Você está na página 1de 6

FAECA DOM BOSCO

PPP 8 – material de apoio

Prof. Rui Sérgio Galvão de França

O conceito de sete tipos de aprendizagem tornou-se muito


conhecido nos últimos anos e vem orientando o trabalho
pedagógico de inúmeros psicólogos, pedagogos, professores e
gestores educacionais. Saiba por que tem aumentado o interesse
por esse assunto e como ele pode auxiliar no processo educacional
em todos os seus níveis.

A teoria das inteligências múltiplas


Os sete tipos de aprendizagem estão diretamente relacionados
à Teoria das Inteligências Múltiplas, desenvolvida entre os anos
de 1980 e 1990 pelo professor de psicologia e neurologia da
Universidade de Harvard, o norte-americano, Howard Gardner.
A teoria de Gardner surgiu em um momento em que o padrão mais
aceito para se avaliar a inteligência eram os testes de QI (quociente
de inteligência), desenvolvidos pelo psicólogo francês Alfred Binet
no início do século XX. Estes testes pautavam-se na
capacidade lógico-matemática, mas durante muito tempo foi
utilizado para aferir o desempenho escolar de crianças.
A teoria de Gardner não atribui valores para uma ou outra
inteligência, como vem ocorrendo na educação e no mercado de
trabalho no último século, onde as inteligências lógico-
matemática e linguística são as de maior importância e, portanto,
mais valorizadas socialmente. Mas sim, na ideia de que a
inteligência se manifesta de múltiplas formas. Para isso, valeu-se da
observação e pesquisa de inúmeras personalidades geniais das
mais variadas áreas do conhecimento e dos esportes.

Quem foi mais inteligente: Einstein ou


Pelé?
A proposta de Gardner trouxe muitas mudanças, inclusive no âmbito da
educação, pois apresentou um novo conceito de inteligência. Para Gardner, a
genialidade humana é bem mais específica do que generalista e isso explica
porque poucos gênios destacam-se em todas as áreas.
Apesar de ser influenciado por Piaget, Gardner difere principalmente no
aspecto de faixas de desenvolvimento. Onde Piaget agrupa todas as crianças de
uma mesma idade com o mesmo desenvolvimento, Gardner reconhece que
podem existir determinadas áreas em que uma criança pode se desenvolver
mais do que as outras da mesma idade, variando conforme tendências
biológicas, vinculadas a estímulos culturais e experiências capazes de
estimular e potencializar uma ou mais inteligências.
Então na pergunta: “Quem foi mais inteligente, Einstein ou Pelé?” Gardner lhe
responderia que não pode haver comparação entre estas duas genialidades,
pois elas se encontram em âmbitos de atuação completamente diferentes.

Einstein era um gênio matemático e seu potencial estava plenamente


desenvolvido na área da inteligência lógico-matemática, e Pelé é um gênio do
esporte, tem sua inteligência desenvolvida na área corporal-sinestésico.
Muito provavelmente Einstein não teria o mesmo desempenho de Pelé no
futebol, e nem Pelé o mesmo desempenho de Einstein na Física.

Para cada indivíduo, um tipo de


aprendizagem
A teoria desenvolvida por Gardner divide a inteligência em sete áreas de
habilidades diferentes e, segundo o autor, todos os indivíduos ditos normais
possuem habilidades que estão ligadas a tudo que os rodeia: a língua, a
cultura, a ideologia, a religião, os valores, etc. Diferindo no nível da habilidade e
na combinação e afirma que todos têm potenciais, mas alguns são mais
desenvolvidos.
Um ponto muito importante na teoria de Gardner é a influência da cultura. Ele
diz que a criança aprimorará as inteligências que demostrarem ser mais
eficazes e que sejam mais valorizadas pela sociedade. Sendo assim, uma
cultura que valoriza mais a linguística terá um grande número de indivíduos
que atingirão um alto nível nesta área e é neste ponto que a educação se
mostra de extrema importância.
As inteligências teorizadas por Gardner inicialmente eram sete, porém,
posteriormente, foram acrescentadas mais duas, totalizando nove inteligências,
que são:

1 – Lógico-matemática
Capacidade de discernir padrões lógicos ou numéricos e lidar com longas
cadeias de raciocínio, encontrados em matemáticos, físicos e demais pessoas
que lidam com o raciocínio lógico;
Dica – Atividades concretas de classificação, organização e pesquisa.

