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INTRODUÇÃO
MODALIDADES DE UMA LÍNGUA

E
ntende-se por língua ou idioma o sistema de
símbolos vocais arbitrários com que um grupo Uma língua de civilização apresenta as seguintes
social se entende. Uma língua pode ser instru- modalidades:
mento particular de um povo único, como acontece com 1. Língua Falada. Instrumento de comunicação
o chinês, o romeno ou comum a mais de uma nação. cotidiana, que, sem preocupação artística, tem a
Este é o caso do português, que serve a Portugal, ao seu dispor os múltiplos recursos lingüísticos da
Brasil e colônias ultramarinas lusas. entoação e extralingüísticos da mímica, engloba-
Este fato se explica historicamente pelos capítu- dos na “situação” em que se acham falante e
los de expansão e colonização dos povos. Falamos o ouvinte;
português como língua oficial porque, ao lado de outras 2. Língua Escrita. Instrumento de comunicação
instituições culturais, os portugueses no-la deixaram menos freqüente em que o escritor tem de suprir
como traço da civilização que aqui fundaram depois de os recursos que estão à disposição da língua
1500. falada. Foge, por isso, muitas vezes às expressões
comuns da linguagem ordinária para fins
estéticos e expressivos. Na língua escrita a
OBSERVAÇÕES GERAIS “situação” tem de ser criada através da ordenação
especial das idéias. Pode-se dela aproximar, pode
(Primeira Parte) copiá-la, porém essa cópia é sempre uma
transposição ou uma deformação. Sentidos
particulares dados a vocábulos vagos, criação de
A LÍNGUA É UM FENÔMENO CULTURAL vocábulos novos, conservação de outros que
estão a ponto de morrer, ressurreição de

A
vocábulos já há muito tempo fora de circulação,
língua não existe em si mesma: fora do homem é
fenômenos semelhantes no tratamento da sintaxe
uma abstração, e no homem é o resultado de um
e da construção das orações, etc., etc...
patrimônio cultural que a sociedade a que
Exagerando um pouco, poder-se-ia dizer que a
pertence lhe transmite. “É evidente – ensina-nos Sapir –
língua escrita á “acrônica”: longe de dar uma
que, até certo ponto, o indivíduo humano está
idéia do estado contemporâneo de um idioma,
predestinado a falar, mas em virtude da circunstância
combina, num amálgama, um pouco heteróclito,
de não ter nascido meramente na natureza, e sim no
regaço de uma sociedade, cujo escopo racional é os diversos estágios por que passou o idioma.
chamá-lo para as suas tradições”.
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Os escritores modernos – uns com certo exagero – têm Daí ser a Gramática, ao mesmo tempo, uma
procurado diminuir a distância entre a língua falada e a ciência e uma arte. Assim sendo, o gramático não é um
escrita. legislador do idioma nem tampouco o tirano que
Um ponto culminante deste afastamento é a defende uma imutabilidade do sistema expressivo.
língua literária, que é um aspecto da língua escrita, Cabe-lhe ordenar os fatos lingüísticos da língua padrão
mas que com esta não se confunde. É o instrumento de na sua época, para servirem às pessoas que começam a
que se utilizam os escritores nas suas obras; exige um aprender o idioma também na sua época.
cultivo especial e um ideal superior de expressão, além
de estar sujeita aos preceitos das modas dominantes. DIVISÃO E PARTES DA GRAMÁTICA
Falar com termos da língua escrita, mormente do
seu aspecto literário, no trato normal de todos os dias, Divisão da Gramática
provoca um defeito de adequação lingüística a que se A Gramática pode estudar:
dá o nome de preciosismo. 1) Uma época determinada;
2) Uma seqüência de fases evolutivas de um idioma,
LÍNGUA GERAL E LÍNGUA REGIONAL ou;
3) De vários idiomas.
A língua espalhada por grande extensão de terra
pode apresentar particularidades cujo conjunto carac- A que interessa mais de perto à comunidade
teriza a língua regional, e os traços lingüísticos que aí social, pela sua utilização imediata de código de bem
ocorrem recebem o nome de regionalismos. falar, é a que estuda apenas a fase contemporânea do
idioma, por isso chamada gramática expositiva, norma-
OBJETO DA GRAMÁTICA tiva ou tão-somente gramática.
A Gramática que se preocupa com os pontos 1 e
Mas dentro da diversidade das línguas ou falares 2 (acima), formam o que chamamos, respectivamente,
regionais se sobrepõe um uso comum a toda a área Gramática Histórica e Gramática Comparada, e
geográfica, fixada pela escola e utilizada pelas pessoas divergem da Gramática anterior porque são apenas
cultas: é isto o que constitui a língua geral; língua obra de ciência.
padrão ou oficial do país.
Cabe à Gramática registrar os fatos da língua Partes da Gramática
geral ou padrão, estabelecendo os preceitos de como se A Gramática estuda:
fala e escreve bem ou de como se pode falar e escrever 1) Os sons da fala: Fonética e Fonêmica;
bem uma língua. 2) As formas: Morfologia;
3) As construções: Sintaxe;
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4) Os sentidos e suas alterações: Semântica. relações mútuas, enquanto a fonética experimental


