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Fundamentos de

Arquitetura e Urbanismo

Unidade 1
Introdução à arquitetura e urbanismo
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MIRELLA RAMALHO CAVALCANTE
ALEXSANDRO PEREIRA
AUTORIA
Mirella Ramalho Cavalcante
Sou formada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de
Ciências Sociais Aplicadas - UNIFACISA. Passei por escritórios de
arquitetura e pela prefeitura de Campina Grande na Paraíba. Atualmente,
atuo como profissional autônoma. A área de urbanismo e toda a sua
história, desde o início, como também pelo meu desenvolvimento do
trabalho de conclusão de curso, me fascinam até hoje. Gosto de incentivar
as pessoas a olhar com mais delicadeza à arquitetura e todas as áreas que
a mesma abrange.

Alexsandro Pereira
Sou Arquiteto e Urbanista graduado pela Universidade Federal
de Juiz de Fora (2007) e Mestre pelo Programa de Pós Graduação em
Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal Fluminense
(UFF) com enfoque na área de Habitação de Interesse Social. Membro do
Corpo Docente do grupo ITEC, onde leciono para o Curso de Arquitetura
e Urbanismo da Faculdade TECSOMA em diversas disciplinas ligadas a
Projetos Arquitetônicos.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conceitos da arquitetura e do urbanismo......................................... 10
Aplicações da arquitetura e do urbanismo...................................................................10

História e desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo..... 17


Desenvolvimento da arquitetura........................................................................................... 17

O urbanismo......................................................................................................................................... 18

As cidades............................................................................................................................................ 20

Teorias da arquitetura e do urbanismo...............................................26


Modo artístico.....................................................................................................................................26

Fundamentos teóricos..................................................................................................................27

Visão Econômica - Social e Cultural da Arquitetura e do


Urbanismo....................................................................................................... 34
Relação entre arquitetura e urbanismo...........................................................................34

Espaços públicos.............................................................................................................................35

Economia, socialização e cultura.........................................................................................37


Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 7

01
UNIDADE
8 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área da Arquitetura e Urbanismo é um
componente da história do homem desde a antiguidade? A mesma
tem relação desde a época em que os arquitetos empregavam
matérias-primas ao dispor da natureza, fazendo surgir prédios, pontes,
monumentos entre várias artes históricas marcadas pelo mundo. A
área da arquitetura tem presença até os dias atuais, onde os homens
desenvolvem sua criatividade e a partir dos erros e acertos, vão
surgindo ideias inovadoras e conceituais que definem o espaço onde
se vive. A partir de diversas técnicas a arquitetura vai se desenvolver
pelo mundo e vão surgindo novos espaços e novos lugares. Entendeu?
Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar nesse universo!
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade I. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Definir e aplicar os conceitos da arquitetura e do urbanismo ao


contexto histórico e atual das cidades e suas edificações.

2. Desenvolver uma visão crítica sobre a história e o desenvolvimento


da arquitetura e do urbanismo.

3. Sistematizar os fundamentos teóricos da arquitetura e do


urbanismo.

4. Discernir sobre a relação entre a arquitetura, o urbanismo e as


questões econômicas, sociais e culturais.
10 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Conceitos da arquitetura e do urbanismo


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


quais são os conceitos que desenvolveram a história da
arquitetura e do urbanismo ao longo dos anos. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá.

Aplicações da arquitetura e do urbanismo


O termo arquitetura procede da união das palavras gregas “arché”,
com significado de principal e “tékton” com acepção de construção.
Atualmente, pode-se definir como a ligação do homem e do espaço,
onde ele cria circunstâncias estéticas e úteis com finalidade de habitação
e ordenação dos ambientes.

A arquitetura também pode ser definida como uma arte visual


renomada pelo mundo ao longo de vários anos. A mesma está presente
até os dias atuais e é responsável pela criação de espaços públicos e
privados, que tem como propósito a união de conforto, funcionalidade e
estética.
Figura 1- Esboço projetual

Fonte: Freepik
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 11

Outra aplicação à qual a disciplina se refere é à construção que


engloba várias áreas, algumas delas são: paisagens, interiores, cidades
e móveis. Desde a época do Renascimento podemos considerar a
arquitetura como uma arte plástica, envolvendo toda proporção humana,
desde a etapa manual como também a humana.

Segundo Marcos Vitrúvio, no início do século I a.C., a arquitetura


desenvolvida em uma de suas obras descreve a abrangência na área da
filosofia e sua base surge de diversas teorias. O fragmento mais renomado
do arquiteto foi a Tríade Vitruviana, que envolve três tópicos essenciais
como conceito: Firmitas, Utilitas e Venustas.
Figura 2 - Tríade Vitruviana

FIRMITAS:
estabilidade
e caráter
construtivo

UTILITAS:
VENUSTAS:
Tríade Comodidade,
Beleza e
Vitruviana função e
estética
utilitarismo

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Enquanto Firmitas é atribuído à estabilidade do edifício, como o


suporte dos materiais, Utilitas discorre sobre a comodidade da utilização,
ou seja, como o ambiente interior é desenvolvido. Já Venustas está ligado
à beleza de toda edificação.

Trazendo um pouco mais dos conceitos modernos sobre a


arquitetura, o famoso arquiteto do século XIX, Louis Sullivan, impulsionou
uma norma essencial ao projeto arquitetônico, em que a forma deve
seguir a função. Assim, no lugar da ideia Vitruviana, o autor insere a função
12 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

substituindo a utilidade. Segundo Rocha (2011), outra ideia surge sobre


conceitos de arquitetura, como descreve:
Por meio de sua dimensão estética, a arquitetura vai além
dos aspectos funcionais que tem em comum com outras
ciências humanas. Por meio de sua maneira particular de
expressar valores, a arquitetura pode estimular e influenciar
a vida social sem presumir que, por si só, promoverá
o desenvolvimento social. Restringir o significado do
formalismo (arquitetônico) à arte em prol da arte não é
apenas reacionário, também pode ser uma busca sem
propósito pela perfeição ou originalidade, que degrada em
forma em uma mera instrumentalidade. (ROCHA, 2011, p. 3)

Assim, podem-se observar algumas das filosofias que induziram


os arquitetos modernos ao longo do desenvolvimento dos projetos de
edifícios, entre elas: o racionalismo, empirismo, estruturalismo, pós-
estruturalismo, a desconstrução e a fenomenologia.

Surge no final do século XX um novo conceito que também seria


utilizado na construção dos edifícios: a sustentabilidade, trazendo a ideia
de menos impacto na hora da construção no ambiente natural.
Figura 3 - Relações entre o homem e o ambiente natural

Fonte: Freepik

Com isso, ao longo dos anos e seguindo vários movimentos


modernos, o campo da arquitetura começou a ser compreendido por
uma única definição: espaço habitável. Os estilos criados ao decorrer do
tempo passaram a ser chamados de escola ou de momentos históricos.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 13

Em outras palavras, o estilo abandona a cópia e transita para ser uma


expressão característica de cada arquiteto.

