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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL UNIFICADA CAMPOGRANDENSE – FEUC

Nathália Ketlin Gomes de Lima

PROJETO DE INTERVENÇÃO HORTA NA ESCOLA:


Plantando Sementes para a Educação Ambiental

RIO DE JANEIRO
2023
Resumo: A agricultura é um dos principais fatores da configuração do espaço
geográfico brasileiro, e são imprescindíveis reflexões sobre esta temática, pois o uso
adequado do solo é um fator de extrema importância para o sucesso de muitas
economias ao redor do mundo. Faz-se necessário trazer esta questão para o âmbito
escolar e já tem sido implantada em algumas escolas brasileiras e apresentando
bons resultados. O presente projeto, surge no intuito de colaborar tanto para as
reflexões e ações sobre o uso da terra, bem como para as atividades práticas nas
diversas disciplinas das séries finais do ensino fundamental. É necessário afirmar
que a horta pode ser um laboratório vivo para diferentes atividades didáticas. Além
disso, o seu preparo oferece várias vantagens para a comunidade. Dentre elas,
proporciona uma grande variedade de alimentos a baixo custo, no lanche das
crianças. Acredita-se que as reflexões/ações inerentes ao projeto reverberem no
cotidiano do aluno, estimulando o cultivo de hortaliças em seus lares, colaborando
assim para uma educação ambiental que promova a redução de despesas e
prevenção de doenças provocadas pela ingestão de alimentos cultivados com
agrotóxicos, sendo está uma questão socioambiental.

Palavras-chave: Horta escolar, Projeto educacional, Educação ambiental.


1. Introdução
A horta escolar é utilizada como recurso de ensino biológico e também pode
estar associada ao ensino de matemática e português, teórico e prático. A horta
escolar correlaciona a educação ambiental e educação alimentar, além de outros
valores.
Na educação ambiental alguns comportamentos são ensinados como coleta
seletiva, reutilização de garrafas de politeleftalato de etileno –PET, e devem ser
aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de
cidadãos responsáveis. Por outro lado, a educação alimentar no projeto de horta
escolar é desenvolvida no sentido de o aluno fazer contato físico com hortaliças
frescas e aumentar interesse em seu consumo.
Além disso, a horta pode também se tornar um ambiente integrador da
comunidade escolar e instrumento para o ensino das diferentes disciplinas do ensino
fundamental, propiciando atividades práticas e prazerosas a alunos, professores,
funcionários e famílias. Além disso, as aulas práticas despertam e mantém o
interesse dos alunos; envolvem os estudantes em investigações científicas, no
caso de ciências, como as raízes fixam os vegetais no solo; desenvolvem a
capacidade de resolver problemas, pois, as hortas podem ter formas diversas
como, por exemplo, retangular e, como isso, permitir o cálculo para a área da
mesma, bem como compreender conceitos básicos na formação de parágrafos
na composição de relatórios, aplicação verbal, identificação do sujeito, etc.
O objetivo do projeto é fazer uma intervenção em uma escola pública do Rio
de Janeiro com alunos do ensino fundamental em uma horta comunitária a fim de
desenvolver educação ambientar. Assim, o público-alvo são crianças em fase
escolar de 8 a 12 anos.
2. Referencial Teórico

A educação ambiental é o conjunto de processos por meio dos quais o aluno


constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades e com o objetivo de conservar o
meio ambiente. Essa definição é reforçada pela Polícia Nacional de Educação
Ambiental – Lei nº 9795/1999 (Brasil, 1999).
A intenção para Machado e seus colaboradores (2015) é de produzir
alimentos de forma saudável, livre de agrotóxicos. As práticas agroecológicas são
repassadas a crianças e adolescentes. Para os autores “a Horta Escolar possui a
finalidade de intervir na cultura alimentar e nutricional de crianças e jovens de
escolas e comunidades do seu entorno” e é por esse meio que aprendem
importantes informações de ecologia que são levadas às suas casas. Assim,
podemos parafrasear o seguinte:
Um dos principais objetivos da educação ambiental consiste em permitir que
o ser humano compreenda a natureza complexa do meio ambiente,
resultante das interrelações dos seus aspectos biológicos, físicos, sociais e
culturais. Ela deveria facilitar os meios de interpretação da interdependência
desses diversos elementos, no espaço e no tempo, a fim de promover uma
utilização mais reflexiva e prudente dos recursos naturais para satisfazer as
necessidades da humanidade. (Dias, 1992,p. 121)