determina a natureza física e fisiológica das distinções
observadas.
FONÉTICA E FONÊMICA IMPORTANTE
Aparelho fonador. Nós não temos um aparelho
(Segunda Parte) especial para a fala; produzimos os fonemas servindo-nos
de órgãos do aparelho respiratório e da parte superior do
aparelho digestivo. A esses órgãos da fala, constitutivos do
1 - A DEFINIÇÃO aparelho fonador, pertencem, além de músculos e nervos:
 Os Brônquios;
 A Traquéia;

F
 A Laringe (com as cordas vocais(;
onemas não são letras – Desde logo uma distin-
 A faringe;
ção se impõe: não se há de confundir fonema com  As Fossas Nasais e a Boca com a língua (dividida
letra. Fonema é uma realidade acústica, realidade em ápice, dorso e raiz);
que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal  As Bochechas;
empregado para representar na escrita o sistema  O Palato Duro (ou céu da boca);
sonoro de uma língua.  O Palato Mole (ou véu palatino) com a úvula ou
campainha;
 Os Dentes (normalmente os anteriores) com os
Definição de Fonemas alvéolos, e os
Chamam-se fonemas os sons elementos e  Lábios.
distintivos que o homem produz quanto, pela voz,
exprime seus pensamentos e emoções. VOGAIS E FONEMAS
Fonética e Fonêmica A voz humana se compõe de tons (sons musicais)
Na atividade lingüística, o importante para os e ruídos, que o nosso ouvido distingue com perfeição.
falantes é o SOM, e não a série de movimentos articula- Caracterizam-se os tons, quanto às condições acústi-
tórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análi- cas, por suas vibrações periódicas. Esta divisão
se fonética se preocupa tão-somente com a articulação, corresponde, em suas linhas gerais, às vogais (= tons) e
a fonêmica atenta apenas para o som que, reunindo um às consoantes (= ruídos). As consoantes podem ser
feixe de traços que o distingue de outro som, permite a ruídos puros, isto é, sem vibrações regulares (corres-
comunicação lingüística. pondem às consoantes surdas), ou ruídos combinados
Fonêmica não se opõe a fonética: a primeira com um tom laríngeo (consoantes sonoras).
estuda o número de oposições utilizadas e suas
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Quanto às condições fisiológicas de produção, as Quanto ao Timbre