Ao passar dos anos, a arquitetura deixou de ser foco apenas em


construções, edifícios ou monumentos e conseguiu abranger uma escala
maior: a da cidade. Assim, foi desenvolvendo a preocupação com estudos
para que os espaços ociosos fossem bem aproveitados e para que cada
vez mais trouxessem aos seus usuários o conforto necessário.

Toda atividade gerada pelo homem irá gerar um impacto, seja em


relação ao edifício no meio ambiente, ou o impacto visual entre o idealizador
e a pessoa que irá usufruir daquele ambiente construído. Assim, o objetivo
dessa construção irá impactar no quesito visual, podendo ter um efeito
positivo, negativo, neutro, desagradável, agradável, estranho entre várias
outras observações, dependendo da forma de percepção de cada um.

A arquitetura moderna vem juntamente com o quarto Congresso


Internacional, que tem como abordagem o tema: Cidade Funcional.
O mesmo foi concluído em Atenas. Nele, continha um documento das
atividades residenciais, produtivas e áreas públicas equipadas, como
também outro documento com a rede viária e o tráfego, desenvolvido por
mapas da cidade juntamente com seu entorno imediato, relevo, ligações
suburbanas e paisagem.

Um dos fatores construtivos que vem a surgir na arquitetura é a


avaliação do volume, ou seja, a maneira que os edifícios encontram-se
distribuídos e organizados nos espaços. Assim, podem-se tomar como
base os dois princípios na disciplina: tanto ser observada como volume
ou como espaço. Mas a arquitetura não se resume só a esses conceitos
de estilos e técnicas, também é de grande importância a compreensão
sobre seus materiais e sobre as ideias e impressões que os mesmos
desejam passar.

Com isso, tanto a arquitetura como o urbanismo englobam a união


das ideias tanto dos arquitetos, como também dos clientes. A união de
estabilidade, beleza e funcionalidade, não estão presentes apenas em
edifícios residenciais, mas em edifícios que unem todo o público, como
religiosos ou civis.
14 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

A criação de espaços que unem toda a população também é


característica histórica do processo da arquitetura e suas edificações. O
edifício deixa de ser somente o volume privado e passa a desejar uma
área comum para que todos aproveitem. Assim, os arquitetos passam a
ter cada vez mais que projetar espaços e edifícios não só pela beleza, mas
pela funcionalidade. Tal funcionalidade irá trazer a todos os seus usuários
motivos de permanência e conforto naquele local, gerando qualidade e
melhoria de vida para todos.

Assim, nota-se que os conceitos e definições da arquitetura e do


urbanismo estão fortemente ligados ao progresso humano, onde de
início desenvolviam-se locais para se proteger. Ao passar dos anos, foram
formando espaços de convivência que mais tarde iriam virar civilizações.
A necessidade de interligações entre as mesmas, a junção das crenças
religiosas, a busca por fornecimento de água, tudo isso foi gerando a
intenção do homem em construir seu próprio espaço através de suas
técnicas e até os dias atuais se pode notar essa evolução. Segundo Rocha
(2011):
Arquitetura é a arte ou ciência de projetar espaços
organizados, por meio do agenciamento urbano e da
edificação, para abrigar os diferentes tipos de atividades
humanas. Seguindo determinadas regras, tem como
objetivo criar obras adequadas a seu propósito, visualmente
agradáveis e capazes de provocar um prazer estético. A
história da arquitetura é uma subdivisão da história da
arte, responsável pelo estudo da evolução histórica da
arquitetura, seus princípios, ideias e realizações. (ROCHA,
2011, p. 6)

A matéria da arquitetura e do urbanismo, da mesma maneira que


outro aspecto de entendimento histórico está disposta a restrições e
novas possibilidades como ciência. Ela também pode estar sujeita há
várias visões ao longo dos seus estudos, onde o mesmo se desenvolve
em sua maior parte no ocidente.

A história da arquitetura e urbanismo irá começar a partir dos


egípcios e sumérios, onde os mesmos já apresentavam elementos
primordiais para o desenvolvimento da arte. A arquitetura na antiguidade
era demonstrada através de palácios ou templos. Com a chegada dos
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 15

gregos nos primórdios da história, veio a ultrapassagem da arte que antes


era mais conhecida pelos egípcios e surge um dos monumentos mais
conhecidos e que podem ser vistos até os tempos atuais, como é o caso
do Partenon de Atenas.

Para alguns autores, como é o caso de Lima (2010), a arquitetura


foi inserida na bibliografia ocidental com base na Grécia. Assim, mesmo
que a arte faça competência ao mundo da Idade Média, a arquitetura está
fortemente conectada ao firmamento grego. Para o autor:
Os arquitetos gregos teriam, pelo menos, um parco
consolo: não fariam, diretamente, cópias do mundo, como o
fazem pintores e escultores. A condenação que pesa sobre
o objeto arquitetônico é de natureza mais sutil: existindo
como matéria, somente se realiza como cópia sensível
do não-sensível, do imaterial e, portanto, da Verdade. Há
ainda menos “verdade” nas obras dos escultores e pintores
do que nas dos carpinteiros, marceneiros e arquitetos.
(LIMA, 2010, p. 1)

Ao longo de toda a história, podemos observar que não há conceitos


e sinônimos que definam impecavelmente todos os termos históricos.
Visto que os arquitetos romanos também fazem parte do desenvolvimento
dessa história, onde os mesmos eram encarregados pela continuação
coerente de um costume produtivo e abundante.
Figura 5 - Coliseu localizado em Roma

Fonte: Pixabay
16 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Ainda para Lima (2010), a ascendência dos gregos em comparação


aos romanos está presente em um único conceito que está ligado às
origens, ou seja, a comparação histórica entre as construções gregas e as
romanas sempre irá existir. Porém, essa superação da grega para com a
romana estaria ligada às esculturas romanas serem consideradas cópias
das gregas. Em outras palavras, o autor desperta a falta de originalidade
em comparação as demais épocas citadas.

Com o surgimento da era moderna e o seu principal fundador:


Império Romano ocidental, outro período surge e novas características,
conceitos e definições sobre a arquitetura tornam-se evidentes.

De modo geral, a probabilidade de alterações e instituir novas


regras de argumentação e compreensão, tanto formais quanto funcionais,
faz parte do método criativo do profissional de arquitetura.

RESUMINDO:

Tendo em vista todos os estudos sobre a arquitetura e o


que a mesma envolve, é importante lembrar que além dos
edifícios, o urbano e suas contemplações também estão
presentes no desenvolvimento da disciplina. É nítido que
para a compreensão da construção de uma residência ou
de um ambiente interno, o arquiteto irá precisar entender
as necessidades dos seus usuários, assim como quem irá
projetar espaços para toda a população. Terá que pensar em
um espaço que traga comodidade, conforto e qualidade de
materiais, para que aquelas mesmas pessoas façam bom
proveito e queiram permanecer nesses mesmos locais
agradáveis. Assim, para servir de embasamento teórico,
vários conceitos e definições foram aplicadas ao longo dos
anos sobre a história da arquitetura, que unem a filosofia, a
arte e o compreender narrativo que procedem em distintas
categorias de valorização do saber empregado a favor dos
meios que estipulam as ligações do poder e do controle
dos espaços.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 17

História e desenvolvimento da
arquitetura e do urbanismo
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você conseguirá ter uma visão


crítica sobre a história e o desenvolvimento da arquitetura
e do urbanismo, bem como o seu desenvolvimento ao
longo dos anos envolvendo o estudo do urbanismo e das
cidades e compreendendo melhor onde as mesmas estão
inseridas e quais efeitos causam e impactam a arquitetura.
Curioso? Então vamos lá saber mais!

