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Farmacologia e Farmacoterapia Da Dor, Inflamação e Distúrbios Reumáticos
Farmacologia e Farmacoterapia Da Dor, Inflamação e Distúrbios Reumáticos
Paciente Pediátrico
Farmacologia e farmacoterapia
da dor, inflamação e distúrbios
reumáticos
Profª Fabiana Albanese
Prof. Msc. André Luiz de
Moura 1
Farmacologia e farmacoterapia da dor, inflamação e distúrbios reumáticos
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Farmacologia e farmacoterapia da dor, inflamação e distúrbios reumáticos
1 Introdução 4
1.1 Via de metabolismo do ácido araquidônico 7
1.2 Ação dos mediadores químicos derivados do metabolismo do ácido araquidônico 9
1.2.1 Prostanoides 9
2 Dor 10
3 Distúrbios reumáticos 12
3.1 Controle de distúrbios reumáticos 15
SUMÁRIO 3.1.1 Artrite e osteoartrose 15
3.1.2 Osteoporose 15
3.1.3 Fibromialgia 17
4 Febre reumática 18
6 Gota 19
8 Referências 34
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Independente do fator responsável pela ativação do Após uma lesão ou injúria em um tecido, distúrbios
processo inflamatório, este contribui para a estimulação na membrana celular ativam receptores periféricos de
do sistema nervoso (KRAYCHETE et al., 2006). forma a promover a liberação de mediadores químicos
envolvidos com as alterações observadas ao longo do
Dentre os cinco sinais cardinais, a dor é a sintomatologia processo inflamatório.
mais estudada devido à sua relevância clínica.
Os principais mediadores químicos incluem
O primeiro passo na sequência dos eventos que prostaglandinas, peptídeos complementares da cascata de
originam o fenômeno doloroso é a transformação dos coagulação e citocinas (por exemplo, as interleucinas – em
estímulos agressivos em potenciais de ação, que são particular, IL-2 e IL-6 e fator de necrose tumoral (TNF)),
transmitidos da periferia para o sistema nervoso central além de importantes eicosanoides (prostaglandinas (PGE2,
por meio da propagação de impulso elétrico, mediada PGD2 e PGF2), prostaciclina (PGI2), lipoxinas (lipoxina A e
pelas fibras nervosas periféricas (ROCHA et al., 2007). B)) e leucotrienos. Os mediadores orquestram e amplificam
as respostas de células inflamatórias (Figura 3).
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Figura 3. Representação da produção de mediadores químicos pró-inflamatórios por meio do estímulo agressivo e ativação da PLA2.
Fonte: Adaptado de Rang et al. (2006).
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lipoxinas. As funções dessas substâncias estão cicloxigenases (COX), que leva à formação de tromboxanos
relacionadas na Figura 3. (TX), de prostaglandinas (PG) e seus subtipos, por meio
da oxidação do AA.
• Leucotrienos: submetabólitos derivados
do ácido araquidônico por intermédio da ação
das enzimas lipoxigenases. Essas enzimas são
expressas em inúmeras células como mastócitos,
plaquetas e tecido pulmonar. Os leucotrienos são
considerados agonistas de receptores específicos
(LTB4), que estão envolvidos com a ativação das
células de defesa.
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das prostaglandinas associadas à resposta Tal alteração produz uma lacuna, dando acesso a
inflamatória. uma bolsa lateral. Essa característica é utilizada no
desenvolvimento de moléculas que sejam mais seletivas
Porém, após os problemas detectados com o
para cada uma das isoformas, portanto, ao se construir
medicamento Vioxx®, ficou comprovado que a
fármacos de tamanho molecular menor (como é o caso do
COX-2 é uma enzima de grande importância para
AAS, ibuprofeno, acetominofeno, entre outros), ocorrerá o
funções fisiológicas, como manutenção do fluxo
bloqueio não seletivo das isoformas, o que garante redução
sanguíneo coronariano, renal, pulmonar, hepático,
muito significativa da conversão de AA em endoperóxidos
entre outros. Por essa razão, nos dias atuais essa
cíclicos.
enzima é denominada – assim como a COX-1 – de
fisiológica.
