo positivo: destina-se a demonstrar que o ensaio efetivamente funcionou.
Corresponde à realização de um ensaio idêntico ao que for aplicado nas amostras problema,
utilizando uma amostra que se saiba de antemão que reagirá positivamente ao teste a efetuar . Assim
assegura-se que a ausência de reação nas amostras problema não é devida a deficiências na
execução experimental.
2. Controlo negativo: permite ter a certeza que a reação que se está a efetuar é específica
para a(s) substância(s) pretendida(s). Poderá consistir, por exemplo, numa substância presente nas
amostras problema para além da que se procura, ou mesmo qualquer composto que se suponha
poder originar reações inespecíficas.

Tabela 1. Mecanismos de formação dos produtos corados e modo de preparação dos reagentes
(nota: os reagentes já foram previamente preparados)
TESTE MECANISMO Preparação do reagente
- o ácido sulfúrico concentrado desidrata os hidratos de - dissolver α-naftol em etanol (50 g/L)
carbono, originando um produto designado por furfural ou
derivados, que reagem com α-naftol, originando produtos
de cor púrpura (arroxada) na interface entre as duas
soluções
Molisch
- teste também aplicável à deteção de polissacáridos, uma
vez que o ácido sulfúrico hidrolisa ligações glicosídicas

- soluções de polissacáridos com estrutura helicoidal (com - solução de iodo 0.005 M em iodeto de
Iodo pelo menos 8 resíduos de ose) adquirem uma cor azul/roxa potássio a 3%

- hidratos de carbono redutores reduzem os catiões cobre, - dissolver em 30 mL de água 6 g de


originando precipitados de óxido de cobre, com uma cor citrato de sódio e 3.5 g de carbonato de
verde, amarelo, laranja ou vermelho (dependente da sódio anidro; filtrar após máxima
concentração do hidrato de carbono) dissolução;
Benedict .
- açúcares não redutores não alteram a cor do reagente - dissolver 0.6 g de CuSO4 5H2O em 5
(azul) mL de água, e adicionar a solução ao
filtrado anterior, lentamente e com
Obs: Trata-se de um teste semelhante ao teste de Fehling
agitação
- o princípio de funcionamento é idêntico ao do teste de - dissolver 1.33 g de acetato de cobre
Benedict em 20 mL de água e adicionar-lhe 0.18

- possui acidez ligeiramente superior, o que o torna mais mL de ácido acético

Barfoed específico para monossacáridos, dando uma cor vermelha

- o teste só é aplicável a hidratos de carbono redutores

- as cetoses originam derivados furfural mais rapidamente - dissolver resorcinol (0.5 g/L) em
que as aldoses ácido clorídrico 3 M
Seliwanof
- estes reagem com o resorcinol, originando um complexo
f vermelho

- ao serem aquecidas na presença de HCl, as pentoses - dissolver 1.5 g de orcinol em 500 mL


transformam-se em furfural de ácido clorídrico concentrado e
Bial
- este composto reage com orcinol na presença de iões adicionar 20 gotas duma solução de
férricos, originando o aparecimento da cor azul/verde FeCl3 (10%)

5. Prelab questions
(in “http://www.harpercollege.edu/tm-ps/chm/100/dgodambe/thedisk/carbo/yprelab.htm”,
ligeiramente modificado)

This partially completed scheme was devised to make efficient use of the tests described in the
background. Complete the scheme by filling in the empty boxes with words from the list below.
The first two (in red) have been done as examples.

CHAVE:

1. aldohexose (ex: glucose); 2. aldopentose (ex: xilose); 3. aldose; 4. carbohydrate; 5. ketohexose


(ex: fructose); 6. ketopentose; 7. ketose; 8. monosaccaride; 9. non-carbohydrate; 10. non-reducing
sugar; 11. non-starch carbohydrate; 12. reducing disaccharide; 13. reducing sugar; 14. starch.

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