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N1 - Tecnologias Assistivas - Grace Costa da Silva de Castro

O estudo de caso traz a situação de Bruno, cego de nascença, 8 anos de


idade, aluno do 3º ano do ensino fundamental I. Bruno está matriculado na Escola
Girassol, da rede privada de ensino, que adota política inclusiva com uso de
recursos tecnológicos e apoio de tutores nas classes para alunos com deficiência.
A professora Débora, regente da classe, não tem experiência de inclusão
com aluno deficiente visual, e propõe atividade na aula de Geografia, que depende
do sentido da visão para sua realização. Eis o desafio: como orientar a atividade,
promovendo a inclusão de Bruno, utilizando-se de tecnologias assistivas?
Neste caso, a professora, a partir da reflexão de quais são as
potencialidades de Bruno e do que é necessário para promover sua interação vai
traçar estratégia que promova continuamente a autonomia do menino, buscando
neutralizar as barreiras advindas de sua deficiência1 e promover sua inclusão na
rotina escolar.
Vários recursos de tecnologia assistiva poderão ser utilizados para dar o
suporte a Bruno, tanto na tarefa proposta (descrever paisagem), quanto no seu dia a
dia: desde os mais simples (de baixa tecnologia) até os de alta tecnologia (por se
tratar de uma escola com recursos privados e que se compromete com política de
inclusão, certamente poderá arcar com tais investimentos). Sinalizações em Braille
no espaço físico da escola (salas, corredores, banheiros, auditórios, dentre outros),
piso tátil (principalmente na área externa e pátio da escola). A tutora Ana poderá
auxiliar Bruno na adaptação e estimular o uso da bengala em relação ao piso tátil.
Débora pode propor aos alunos que incluam outros aspectos da
paisagem que são percebidos por outros sentidos: os sons, aromas, sensação
térmica, destacando que há outros modos de conhecermos nosso entorno. A partir
daí, uma maquete pode ser construída por todos os alunos, incluindo os elementos
da paisagem detectados pelo conjunto de sentidos. Outra atividade divertida e
instrutiva: de olhos fechados, buscando pela memória, reproduzir a “paisagem
sonora”, utilizando recursos sonoros corporais2.
Bruno poderá realizar a parte escrita da tarefa, descrever a paisagem,
utilizando-se do NVDA, um recurso de tecnologia assistiva, com sintetizador de voz,
de baixo custo, que permite o uso de teclado em Braille, que garante acessibilidade
para leitura e formatação de textos.
Concluindo, Débora vai necessitar atualizar seus conhecimentos a
respeito das Tecnologias de Informação e Comunicação e de Tecnologia Assistiva a
fim de lançar mão de recursos que darão condições de atendimento para a real

1
“O art. 208, III, CF/88, determina que os portadores de deficiência, será garantido o atendimento
educacional na rede regular de ensino brasileira.” SOBRAL, Maria Deolinda, FERREIRA, Vanessa
Rocha. “A tecnologia assistiva como um meio de inclusão digna da pessoa com deficiência no
mercado de trabalho”.Belém, PA: Conjecturas, V. 22, nº 15.
2
Uma estratégia para exercitar a empatia pelo colega que não dispõe da visão, e sensibilizar para
compreensão do quanto é importante o aspecto social da inclusão.
inclusão de Bruno no processo de aprendizagem e construção de conhecimentos,
com autonomia e motivação para garantir sua interação social no mundo.3

3
“Com muita frequência a criança com deficiência apresenta significativas limitações em sua
capacidade de interação com o meio e com as pessoas à sua volta. Mais ainda quando sofre as
consequências da desinformação e dos preconceitos, devido às quais (sic) normalmente são
subestimadas as sua potencialidades e capacidades, gerando tratamentos paternalistas e relações
de dependência e submissão, fazendo com que assuma posturas de passividade frente à realidade e
na resolução dos próprios problemas.” GALVÃO Filho. Tecnologia Assistiva: Favorecendo o
Desenvolvimento e a Aprendizagem em Contextos Educacionais Inclusivos. in, GIROTO; POKER;
OMOTE (org.) As Tecnologias nas Práticas Pedagógicas Inclusivas. Marília: Oficina Universitária,
2012.

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