Desenvolvimento da arquitetura
Não podemos deixar de falar da arquitetura sem envolver a arte.
Antes de entendermos quais os procedimentos que levaram ao surgimento
da arquitetura, temos que compreender que ela se desenvolve a partir
de uma ideia e de um conceito do autor sobre sua criatividade. A partir
disso, o processo artístico vai avançando juntamente com técnicas que
permitem o surgimento de espaços ordenados compostos por elementos
que vão dar resultado em edifícios ou recintos urbanos.

Assim, quanto mais se desenvolve a sociedade, novas técnicas vão


sendo impostas junto com condicionantes tecnológicos, sendo assim,
capazes de criar novos projetos cada vez mais atualizados e sofisticados.

Durante os fatos históricos foram se desenvolvendo acontecimentos


importantes que faziam diferença no papel da arte. A arquitetura está
presente nesse período onde fez com que seus conceitos progredissem
e que mais tarde tornaram-se fatos importantes. O primeiro passo do
esboço é a base para a continuação da ideia do autor, onde ele tem sua
inspiração e a partir disso, consegue desenvolver sua ideia para que
outras pessoas consigam desfrutar e observar a mesma.

Assim, o autor vai ter várias etapas para crescimento e


amadurecimento de suas ideias, incluindo desde o esboço, até a parte
projetual que se inicia com a construção do ambiente.
18 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Figura 6 - Conceito projetual

Fonte:Freepik

O urbanismo
Discorrendo um pouco sobre o urbanismo e seus conceitos, entende-
se como uma parte da arquitetura que busca compreender e solucionar
os problemas urbanos em termos relativamente recentes. O mesmo termo
surge anteriormente à sua utilização nos anos de 1830 e 1850.

Além da arquitetura, o urbanismo faz forte relevância para


o aprendizado da disciplina. Atualmente, faz-se necessário o
desenvolvimento do mesmo interligado ao desenvolvimento das cidades,
onde foi se desenvolvendo ao longo dos anos desordenadamente, com
o crescente número de favelas e demais problemas que vinham a ser
gerados posteriormente pelo mesmo.

Assim, o urbanismo envolve o crescimento das necessidades de


cada população, onde a mesma precisa compreender o local que é
inserido e observar suas especificações escassas que cada uma enfrenta.

A fim de trazer melhorias para cidade, o urbanismo entra como um


projeto que estabelece melhoria da qualidade de vida e proporciona bem
estar a toda a população.

Segundo Jan Gehl (2010), para a expansão de áreas para caminhar


e pedalar, a cidade deve aumentar a quantidade e qualidade dos espaços
públicos agradáveis, bem planejados e, na escala do homem, sustentáveis,
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 19

saudáveis, seguros e cheios de vida. A cidade se torna mais densa,


compacta e segura, quando se tem ruas, praças e parques considerados
como um todo, apropriando-se de forma correta desses espaços.
Quando o espaço público está degradado, provoca uma
rejeição imediata. Se não está bem iluminado, se não possui
atividade noturna que anime o público, será percebido
como perigoso e muito provavelmente é. Se os edifícios
que o circundam possuem funções impróprias como
oficinas ruidosas, estabelecimentos que geram tráfego
pesado ou estão degradados, ninguém os procurará
para passar seu tempo livre, interagir socialmente ou por
simples curiosidade. (ALOMÁ, 2013, p.1)

Para o dicionário, o significado do urbanismo reúne uma soma


de assuntos referentes à arte de erguer uma cidade. De outra maneira,
mostra que os responsáveis da área usam esse pretexto para estudar o
modo de compreender a mesma.

Mesmo com significados parecidos, urbanismo e urbanização


possuem uma diferença, onde o primeiro está ligado à ideia de urbanizar
e o segundo a ideia de realização, ou seja, execução do mesmo. Essa
disciplina pode ser considerada como uma técnica que tem ligação com
o planejamento, onde esse planejamento pode ser ligado ao de um local
ou espaço, como também pode chegar a um objetivo mais amplo de
interferência: a cidade.
Figura 7 - Urbanização

Fonte: Freepik
20 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

O urbanismo teve início após a Revolução Industrial, onde se


via a necessidade de ajustar a cidade devido ao caos, de modo que
conseguissem encontrar soluções para os problemas enfrentados. Assim,
atualmente, vê-se o planejamento urbano de modo progressivamente
gradativo, atuando principalmente em espaços e locais alternativos, onde
obtém grande demanda.

O planejamento não só está ligado a pequenos espaços. Ele


também contribui para a ligação de vias públicas que unem bairros, como
também terrenos ociosos que precisam desenvolver alguma função para
sua população e precisam de máxima exploração, garantindo a economia
da cidade.

Em geral, toma-se como significado de urbanismo a cultura que


se mantém da organização de uma atmosfera urbana, entendendo seu
progresso com a finalidade de colher o melhor posicionamento de ruas,
de construções como edifícios e até mesmo de instalações públicas, de
modo que toda população que esteja inclusa nesses espaços consiga
desfrutar de um local agradável e satisfatório com exigências sanitárias
apropriadas para viver.

As cidades
A cidade sempre foi um lugar de diferentes situações e contrastes,
como por exemplo: a riqueza ou a exclusão. No todo, a população busca
encontrar os mesmos locais agradáveis com boas condições de vida no
que diz respeito à moradia, paisagem, lazer e trabalho.

O espaço urbano é destinado às pessoas de forma que possibilite o


desenvolvimento de suas atividades, onde as mesmas mantêm relações
entre si, demonstram suas opiniões, gerando influências e intervenções
no processo de formação das cidades.

Através da geografia, possibilitou-se o melhor estudo sobre esse


espaço, onde cada sociedade enxerga o urbano de forma diferenciada,
mas tem-se o homem como principal guia desse processo histórico,
mantendo suas relações com outros homens em seu determinado meio.
Por isso, a importância do estudo histórico de cada etapa dessas relações,
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 21

incluindo seus fatores preexistentes que interferem em no modo de


produção do espaço.

SAIBA MAIS:

As cidades sustentáveis devem conter proteção,


compreendida como direito à terra urbana, moradia,
saneamento, infraestrutura urbana, serviços públicos e
transporte, trabalho e lazer para todas as gerações, um
dos direitos essenciais do cidadão incluídos no grupo
dos direitos humanos. Já sobre a gestão democrática, a
população se faz presente, seja por meio de associações
representativas, onde executam e acompanham planos,
programas e projetos sobre o desenvolvimento urbano.

