Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, LETRAS, ARTES, CIÊNCIAS HUMANAS E

SOCIAIS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

ATIVIDADE PARA COMPLEMENTAÇÃO DE CONTEÚDO

BEATRIZ MANTOANI MASSON

UBERABA, MG

2021

BEATRIZ MANTOANI MASSON


1

ATIVIDADE AVALIATIVA PARA COMPLEMENTAÇÃO DE

CONTEÚDO PARA A MATÉRIA DE METODOLOGIA CIENTÍFICA

Trabalho de complementação de conteúdo

apresentado à disciplina Metodologia Científica

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Pontes Bichuetti

UBERABA, MG

2021

SUMÁRIO
2

1. Análise do artigo03

1.1. Título, resumo e palavras-chave 03

1.2. Introdução..................................................................................................................04

1.3. Métodos.......................................................................................................................05

1.4. Resultados...................................................................................................................06

1.5. Discussão e Considerações finais 07

2. Conclusão...........................................................................................................................08

3. Referências. 10

1. ANÁLISE DO ARTIGO
3

O artigo analisado “Avaliação Psicológica de Crianças com Suspeita TEA: Perfil

Interativo dos Avaliadores”, foi encontrado através da plataforma PePsic e publicado na

Revista Avaliação Psicológica, no ano de 2021. Ele está formatado através do manual APA –

conforme exigência da revista – e apresenta um estudo qualitativo a respeito do perfil

interativo dos avaliadores durante a hora lúdica diagnóstica (hora do jogo) de crianças com

suspeita de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O artigo em questão apresenta um tema de muita importância atualmente, visto que é

um tópico ainda pouco explorado pelas pesquisas da área da psicologia, pois, como citado

pelas próprias autoras, há uma literatura farta em relação à qualidade da interação entre

criança com TEA e seus pais/cuidadores, mas poucos estudos sobre a criança com suspeita de

TEA e os avaliadores em sua entrevista inicial, quando inseridos em contextos clínicos de

caráter lúdico.

1.1. Título, resumo e palavras-chave

Ao iniciarmos a leitura, podemos perceber que o título do artigo se apresenta um tanto

confuso, pois não deixa muito claro o objetivo do estudo e o que esperar durante a leitura

dele, além de trazer a sigla TEA, ao invés de escrever extensivamente o que ela significa

(Transtorno do Espetro Autista), o que pode acabar dispersando a atenção de alguém

inexperiente que tenha interesse no assunto, mas não conheça a abreviatura da condição que

está sendo pesquisada.

Apesar disso, o artigo traz um resumo em 3 idiomas (português, inglês e espanhol)

bem detalhado, no qual ele apresenta o objetivo e o público participante da pesquisa, junto

com os materiais e métodos utilizados, ressaltando a imparcialidade dos juízes escolhidos para

a realização da pesquisa e também apresenta uma breve prévia dos resultados, indicando

sobre o que seria uma possível discussão final do artigo. Porém, ele poderia ter especificado
4

melhor que o artigo se tratava de um estudo para profissionais e o impacto de seu

comportamento durante a avaliação da criança com suspeita de TEA, além de incluir mais

algumas palavras-chave como “interação clínica” e “entrevista diagnóstica”.

1.2. Introdução

A introdução do artigo foi escrita perfeitamente, proporcionando uma leitura leve e

fluída, na qual é explicado o TEA, as suas condições e limitações – físicas, emocionais,

sociais, verbais etc. – e os pontos importantes no cuidado de crianças com suspeita ou

diagnóstico de TEA de maneira clara e com referências teóricas diversas, além de ressaltar a

importância do respeito aos limites da criança, para que não haja protesto e afastamento,

enfatizando a qualidade e estilo de interação da criança com os adultos à sua volta e o efeito

disso em seu desenvolvimento e evolução. Essa introdução é de grande ajuda para aqueles que

estão iniciando os estudos sobre o assunto, ou até mesmo pais e cuidadores de crianças com

suspeita de TEA que gostariam de entender um pouco mais sobre o transtorno e as maneiras

possíveis de interagir com a criança a fim de favorecer o engajamento e a atenção da criança

pois há uma diferenciação e explicação de fácil entendimento sobre as interações responsivas,

diretivas e intrusivas e os resultados que cada uma costuma apresentar.

