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4. Estes três paradigmas estão hoje vinculados numa quarta mentalidade difusa e
estendida pelo globo, denominada: ECLECTICISMO
O culto do prazer, da satisfação rápida das emoções, da fruição existencial sem consequências
de maior, o narcisismo (em todas as dimensões), a dificuldade em lidar com a frustração e a
pouca autoestima são, entre outros, sinais contemporâneos das Novas Mitologias Urbanas.
A Sociedade do Espectáculo e os seus novos heróis e heroínas: o mundo VIP e o materialismo
irresponsável e insustentável (paradoxo ecológico dos «amantes dos prazeres terrenos)
Deus, puro Espírito e pura Eternidade, é o foco de vida da criatura humana: Ele é a sua Origem, Essência e
Finalidade de vida. Deus dá sentido à existência do indivíduo, desde sempre e para sempre.
2. Transcendentalismo criaccionista
Deus é o criador transcendente (exterior e superior) ao mundo imanente (interno e mortal, como qualquer
outra criatura). O mundo é inferior a Deus. Nenhum poder material é sobrenatural. Apenas Deus tem poder.
3. Ascetismo escatológico
O ser humano, quando tem fé, deseja a companhia de Deus e pretende elevar-se ao Espírito (ASCESE). Fá-
lo através de vários meios: oração, meditação, jejum, pobreza, desprendimento dos bens materiais e sociais,
solidão, voluntariado, etc.
1ª diferença:
2ª diferença:
3ªdiferença:
5. grupos homogéneos, estáveis, avessos à mudança, lentos e seguros para a maioria dos seus membros.
Quem tem a posse dessa verdade (dogma), julga ser SÁBIO (SOPHOI), detentor
da SABEDORIA (SOPHIA)
Os mitológicos e os religiosos do tempo de Tales tinham uma atitude dogmática,
cerrada à discussão de ideias, autoritária perante outras alternativas.
Tales pede cautela e humildade aos sábios sofistas do seu tempo
Tales vem NEGAR a posse da sabedoria: considera-a uma conquista difícil, feita
através do diálogo racional e livre (nunca perfeito e nunca terminado)
Tales propõe o conhecimento racional livre como procura, a tendência ou
BUSCA DA SABEDORIA (PHILO+SOPHIA)
Tales é talvez o primeiro filósofo (mas nunca um Sábio, como pretende o
Google, infelizmente). São dele os primeiros registos da busca do conhecimento
por via não dogmática (portanto: por via filosófica, que a essa se opõe).
Desconstruir não é destruir, mas sim rever prós e contras, propondo SUPERAÇÃO
CRITICAR = nasce de uma análise reflexiva, não emocional ou instintiva, que
valorize em equilíbrio forças e fraquezas, riscos e oportunidades
O acto da crítica é tanto mais certeiro quanto menos impulsivo e básico
A investigação sobre o ser humano (“quem é, de onde vem, para onde vai?”) fora das matrizes
da mitologia e da religião nasce na reflexão filosófica, origem do pensamento racional e
fonte da observação científica e sistemática posterior.
Tem registo em Atenas, com Tales de Mileto (séc. VII a.C.) e com o seu lema, fundador
da mentalidade ocidental:
“PENSA POR TI MESMO E NADA ACEITES SEM PENSAR”
Com esta pretensão inovadora («só sei que nada sei comparado
com o que poderei vir a saber, se agora aceitar pensar, duvidar,
questionar, estudar»), Tales acabava de caracterizar um novo
estilo ou atitude: a filosofia, inicialmente com vocação
interrogativa e científica e, depois, com vocação social e política.
A «philo+sophia» será essa busca descomprometida da
verdade, essa tendência amigável ao conhecimento amplo,
aberto, crítico e imperfeito. Mas essa imperfeição é «nota»
humana, o que permite dizer que está garantida a humanidade e
a humildade disciplinada da procura. Esta atitude estará na base
de todo o conhecimento humano que se diz «ocidental», pois é
profundamente crítico, criativo, argumentativo, célere,
encadeado, logicamente causal.
Progresso e evolução no conhecimento
42 humano MJSilveira
1ª característica da Mentalidade Crítica:
humanismo enquanto base e finalidade das Q.P.
