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Sistemas Fluidotérmicos

Aulas 02 e 03

Curso de Engenharia Mecânica


Universidade Paulista

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Motores de combustão interna

Introdução

Uma das mais importantes máquinas térmicas, foi a locomotiva, criada no século
XIX. No Brasil, conhecida como "Maria-Fumaça", utilizada para o transporte de
cargas. Sua velocidade chegava à 8 km/h.

 As locomotivas com o passar do tempo foram sendo aperfeiçoadas, e seus motores


a vapor de combustão externa (a combustão ocorre fora do motor), foram sendo
substituídos por motor diesel de combustão interna e o número de vagões aumentou,
sendo chamadas de "trem".

 O alemão Karl Benz foi o inventor do primeiro carro movido à gasolina. Em 1879
criou o motor de dois tempos (ciclos de admissão, compressão, expansão e exaustão
de gases a cada volta do eixo) e motor a gás. Seus motores são máquinas térmicas
que produzem o movimento através da queima do combustível no seu interior, por
isso chamadas de motor de combustão interna.

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Motores de combustão interna

Introdução

Atualmente, os automóveis possuem motores com quatro a oito cilindros. Quanto


mais o número de cilindros, maior a potência do motor. Os motores trabalham numa
sequência de quatro movimentos do pistão no cilindro, o que completa um ciclo.
Esse ciclo de funcionamento foi aplicado por Nikolaus Otto, então, chamados
de "motor de 4 tempos" ou "motor Otto“.

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Motores de combustão interna

Motor é um exemplo de máquinas térmicas - dispositivo que transforma outras


fontes de energias, como energias térmica, elétrica, termoquímica, atômica, em
energia mecânica.

As máquinas térmicas trabalham em processos termodinâmicos cíclicos.

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Motores de combustão interna

 Elas recebem calor de uma “fonte quente”, rejeitam calor a uma “fonte fria”
produzindo trabalho mecânico.

Eficiência de uma máquina


térmica que gera trabalho:

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Motores de combustão interna

Neste contexto, será transformado energia termoquímica de um combustível em


trabalho mecânico.
A obtenção de trabalho é ocasionada por uma sequência de processos realizados
numa substância denominada fluido ativo (FA). O FA é formado pela mistura
combustível e ar na entrada, e produtos de combustão na saída do volume de
controle.

Quanto ao comportamento do fluido ativo, as máquinas térmicas podem ser


classificadas em:

 Motores de combustão externa (MCE): a combustão, reação de queima do


combustível, ocorre externamente ao FA (ar aquecido pela combustão), sendo apenas
veículo da energia térmica a ser transformado em trabalho mecânico. Exemplos:
máquina à vapor, motor de Stiling.

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Aplicação 1: Motor de Combustão Externa

Figura 1: Ciclo Rankine representativo de um motor de combustão externa.


Fonte: Franco Bruneti; Motores de Combustão Interna, 2012.

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Aplicação 2: Motor de Combustão Externa

Modelagem do Ciclo de Rankine

Figura 2: Modelagem do ciclo de Rankine.


Fonte: Michael J. Moran_Shapiro_Princípios de Termodinamica para Engenharia, 2018.
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Aplicação 3: Motor de Combustão Externa

Princípio de funcionamento de motor de combustão externa:

Figura 3: Motor de Combustão Externa. youtube.com/mekanizmalar

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Motores de combustão interna

 Motores de combustão interna (MCI): o FA participa diretamente da combustão.

Para se obter trabalho mecânico


mecânico, os MCIs são classificados em:

alternativos: o trabalho é obtido pelo movimento de vai e vem de um


 Motores alternativos
pistão, transformado em rotação contínua por um sistema biela-manivela.

rotativos o trabalho é obtido diretamente por um movimento de rotação.


 Motores rotativos:
Exemplos: turbina a gás, motor Wankel;

impulso o trabalho é obtido pela força de reação dos gases expelidos


 Motores de impulso:
em alta velocidade pelo motor. Exemplos: motor a jato e foguetes.

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Motores de combustão interna

Motores alternativos

Embora a maioria das turbinas a gás seja motores de combustão interna, o nome é
usualmente aplicado a motores de combustão interna alternativos do tipo comumente
usado em automóveis, caminhões e ônibus.