Além disso, ela traz muitas referências e citações de outros estudos brasileiros

realizados com o mesmo objetivo ou parecido, para que haja a comparação entre as pesquisas

já realizadas com o mesmo público-alvo e a pesquisa a ser apresentada no artigo. Porém, é

somente no final da introdução que há o direcionamento do texto para a avaliação psicológica

na prática clínica, ficando claro o objetivo do artigo em abordar o propósito da interação do

avaliador com a criança no contexto de entrevista lúdica, onde é abordado a problemática a

ser discutida: a falta de estudos e pesquisa sobre os comportamentos do avaliador, que se faz

relevante pois “o não engajamento da criança em interações sociais durante a avaliação


5

compromete a observação clínica do profissional, bem como os resultados do processo

avaliativo” (Romeira et al., 2021). Finalizando essa etapa, as autoras apresentam o objetivo e

a expectativa de contribuição da pesquisa realizada para a comunidade acadêmica somente no

fim da introdução, o que acaba não ficando muito prático, pois é preciso ler toda a introdução

para entender qual problemática será abordada na pesquisa.

1.3. Métodos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de

Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e financiada pela

Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a apresentação do

método da pesquisa foi dividido em “delineamento e participantes”, “instrumentos e

materiais”, “procedimentos e considerações éticas” e “análise de dados”, o que deixou os

detalhes da pesquisa organizados e facilitou o entendimento do processo realizado. Sendo

assim, foi realizado um estudo empírico, retrospectivo, descritivo e transversal através de

gravações das sessões de entrevista que ocorreram durante a hora lúdica diagnóstica em uma

clínica escola com crianças que se apresentavam critérios para o diagnóstico de TEA.

Participaram da pesquisa 9 avaliadoras e 22 crianças, tendo como critério de inclusão,

para as avaliadoras: equiparação quanto a idade, sexo, escolaridade e duração/qualidade de

treinamento (supervisionado) – as avaliadoras receberam treinamento teórico-prático prévio

por meio de seminários, teorias interacionistas socio pragmáticas e observação e prática da

interação criança avaliador em situação de hora lúdica – e como critério de exclusão, para as

crianças: presença de comorbidades graves registradas no prontuário médico (deficiência

intelectual grave, comprometimento sensorial não corrigido ou outros transtornos de

neurodesenvolvimento), além de entrevistas em que as gravações não atendiam à qualidade de

imagem e som. Também participaram da pesquisa 2 juízas que receberam treinamento teórico
6

– discussão sobre TEA, teoria sócio pragmática de Tomasello e pressupostos teóricos para a

construção do Sistema PROTEA-R de avaliação do TEA e apresentação do Manual de

Codificação dos Estilos Interativos dos Avaliadores e Protocolo de Codificação dos

Comportamentos dos Avaliadores – e prático – realização da codificação dos comportamentos

de uma díade piloto, utilizando o Manual e o Protocolo (Romeira et al., 2021).

Para isso, foram utilizados os seguintes documentos e formulários: Termo de

Consentimento Livre e esclarecido (TCLE) – assinados pelos pais das crianças e pelos

avaliadores participantes – Ficha sobre dados sociodemográficos da família e informações

clínicas sobre a criança com TEA; Ficha sobre dados sociodemográficos e informações sobre

o avaliador; Protocolo de Avaliação Comportamental para Crianças com Suspeita de TEA –

Versão revisada e não verbal (PROTEA-R-NV) – instrumento que sistematiza as entrevistas e

observação clínica de casos com suspeita de TEA e de outros transtornos de comunicação na

infância, composto por 17 itens que avalia a qualidade e frequência de comportamentos

característicos do TEA e aplicado em 2 contextos: um livre e um semiestruturado – e o

Manual de Codificação dos Estilos Interativos dos Avaliadores – elaborado especialmente

para este estudo, com base na literatura e na experiencia clínica dos pesquisadores (Romeira

et al., 2021).

1.4. Resultados

Ao expor os resultados da pesquisa, as autoras optaram por organizar os dados obtidos

em 2 tabelas – formatadas corretamente dentro da norma APA, em fonte Times New Roman e

tamanho 12 – uma apresentando as médias e desvios padrões de frequência em que os estilos

interativos apareceram durante os contextos de brincadeira livre e semiestruturada e outra

para expor as frequências e porcentagens dos comportamentos codificados que foram

apresentados pelos avaliadores durante ambos os contextos. As tabelas foram montadas de


7

forma simples e de fácil entendimento, tendo uma explicação prévia de como foi feito os

cálculos e análises para montá-las, antes de cada uma delas e uma explicação posterior para

descrever como foram obtidos os dados presentes em cada uma delas e os resultados diante

disso.

