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Faculdade de Direito

Ciência Política e Direito Constitucional II


1º Ano Diurno
2º Teste de avaliação contínua
10.05.2021

Grupo I
(8 valores)
Tendo em conta a Constituição da República Portuguesa, comente, sucintamente, a
seguinte afirmação:
“O sistema Constitucional Português consagra o Estado unitário como um dos seus
princípios fundamentais, mas não impede a existência de Regiões Autónomas dotadas
de competências próprias e onde o Representante da República assume um papel
importante. Para compreender plenamente este órgão, é necessário compará-lo com o
Presidente da República, identificando as semelhanças e, sobretudo, distinguindo as
diferenças”.
Grupo II
(12 valores)

Atente no seguinte caso prático e responda às questões que se seguem invocando as


normas constitucionais relevantes:

1. No dia 9 de junho, a Assembleia da República, tendo em conta as novas


exigências geopolíticas e a necessidade de salvaguarda da soberania nacional,
aprovou a nova “Lei do Segredo de Estado” que previa a restrição de direitos de
defesa dos arguidos e pesadas molduras penais para o crime de divulgação de
informações de Estado por antigos colaboradores.
2. O Presidente da República promulgou o decreto, que foi publicado no dia 1 de
agosto.
3. Nas semanas seguintes, vários especialistas lançaram dúvidas sobre este
regime e indicaram eventuais problemas de inconstitucionalidade da lei e, na
sequência, um grupo de 13 deputados, constituído por membros integrantes
de diversas forças parlamentares, decidiram pedir a inconstitucionalidade desta
lei. No entanto, tendo em atenção o período de férias, só o fizeram nos
primeiros dias de setembro.
4. Nessa mesma altura, a 23 de setembro, o Primeiro-Ministro, alertado pelo
ruído mediático e considerando que aquela iniciativa não cumpria os requisitos
legais estipulados pela Constituição da República Portuguesa, decidiu pedir a
fiscalização da constitucionalidade daquela lei por considerar que violava
disposições processuais constitucionais basilares pedindo, por uma questão de
segurança jurídica, que o Tribunal Constitucional protegesse os casos
anteriormente julgados.
5. No dia 10 de outubro, Afonso, ex-espião português, foi condenado a 10 anos de
prisão por um tribunal de 1ª instância que não permitiu que o réu utilizasse um
conjunto de provas que, alegadamente, poderiam provar a sua inocência.
6. Não conformado, Afonso recorreu para o competente tribunal de 2ª instância,
suscitando, entre outros aspetos, a inconstitucionalidade das normas referidas
pela sentença e integrantes da lei supramencionada.
7. Contudo, o recurso foi rejeitado porque aquele Tribunal de 2.ª Instância que se
considerou incompetente para conhecer sobre questões de
inconstitucionalidade.

Partindo de todo o enunciado,

a) Caracterize a iniciativa dos deputados e do Primeiro-Ministro, pronunciando-se


sobre a sua validade e correção, tendo em conta o tipo de fiscalização da
constitucionalidade pretendida (3 valores).
b) Complementarmente, concorda com a posição do Primeiro-Ministro no sentido
dos efeitos de uma eventual inconstitucionalidade só se verificarem no futuro?
(2,5 valores)
c) Imagine que o procedimento referido no parágrafo 1 tinha sido requerido pelo
Presidente da República no dia imediatamente a seguir a ter recebido o
diploma para promulgação, considere quais os cenários possíveis, justificando
convenientemente (4 valores).
d) Tendo em conta o exposto, concorda com a fundamentação do Tribunal de 2.ª
Instância ao não se considerar competente para analisar questões de
constitucionalidade? (2,5 valores).

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