Português Da leitura das crónicas de Fernão Lopes,
depreende-se a sua parcialidade, motivada pelo facto de o seu trabalho ter sido encomendado Romanização pelo rei D. Duarte. O latim, proveniente do grupo Itálico, um dos A sua tarefa consistia em legitimar a regência de ramos de idiomas em que dividiu o indo-europeu*, D. João I, cuja nomeação, decorrente dos era a língua dos habitantes do Lácio, onde se “acontecimentos verificados em Portugal em localizava Roma. 1383-1385”, levantava algumas dúvidas. No entanto, o latim, enquanto língua viva atualizada por uma comunidade, não era usado da mesma forma por todos os romanos. Assim, era possível identificar variedades, como o latim Crónica de D. João I vulgar (decalque da expressão latina sermo A Crónica de D. João I debruça-se sobre a vulgaris) – um latim falado e diversificado, ascensão e reinado do Mestre de Avis, filho de integrando características mais populares – e o D. Pedro e de uma aia, Teresa Lourenço. latim clássico – cultivado por escritores latinos como Cícero ou Virgílio. Este era o ensinado nas A rebelião inicia-se com a morte do Conde escolas. Andeiro. No século III a.C., os romanos iniciaram a O homicídio do amante de D. Leonor Teles surge ocupação (que estaria consumada cerca de dois como resposta à ameaça castelhana que séculos depois) da Península Ibérica e a pairava sobre a coroa portuguesa. romanização dos povos que aí encontraram, tendo acabado por impor o latim como língua de Os protagonistas do assassinato ocorrido nos comunicação a ser usada pelos povos vencidos. paços da rainha manipularam o povo, de modo a garantir o seu apoio. Substrato O povo alegrou-se com o facto de o Mestre de Avis Língua que existia anterior à Romanização. estar vivo e apoiou o assassinato do Conde Substrato é uma língua indígena anterior à Andeiro. implementação de uma nova língua, transportada por povos vencedores, mas que, de alguma forma A questão da sucessão ao trono português deixa marcas nesse novo idioma. colocou em confronto os sentimentos do povo e Ex. Celta e Ibérico. as ambições de uma parte da nobreza. Apesar de o Mestre de Avis não ser um sucessor Superstrato legítimo ao trono, o povo apoiava-o por Línguas posteriores à Romanização. reconhecer nele a única garantia da Superstrato é a língua de um povo invasor que não independência nacional. se sobrepõe à autóctone e que desaparece Foram os castelhanos que puseram cerco à deixando, no entanto, vestígios no idioma que cidade de Lisboa, como forma de demover o permanece. Os termos podem igualmente referir o Mestre de Avis dos seus propósitos. conjunto desses vestígios linguísticos. Ex. Árabe O Mestre soube previamente que os castelhanos tencionavam cercar Lisboa e, por isso, deu ordens Fernão Lopes para as pessoas se abastecerem e protegerem. Foi o primeiro a construir “uma narrativa ordenada Apesar de se terem preparado antes do cerco, as diacronicamente, de estrutura e apresentação necessidades do povo, sobretudo em termos internas muito mais complexas”, servindo-se de alimentares, passaram a ser muitas. “materiais informativos muito diversificados”. O povo apresenta-se como a força motora e Serviu-se de fontes de natureza diplomática e impulsionadora da revolta ocorrida por questões arquivista e de outras como “memórias dinásticas. dispersas, informações orais, elementos lendários e tradicionais, representações artísticas e até epitáfios”. Apresenta características comuns com outras COMPLEMENTO OBLÍQUO crónicas medievais, pois regista acontecimentos Função sintática interna ao grupo verbal e históricos por ordem cronológica. obrigatória, cujo constituinte é selecionado pelo Apresenta características inovadoras próprias de verbo e que assume a forma de um grupo Fernão Lopes: preposicional ou de um grupo adverbial. → Narra os acontecimentos com bastante COMPLEMENTO AGENTE DA PASSIVA detalhe, conferindo-lhe maior visualismo e veracidade; Função sintática de uma frase passiva, cujo → Inclui várias perspetivas, nomeadamente a constituinte é introduzido pela preposição por, do Povo; na forma simples ou contraída, e que corresponde → Tem uma dimensão interpretativa e estética; ao sujeito da forma ativa. → Apresenta comentários pessoais do autor. PREDICATIVO DO SUJEITO ESTRUTURA Função sintática obrigatória, cujo constituinte é Duas partes divididas em capítulos; selecionado por um verbo copulativo, isto é, que 1ª Parte – narração dos acontecimentos desde predica algo acerca de um sujeito. a morte do rei D. Fernando até à subida ao MODIFICADOR trono de D. João I. 2ª Parte – narração dos acontecimentos Função sintática cujo constituinte não é ocorridos durante o reinado de D. João I. selecionado por nenhum núcleo, seja ele verbal ou nominal. O modificador pode incidir sobre a frase ATORES ou sobre o grupo verbal. Individuais MODIFICADOR DA FRASE → Mestre de Avis; → Álvaro Pais; Função sintática desempenhada por um → Personagens históricas – D. Leonor Teles, constituinte que se relacione com toda a frase/ D. João I de Castela, … oração. Coletivo MODIFICADOR DO GRUPO VERBAL → Povo – afirmação da consciência coletiva. Função sintática desempenhada por um grupo Funções Sintáticas preposicional, por um grupo adverbial ou por uma oração subordinada adverbial. SUJEITO MODIFICADOR DO NOME Função sintática desempenhada por um constituinte que comanda a concordância verbal. Função sintática não obrigatória, desempenhada por um constituinte que está normalmente situado PREDICADO à direita do nome e que pode ser um grupo Função sintática desempenhada por um grupo preposicional ou adjetival ou uma oração verbal, que inclui obrigatoriamente, além de um subordinada adjetiva relativa. verbo ou complexo verbal, os respetivos RESTRITIVO – restringe a referência do complementos ou predicativos. Pode incluir nome; ainda os modificadores. APOSITIVO – acrescenta informação a esse COMPLEMENTO DIRETO nome.
Função sintática interna ao grupo verbal e VOCATIVO
obrigatória, cujo constituinte é selecionado por um Ocorre frequentemente em contextos de verbo transitivo direto. chamamento. Identifica o interlocutor, mas COMPLEMENTO INDIRETO distingue-se claramente do sujeito, pois não obriga à concordância verbal e aparece isolado por Função sintática interna ao grupo verbal e vírgulas. obrigatória, cujo constituinte é selecionado por um verbo transitivo indireto. Estrutura Tripartida INTRODUÇÃO Descrever sucintamente o objeto. DESENVOLVIMENTO Apresentar informações sobre o conteúdo ou características; Fazer um comentário crítico valorativo; Sustentar a opinião crítica através dos argumentos. CONCLUSÃO Sintetizar a informação mais importante.