Por outro lado, ao se elaborar moléculas maiores –
• COX-3: mais recentemente descrita, essa como é o caso da nimesulida, tenoxican, entre outros –
isoforma é a responsável pelo controle térmico do poderá haver uma maior seletividade para a isoformas
organismo em situações clínicas como infecções. 2 de ciclo-oxigenase. Por último, nas moléculas como as
É expressa na região hipotalâmica denominada referentes aos coxibs (celecoxib, rofecoxib, lumiracoxib),
de centro termo-regulador. Produtos derivados do haverá seletividade para a isoformas 2, ou seja, a COX-
metabolismo microbiológico, fragmentos de micro- 1 permanecerá desbloqueada e, por isso, manterá sua
organismos ou o próprio agente microbiológico atividade normal.
são capazes de promover sua ativação. Quando
estimulada, a COX-3 é responsável por promover Todos os metabólitos gerados a partir do AA, em
elevação da temperatura corpórea (febre) em especial as PG do tipo E2 (PGE2), são capazes de promover
situações de infecção. Além dessas respostas, outra diminuição do limiar de excitabilidade dos nociceptores
proposta para as ações dessa terceira isoforma (ROCHA et al., 2007).
seria que, ao contrário da COX-1 e COX-2, a COX-
3 não produz prostanoides pró-inflamatórios, mas Além disso, as PG dilatam arteríolas, aumentando o fluxo
substâncias anti-inflamatórias, o que explicaria os sanguíneo para a área de lesão e agindo sinergicamente
períodos de remissão característicos de algumas com outros mediadores, como a histamina e a bradicinina,
doenças inflamatórias crônicas. que aumentam a permeabilidade vascular e estimulam
nociceptores nos locais da inflamação, induzindo a dor e
Na Figura 5 estão demonstradas as diferenças entre as sensação de aquecimento (LEES, 2003).
isoformas COX-1 e COX-2. Conforme será demonstrado,
a isoforma 1 possui um conduto de acesso ao AA mais
estreito comparado ao conduto da isoforma 2. A diferença
crucial entre as duas enzimas COX reside na posição 523:
nesse ponto, a COX-1 apresenta um aminoácido isoleucina
volumoso, enquanto a COX-2 possui uma valina.
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A percepção de dor ocorre devido a um aumento na então conduzida via sistema trato espinotalâmico para
sensibilidade dos nociceptores e das fibras aferentes áreas centrais como tálamo e córtex cerebral, que são
primárias (fibras A-delta III (fibra mielinizada) e fibras responsáveis pela interpretação e cognição da dor.
C-IV (desmielinizadas)), em decorrência de estímulos
ambientais que sensibilizam esses receptores presentes
na pele, nas vísceras, nos vasos sanguíneos e nas fibras
do musculoesquelético.
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física e incapacidade, fenômeno que se acentua nos Essa sintomatologia está intimamente relacionada a
grupos etários mais avançados. disfunções reumáticas, como a osteoartrose, raquialgias,
doenças reumáticas periarticulares, incluindo as lesões
Os principais sintomas clínicos dessas patologias estão musculoesqueléticas ligadas ao trabalho, osteoporose,
relacionados à dor, à tumefação e à limitação da mobilidade, fibromialgia, artropatias microcristalinas, artrite
e ocorrem de forma muito frequente na população em reumatoide, espondiloartropatias, doenças reumáticas
geral. A prevalência sintomatológica é predominante em sistêmicas e artrites idiopáticas juvenis. No quadro a seguir
pacientes do sexo feminino e nas pessoas de faixa etária estão listados os principais tipos de doenças reumáticas.
elevada.