Apesar de o texto ficar um pouco denso e confuso com tantos cálculos e dados juntos,

concluiu-se que tanto em um contexto de brincadeira livre, quanto em um contexto de

brincadeira semiestruturada, é predominante, entre os avaliadores, o estilo de interação

responsivo, que apresenta comportamentos como observar o contexto e compartilhar tópicos,

seguido do estilo diretivo com comportamentos de tornar as brincadeiras atrativas e dirigir a

atenção e sendo o estilo intrusivo (desconsiderar interesses e fazer perguntas em excesso)

menos frequente.

1.5. Discussão e Considerações Finais

No que se refere a discussão dos resultados, as autoras chegaram à conclusão de que o

estilo interativo diretivo é o mais frequentemente adotado pelos avaliadores durante a hora de

jogo diagnóstica, assim como também é o estilo mais presente na relação pais/cuidadores e

criança, como visto na revisão de literaturas feita na introdução. Ainda que este seja um

tópico conclusivo do artigo, as autoras trazem novos estudos e teorias para complementar e

comparar os resultados da pesquisa realizada, enriquecendo a explicação e conclusão da

problemática apresentada no início do artigo. Além disso, é explicado o possível motivo

eliciador de cada comportamento que se apresentou com maior frequência entre os

avaliadores durante as brincadeiras livres e semiestruturadas, reforçando a necessidade –

embora os resultados tenham sido satisfatórios, em geral – de oferecer um melhor treinamento

aos avaliadores que estão iniciando sua trajetória no diagnóstico de crianças com suspeita de

TEA, já que se trata de um contexto que deve ser mais dirigido por ele.
8

Porém, o artigo não apresenta o tópico “Considerações Finais”, o que acaba fazendo

falta para concluir e resumir os resultados da pesquisa realizada, pois ao trazerem mais teoria

para um tópico que deveria solucionar a problemática e também por não haver essa divisão

dentro da discussão, a leitura acaba ficando cansativa e só é possível identificar a síntese dos

resultados já no parágrafo final da discussão. Neste parágrafo final é abordado novamente a

metodologia utilizada na pesquisa e a fidedignidade das juízas presentes, expondo quais

comportamentos deveriam ser mantidos e quais deveriam ser evitados no contexto de hora

lúdica diagnóstica.

O artigo finaliza com os agradecimentos e declarações sobre o financiamento da

pesquisa, das contribuições dos autores dentro do texto e da disponibilidade de dados e

materiais, além de alegar que não houve nenhum conflito de interesse durante a pesquisa. No

entanto, a conclusão que fica é a de que ainda há uma necessidade de investigação dos

comportamentos das crianças para serem exploradas em novos estudos, “a fim de permitir

uma compreensão mais profunda sobre a influência recíproca dos comportamentos dos

profissionais nos resultados da avaliação psicodiagnóstica” (Romeira et al., 2021).

Ou seja, embora a leitura do artigo seja muito proveitosa e ele apresente um tópico

importante sobre o preparo dos profissionais de avaliação em abordarem corretamente a hora

lúdica diagnóstica com o paciente TEA, ele não conclui ou responde a questão proposta,

deixando-a aberta para novos estudos sobre o tema.

2. CONCLUSÃO

Pessoalmente, posso dizer que foi muito proveitosa a experiência de analisar este

artigo pois é um tema de meu interesse e que eu pretendo aprofundar mais meus estudos sobre

o TEA. O artigo traz questões que eu ainda não tive contato durante a minha trajetória na

faculdade, o que acabou despertando meu interesse para buscar mais leituras sobre o assunto,
9

além de abordar uma questão muito presente para os estudantes e iniciantes nesta área, que é a

incerteza de estar adotando a postura certa frente à crianças que apresentam questões

delicadas quanto à interação social, ainda mais quando são colocadas em uma situação

possivelmente sensível e estressante, como a de uma avaliação clínica.

Porém, apesar de ser uma leitura simples e fluída, senti muita falta de uma conclusão

para as questões apresentadas pois foi feito um estudo longitudinal com um grupo amplo de

pacientes e avaliadores para concluir apenas que há uma necessidade de maiores estudos

sobre o tema. No entanto, não deixou de ser uma experiência enriquecedora, tanto sobre o

tema e em questão de análise de artigos, no qual eu pude perceber várias questões que me

agradaram em relação à exposição e organização dos fatos, como também detalhes que me

pareceram confusos e que eu pretendo evitar ao escrever um artigo futuramente.


10

REFERÊNCIAS

Romeira, Gabriela Moreira, Schreiner, Letícia Backes, & Bosa, Cleonice Alves. (2021).
Avaliação Psicológica de Crianças com Suspeita de TEA: Perfil Interativo dos
Avaliadores. Avaliação Psicológica, 20(1), 43-51.
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v20n1/06.pdf

Você também pode gostar