vogais são fonemas durante cuja articulação a cavidade Quanto ao Timbre as vogais podem ser abertas,
bucal se acha completamente livre para a passagem do fechadas e reduzidas. Timbre é o efeito acústico
ar. As consoantes são fonemas durante cuja produção resultante da distância entre o dorso da língua e o véu
a cavidade bucal está total ou parcialmente fechada, do paladar, funcionando a cavidade bucal como caixa
constituindo, assim, num ponto qualquer, um obstácu- de ressonância.
lo à saída da corrente expiratória. -O timbre é o traço distintivo das vogais.
 Na vogal de timbre aberto a língua se acha baixa:
/a/ tônico, /é/, /ó/;
2 – CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS  Na vogal de timbre fechado a língua se eleva: /ê/,
/ô/, /i/, /u/;
 A vogal de timbre reduzido é proferida debilitada,
Classificam-se as vogais, segundo a Nomenclatu- anulando-se a oposição entre aberta e fechada.
ra Gramatical Brasileira, de acordo com 4 critérios:
1) Quanto à zona de Articulação; Quanto ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal
2) Quanto à Intensidade; Quanto ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal as
3) Quanto ao Timbre; vogais podem ser orais e nasais.
4) Quanto ao Papel das cavidades Bucal e Nasal.  Há sete vogais tônicas orais (/á/, /é/, /ê/, /i/,
/ó/, /ô/, /u/), cinco orais átonas, por não haver
Quanto à Zona de Articulação aqui distinção entre /é/ e /ê/, /ó/ e /ô/ (/a/,
 Média; /e/, /i/, /o/, /u/) e três reduzidas (/a/, /i/,
 Anteriores; e /u/). São nasais as vogais que, em sua produção,
ressoam nas fossas nasais. Há cinco vogais
 Posteriores.
nasais (/ã/, /ê/, /î/, /õ/) OBS: e,i (com til).
Quanto à Intensidade
Quanto à Intensidade as vogais podem ser tônicas
ou átonas. Vogal tônica é aquela em que recai o acento 3 - SEMIVOGAIS, DITONGO, TRITONGO
tônico da palavra: avó, paga, tímido. Vogal átona é a E HIATO
inadequada: avó, paga, tímido. As vogais átonas podem
estar antes da tônica (pretônicas): avó, pagar, ou depois
(postônica): tímido. Encontros vocálicos: ditongos, tritongos e hiatos.
Chamam-se semivogais as vogais i e u (orais ou nasais),
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quando assilábicas, as quais acompanham a vogal


numa mesma sílaba. Os encontros vocálicos dão origem TRITONGO
aos ditongos, tritongos e hiatos.
Tritongo é o encontro de uma vogal entre duas
DITONGO semivogais numa mesma sílaba. Os tritongos podem ser
orais e nasais.
Ditongo é o encontro de uma vogal e de uma
semivogal ou vice-versa, na mesma sílaba: pai, mãe,
ORAIS NASAIS
água, cárie, mágoa, rei.
Sendo a vogal a base da sílaba ou o elemento
quais, paraguaio; minguam, saguão, quão;
silábico, é ela o som vocálico que, no ditongo, se ouve delinqüem, enxágüem;
enxagüei, averigüeis;
mais distintamente. Nos exemplos abaixo, são vogais: saguões
delinqüiu;
pai, mãe, água, cárie, mágoa, rei.
apaziguou;
-Os ditongos podem ser:
1) Crescentes e decrescentes;
2) Orais e nasais.