Na formação e no início das atividades na horta escolar, todos podem e


devem se envolver. Toda a comunidade escolar pode colaborar na limpeza do
terreno, na formação dos canteiros e com a aquisição das sementes recomendadas
pelos professores. A partir do número de canteiros, em sala de aula calcula-se junto
com os alunos: a área de cada canteiro e a distância entre eles; a distância entre as
covas para colocar as sementes de espécies de plantio definitivo, o número de
covas, o número de sementes colocadas em cada cova, o tempo de germinação, o
período apropriado para colheita (Cribb, 2010).
Para essas tarefas é importante a presença de um professor de matemática
por exemplo. Para as espécies de transplantio, frente à inexistência ou
impossibilidade de aquisição de sementeiras, podemos proceder a utilização de
caixas (de isopor) de ovos vazias; posteriormente adquiri-se duas sementeiras, o
que facilita a produção das mudas de hortaliças de transplantio. Se o espaço
destinado a formação da horta for provido de árvores frutíferas providencia-se a
poda das mesmas (caso estejam muito altas) para possibilitar maior entrada de sol e
facilitar o bom desenvolvimento dos legumes, verduras e das plantas ornamentais.
Os frutos distribuídos aos alunos ou encaminhados ao restaurante do colégio e
servidos como sobremesa. Recomenda-se também deixar um dos canteiros para a
formação de um minhocário (Cribb, 2010).
Morgado (2006) desenvolveu em 2006 um projeto de horta escolar com
crianças de diversas creches em Florianópolis. As atividades desenvolvidas foram
supervisionadas por uma nutricionista e pedagoga Municipal de Florianópolis.
Através de encontros e capacitações teóricas e práticas oferecidas constantemente
aos profissionais de educação, o projeto objetivou superar as dificuldades do dia-a-
dia. Os temas abordados nas capacitações incluíram: horticultura, adubação
orgânica, conservação e manejo do solo, tratamento de resíduos sólidos, alimentos
orgânicos e propostas de atividades pedagógicas utilizando a horta como
ferramenta.
Assim, baseado nesses autores, o presente projeto desenvolveu-se de forma
similar para alcançar os objetivos propostos.

3. Metodologia e Cronograma

O Rio de Janeiro possui uma diversidade agrícola principalmente na produção


de hortifrutigranjeiros, o clima e a terra permitem cultivo de diversas hortaliças
(Marafon e Ribeiro, 2006).
A seleção da escola foi feita de forma a facilitar o deslocamento dos
coordenadores do projeto, foi selecionada uma escola da zona oeste do Rio de
Janeiro e os educadores selecionaram 10 turmas para participação do projeto, com
média de 20 alunos em cada. A idade dos alunos é de 8 a 12 anos e os anos
escolares variam do 2º ao 5º ano do fundamental.
Serão feitos 5 canteiros, dois para cada turma e cada aluno será responsável
pelo cultivo de uma muda. As hortaliças serão: alface, alho, Salsa e Coentro, tomate
e batata doce.
Para realização da prática com os alunos, é necessário que primeiro seja feita
uma introdução teórica com os alunos para logo colocar o projeto em prática
conforme o seguinte cronograma:

ETAPA DATA/SEMANA OBSERVAÇÕES


01 01/05/2023 Aula Teórica no auditório da escola
Seleção das primeiras turmas a
02 03/05/2023
participarem da prática
03 04/05/2023 1ª e 2ª turma- cultivo de alho
04 05/05/2023 3ª e 4ª turma- cultivo de alface
05 08/05/2023 5ª e 6ª turma- cultivo de salsa e coentro
06 09/05/2023 7ª 8ª turma- cultivo de tomate
07 10/05/2023 9ª e 10ª turma- cultivo de batata doce
08 11/05 a 09/06/2023 Visitas para cuidados das plantações
09 15/06/2023 Colheita dos alimentos
Atividade de educação alimentar com
10 16/06/2023 preparo de pratos a partir dos
ingredientes colhidos
11 19/06/2023 Feed-back dos alunos
Preparação de um mural de fotos e
12 22/06/2023 recados dos alunos sobre a importância
da atividade realizada

4. Metas a serem alcançadas


As metas desejadas são alcançar educação ambiental das crianças,
educação nutricional e melhorar aspectos de aprendizagem matemática.
Sobre o cultivo é esperado obter:

 40 unidades de alface
 60 unidades de salsa e coentro
 10 kg de tomate
 20 kg de batata doce

Cada turma será responsável pela colheita de seus alimentos e as metas são
calculadas esperando uma perda de 10% do plantio. Também é esperado que as
crianças aprendam receitas e propriedades dos alimentos cultivados. Um
conhecimento básico de vitaminas, macronutrientes e minerais.

5. Avaliação e acompanhamento
O acompanhamento do processo da horta será feito por educadores
semanalmente de forma que ajudem a cuidar com os alunos do plantio. É importante
conhecer a quantidade de água e substrato de cada alimento e serão feitas
pequenas pesquisas pelas crianças.
A avaliação será feita após a colheita e junto a produção de alimentos e o
feed-back dos alunos. Para a avaliação da colheita serão feitos testes sensoriais dos
alimentos.
Por fim o final do projeto será a apresentação do mural de fotos e recadinhos
dos alunos, com o que eles desenvolveram, o que aprenderam e o que mais
gostaram. Assim, a avaliação será diferente do que é comum em sala de aula,
provas e trabalhos. O papel do coordenador do projeto, no caso o presente autor,
será de avaliar individualmente o que cada aluno conseguiu desenvolver.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental,


institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Lex:
Coletânea de Legislação e Jurisprudência, Brasília, 27 de abril de 1999; 178º da
Independência e 111º da República. Legislação Federal e marginalia.

COELHO, Denise Eugenia Pereira; BÓGUS, Cláudia Maria. Vivências de plantar e


comer: a horta escolar como prática educativa, sob a perspectiva dos educadores.
Saúde e sociedade, v. 25, p. 761-770, 2016.
CRIBB, SANDRA. Contribuições da educação ambiental e horta escolar na
promoção de melhorias ao ensino, à saúde e ao ambiente. Ensino, Saúde e
Ambiente, v. 3, n. 1, 2010.
DIAS, Freire Genebaldo. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 3. ed. São
Paulo: Gaia, 1992.
KANDLER, Rodrigo. Educação ambiental: horta escolar, uma experiência em
educação. Ágora: revista de divulgação científica, v. 16, n. 2esp., p. 642-645, 2009.
MARAFON, Glaucio José; RIBEIRO, Miguel A. Agricultura familiar, pluriatividade e
turismo rural: reflexões a partir do território fluminense. Revista Rio de Janeiro, v. 3,
n. 18-19, p. 111-130, 2006.
MORGADO, Fernanda da Silva. A horta escolar na educação ambiental e alimentar:
experiência do Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis. 2006.
OLIVEIRA, Fabiane; PEREIRA, Emmanuelle; JÚNIOR, Antônio Pereira. Horta
escolar, Educação Ambiental e a interdisciplinaridade. Revista Brasileira de
Educação Ambiental (RevBEA), v. 13, n. 2, p. 10-31, 2018.

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