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Tanto em países desenvolvidos quanto nos em O fato é que, sem dúvida alguma, o sinal mais
desenvolvimento os distúrbios reumáticos originam um proeminente entre todos os tipos de reumatismo é a
grupo de enfermidades que afeta de forma significativa dor; essa pode ocorrer de modo generalizado (o paciente
a vida cotidiana do ser humano. Essas patologias juntas descreve: “dói o corpo todo”) ou de forma localizada em
promovem o aumento considerável da incapacidade um dos membros ou articulação, tais como os quadris,
funcional e laboral, que estão ligadas a um forte impacto junção iliossacral, joelhos ou as mãos.
econômico-social nesses países.
A origem da dor nem sempre é facilmente identificada.
Cada um desses diferentes tipos de patologias possui Em grande parte dos casos, quando a dor manifesta-se
o(s) principal(is) fatores de risco envolvidos com seu de forma localizada, ela pode ser decorrente de artrose
surgimento. Entretanto, fatores como idade, obesidade, ou, raramente, de artrite reumatoide ou outra forma de
tabagismo, alcoolismo, medicamentos e alterações artrite. Essas patologias acometem comumente idosos,
hormonais representam risco comuns a todas elas. preferencialmente do sexo feminino (3 vezes mais chances
do que os homens), mas também podem acometer jovens.
Para o diagnóstico correto, o paciente deve consultar
um médico especialista da área, pois apenas com exames Outro fator importante é que, em geral, os
adequados e avaliação de um profissional capacitado e problemas relacionados ao reumatismo apresentam
tecnicamente experiente poderá se detectar os fatores inicialmente sintomas inespecíficos (fadiga, mal-estar,
relacionados. Os sintomas apresentados por cada um dos dor musculoesquelética difusa e rigidez matinal, além de
pacientes são de suma importância para o diagnóstico da febre). A progressão da patologia é muito variável; em
patologia. cerca de um terço dos casos, os sintomas são discretos
e podem desaparecer no decorrer de várias semanas ou
De acordo com o guia da Direção-geral da Saúde e alguns meses.
do Ministério da Saúde (2001), os principais sintomas dos
distúrbios reumáticos incluem dor, rigidez, deformação das Os pacientes podem permanecer assintomáticos por
articulações e, em alguns casos, podem apresentar ou não vários meses e, em seguida, apresentar sintomas mais
rubor, calor ou inchaço, movimentos dolorosos e limitados graves do que aqueles observados anteriormente. Alguns
das articulações e dificuldade na marcha, quando afetadas indivíduos apresentam início súbito de sintomas, seguido
as articulações das pernas. de remissão clínica prolongada da patologia. Em outras
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situações, o paciente pode apresentar doença ininterrupta O tratamento para esse tipo de reumatismo
progressiva, com deformidades articulares e incapacidade. consiste basicamente em tratamento farmacológico
A seguir, serão expostos alguns tipos de reumatismo e (analgésicos, anti-inflamatórios, agentes restauradores da
sugestões apresentadas por muitos órgãos de estudo para cartilagem) e não farmacológico (exercícios, fisioterapia,
o manejo dessas disfunções. órteses) que visam não somente aliviar a dor, mas
preservar a função da articulação acometida. A indicação
de correções cirúrgicas de suas sequelas pode ocorrer
3.1 Controle de distúrbios reumáticos
mediante disfunção e prognóstico de cada paciente.
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Fonte: http://www.herniadedisco.com.br/doencas-da-coluna/osteopenia-e-osteoporose/
A osteoporose é uma patologia que pode ser prevenida Além disso, a regularidade do ciclo menstrual é
e tratada. A melhor estratégia ainda é a prevenção, porém, importante na prevenção da osteoporose, haja vista
quando instalada e diagnosticada, essa disfunção pode que a ação do hormônio estrógeno está inversamente
ser tratada. O método preventivo ideal é a obtenção de relacionada com a reabsorção óssea, comum em mulheres
maior massa óssea durante o crescimento, o que pode após a menopausa.
ser facilmente alcançado por meio de alimentação rica em
cálcio e vitamina D, além da prática de exercícios físicos No tratamento com medicamentos, além da
desde a infância e juventude. suplementação oral de cálcio e vitamina D, a atuação se
faz principalmente sobre a reabsorção óssea, sendo a
Nesse sentido, é fundamental a ingestão de cálcio com maioria dos agentes terapêuticos antiabsortivos. Contudo,
alimentos lácteos, legumes de folha verde (espinafres já existem medicamentos que ajudam a produzir osso,
e brócolis) e peixe com espinhas (sardinhas), sendo como o paratormônio sintético.
necessários de 800 a 1000 mg de cálcio por dia (veja
quadro abaixo).