Tem-se então, o processo geográfico em constante modificação,


tornando-o dinâmico com diferentes escalas e formas. Cada sociedade
vai enxergar suas concepções sociais de tal maneira que façam a
distinção uma das outras. Cada produção do homem no espaço urbano
vai adicionar na construção das relações que constituem uma sociedade,
contribuindo com a vida cotidiana.

Com o ambiente em constante transformação de espaços naturais


em espaços produtivos, o significado econômico surge diante das
cidades, dando continuidade às necessidades do homem com relação à
natureza. Assim, a produção e o consumo dão início ao verdadeiro valor e
uso dos mesmos.
Figura 8 - Desenvolvimento de rodovias pelas cidades

Fonte: Freepik
22 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Além das relações sociais, a oferta de bens e serviços, tal como a


carência do mesmo, situa-se nas cidades capitalistas, presente também
nas relações do mercado através da comercialização e produção,
incentivando a movimentação do dinheiro e assim, ampliando as
estratégias de sobrevivência das relações sócio espaciais.

Levando em consideração a existência de espaços que não são


pensados e executados de forma adequada, é notável um ambiente
carente de um bom desenho urbano, que possa promover uma boa
sensação de segurança, acessibilidade, mobilidade, conforto, entre
vários fatores que fazem diferença quando o espaço público é projetado
adequadamente para aquele lugar específico, como afirma Saboya (2011):
As cidades médias brasileiras convivem com o problema
da falta de espaço para a expansão dos seus territórios.
Isso não significa a ausência completa de áreas livres, mas
demandam o fortalecimento de políticas públicas que
orientem a sua ocupação adequada. (SABOYA, 2011 p.4)

Com o modernismo, surge a baixa prioridade dos espaços públicos


e algumas das principais causas da segregação desses espaços: a
valorização das vias para veículos motorizados, trazendo a diminuição das
atividades sociais na cidade. As vias com alta densidade de veículos que
apresentam pouca arborização, rios canalizados e ambientes insatisfatórios
de convivência, são responsáveis por tornarem os ambientes monótonos.

Os espaços públicos são importantes e fundamentais em todas as


cidades.
As cidades são locais onde as pessoas se encontram para
trocar ideias, comprar e vender ou simplesmente relaxar
e se divertir. O domínio público de uma cidade, suas
ruas, praças e parques é o palco e o catalisador dessas
atividades. (GEHL, 2010, p. 8)

Porém, a frequente rotina de ir às ruas a pé e desfrutar de espaços


públicos ao longo da caminhada que despertem o bem-estar do pedestre
foi diminuindo, também pelo fato da priorização de espaços para os
automóveis, como os estacionamentos, tornando as áreas cada vez mais
isoladas e indiferentes ao seu entorno.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 23

O Estado, por sua vez, com sua pouca presença significativa, faz
com que as pessoas procurem suas próprias maneiras de sobrevivência,
construindo relações umas com as outras através de atividades em grupo,
da cultura, de relações interpessoais, entre outros meios.

Faz parte do cotidiano alguns pontos como: o bairro, a rua, as praças,


onde são responsáveis por realizarem trocas diárias, gerando trocas entre
vizinhanças e comunidade. No mesmo ambiente, também é possível ter
práticas políticas sobre tal espaço, onde cada um impõe sua maneira de
pensar e agir, sua própria história e identidade, como afirma Saboya (2011):
O conjunto dos usos da terra justapostos entre si definem
áreas, como o centro da cidade, local de concentração
de atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas
industriais, áreas residenciais distintas em termos de
forma e conteúdo social, de lazer e entre outras, aquelas
reservadas à futura expansão. Esse complexo conjunto de
usos da terra é, na realidade, a organização espacial da
cidade ou simplesmente o espaço urbano que aparece
assim como espaço fragmentado. (SABOYA, 2011 p. 7)

Segundo Saboya (2011), as ruas retilíneas, que apontam uma série


de quadras iguais, mostram um novo modelo uniforme de cidades, em
sua maioria com forma quadrada. Já no centro da cidade, surgem praças
onde se curvam edifícios de grande importância como, por exemplo, as
igrejas ou casas mais ricas.

Ainda sobre o autor, a desorganização mostra consequências


visíveis na cidade industrial, onde o mesmo ciclo iniciava-se na cidade
medieval, apresentando características positivas quanto às relações das
comunidades, mostrando sempre um equilíbrio entre campo e cidade.

Com o início do capitalismo, o desequilíbrio surge, expondo um


determinado fragmento na vida urbana, fazendo com que as relações
sociais sejam cada vez mais escassas, como mostra Mumford:
Paisagens arruinadas, distritos urbanos desordenados,
focos de doenças, trechos de desertos, milhas e milhas
de cortiços padronizados, enxameando as áreas que
circundam as grandes cidades e se confundindo com seus
subúrbios inúteis. Em resumo: malogro geral e a derrota do
espírito civilizado. (MUMFORD, 1961, p.18)
24 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Para Mumford (1961), a função de construir uma cidade acarreta no


trabalho maior de reerguer uma nova civilização, de maneira que seus
pontos negativos e positivos juntos contribuíam para o futuro. Assim,
surgiria a possibilidade de correção das cidades a cada novo ciclo ou fase
histórica, chegando à formação da metrópole.

VOCÊ SABIA?

Mumford morava em Nova York, onde apareceram as


grandes teorias e perspectivas sobre a cidade. Ele delineava
uma escrita sobre planos urbanos que já estavam sendo
administrados. O autor também retratava os períodos
históricos das cidades, onde mostrava um resumo histórico
de fases de desenvolvimento da mesma. Na segunda
parte do seu livro, ele apresenta mais intenções nítidas que
mostram o desdobramento de seu pensamento sobre o
planejamento urbano e sobre a intervenção social.

A metrópole, por sua vez, é vista como devastadora para as relações


culturais da comunidade, uma vez que com o forte crescimento das
cidades, o vínculo que as pessoas possuíam nos municípios, em campo
ou em pequenas cidades desenvolvidas seria cessado.

A arquitetura entra no meio de tais agentes quando a crescente


verticalização no centro e as manchas urbanas intensificam-se, trazendo
juntamente a esses locais, a modernização com novos edifícios, deixando
de lado vestígios da cidade antiga. O mais importante agora seria como
tornar-se uma grande metrópole sem decompor o valor da comunidade.

Todavia, Mumford (1961), não enxergava a metrópole de modo


homogêneo. Para ele, também era importante tratar os pontos de
manutenção da mesma no sentido de toda a comunidade. Quando os
vestígios da cidade antiga não existissem mais, as novas edificações teriam
que ser feitas pois o centro não podia ser deixado de lado ou substituído.
O autor ainda compreendia a cidade como uma transformação de uma
nova forma de metrópole moderna.

Assim, através da junção de vários agentes, o lugar torna-se resposta


à tentativa natural de unificação de todos, por meio da união dos homens
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 25

dentro do mercado. Após sua longa construção, a etapa seguinte é definir


formas de adequação do espaço, tendo como base suas relações.

