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Disciplina: Humanismo, Optativa

Renascimento e Classicismo
2022.2
GHT00691

Docente: Silvia Patuzzi Data relatada

para 09/9/2022

Ficha de Leitura Supracitada

C.E Nilo Peçanha

FICHA I – O Renascimento: História de uma Revolução Cultural

Pedro Henrique Lourenço Guimarães1

Referências do Capítulo: Capítulo I do livro “O Renascimento: História de uma Revolução


Cultural — dividido em três partes: Renascimento e Cultura; A Consciência da Idade Nova; A
Descoberta dos Clássicos.

Eugénio Garin: Especialista em Cultura do Renascimento em Itália, é filólogo e


versado em cultura e pensamento filosófico medieval e moderno.

Blocos Argumentativos:

I – Renascimento e Cultura:

Nesse primeiro bloco argumentativo o autor busca tratar da etimologia do termo


Renascimento e Cultura do Renascimento, buscando seus paralelos em obras que despontaram
essa titulação, em especial o Die Kultur der Renaissance in Italien de Jakob Buckardt — um
clássico que desponta no seio dos estudos do período supracitado. Outrossim há a indicação do
Historie de France, de Michelet — ou ainda Georg Voigt com Die Wienderbelung des
Klassischen Altertums que lançam os termos Renascimento, Renaissance, Risorgimento no
esteio da produção historiográfica do século XIX.

O autor aponta o uso comum, ipsis litteris, do termo Renascimento como algo que
renasce depois de um tempo de mortificação — nesse caso o tempo de mortificação das
pilastras sublimes da antiguidade é o mundo medieval, o “mundo das trevas” da cultura
europeia. Não obstante, o autor aponta que mesmo já os autores clássicos viam o

1 E-mail: pedro_guimaraes@id.uff.br
“Risorgimento” como um fenômeno puramente culturale; o mundo desse renascer de fulgores e
sublimidades estava imerso em conflitos políticos, crises econômicas e instabilidades sociais —
vide a Itália Príncipesca retalhada de conflitos. Destarte, o renascer é mais um fenômeno
cultural do que político, mas ainda assim repleto de elementos do trágico que permeava a
sociedade. “O Renascimento não toma, portanto, uma significação adequada ao termo a não ser
no campo da cultura”. (GARIN, p. 14)

II- A Consciência da Idade Nova:

A segunda seção do capítulo I trata especificamente da tomada de consciência dos


contemporâneos de tais processos históricos sobre o que vivenciavam. Havia, segundo Garin,
uma consciência de se estar rompendo com o “velho”, de se estar criando uma nova relação
epistemológica homem-natureza — o mundo antigo, os saberes antigos poderiam fornecer essas
fontes de se re-pensar o humano — voltar à herança antiga em busca de antigos-novos
referenciais. Objetivo: Transcender o “barbarismo medieval” nas artes e no conhecimento.
“Passar de uma forma cultural para a outra”; “...de um estilo ao outro”. O autor salienta a
compreensão, dos renascentistas, em “re-ligar o fio da história” e recuperar os clássicos em sua
inteireza pré-medieval, tirar o “medievalismo” das contribuições clássicas — “extirpar” a
corrupção. Para os renascentistas os “modernos” eram os medievalistas — em termos de
intelectuais detentores da “tocha cultural”. O renascimento como “descoberta do mundo
medieval” e “uma forma original e nova de classicismo e de humanismo na medida em que se
deu conta do uso da Antiguidade; uso que ele criticou e rejeitou”.

III – A Descoberta dos Clássicos:

O apelo aos saberes e epítomes da antiguidade partia da concepção de que a civilização


presente, à época, tinha caído em “degeneração barbárica” e os altos pontos civilizacionais de
refinamento tinham caído nas trevas — logo, a necessidade de encontrar esses clássicos
sabedores urgia. Para se ter acesso ao conhecimento há muito olvidado e desgastado, tinha-se a
necessidade de 1) alçar-se na busca, incessante e febril, dos clássicos; 2) buscar a compreensão
filológica das línguas clássicas em sua “inteireza original”. Cita-se o caso notório de Petrarca e
suas incursões na tentativa de recuperação dos clássicos. Observa-se que o movimento de
buscar o conhecimento da antiguidade clássica deixa de ser meramente uma “moda” ou uma
diletância artística, como ressalta o autor, e passa a ser um ideal de compromisso de mudança da
perspectiva da humanidade. O trazer à luz, retórico, da enunciação da descoberta dos clássicos
laureou de importâncias o fenômeno histórico-cultural do “renascer antigo” — Menciona-se
Pogge e seus esforços proselitistas como ponto alto dessa empresa. Esses clássicos revisitados,
re-construído fornecem, para os renascentistas, óticas distintas de comparação entre dois
estágios civilizacionais — são como lupas pelas quais se busca aumentar, criticamente, os
auspiciosos olhares sobre seu tempo e sua época.

Conclusão Pessoal:

O renascimento deve ser compreendido em seus limites culturais, sem dúvida, mas não
se deve negligenciar as influências do meio sócio-cultural que propiciaram uma visão de
descendente sobre o seu tempo nos pensadores renascentista. Na medida em que o passado
poderia ressignificar o presente ele foi recuperado, retomado e, inevitavelmente, adaptado às
demandas do tempo dos seus sublimadores. Ninguém pode recuperar o passado, religar os fios
da história ou reconstruir um tempo perdido, embora se pense fazer tal ato — o que temos de
notar, nesses processos, são as demandas do meio que propicia essas visões de si e do passado
postuladas pelos homens. Urge entender o renascimento pelo que dele derivou e não pelo que se
idealizou.

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