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Alimentos como amendoins, amêndoas e figos secos A causa dessa patologia está associada à sensibilidade
possuem grandes quantidades de cálcio, porém são ricos exagerada do indivíduo a estímulos dolorosos, normalmente
em calorias (como é o caso do queijo gordo). A ingestão originados de distúrbios bioquímicos do sistema nervoso.
de um suplemento de vitamina D e a exposição ao sol É predominante em pessoas do sexo feminino, e o pico de
apresentam benefícios para quem possui falta de vitamina incidência ocorre na faixa etária entre 30 e 50 anos.
D, como acontece com algumas pessoas idosas, que não
saem de casa ou habitam em regiões com pouco sol. Estima-se que cerca de 5% das consultas ambulatoriais
de clínica geral e 30% da clínica especializada em
A atividade física (andar a pé, dançar ou fazer ginástica) reumatologia ocorrem em decorrência dos casos de
contribui para a prevenção da osteoporose. É conveniente fibromialgia.
evitar períodos longos de repouso ou de imobilização, uma
vez que isso aumenta a incidência da doença. O tratamento dessa disfunção merece certa atenção
quanto a seu controle, exigindo grande contribuição do
Estudos demonstraram ainda que mulheres fumantes paciente. Como não existem exames complementares que
e que fazem constante uso de álcool, ou fazem ambas as por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica
coisas, são mais propensas a desenvolver osteoporose. do profissional, a disposição do paciente em submeter-
se fielmente à prescrição médica e a colaboração dos
3.1.3 Fibromialgia familiares e amigos são fundamentais para o sucesso do
tratamento, mesmo porque este geralmente é realizado
A fibromialgia refere-se ao surgimento de dor crônica por um período relativamente longo.
e difusa, de causa não inflamatória, com pelo menos
três meses de duração e que ao exame físico demonstra Normalmente, o tratamento está pautado em
pontos dolorosos quando palpados em locais anatômicos psicoterapia e terapias comportamentais, que estimulam
predeterminados (tender points). a mudança no estilo de vida, de forma que o paciente
pratique técnicas de relaxamento, passe a se ter hábitos
Trata-se de uma patologia que se manifesta clinicamente de vida saudáveis, pratique exercícios físicos, faça
por fadiga diurna, boca seca, sensação de mãos inchadas, uso de medicações para combate à dor e à depressão
tonturas, dor precordial, taquicardia, cefaleia, enxaqueca, (antidepressivos, analgésicos, relaxantes musculares).
cólon irritável, irritabilidade, depressão e ansiedade.
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Porém, não é todo indivíduo afetado por tal agente que A doença tem um amplo espectro de apresentações
irá desenvolver FR; é preciso haver uma predisposição clínicas, evoluindo cronicamente com períodos de
individual para a ocorrência da patologia. O tratamento exacerbações e remissões (veja na Figura 11).
correto das amigdalites com antibiótico adequado e pelo
tempo certo pode ajudar a prevenir o aparecimento da
febre reumática.
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6 GOTA
Figura 11. Representações gráficas de pacientes acometidos pelo Lúpus
Eritematoso Sistêmico. É uma patologia de característica inflamatória
relacionada a um distúrbio metabólico, que está associada
Fonte: http://www.mundoeducacao.com/doencas/lupus.htm
geralmente a um quadro de hiperuricemia. Sua principal
característica é a deposição de cristais de urato (ácido
Mesmo havendo medidas internacionalmente aceitas
úrico) nas articulações e até mesmo em tecidos moles,
para o tratamento do LES, cada paciente é tratado em
causando inflamação aguda ou crônica, levando ao
conformidade com o próprio corpo. Na verdade, não existe
desenvolvimento de degeneração articular.