O próprio lugar vai conquistando o sentido de território, com


experiências e atitudes de cada população. Cada passo segue a
construção de um local, com conquistas coletivas e comuns, como
também pelas suas dificuldades no ambiente vivido.

Essa área passa a ser a base da sociedade, um acontecimento físico,


social e político, passivo de modificação, onde o Estado não se faz tão
presente, porém, insere algumas de suas políticas públicas que devem
ter como objetivo principal atender as necessidades da população. Suas
funções não são atingidas igualitariamente, o que traz exceção e falta
de ações importantes para algumas localidades, onde a sociedade fica
sujeita a suas próprias estratégias de vida e à apropriação de seu espaço.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo desse
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que com a vida social fortalecida por vínculos,
solidariedade, realizações sociais, entre outros, a cidade
vai se mantendo, mesmo com a ausência de políticas
públicas que garantam às mesmas infraestrutura urbana
de qualidade e possibilitem o ingresso ao trabalho, saúde,
educação e lazer, de forma que a cidadania seja exercida
de forma plena e correta. Apesar de grandes dificuldades
enfrentadas pelas comunidades para a cidadania, no
Brasil, as sugestões de soluções de problemas urbanos já
avançaram de modo que as localidades abandonadas são
priorizadas, trazendo assim um atendimento diferenciado,
mesmo que deixem a desejar em relação a uma cidadania
plena e igualitária para todos, com uma concepção injusta
do espaço urbano, buscando também a priorização
de construções arquitetônicas que consigam suprir as
necessidades da população.
26 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Teorias da arquitetura e do urbanismo


OBJETIVO:

Ao término dessa competência, você irá compreender a


sistematização dos fundamentos teóricos, identificando
as principais etapas e fatos históricos que desenvolveram
a arquitetura ao longo dos anos. Curioso? Então vamos lá
saber mais!

Modo artístico
O âmbito da disciplina dispõe a apurar a elaboração da arquitetura
e do urbanismo, do design e de suas várias histórias artísticas, como
também da técnica do patrimônio de toda a paisagem, envolvendo
também a cidade e a habitação.

O conhecimento de cada campo, suas expressões e modificações


ao longo do período e recinto possuem suas histórias distintas e focos
disciplinares diferentes em todo o mundo, com várias proporções sociais,
econômicas, políticas, territoriais, institucionais, estéticas, simbólicas,
culturais e conceituais.

Segundo Lira (2020), três linhas de pesquisas são desenvolvidas


para a disciplina de maneira que mostrem, a partir das diferenças passíveis
de questionamento, o trabalho das obras e perspectivas da arquitetura,
do urbanismo, do design e das demais áreas que abordam a mesma. As
linhas de pesquisa podem ser observadas a seguir:
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 27

Quadro 1: Linhas de pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor adaptado de Lira (2020).

Ao longo da história, várias pesquisas foram realizadas chegando até


a contemporaneidade, envolvendo práticas projetuais e profissionais do
projeto em si, como também seu planejamento, sua gestão e intervenção,
sua conservação e restauro e toda sua história e memória, envolvendo
paisagismo, urbanismo, design e arte.

Fundamentos teóricos
Com a necessidade de novos processos, as cidades passam a
evoluir sendo contestadas pelo Estado, que precisa manter o controle
do espaço urbano fazendo com que surja o urbanismo como uma nova
matéria acadêmica.

Assim, surge o papel do profissional de arquitetura juntamente com


uma crise na construção arquitetônica que atravessa o século XIX e só
será solucionada com o surgimento da arquitetura moderna.

No século XIX, na idade contemporânea, os arquitetos passaram por


crises estéticas, podendo ser chamado de movimentos revivalistas, onde
a tecnologia não se deparava com uma expressão apropriada, devido
à algumas causas artísticas ou entre outros contextos. Tais movimentos
procederiam para o ecletismo, caracterizado por diversas opiniões como
o mais descaído e formalista em meio dos demais estilos históricos.
28 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

O primeiro movimento que surge é o Neoclássico. Ele está ligado


aos conceitos românticos nacionalistas presentes na arquitetura inglesa.
Os ideais progrediram e o último estilo do século XIX surgiu, o Art Nouveau,
entrando no século XX.

O Art Nouveau ou arte nova, surge como um costume moderno,


trazendo o modo floreado, tomando como detalhes formas orgânicas
transmitidas em folhagens, cisnes, flores, labaredas, entre outros elementos.
Figura 9 - Edifício Art Nouveau

Fonte: Freepik

Outra característica dos edifícios dessa época são as linhas curvas,


assimétricas e desarmoniosas. O período associa-se com a segunda
Revolução Industrial, alinhado com a utilização de materiais recentes,
como por exemplo, o ferro e o vidro, componentes fundamentais que
faziam parte dos edifícios e de sua estética. Também dá ênfase ao trabalho
artesanal e à valorização da natureza.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 29

Segundo Portes (2012), a partir do século XX, a diferença dos


arquitetos que estavam mais aproximados das vanguardas artísticas e dos
que associavam a tradição estaria ficando mais evidente, transformando o
momento arquitetônico em um campo cheio de posições e deslocamentos.

Assim, surgem novos fundamentos teóricos que discorrem sobre o


significado da arte e a função do artista, encontrando a demonstração de
toda tarefa artística, seja racional, artificial ou moderna na indústria. A nova
sociedade aparece com a modernidade, juntamente com novas ideias e
estilos estéticos, sendo elas, as mesmas capazes de sintetizar todas as
artes e determinar as casualidades da vida humana.

Com o surgimento da arquitetura moderna, nasce o discurso estético


e social, que se caracterizava pela vida do homem contemporâneo. Assim,
fez-se surgir um novo período marcante: a arquitetura influenciada pelo
Bauhaus, buscando uma sociedade mais moderna.

Em seguida, Walter Gropius logo começa a trabalhar com Behrens


e segue seu trabalho individual, deixando em uma de suas obras a
importância da adição da calma e racionalidade na aplicação das novas
técnicas. Uma de suas principais construções desenvolvidas é a Fagus
ad Alfed an der Leine, uma fábrica de fôrmas para sapatos. Porter afirma:
A primeira coisa que nos toca é a simplicidade e segurança
dessa arquitetura em contraste com as intenções
monumentais e a carranca dramática das obras análogas
de Behrens. A inexcedível adequação técnica permitiu
uma perfeita conservação: dois materiais apenas, o
tijolo e o metal polido formam a superfície externa e a
combinação fundamental de amarelo e preto domina toda
a composição. (PORTER, 2020, p.14)

Também desenvolvendo trabalhos com Behrens, Mies van der Rohe


em 1913 abre seu próprio negócio em arquitetura e o mesmo é suspenso
pela guerra. O que ele deixa exposto em suas obras é o estudo sobre
composições na construção de edifícios e suas funções.
30 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Figura 10 - Villa Tugendhat pelo arquiteto Mies van der Rohe

Fonte: Freepik

Bahaus é reconhecida por ser uma escola famosa de design, artes


plásticas e arquitetura de vanguarda na Alemanha, presente de 1919 a
1933. Ela teve grandes influências na arquitetura moderna, sendo a
primeira do mundo. Seu fundador foi Walter Gropius e as atividades nela
desenvolvidas pelos alunos, em sua maioria, foram vendidas no decorrer
da Segunda Guerra Mundial.

