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O PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR

A Psicopedagogia Hospitalar traz como proposta geral, o uso de atividades lúdicas no espaço hospitalar, como
forma de atender as necessidades dos pacientes internados.
O trabalho é desenvolvido dentro de unidades hospitalares, atendendo pacientes de qualquer idade.
A hospitalização pode acarretar, especialmente à criança, problemas em seu desenvolvimento, dos quais a muitos
podem ser prevenidos e/ou remediados pela Psicopedagogia Hospitalar. As remediações geralmente são de
natureza emocional (como ansiedade e depressão), cognitiva (como dificuldades de aprendizagem) e afetivos
(como autoestima e autoconceito negativos). A enfermidade afeta as interações da criança com o ambiente físico e
social em que vive e, por sua vez, os aspectos do ambiente são alterados como consequência da enfermidade.
Para Maluf (2007), a Psicopedagogia Hospitalar atua com avaliações e intervenções no contexto de saúde,
considerando o processo de aprendizagem, o desenvolvimento e o uso de competências físicas, mentais e
emocionais e deve levar em conta atividades diferenciadas, como:

- Suporte psicopedagógico: com a equipe de profissionais através das construções de projetos e atuações em grupo
para evitar a fragmentação do conhecimento e promover trocas entre os especialistas, propiciando a integração das
disciplinas no âmago de um mesmo projeto de trabalho;

- Orientação ao paciente hospitalizado: trabalho com os conhecimentos básicos e cuidados para o não afastamento
completo dos pacientes internados da vida acadêmica; desenvolvimento de competências de natureza psicossocial
para que o paciente se torne um agente ativo do seu processo de tratamento, recuperação e promoção da saúde.
Esta atividade pode ser realizada em grupo, como classes hospitalares, ou individualmente;

- Suporte à família, profissionais e acompanhantes: resgate das potencialidades dos familiares e cuidadores para
estimular os enfermos em suas habilidades cognitivas e afetivas.

Além disso, o psicopedagogo no contexto hospitalar, poderá:


 Integrar equipes multidisciplinares, colaborando com outros profissionais, orientando seu procedimento no trato
com o paciente e sua família;
 Elaborar diagnósticos das condições de aprendizagem das pessoas internadas e adaptar os recursos
psicopedagógicos para o contexto da saúde;
 Elaborar programas terapêuticos de ensino/aprendizagem nas situações em que as pessoas estejam com as suas
capacidades adaptativas diminuídas por razões de saúde;
 Elaborar e aplicar programas comunitários de prevenção de comportamentos de risco e de promoção de
comportamentos saudáveis;
 Criar e desenvolver métodos e programas psicopedagógicos em contextos de reabilitação psicossocial, para
pessoas em recuperação de doença;
Cabe ao psicopedagogo colocar em prática e ação o conhecimento que obteve na função de promovedor de
benefícios e realização de tarefas que envolvam a aprendizagem e o conhecimento.
Sobre as contribuições da Psicopedagogia Hospitalar, Maluf (2007), afirma que, em qualquer âmbito em que seja
aplicada, a Psicopedagogia trabalha com questões ligadas à ansiedade, baixa autoestima e depressões;
minimizando os prejuízos no processo de aprendizagem, facilitando o desenvolvimento de uma relação mais
saudável do indivíduo com o seu meio e o preparando para aprender inclusive sobre a sua maneira de ser, seus
limites e potencialidades.
A enfermidade tende a afetar as interações da criança com o ambiente físico e social em que vive e, por sua vez,
os aspectos do ambiente são alterados como consequência da enfermidade, sendo assim, a capacidade de conhecer
sua nova situação e gerenciá-la de modo otimista, produtiva e saudável irá fazer diferença na realização do
indivíduo, especialmente aquele que é hospitalizada por longos períodos.
Segundo Maluf (2007), a intervenção psicopedagógica, no caso da criança hospitalizada, cria um mecanismo de
proteção que pode neutralizar as adversidades inerentes à condição de enfermidade e hospitalização e facilita o
desencadeamento do processo de resiliência, que consiste na habilidade de superar o efeito das adversidades e do
estresse no curso do desenvolvimento.
A escola e a aquisição de novos conhecimentos são, para a criança, meios de ser inserida e reconhecida no meio
social, necessários para sua avaliação como pessoa. Sendo assim, a Psicopedagogia é fundamental ao paciente
hospitalizado para manter os laços com os conhecimentos básicos e desenvolver as competências de natureza
psicossocial que, em virtude da internação, são bruscamente interrompido e, por vezes, por longos períodos,
alterando sua autoimagem e autoestima e as suas possibilidades de voltar a se inserir no mundo escolar.
Porém, uma advertência: nem sempre o ambiente hospitalar permite a inserção do psicopedagogo, por uma série
de motivos, como o estado e gravidade da doença do paciente e a incompreensão dos profissionais da área da
saúde, envolvidos com o tratamento.
Um exemplo da atuação do psicopedagogo hospitalar é a organização de Brinquedotecas. A Brinquedoteca ou
ludotecas são termos utilizados nas instituições públicas e particulares que lidam com crianças pequenas e
significam os espaços organizados para que as crianças brinquem. Podem ser inseridos em diferentes tipos de
instituições como nas escolas, hospitais, centros de lazer, shoppings, consultórios médicos e odontológicos e
universidades (CARNEIRO, 2015).
O ato de brincar auxilia a enriquecer e fortalecer a identidade, autoestima e autoconfiança, pois a criança que
brinca e faz-de-conta tende a ser uma criança feliz.
Segundo Porto (2008), brinquedotecas são espaços divididos em cantos tematizados que permitem desenvolver a
fantasia das crianças e têm como objetivo específico a socialização, interação e a promoção do contato da criança
com o lúdico e a aprendizagem através do brincar.
Os brinquedos são classificados de diversas formas, como por áreas do conhecimento: primeira infância,
descoberta da personalidade, jogos interativos, esportivos, socialização, jogos de tabuleiro, dentre outros.
De acordo com Porto (2008), cada uma das categorias de brinquedo possui duas classificações:
 Classificação por famílias de brinquedos: como por exemplo, móbiles (atividades sensório-motoras), cordas
(atividades físicas), quebra-cabeças (atividades intelectuais), robôs/trenzinho elétrico (atividades tecnológicas),
bonecas, pelúcia, beleza (atividades afetivo-emocionais), dobraduras, modelagem, fantoches, costura (atividades
criativas), xadrez, mágicas, tabuleiros (atividades de relacionamento social).
 Classificação psicológica: são as categorias de valores associados aos brinquedos (cooperativos, de identificação
afetiva, de autoestima e autoafirmação) e outras funções educativas como brinquedos para organização espaço-
temporal, memorização e simbolização
O ambiente da brinquedoteca deve ser acolhedor, limpo e arrumado ao final de cada sessão; bem iluminado, com
brinquedos classificados de acordo com as idades, com música ambiente calma, colorido e com decorações do
universo infantil (personagens e ilustrações).

Atividade extra

A intenção do artigo Psicopedagogia hospitalar: por que e para quem? é fazer uma compilação das reflexões da
palestra ocorrida no evento Psicopedagógico Sedes Sapientiae, realizado em agosto de 2007 e das entrevistas com
os profissionais participantes Maria Irene Maluf (Palestrante); Vera Rossetti Ferretti e Eloísa Quadros Fagali
(Mediadores). O artigo constitui-se da composição dos pensamentos e projetos que se complementam a respeito
da Psicopedagogia na área de saúde. Leia o artigo com as reflexões dessas renomadas psicopedagogas brasileiras.

Acesse o link:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542007001100002&lng=pt&nrm=iso

Referência:

Psicopedagogia hospitalar: por que e para quem? Revista Construção Psicopedagógica. São Paulo, v. 15, n. 12,
p. 7 - 26, dez. 2007. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
69542007001100002&lng=pt&nrm=iso Acesso em 23 mar. 2021

Referências Bibliográficas

 CARNEIRO, M. A. B. Brinquedoteca: um espaço interessante para favorecer o desenvolvimento da criança.


2015. Disponível em http://www4.pucsp.br/educacao/brinquedoteca/downloads/brinquedoteca.pdf Acessado em
18/11/2019

 MALUF, M. I. Psicopedagogia hospitalar: por que e para quem? Construção Psicopedagógica., São Paulo , v.
15, n. 12, p. 7-26, dez. 2007 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1415-69542007001100002&lng=pt&nrm=iso Acesso em 19/11/2019

 PORTO, Olivia. Psicopedagogia Hospitalar. Ed Wak-Rio de Janeiro, 2008.

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