um tratamento que seja capaz de promover a cura dessa
doença; portanto, o tratamento não é um modelo definido
A manifestação clínica da gota está associada ao
e único para ser aplicado em todos os pacientes, uma vez
desenvolvimento de artrite, que pode acometer diversas
que as características de cada caso mostrarão o que se
articulações. Em pacientes que não realizam qualquer
deve fazer.
tratamento, as crises podem se prolongar por mais de
sete dias, regredindo espontaneamente e podendo passar
Os medicamentos utilizados na terapêutica do lúpus
longos períodos sem reaparecer.
podem promover importantes efeitos colaterais e devem
ser manejados por profissionais experientes.
Nestes casos, cristais de ácido úrico depositam-se
nos tecidos – especialmente em cotovelos e pavilhões
Na fase aguda da doença, além de repouso, psicoterapia,
auriculares –, resultando na formação de tofos. Os tofos
dieta balanceada, prática regular de exercícios físicos,
são comuns em pacientes não tratados ou naqueles que
uso constante de protetor solar, controle da pressão
não aderiram corretamente ao tratamento (Figura 12).
arterial e da dislipidemia, a terapia medicamentosa
consiste no emprego de anti-inflamatórios, corticoides e
imunossupressores, como a ciclofosfamida. Recomenda-se
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7.1 Analgésicos narcóticos Essa substância possui uma potente ação analgésica e
ansiolítica. Dentre os efeitos adversos apresentados pelos
Os analgésicos narcóticos, também denominados usuários de morfina, estão a euforia, disforia e alucinações,
opiáceos, opioides ou agonistas de receptores opioides, além de depressão respiratória e supressão do reflexo da
constituem a principal classe de fármacos utilizada no tosse. Efeitos cardiovasculares raramente são observados;
manejo da dor moderada a intensa. todavia, quando relatados, envolvem bradicardia e
hipotensão. É comum o relato de náuseas e vômitos,
7.2 Morfina assim como rash cutâneo, prurido e broncoespasmo. O uso
frequente ou crônico da morfina pode causar tolerância à
A morfina é o principal alcaloide derivado da planta droga e dependência.
ópio (Papaver somniferum). Foi isolada pela primeira
vez em 1833, por Pierre-Jean Robiquet, a partir de O mecanismo de ação da morfina é muito parecido
sementes verdes da papoula do ópio. Outros alcaloides com o dos demais opiáceos. De uma forma geral, é bem
são extraídos dessa planta e podem ser divididos em duas absorvida – independente da via de administração – e
classes: fenantrenos e benzilisoquinolinas. Os principais metabolizada no fígado, onde sofre efeito de primeira
representantes da primeira classe são a morfina (com passagem e ocorre a formação dos metabólitos: morfina-3-
concentração de 10%), codeína e tebaína, ao passo que a glucuronídeo (M3G, 70%), morfina-6-glucuronídeo (M6G,
segunda classe é composta principalmente por papaverina 10%) e sulfatos conjugados. Os opioides são convertidos
e a noscapina. em metabólitos polares e eliminados pelos rins.
7.3 Codeína
A codeína, também denominada metilmorfina, é um
opioide natural derivado do ópio, empregado no alívio
de dor moderada, com mecanismo de ação semelhante
à morfina, e 10% do seu potencial de ação desta. Devido
a essa característica, há anos é utilizada como tratamento
supressor de resfriados e diarreia.
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O efeito resultante dessas alterações é reconhecido pela analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias. Apesar de
redução da vasodilatação, diminuição da permeabilidade sua toxidade e efeitos adversos, cerca de 30 milhões de
e infiltração leucocitária, além de aumento do limiar pessoas fazem uso dessas drogas diariamente.
doloroso.