Com o fim da guerra, o artista responsável pela criação da escola


resolveu criar um novo modelo arquitetônico que lembrasse esse período
vivido. Esse mesmo modelo obteria funcionalidade, baixo custo de
produção e orientação ordenada. O autor ainda defendia o racionalismo
funcional, diferenciando o desnecessário do que é importante e essencial.
Assim, seria de suma importância a união da arte e do artesanato,
desenvolvendo peças fundamentais e com suas determinadas funções
artísticas.

Após perseguições, a escola fecha e deixa seu registro e impacto


fundamental para a arquitetura e as artes, tanto no ocidente europeu,
quanto nos Estados Unidos da América.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 31

É notório que com o surgimento da arquitetura moderna, houveram


vários acontecimentos marcantes que definiram essa disciplina durante
todo o século XX, com a presença de diversas ideias de vários artistas
e desenvolvimento de algumas escolas, como por exemplo a Bauhaus,
localizada na Alemanha e artes desenvolvidas por Le Corbusier,
desenvolvido na França. Todas essas influências modernas rejeitaram a
arquitetura anterior com o intuito de renovação da área. Logo em seguida,
iria surgir o Pós-Modernismo, que defenderia a renovação da arquitetura
anterior e criticaria as ideias do modernismo.
Figura 11 - Ronchamp, arquitetura de Le Corbusier

Fonte: Pixabay

Em 1928 surge o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna


(CIAM), localizado na Suíça, onde há uma participação importante na
construção dos fundamentos da arquitetura e urbanismo, a fim de
discorrer sobre as principais áreas da arquitetura, sendo eles: o paisagismo,
urbanismo, exteriores, interiores, equipamentos, materiais, entre outros
pontos importantes.

A arquitetura para os criadores da CIAM deveria surgir como objeto


sintético, limpo, racional e funcional e deveria ser utilizada pelo poder
público a fim de contribuir econômica e socialmente, promovendo assim
o crescimento coletivo da população.

Esse período irá adicionar aos fatos históricos da disciplina a Carta


de Atenas, decorrida por Le Corbusier e estruturada sobre os debates
surgidos na conferência do planejamento. Para Portes (2012):
32 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

A Carta praticamente definiu o que é o urbanismo moderno,


traçando diretrizes e fórmulas que, segundo seus autores,
são aplicáveis internacionalmente. A Carta considerava
a cidade como um organismo a ser planejado de modo
funcional e centralmente planejado, na qual as necessidades
do homem devem estar claramente colocadas e resolvidas.
Entre outras propostas revolucionárias da Carta está o de
que toda a propriedade de todo o solo urbano da cidade
pertence à municipalidade, sendo, portanto público.
(PORTES, 2012, p. 23)

Toma-se como exemplo a cidade de Brasília, sob criação do


arquiteto Lúcio Costa, onde a mesma desenvolverá todos os requisitos
da carta caracterizada pelo seu projeto urbano mais avançado no mundo.
Figura 12 - Urbanização na cidade de Brasília

Fonte: Pixabay

Ainda sobre Portes (2012), como consequência das resoluções do


CIAM IV, feito em 1933 em Atenas e em Marselha, o congresso acabou
sendo o mais extenso em relação ao ponto urbanístico, pretendendo
desenvolver o estudo relativamente de 34 cidades europeias.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 33

RESUMINDO:

Mas e então? Em que se baseia a arquitetura antiga e


a arquitetura moderna? Será que algum estilo não foi
importante para a fundamentação teórica da disciplina?
Então, como você observou, são muitos os conceitos
e bases de cada estilo e de cada época da arquitetura.
Mas o que se sabe é que a arte esteve presente para
que chegasse até os dias atuais. Cada arquiteto teve sua
importância e participação fundamental para marcar os
demais estilos. Alguns são utilizados até os dias atuais. De
modo geral, observa-se a arquitetura como uma maneira
de se expressar, deixando claras as ideias do homem cuja
finalidade tenha o alinhamento da funcionalidade, técnica
e estética. Assim, toda fundamentação da teoria deve ser
estudada e compreendida de forma correta, pois faz parte
da história e tem forte relevância para a disciplina.
34 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Visão Econômica - Social e Cultural da


Arquitetura e do Urbanismo
OBJETIVO:

Ao término dessa competência, você conseguirá analisar


a produção arquitetônica e urbanística, compreendendo
também a melhor forma de discernir sobre a relação entre a
arquitetura, o urbanismo e as questões sociais, econômicas
e culturais nos dias atuais. Curioso? Então vamos saber
mais!

Relação entre arquitetura e urbanismo


Entendendo a arquitetura como uma arte que cria espaços e
abriga as tarefas do homem, alguns critérios são utilizados para seu
desenvolvimento, sendo eles: técnica, funcionalidade, ergonomia, custos,
sustentabilidade, estética, conforto, entre outros tópicos relevantes.

Visto que o contexto do urbanismo insere a cidade e o grupo de


medidas tomadas pela mesma, várias são as questões que juntas resultam
no estudo e regulamento das áreas, sendo sempre utilizadas as razões
econômicas, políticas e sociais. Segundo Portes (2020):
A arquitetura permite aos seres humanos, com a ajuda
dos meios técnicos criados e aperfeiçoados por eles,
realizar a construção de todos os abrigos que lhes são
necessários para sua vida coletiva ou em família. Nesse
aspecto, ela é pura produção material, ou seja, um bem
de consumo. Entretanto, a obra arquitetônica não ocupa
somente essa função utilitária primordial. Com o auxílio
das formas que essas necessidades provocam e que os
meios técnicos permitem realizar, ela atinge uma das mais
altas expressões da arte pela utilização estética dos seus
espaços e de seu invólucro, o que configura sua finalidade.
(PORTES, 2020, p.7)

A atividade arquitetônica irá abranger toda tarefa organizada do


homem buscando a aplicação na prática, tomando como características
a criação de uma atividade das mais antigas do gênero humano. O
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 35

arquiteto terá uma função importante na construção de edifícios ou


de ambientes, podendo impactar positiva ou negativamente os seus
usuários. Entre esses impactos, o autor busca causar uma percepção
do seu ambiente construído para aqueles que irão desfrutar, nascendo
assim impactos sociais, ambientais, culturais, físicos de cada cidade,
onde cada uma vai priorizar uma característica distinta e será marcada
pela arte desenvolvida nela.

Para que o estudante da área consiga alcançar o programa


arquitetônico, terá que estudar o desenvolvimento e oportunidades da
disciplina, sendo primordial que o mesmo se conecte com o aprendizado
sensível, crítico e artístico ao longo de todo caminhar de sua formação.