Rotação antropocêntrica (antropocentrismo ou humanismo): o Ser Humano é o
alvo das questões (não o Mundo nem Deus).
O ser humano coloca-se a si próprio no centro das perguntas e das respostas,
com notório interesse subjectivo. Pensa por si mesmo, só sabe que nada sabe (e
isto são premissas ambiciosas de avanço e conhecimento) e avança sem vaidade e
sem medo.
Com o lema de Tales, dá-se valor a TODOS os indivíduos, com independência
da sua origem, etnia, classe e estudos: o Ocidente educacional mostra a sua
confiança na natureza humana (quando equilibrada em todas as dimensões).
Todos podem dialogar, intervir, criticar (sempre de modo reflexivo, nunca
instintivo e exibicionista): todos são PENSANTES por natureza e essência
Está a nascer a base natural e transversal do reconhecimento humano (no que
hoje consagramos como Direitos Universais)
Perigo latente (desde a fundação do criticismo): passar do antropocentrismo ao
individualismo
Progresso e evoluçãoeno
narcisismo (actuais deturpações do Humanismo).
conhecimento
43 humano MJSilveira
1ª característica da Ment.Crítica (cont.)
Este Antropocentrismo ficará contraposto ao
Naturocentrismo e ao Teocentrismo
O tradicionalismo das sociedades não-ocidentais / orientais
denota sociedades essas de estilo mais colectivista, menos
permeável à crítica, conservadoras, estáveis, de evolução muito
lenta ou inexistente.
Só o pensamento crítico (dito ocidental) releva uma plataforma
natural inata dos direitos humanos universais, propícia à Educação
Livre, à Ética, à Estética crítica (fora das etnias, dos mitos, das
religiões, dos direitos do sangue, etc)
Tales= Pai do Humanismo Ocidental / base do modelo europeu
Sem aceitar nada que não passe pelo próprio pensamento (cepticismo inicial), só
deve aceitar o que seja evidente e ordenado. Apenas depois o sujeito observador
deve formular uma hipótese adequada (segundo passo), ou seja, uma fórmula
ou probabilidade interpretativa que explique o que foi observado.
Progresso e evolução no conhecimento
45 humano MJSilveira
Os passos do método crítico:
1º observar; 2º hipotizar; 3º testar; 4º concluir
Note-se que esta observação directa dos fenómenos e. seguidamente, a
hipotização (ou teoria explicativa do observado e reflectido) são os dois iniciais
passos metódicos que, muito mais tarde, com Galileu (um filósofo Moderno,
ocidental seguidor da física clássica e das suas hipóteses), numa época em que a
Humanidade, já dinamizada e culta, discutindo amplamente nos quadros das
universidades europeias e seus incipientes laboratórios, poderá agora completar
com nova exigência: o terceiro e quarto passos do método científico, que ainda
hoje constituem regras universais para as ciências. Galileu exige o teste (ou
experimentação exaustiva da hipótese anterior), assim como a conclusão
científica, para aprendizagem da comunidade. Neste quarto momento, trata-se
da enunciação do resultado: se correcto, deriva numa lei científica nova e deve
ser publicitada no meio científico. Se incorrecto, deve ser revisto, reiniciando-se
todo o trabalho do cientista desde o primeiro passo inicial.
Progresso e evolução no conhecimento
46 humano MJSilveira
3ª característica da Mentalidade Crítica:
uma sociedade ética, livre e responsável
A defesa de características radicalmente inovadoras (há 24 séculos, aprox.) supuseram
uma «revolução das mentalidades», face ao mundo antigo do mito e da religião.
A Escola de Atenas (onde se inspirará a primeira Universidade humanista, a de
Bolonha) inicia a transmissão de ideias impossíveis num mundo
Espírito racional e científico a cada ser humano
Autonomia do indivíduo: confiança nas suas competências de conhecimento e
pensamento
Consideração do indivíduo na sua tridimensionalidade antropológica (sente,
conhece e quer livremente)
Protecção institucional legal do indivíduo e da comunidade
Liberdade de expressão plural
Compreensão das diferentes dignidades e liberdades
Protecção das verdades comuns fundamentais à humanidade (direitos humanos por
lei natural)
Responsabilização directa do indivíduo e do estado
Entrega democrática de cidadanias e soberanias éticas