Crescente HIATO
Crescente é o ditongo em que a semivogal vem
antes da vogal: água, cárie, mágoa. Hiato é o encontro de duas vogais em sílabas
diferentes por guardarem sua individualidade fonética:
Decrescente saída, caatinga, moinho.
Decrescente é o ditongo em que a vogal vem antes Em português, como em muitas outras línguas,
da semivogal: pai, mãe, rei. nota-se uma tendência para evitar o hiato, através da
ditongação ou da crase: saída (sa-í-da), saúde (sa-ú-de).
Ditongos Orais e Nasais
Como as vogais, os ditongos são orais (pai, água,
cárie, mágoa, rei) ou nasais (mãe). 4 - AS CONSOANTES (Sua Classificação)
Os ditongos nasais são sempre fechados, enquan-
to os orais podem ser abertos (pai, céu, rói, idéia) ou
fechados (meu, doido, veia). Nos ditongos nasais, são Classificação das consoantes – De acordo com a
nasais a vogal e a semivogal, mas só se coloca o til Nomenclatura Gramatical Brasileira, classificam-se as
sobre a vogal: mãe. consoantes de acordo com quatro critérios:
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1) Quanto ao modo de articulação;  Bilabiais (lábio contra lábio): /p/, /b/, /m/;
2) Quanto à zona de articulação;  Labiodentais (lábio inferior e arcada dentária
3) Quanto ao papel das cordas vocais; superior): /f/, /v/;
4) Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal.  Linguodentais (língua contra arcada dentária
superior): /t/, /d/, /n/;
Modo de Articulação  Alveolares (língua em direção ou contra os
Quanto ao Modo de Articulação as consoantes alvéolos): /s/, /z/, /l/, /r/, /rr/;
podem ser oclusivas e constritivas, e estas se subdivi-  Palatais (dorso da língua contra o céu da boca):
dem em fricativas, laterais, vibrantes e nasais. /x/, /j/, /lh/;
 As constritivas são fricativas quando a corrente  Velares (raiz da língua contra o véu do paladar):
expiratória, passando por entre os órgãos que /k/, /g/.
formam o obstáculo parcial, produz um atrito à
maneira de fricção: /f/, /v/, /s/, /z/, /x/, /j/; Papel das Cordas Vocais
 São constritivas laterais quando a passagem da Quanto ao Papel das Cordas Vocais as consoan-
corrente expiratória, obstruída pela aproximação tes podem ser surdas e sonoras.
do ápice ou dorso da língua aos alvéolos da arca-  Surdas: /p/, /f/, /t/, /s/, /x/, /k/;
da dentária superior ou ao palato, escapa pelos  Sonoras: /b/, /v/, /d/, /z/, /j/, /g/, /m/, /n/,
lados da cavidade bucal: /l/, /lh/; /nh/, /l/, /lh/, /r/, /rr/.
 São constritivas vibrantes quando o ápice da
língua contra os alvéolos ou a raiz da língua Papel das Cavidades Bucal e Nasal
contra o véu do paladar executa movimento
Quanto ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal as
vibratório rápido, abrindo e fechando a passagem
consoantes podem ser orais e nasais. São nasais /m/,
à corrente expiratória: /r/ (simples) e /rr/ /n/, /nh/. As outras são orais.
(múltipla);
 São constritivas nasais quando, pelo abaixamento
do véu palatino e um abrimento do nasal, as
ENCONTRO CONSONANTAL
consoantes ressoam nas fossas nasais. Temos 3
Assim se chama o seguimento imediato de duas
consoantes nasais: /m/, a linguodental /n/ e a
ou mais consoantes de um mesmo vocábulo. Há
palatal /nh/.
encontros consonânticos permanentes a uma sílaba ou
a sílabas diferentes. Os primeiros terminam por l ou r:
Zona de Articulação li-vro, blu-sa, pro-sa, cla-mor; rit-mo, pac-to, af-ta, ad-
Quanto à Zona de Articulação as consoantes mi-tir.
podem ser:
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 Diz-se que a sílaba é simples quando é consti-


DÍGRAFO tuída apenas por uma vogal: e, há;
 Sílaba composta é a que encerra mais de um
Não se há de confundir dígrafo com encontro fonema: ar (vogal + consoante), lei (consoante +
consonantal. Dígrafo é o emprego de 2 letras para a vogal + semivogal), vi (consoante + vogal), ou
representação gráfica de um só fonema: passo (veja: (vogal + semivogal), mas (consoante + vogal +
paço), chá (veja: xá), manhã, palha, enviar, mandar. consoante).
Há dígrafos para representar as consoantes e
vogais nasais. Os dígrafos para consoantes são os Quanto ao Número de Sílabas
seguintes, todos inseparáveis, com exceção de rr e ss, Quanto ao número de sílabas dividem-se os
sc, sç, xc: vocábulos em:
 Monossílabos. (se têm uma sílaba): é, há, mar, de,
ch chá xc exceto dê;
lh malha rr carro  Dissílabos. (se têm duas sílabas): casa, amor,
nh banha ss passo darás, você;
sc nascer qu quero
 Trissílabos. (se têm três sílabas): cadeira, átomo,
sç nasça gu guerra
rápido, cômodo;
 Polissílabos. (se têm mais de três sílabas):
fonética, satisfeito, camaradagem, hipopótamo.
5 - PROSÓDIA
ACENTUAÇÃO
Prosódia é a parte da fonética que trata da correta
acentuação e entoação dos fonemas. A preocupação Acentuação é o modo de proferir um som ou
maior da prosódia é o conhecimento da sílaba predomi- grupo de sons com mais relevo do que outros. Este
nante, chamada tônica. relevo se denomina acento.
 Diz-se que o acento é de intensidade (acento de
SÍLABA força, acento dinâmico, acento expiratório ou
icto), quando o relevo consiste no maior esforço
Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas emitido expiratório;
num só impulso expiratório. Quanto à sua constituição, a  Diz-se que o acento é musical (acento de altura
sílaba pode ser simples ou composta, e esta última ou tom), quando o relevo na elevação ou maior
aberta (ou livre) ou fechada (ou travada). altura da voz.