Algumas definições:
 As posições extremas dentro do cilindro são denominadas respectivamente, de
ponto morto superior (PMS) e ponto morto inferior (PMI).
 Diz-se que o pistão está no ponto morto superior quando ele se move-se até uma
posição em que o volume do cilindro é um mínimo. Esse volume mínimo é
conhecido por volume morto.
 Diz-se que o pistão está no ponto morto inferior quando o pistão se move-se até a
posição de volume máximo do cilindro.

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Motores de combustão interna - Terminologia do Motor

PMS (Ponto Morto Superior): posição na qual


o pistão está o mais próximo possível do
cabeçote.
PMI (Ponto Morto Inferior): posição na qual o
pistão está o mais afastado possível do
cabeçote.
S (Curso do pistão): distância percorrida pelo
pistão no deslocamento de um ponto morto ao
outro ou vice-versa.
V1 (Volume total) - volume compreendido
entre a cabeça do pistão e o cabeçote, quando o
pistão está no PMI.
V2 (Volume morto ou volume da câmara de
Figura 4: Nomenclatura referente às posições combustão): volume compreendido entre a
do pistão. cabeça do pistão e o cabeçote, quando o pistão
Fonte: Franco Bruneti; Motores de Combustão está no PMS (Conhecido também com Vm).
Interna, 2012.
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Motores de combustão interna

Vdu (Cilindrada unitária) : conhecida como volume deslocado útil ou deslocamento


volumétrico, que é o volume deslocado pelo pistão de um ponto morto a outro.

πD 2
Vdu = V1 − V2 = Acil ⋅ S = ⋅S (1)
4
nos quais, S = 2⋅ r (r = raio da manivela); D = diâmetro do cilindro.

Vd (Volume deslocado do motor ou volume máximo da câmara de combustão):


deslocamento volumétrico do motor ou cilindrada total. Para um motor com z
cilindros (multicilindros), Vd é dado por:

πD 2 (2)
Vd = Vdu ⋅ z = ⋅S ⋅z
4
no qual, z = número de cilindros do motor.
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Motores de combustão interna

Taxa de compressão

rv (taxa de compressão ou Relação volumétrica): razão entre o volume total, V1


(volume no ponto inferior ) e o volume morto superior, V2 , e representa em quantas
vezes V1 é reduzido. O movimento alternativo do pistão é convertido em movimento
de rotação por um mecanismo de manivela.

V1
rv = (3)
V2

Pela equação (1), tem-se:

Vdu + V2 Vdu
rv = ⇒ rv = +1 (4)
V2 V2

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Motores de combustão interna - Nomenclatura cinemática

De acordo com a figura 5, algumas características


referentes à cinemática dos motores são descritas:
V.E.: válvula de escapamento.
V.A.: válvula de admissão.
r: raio da manivela.
n: frequência da árvore de manivelas.
ω: velocidade angular da árvore de manivelas.
Vp : velocidade média do pistão.
L: comprimento da biela.
x: distância para o pistão atingir o PMS.
α = ângulo formado entre a manivela e um eixo
vertical de referência.
α = 0°, quando o pistão está no PMS.
Figura 5: Nomenclatura cinemática. α = 180°, quando o pistão está no PMI.
Fonte: Franco Bruneti; Motores de
Combustão Interna, 2012.
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Motores de combustão interna - Nomenclatura cinemática

Velocidade angular:

2 ⋅π
ω = 2 ⋅π ⋅ n ou ω = 2 ⋅π ⋅ f ou ω= (5)
T
onde , n = frequência da árvore de manivelas [rad/s]; T = período [s].
Velocidade média do pistão: velocidade que o pistão atinge dentro do cilindro, ou seja,
velocidade de deslocamento do pistão entre o PMS e o PMI.

2 ⋅ S ⋅ RPM (6)
Vp = 2 ⋅ S ⋅ n ⇒ Vp =
60
A equação para a posição do pistão, x, em função da posição angular da manivela e das
dimensões da manivela e da biela, é dada por:
 2 
 
x = r (1 − cos α ) + L 1 − 1 −   ⋅ sen 2α
r  π Dp 2
  (7) e Vd = V2 + x ⋅ (8)
 L  4
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Motores de combustão interna

Cilindrada minuto (Cmin)

É o volume admitido pelo motor em um minuto de funcionamento. Depende da


cilindrada total (Volume deslocado do motor) e da rotação da árvore de manivelas.

Vd ⋅ ω
C min = [cm3/min] (9)

Onde, Vd = Volume deslocado do motor ou volume máximo da câmara de combustão
(Cilindrada total)
ω = velocidade angular da árvore de manivelas [rad/s].
∆ = número de rotações do motor .