2 – Linguística
Esta inteligência está ligada à capacidade de usar as palavras oralmente ou
verbalmente, sensibilidade aos sons, funções das palavras, uso
da linguagem e à transmissão de ideias. Facilidade para aprender idiomas e
se expressar através da escrita. Encontrada em escritores, oradores e pessoas
ligadas à comunicação;
Dica – Atividades de redação, criação de textos publicitários e peças de teatro.

3 – Espacial
Percepção visual e espacial do mundo, com facilidade para localizar objetos no
espaço, discriminação visual, reconhecimento, projeção e imagens mentais,
presentes em arquitetos e navegadores, por exemplo;
Dica – Atividades de criação cenográfica, interpretação de mapas, gráficos e
elaboração de sites.

4 – Corporal-sinestésica
Capacidade de coordenação corporal, precisão de movimentos, controle dos
movimentos do próprio corpo. Necessidade de contato. Habilidades
físicas específicas, como: equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e velocidade,
presentes em atletas, dançarinos e também em mecânicos e construtores;
Dica – Atividades práticas de montagem e construção, além das atividades
físicas.

5 – Interpessoal
Capacidade de interagir de forma efetiva com outras pessoas, perceber e
fazer distinção no humor, intenção, motivação e sentimento dos outros e
responder apropriadamente. Compreensão;
Dica – Atividades e projetos em grupo, trabalhos em que possa interagir com o
público, participar de debates e entrevistas.

6 – Intrapessoal
Capacidade de entender a si mesmo, autoconhecimento, seus desejos e seus
sonhos, incluir pensamentos e sentimentos. É o correlativo da inteligência
interpessoal;
Dica – Atividades de expressão corporal e/ou facial como o teatro e a poesia.

7 – Musical
Habilidade para produzir e apreciar ritmos, tom, timbre e tocar instrumentos.
Apreciação das formas de expressividade musical e composição, encontradas
nos músicos e regentes;
Dica – Atividades em que possa criar músicas, fazer adaptações, pesquisas
musicais e criação multimídia.

Em 1995, Gardner acrescentou à lista as inteligências natural e existencial e


sugeriu o agrupamento da interpessoal e da intrapessoal numa só.
8 – Natural
Se refere à habilidade de reconhecer objetos na natureza, de distinguir
plantas, animais e rochas. Para o entendimento da mesma e desenvolvimento
de habilidades biológicas;
Dica – Atividades de cultivo de plantas e culturas para experiências científicas,
pesquisas ambientais e cuidados com o ambiente.

9 – Existencial
Capacidades filosóficas. Refletir sobre a existência da vida. Pessoas
reflexivas, existenciais e filosóficas;
Dicas – Atividades de pesquisas bibliográficas, históricas e filosóficas.

Gardner diz ainda que, geralmente, nós trabalhamos com todas as


inteligências, no entanto temos duas mais desenvolvidas e uma menos, e que
até mesmo as tarefas mais simples fazem uso de ao menos duas inteligências.

Disciplinas e avaliação
Da forma como Gardner apresenta a sua teoria, fica muito evidente que, em
grande parte das escolas atuais, encontramos uma grade curricular que
prioriza as áreas da inteligências lógico-matemática e linguística. Como os
alunos possuem suas individualidades cognitivas, o ideal é que a educação
procure atender ao potencial de cada um, garantindo o seu pleno
desenvolvimento.
Neste contexto, a avaliação deve ser coerente e fazer jus à inteligência avaliada,
e ser tratada como um meio e não um fim. Além de ser mais um recurso para
se obter informações que beneficiem o processo pedagógico de ensino-
aprendizagem e jamais um acidente para a autoestima do aluno.

Você também pode gostar