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O ALFABETO
O português e as demais línguas românicas, o inglês, o  O alfabeto português consta fundamentalmente
alemão, são línguas de acento de intensida- de; o latim de 23 letras: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l, m, n, o, p, q,
e o grego, por outro lado, possuem acento musical. r, s, t, u, v, x, z;
O acento de intensidade se manifesta no vocábulo  Além dessas letras há 3 que só se podem usar em
considerado isoladamente (acento frásico). casos especiais: k, w, y.

Acento de Intensidade AS LETRAS: K, W, Y


Numa palavra nem todas as sílabas são  O k é substituído por qu antes de e e i e por c
proferidas com a mesma intensidade. Em sólida, barro, antes de outra qualquer letra: breque, caqui,
poderoso, material, há uma sílaba que se sobressai às caulim, faquir, níquel, etc;
demais e, por isso, se chama tônica: sólida, casa,  Emprega-se em abreviaturas e símbolos, bem
poderoso, material. As outras sílabas se dizem átonas e como em palavras estrangeiras de uso interna-
podem estar antes (pretônicas) ou depois (postônicas) cional: K = potássio; Kr =criptônio; kg =
da tônica: quilogramas; km = quilômetro; kw = quilowatt;
po de ro so kwh = kilowatt-hora, etc;
átona átona tônica átona  O w substitui-se, em palavras portuguesas ou
pretônica pretônica - postônica aportuguesadas, por u ou v, conforme o seu valor
fonético: sanduíche, visigodo, etc;
Posição do Acento Tônico  Nos derivados vernáculos de nomes próprios
Em português, quanto à posição do acento estrangeiros, cumpre adotar as formas que estão
tônico, os vocábulos de 2 ou mais sílabas podem ser: em harmonia com a primitiva: darwinismo,
1. oxítonos – o acento tônico recai na última sílaba: wagneriano, zwinglianista, etc;
material, principal;  O y, que é substituído pelo i, ainda se emprega
2. paroxítonos – o acento recai na penúltima sílaba: em abreviaturas e como símbolo de alguns ter-
casa, poderoso, Pedro; mos técnicos e científicos: y. = ítrio; yd = jarda,
3. proparoxítonos – o acento tônico recai na etc;
antepenúltima sílaba: sólida, médico.  Nos derivados de nomes próprios estrangeiros,
devem usar-se as formas que se acham de
conformidade com a primitiva: byroniano,
6 - ORTOGRAFIA maynardina, taylorista, etc.