Sua ação anti-inflamatória é decorrente da inibição da
7.5 Anti-inflamatórios não esteroides síntese de prostaglandinas, gerada a partir da inativação
das cicloxigenases constitutiva (COX-1) e induzível (COX-
A finalidade dos anti-inflamatórios é conter ou reverter 2).
a inflamação local ou sistêmica, tendo segurança, rapidez
de ação e potência analgésica. A ação dessas drogas foi Os anti-inflamatórios podem promover seu efeito
descoberta em 1970, quando foi desvendado o mecanismo central e periférico, pois na periferia inibem a COX (enzima
de ação da aspirina, da qual todas essas medicações são responsável pela degradação de ácido araquidônico) dos
derivadas. tecidos, diminuindo a liberação de mediadores químicos
responsáveis pela ativação das terminações nociceptoras.
Tais drogas são denominadas anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs) a fim de Assim, os AINEs bloqueiam a conversão do AA em seus
diferenciar-se dos corticoides, que também metabólitos (PG e leucotrienos) envolvidos na ativação
possuem ação anti-inflamatória, porém, com da resposta inflamatória e na sensibilidade das vias de
distintos mecanismos de ação e toxicidade. Além transmissão da dor.
disso, os AINEs não possuem nenhuma relação
estrutural com os corticoides.
O quadro a seguir mostra a classificação dos AINEs e
de seus principais representantes, baseado nas estruturas
Os AINEs constituem um grupo terapêutico de grande
químicas de fármacos convencionais de uso corrente.
interesse e integram a lista de fármacos mais comumente
prescritos em todo o mundo devido às suas propriedades
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Uma nova classificação para os AINEs tem sido proposta levando em consideração o poten-
cial de ação das drogas. A potência da droga está relacionada com a concentração necessária para
inibir em 50% a atividade das cicloxigenases (IC50). Ou seja, para o cálculo da seletividade de uma
droga inibidora de COX-2, utiliza-se a razão entre o IC50 de COX-2 sobre a IC50 da COX-1. Nesse
caso, valores menores que um indicam alta seletividade para COX-2, significando que a dose do
medicamento a ser utilizada será menor para bloquear COX-2 do que para COX-1, ao passo que
quando a razão for maior que um, este será seletivo para COX-1.
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Quadro 4. Classificação atual dos anti-inflamatórios não esteroidais de acordo com a seletividade.
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Estima-se que 10 a 60% dos pacientes apresentam moléculas. O resultado da elevação da concentração local
dispepsia, e que 5 a 10% interrompem o tratamento contribui para o efeito colateral mais comum dos AINEs,
devido aos sintomas (dor abdominal, náusea e vômitos) a saber, o desconforto gastrointestinal. Essas drogas
ou, ainda, utilizam outros fármacos para alívio de tais sofrem biotransformação hepática e apenas uma pequena
sintomas, como os antagonistas de receptores H2 e percentagem da dose é excretada inalterada.
os inibidores da bomba de prótons da célula parietal,
que reduzem a secreção gástrica de ácidos, tais como Dentre seus derivados, somente o carprofen, o
omeprazol, ranitidina, cimetidina e lansoprazol. cetoprofeno e o ácido tiaprofênico sofrem circulação
enterro-hepática, de forma que 30 a 40% da dose é
Os AINEs podem induzir ou agravar a hipertensão arterial excretada na bílis.
ou provocar insuficiência renal, síndrome nefrótica, necrose
papilar e outras formas de doença renal. São conhecidos A maior parte dos derivados de ácido arilpropiônico e
os efeitos hematológicos, que incluem granulocitose, os seus metabólitos são excretados quase inteiramente na
neutropenia, anemia hemolítica ou aplástica. Eles podem urina, apesar de cerca de 20 a 40% de uma dose de ácido
causar cefaleia, confusão, parestesia ou hepatotoxicidade. tiaprofênico carprofeno ser excretado nas fezes.