Além dos aspectos arquitetônicos, a formação do arquiteto e


urbanista irá abranger muito mais observações para o profissional, como
afirma Saboya (2011):
A formação do arquiteto e urbanista abrange o estudo
do urbanismo, mas não se limita a este, englobando
um espectro mais amplo de matérias e conteúdos
curriculares. Por consequência, os profissionais formados
em curso de urbanismo desmembrado da arquitetura têm
campo distinto de atuação, não cabendo seu registro nos
Conselhos de Arquitetura e Urbanismo. (SABOYA, 2011, p. 1)

Com isso, a relação da arquitetura e do urbanismo vai estar


fundamentada entre uma visão poética e a consciência crítica. Sua
dimensão artística irá se encontrar em suas concepções visuais, internas
e externas, contendo volumes, texturas, planos e cores.

Espaços públicos
Para compreender melhor as questões sociais, econômicas
e culturais da disciplina, é importante entender que cada cidade ou
cada espaço contém uma determinada demanda e seu programa de
necessidades. O mesmo será desenvolvido de acordo com a característica
de cada população, formando assim a sua identidade e tornando aquele
ambiente único e acessível para seus usuários. Pode-se observar que
cada local se desenvolveu ao longo dos anos com sua própria cultura,
onde a arquitetura tem sua participação com o objetivo de contribuir,
36 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

de forma positiva, em suas relações econômicas e sociais, aumentando


cada vez mais a união das pessoas através dos espaços projetados e
desenvolvendo características culturais únicas.

As cidades têm, como de suma importância, o espaço público,


uma vez que se torna assunto frequente no meio do urbanismo. Com a
falta de um planejamento urbano eficaz, as cidades acarretam problemas
como desvalorização e segregação desses espaços. Tais áreas, por sua
vez, possuem funções de minimizar problemas nas cidades e trazerem
benefícios na qualidade de vida dos cidadãos, onde precisam cumprir
sua função ecológica, social, de encontro e lazer, mas devidamente de
acordo com as prerrogativas funcionais, de conforto e segurança dos
espaços públicos, transmitindo sensação de bem-estar e conforto para
as pessoas.

VOCÊ SABIA?

Os autores Jan Gehl, Lars Gamzoe e Sai Karnaes sintetizaram


12 itens que definiam se um espaço público era ou não
de boa qualidade. Tais critérios são: (1) que pedestres
possam se locomover pelas ruas com tranquilidade e não
se preocupem em serem atingidos por algum veículo,
(2) segurança em espaços públicos, (3) proteção contra
experiências sensoriais desagradáveis, (4) espaços para
caminhar, (5) espaços de permanência e contemplativas do
seu entorno, (6) mobiliário urbano qualificado e equivalente
ou maior à quantidade de indivíduos que frequentam
determinado espaço, (7) garantia de paisagens visuais
agradáveis ao público, para que desfrutem das perspectivas
do meio urbano, (8) desenho e mobiliário planejados de
forma a fomentar a interação social, (9) possibilidade dos
cidadãos se relacionarem com a estrutura da cidade,
levando em conta a perspectiva dos sentidos da visão,
(10) escala humana, (11) utilização do clima como uma
potencialidade e (12) experiências sensoriais.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 37

Figura 13 - Esboço da paisagem urbana em Hong Kong

Fonte: Freepik

No século XX, o processo de urbanização toma impulso juntamente


com o processo de industrialização, onde surge uma causa chamada
êxodo rural, desenvolvido através da mudança da população rural
para a vida urbana. Assim, surge a urbanização, também fazendo parte
da arquitetura. A mesma está ligada ao processo do crescimento das
cidades, onde inclui a edificação de vários setores como moradias,
escolas, hospitais, entre outros.

Economia, socialização e cultura


Os edifícios públicos possuem uma diversidade quanto a seu uso,
podendo ser misto, comercial, residencial, entre outros espaços que
complementam o ambiente em que se vive. O desenvolvimento do térreo
livre também é um forte ponto da arquitetura moderna que complementa
a estética dos projetos no país. Tais espaços são criados de tal forma
que atendam as habitações e o uso coletivo e social, trazendo o edifício
moderno a partir dos anos 50. Outra forma moderna dos edifícios é no que
diz respeito à introdução dos pilotis.
38 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

O espaço de uso coletivo é desenvolvido através das atividades


terciárias nas cidades, onde se tem um local de comércio ligado a uma
nova arquitetura. Pode-se encontrar também nesses espaços, trocas de
atividades entre a população, seja interna ou externa, onde é exposta a
mercadoria, chamada recentemente de vitrine.

Segundo Vieira (2015), o termo mercado surge ao longo dos anos


induzindo a comunidade, a troca e o poder de compras. Esses espaços,
abertos, semicobertos e cobertos, permitem o desenvolvimento do
conceito de espaço público, mantendo também interesses públicos. O
autor também define:
Espaço público, por excelência, é o lugar onde uma
pessoa pode estar sozinha sem dar impressão de estar
solitária. [...] é importante saber que para ser considerado
um “espaço público”, o espaço deve ser acessível a todos
os moradores e visitantes, ao mesmo tempo em que esses
cidadãos e visitantes devem ser capazes de interagir,
livremente, na mesma base, independentemente de sua
condição social. (VIEIRA, 2015, p. 98)

Para se ter uma boa condição de edifício público, é importante que


o mesmo esteja inserido em locais de fácil acesso na cidade. Nem todos
são considerados públicos por não atenderem todos os requisitos, apesar
de alguns terem bom acesso.

Outra função importante dos edifícios públicos é o interesse


descompromissado. Os pontos comerciais como, por exemplo, galerias,
se tornam locais de passeio e convívio amplo, não estando diretamente
ligadas ao comércio, mas fazendo com que as pessoas andem e sintam
além de sua função de comércio estabelecida. Atualmente, com as
novas tecnologias, os espaços encontram-se cada vez mais distantes do
homem, fazendo necessário espaço ou edifícios que permitam a interação
das pessoas umas com as outras, com disponibilidade do ócio e negócio,
criando locais que ampliem a dinâmica da sociedade.

Galerias e shoppings centers são alguns dos edifícios públicos da


fase moderna, sendo assim um local planejado, diferente das ruas que
oferecem comércios, porém, são considerados espaços não planejados
(VARGAS, 2001).
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 39

Um fator determinante para os edifícios públicos é atualmente,


permitir a evolução do conceito dos espaços ao longo dos anos no mundo
ocidental, onde o comércio passa suas definições antigas para as atuais.
Juntamente com o desenho viário e com o comércio, foi se formando de
forma mais fechada, dando lugar aos edifícios modernos, com fachadas
recuadas em forma de U. Assim, é definido o conceito principal dos
edifícios públicos: fechados e acessíveis.
Figura 14 - Relação entre comércio, residência e urbano

Fonte: Freepik

Atualmente, mais da metade da população brasileira reside em


áreas urbanas. É comum vermos pessoas pausando suas rotinas para
desfrutarem de áreas em que as recebem e transmitem bem-estar e
oferecem o descanso que procuram. As pessoas buscam através desses
lugares, se desconectar dos dias conturbados e se tranquilizarem em
sintonia com o ambiente.