As características dimensionais têm influência na cilindrada minuto e na velocidade


linear do pistão (Vp) durante o funcionamento dos motores.

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Motores de combustão interna

Figura 6: Nomenclatura para motores alternativos Figura 7: Diagrama de pressão-volume para um


cilindro-pistão. motor de combustão interna alternativo
Fonte: Michael J. Moran_Shapiro_Princípios de Termodinamica para Engenharia, 2018.
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Motores de combustão interna

De acordo com a figura 7, que fornece um diagrama pressão-deslocamento pode-se


observar que:

i. Com a válvula de admissão aberta, o pistão executa um curso de admissão quando


absorve uma carga fresca para dentro do cilindro. No caso de motores com ignição
por centelha, a carga é uma mistura de ar e combustível. Para motores com ignição
por compressão a carga é somente ar.

ii. Com ambas as válvulas fechadas, o pistão passa por um curso de compressão,
elevando a temperatura e a pressão da carga . Esta fase exige fornecimento de
trabalho do pistão para o conteúdo do cilindro. Inicia-se então um processo de
combustão, que resulta em uma mistura gasosa de alta pressão e alta temperatura.
 Motores com ignição por centelha: a combustão é induzida através da vela
próxima ao final do curso de compressão.
 Motores com ignição por compressão: a combustão é iniciada pela injeção
de combustível no ar quente comprimido, começando próximo ao final do
curso de compressão e continuando através da primeira etapa da expansão.
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Motores de combustão interna

iii. Um curso de potência vem em seguida ao curso de compressão, durante o qual


a mistura gasosa se expande e é realizado trabalho sobre o pistão à medida que
este retorna ao ponto morto inferior.

iv. O pistão então executa um curso de escape no qual os gases queimados são
expulsos do cilindro através da válvula de escape aberta.

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Motores de combustão interna

Admissão Compressão Expansão Descarga


Figura 8: Motor 4 tempos e a taxa de compressão

youtube.com/motor 4 tempos e a taxa de compressão


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Ciclos de Potência dos Motores com Pistão

Os ciclos de potência que realizam trabalho a partir do movimento de um pistão num


cilindro (os processos que envolvem trabalho não ocorrem a volume constante).

O trabalho líquido (WLiq ) para um ciclo é :

WLiq = p mef (V1 − V2 ) (10)

Um parâmetro usado para descrever o desempenho de motores alternativos a pistão é


a pressão média efetiva (pmef).

A pressão média efetiva é a pressão constante teórica que, se atuasse no pistão


durante o curso de potência, produziria o mesmo trabalho líquido que é realmente
produzido em um ciclo, ou seja:
W Liq
p mef = (11)
V desl
onde Vdesl = volume de deslocamento.
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Ciclos de Potência dos Motores com Pistão


Utilizando o resultado da equação (10) para determinar a potência do motor, W, tem-
-se:
⋅ RPM (12)
W = pmef Vdesl
60

Para o cálculo da potência dos motores de quatro tempos, o resultado da equação (12)
deverá ser corrigido para o fator ½. Isso ocorre porque são necessários duas
revoluções completas para que o motor de quatro tempos complete o ciclo.

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Motores de combustão interna – Exercícios

1) Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 5,2 L. O diâmetro dos cilindros


é 10,2 cm e o volume morto é 54,2 cm3. Determine:
a) O curso;
b) Volume total de um cilindro.
c) Taxa de compressão;

2) O motor da Ferrari Fl – 2.000 possui 10 cilindros montados em V, 40 válvulas,


cilindrada total de 2.997 cm3 e potência de 574 kW (770 HP) . Os cilindros têm
diâmetro de 10 cm, motor a 4T, diâmetro dos pistões de 96 mm, raio do
virabrequim de 4,5 cm, volume da câmara de combustão de 78,5 cm3 e rotação
de 14.500 rpm. Determine:
a) O curso (mm);
b) A cilindrada unitária (m3);
c) A taxa de compressão;
d) A velocidade média do pistão (m/s);
e) A velocidade angular da árvore comando de válvulas (rad/s).

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Motores de combustão interna – Exercícios

3) Considere um motor de quatro cilindros e quatro tempos. O diâmetro dos


cilindros é de 80 mm, taxa de compressão 7:1, cilindrada minuto de 1760 L e
velocidade angular de 1500 rpm na árvore de manivelas. Determine o volume da
câmara de combustão deste motor.

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