Os riscos são ainda maiores para pacientes acima do 60
anos, pois esses são mais suscetíveis a complicações Poucas interações medicamentosas clinicamente
severas, uma vez que acompanham linearmente a idade. significativas estão associadas com a administração
concomitante de derivados do ácido arilpropiônico e
outras drogas. A administração conjunta de naproxeno
7.12 Derivados do ácido propiônico
e hipoglicemiante pode resultar em aumento do efeito
hipoglicemiante. Assim como os demais AINEs, estas
As drogas derivadas do ácido arilpropiônico possuem
substâncias são contraindicadas a pacientes que tomam
mecanismo de ação por meio da inibição das COX, com
anticoagulantes orais, pois há risco de hemorragia
ação semelhante à da aspirina, devido aos seus efeitos
gastrointestinal.
analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios, com a
vantagem de não produzirem irritação gástrica.
7.13 Derivados do aminofenol, para-
aminofenol e anilina (paracetamol)
Assim como a aspirina, o paracetamol (acetaminofeno)
é uma das drogas analgésicas e antipiréticas mais
utilizadas.
Estrutura química do ácido arilpropiônico. É indicado para aliviar dor ligeira a moderada e como
antipirético. Entretanto, essa droga proporciona apenas
Os derivados do ácido arilpropiônico são, geralmente, alívio sintomático, sendo preciso terapia adicional para
quase totalmente absorvidos pelo intestino delgado tratar a causa da dor ou febre, quando necessário, com
superior após a administração oral, e possuem alta a vantagem não apresentar efeito sobre a agregação
biodisponibilidade. Trata-se de ácidos orgânicos fracos, plaquetária.
com um pKa de cerca de 4 a 5.
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O mecanismo de ação dessa droga se dá pela inibição Erupções cutâneas (eritematosa ou urticária) e outras
de COX periférica, e seus efeitos analgésicos ocorrem pela reações alérgicas podem ocorrer ocasionalmente.
inibição da síntese de prostanoides no sistema nervoso
central. Os efeitos antipiréticos são semelhantes ao da A administração concomitante de acetaminofeno com
aspirina, reduzindo alterações na temperatura corporal por anticoagulantes orais (especialmente quando administrados
pirógenos ao inibir a síntese de PG. em doses elevadas ou por períodos prolongados) pode
potenciar os efeitos do anticoagulante oral, apesar de não
Seu uso é indicado quando a terapia com aspirina é exercer efeito direto sobre a agregação plaquetária.
desaconselhável, como em pacientes que fazem uso
de anticoagulantes ou agentes úricos, pacientes com Com anticonvulsivantes (incluindo fenitoína, barbitúricos
hemofilia ou outros problemas de sangramento, e aqueles e carbamazepina), pode aumentar a toxicidade hepática
com doença gastrointestinal superior ou intolerância ou induzida por acetaminofeno, devido ao aumento da
hipersensibilidade à aspirina. conversão do fármaco para metabólitos hepatotóxicos.
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Menos de 3% é excretado nas fezes e na urina, de Dentre os pacientes que fizeram uso de colchicina,
forma inalterada. A máxima concentração plasmática é dois terços apresentaram melhora do quadro clínico
atingida após 2 h de sua ingestão. após 48 horas de sua administração; entretanto, todos
apresentaram quadro de diarreia após 24 horas. Além
disso, 80% dos pacientes apresentaram outros efeitos
7.16 Colchicina
colaterais como náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal
depois da administração oral e antes da melhora clínica.
A colchicina é um alcaloide utilizado no tratamento da
A toxicidade dessa droga é dose-dependente, com uma
artrite gotosa. Os casos de envenenamentos por colchicina,
margem estreita de segurança. O emprego de altas doses
embora incomuns, estão associados à alta morbidade e
da droga mostrou-se supressor da medula óssea, e seu
mortalidade. Em altas doses, a substância inibe a divisão
uso prolongado pode resultar em quadros de miopatia.
celular, afetando órgãos com um rápido turnover celular,
como o trato gastrointestinal, fígado e a medula óssea.
Dessa forma, o tratamento de gota aguda com
A colchicina possui ação cardiotóxica direta, com o
colchicina necessita de uma minuciosa avaliação clínica, a
agravante de que pacientes que apresentam alterações
fim de se estabelecer qualidade no tratamento.
hemodinâmicas possuem pior prognóstico.
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8 REFERÊNCIAS
Alves LC, et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do município de
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