Toda habitação deve ter interesse social, onde deve manter o


convívio das pessoas, suas culturas e costumes, promovendo áreas de
lazer e bem-estar. As mesmas, destinadas à população mais carente,
deve oferecer uma oportunidade do mercado imobiliário àqueles que têm
menor poder de aquisição, com direitos básicos como a moradia digna
para todos. O assunto leva aos estudos das habitações sociais de muitos
pesquisadores ou estudantes que buscam desenvolver análises feitas
a partir de critérios sobre a arquitetura e o urbano, social e cultural. As
40 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

mesmas também relatam suas formas, implantação e volume, tendo em


vista o aspecto dos locais e itens de habitação, gerando a comparação de
qual se inseriu em determinado local. No século XX, nota-se um regresso
nas políticas habitacionais brasileiras, onde os padrões de edifícios e áreas
urbanas não levam em consideração a principal função da habitação,
que é a de gerar moradias para famílias carentes, colaborando para a
segregação da cidade.

Até 1950, a realidade do Brasil era caracterizada por uma população


rural, onde as principais ocupações estavam ligadas à exportação de
produtos agrícolas. O início do método industrial dá-se em 1930, onde mais
tarde também estaria associado a outros fatores, como a concentração
fundiária e a mecanização do campo.

Tal migração do homem do campo para a cidade, fez com que


as cidades crescessem de forma desordenada e acelerada, ampliando
também o setor de comércios e serviços.

Com a grande concentração da população em grandes cidades,


o homem também viu a necessidade de migrar para as cidades médias,
buscando o seu interesse na geração de empregos e melhoria da
qualidade de vida.

Alguns fatores contribuíram para que essa migração surgisse,


como: a otimização e viabilização da alta produtividade, mecanismo das
atividades rurais, aumento da escassez do campo, a queda da economia
rural, a inconstância do trabalho, entre outras atividades. Com isso,
grande parte da mão de obra era dispensada e as pessoas perdiam seus
empregos por serem substituídas por máquinas, aumentando assim, o
índice de desemprego.

IMPORTANTE:

O assunto que estamos estudando possui aplicação prática


relevante, sendo objeto de estudo para compreensão
sobre a área do urbanismo nas cidades. Assim, para que
você possa compreender melhor o desenvolvimento, faça
a leitura na íntegra no material, Clique aqui.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 41

À medida que o crescimento urbano toma conta das cidades,


alguns pontos negativos também vêm a surgir, sendo eles: a falta de
infraestrutura e investimento nas comunidades, fazendo com que
pessoas fiquem sem moradias e dando oportunidade à desigualdade
social, aumento da violência, desemprego, enaltecimento de imóveis em
determinados pontos, como também a poluição ao meio ambiente de
modo geral.

As cidades se preparavam para receber as indústrias investindo


em infraestrutura, energia elétrica, meios de comunicação e transporte,
incentivos fiscais. Contudo, não se investia na produção de um
espaço urbano mais humano e equânime. Ao contrário, a política
desenvolvimentista atraia cada vez mais mão de obra formadora da
reserva de mercado e oferecia pouca comodidade de serviços urbanos.
(FERNANDES, 2018, p. 7)

Com toda a mudança e crescimento dos municípios, a preocupação


do uso e ocupação do solo passa a existir, onde os poderes públicos
passam a aplicar determinadas diretrizes de ordem constitucional para
uma nova gestão e administração do espaço urbano, como por exemplo,
o Plano Diretor para as cidades.

Tal ordem busca nesses ambientes, juntamente com o Estatuto da


Cidade, objetivos de gestão democrática com a ajuda do governo, a fim
de planejar cidades sustentáveis e com correção do seu uso e ocupação
do solo, com melhoria da qualidade do meio ambiente, como também a
regularização fundiária e urbanização de alguns territórios ocupados pela
população.

Segundo Fernandes (2018), as cidades planejavam receber


as indústrias aplicando infraestrutura, energia elétrica, meios de
comunicação, entre outros incentivos que mantinham a produção de um
espaço urbano cada vez mais igualitário para todos.

Apesar das diretrizes serem traçadas pelo Plano Diretor, nem


sempre as mesmas são atingidas. Segundo Fernandes (2018), desde o
início do século, uma grande dificuldade de tal processo é a crítica do
consumismo e o reaprendizado da cidadania. Com isso, têm-se as cidades
42 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

contemporâneas como um modelo capital, onde o homem é levado pelo


consumismo, tornando-a um espaço que remete à perda da urbanidade
em várias escalas.

Com o espaço urbano segregado, começam a surgir tais problemas


urbanos, de origem política e econômica e assim, a reflexão sobre os
espaços que serão construídos futuramente e sua importância.

No entanto, há vários modelos de cidades, mas todas buscam de


forma unitária os mesmos objetivos, áreas que tragam melhoria de vida
e que consigam desenvolver atividades em que as pessoas socializem
cada qual com sua própria história e característica individual, mas
marcada por semelhanças e diferenças que as unem e as tornam grandes
e sustentáveis.

A cidade é, sobretudo, contato, regulação, intercâmbio e


comunicação. A convicção de que a população pode expandir
infinitamente os espaços do assentamento humano é a primeira forma,
geograficamente falando, de neutralizar o valor de qualquer espaço.
(SENNETT, 1991, p. 9)

Contudo, os denominados “problemas ambientais urbanos” na


atualidade estão sendo levados à reflexões sobre a cidade que possuímos
e a cidade que desejamos. Visto que, a importância do arquiteto para que
as cidades se desenvolvam é de extrema importância.

As áreas que precisam de uma estrutura para que consigam exercer


seu papel de melhorias de convívio e lazer, é de fundamental importância
à visão de um profissional que projeta tais ambientes para que as pessoas
se sintam os espaços como convidativos e queiram permanecer nos
demais locais.
Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 43

RESUMINDO:

Os estudos sobre tais preocupações necessitam da


compreensão do sistema urbano brasileiro em toda sua
totalidade, ou seja, incluindo as pequenas cidades também
no discurso. Além das preocupações acadêmicas, também
é de extrema importância a expressividade das políticas
públicas, imprensa e sociedade em geral, mostrando sua
diversidade e principalmente, suas dificuldades. As culturas
que crescem em cada ambiente são devido à junção de
várias pessoas no mesmo local. Os espaços urbanos
tornam-se assim uma área de repouso e tranquilidade
para seus usuários, levando em consideração que não são
apenas edifícios e construções verticais que devem ser
planejadas e bem estruturadas. O que definirá a economia,
socialização e característica cultural daquele local será o
resultado da utilização de espaços ociosos e que deve ser
pensada, planejada, destinada e projetada à toda população.
Assim, vemos a importância do papel do arquiteto para
que os ambientes possam, além de disponibilizar impacto
visual, oferecer conforto e bem-estar a todos.
44 Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

REFERÊNCIAS
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