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A LETRA: H AS CONSOANTES: SC
 Esta letra não é propriamente consoante, mas  Elimina-se o s do grupo inicial sc, veja: celerado,
um símbolo que, em razão da etimologia e da cena, cenografia, ciência, cientista, cintilar, etc;
tradição escrita do nosso idioma, se conserva no  Os compostos dessa classe de vocábulos, quan-
princípio de várias palavras e no fim de algumas do são formados em nossa língua, são escritos
interjeições: haver, hélice, hidrogênio, hóstia, sem o s antes do c: anticientífico, contracenar,
humildade, hão, hem?, puh!, etc; etc,; mas, quando vieram já formados para o
 No interior do vocábulo, só se emprega em 2 vernáculo, conservam o s: consciência, cônscio,
casos: 1) quando faz parte do ch, do lh e do nh, imprescindível, insciente, multisciente presciên-,
que representam fonemas palatais, e 2) nos cia, prescindir, rescisão, etc.
compostos em que o segundo elemento, com h
inicial etimológico, se une ao primeiro por meio LETRAS DOBRADAS
do hífen: chave, malho, rebanho, anti-higiênico,  Escrevem-se rr e ss, quando entre vogais,
contra-haste, pré-histórico, sobre-humano, etc; representam os sons simples do r e s iniciais; e cc
 Nos compostos sem hífen, elimina-se o h do ou cç quando o primeiro soa distintamente do
segundo elemento: desarmonia, inabilitar, lobiso- segundo: carro, farra, massa, passo, convicção,
mem, reaver, etc; etc;
 No futuro do indicativo e no condicional, não se  Duplicam-se o r e o s todas as vezes que a um
usa o h no último elemento, quando há pronome elemento de composição terminado em vogal se
intercalado: amá-lo-ei, dir-se-ia, etc; segue, sem interposição do hífen, palavra come-
çada por uma daquelas letras: arritmia, altíssono,
CONSOANTES MUDAS derrogar, prerrogativa, pressentir, ressentimento,
 Não se escrevem as consoantes que se não pro- sacrossanto, etc.
ferem: asma, assinatura, ciência, diretor, ginásio,
inibir, inovação, ofício, ótimo, salmo, e não: VOGAIS NASAIS
asthma, assignatura, sciência, director gymna-,  As vogais nasais são representadas no fim dos
sio, inhibir, innovação, officio, optimo, psalmo; vocábulos por ã (ãs), im (ins), om (nos), um (uns):
 Escreve-se, porém, o s em palavras como descer, afã, cãs, folhetins, semitons, tons, zunzuns, etc.
florescer, nascer, etc., e o x em vocábulos como
exceto, excerto, etc., apesar de nem sempre se DITONGOS
pronunciarem essas consoantes.  Os ditongos orais escrevem-se com a subjuntiva i
ou u: aipo, cai, cauto, degraus, dei, fazeis, idéia,
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mausoléu, neurose, retorquiu, rói, sou, souto, vivo  A 1ª, 2ª , 3ª pessoa do singular do presente do
usufluiu, etc; conjuntivo e a 3ª pessoa do singular do
 Escrevem-se com i, e não com e, a forma verbal: imperativo dos verbos em oar escrevem-se com oe
fui, a 2ª e 3ª pessoa do singular do presente do e não oi: abençoe, amaldiçoes, perdoes, etc;
indicativo e a 2ª do singular do imperativo dos  As 3 pessoas do singular do presente do
verbos terminados em uir: aflui, fruis, retribuis, conjuntivo e a 3ª pessoa do singular do
etc; imperativo dos verbos em uar escrevem-se com
 Escrevem-se assim os ditongos nasais: ãe, ãi, ao, ue não ui: cultue, habitues, preceitue, etc.
am, em (s), õe, ui (proferido ûi): mãe, pães,
câimbra, acórdão, irmão, leãozinho, amam, bem, O USO DO APÓSTROFO
bens, devem, põe, repões, muito, etc.
 Os encontros vocálicos átonos e finais que podem Limita-se o emprego do apóstrofo nos seguintes casos:
ser pronunciados como ditongos crescentes  Indicar a supressão de uma letra ou letras no
escrevem-se da seguinte forma: ea (áurea), eo verso, por exigência da metrificação: c’roa,
(cetáceo), ia (colônia), ie (espécie), io (exímio), ao esp’rança, of’recer, ‘star, etc;
(nódoa), ua (contínua), eu (tênue), uo (tríduo), etc.  Reproduzir certas pronúncias populares: ‘tá,
‘teve, etc;
OBSERVAÇÃO
 Dispensa-se o til do ditongo nasal ui em mui e  Indicar a supressão da vogal, já consagrada pelo
muito; uso, em certas palavras compostas ligadas pela
 Com o ditongo nasal ao se escrevem os monossíla- preposição de: copo-d’água (planta, lanche),
labos, tônicos ou não, e os polissílabos oxítonos: galinha-d’água, mãe-d’água, olho-d’água, pau-
cão, dão, grão, não quão, são tão, alcorão, capitão,
cristão, então, irmão, senão, sentirão, servirão, etc;
d’água (árvore, ébrio), pau-d’arco, etc;
 Também se escrevem com o ditongo ao os substan-  Deve-se usar o apóstrofo somente nesses casos.
tivos e adjetivos paroxítonos, acentuando-se, porém,
a sílaba tônica: órfão, órgão, sótão, etc; A DIVISÃO SILÁBICA
 Nas formas verbais oxítonas se escreve am:
amaram, deveram, partiram, puseram, etc;
 Com o ditongo nasal ãe se escrevem os vocábulos A divisão de qualquer vocábulo, assinalada pelo
oxítonos e os seus derivados; e os anoxítonos hífen, em regra se faz pela soletração, e não pelos seus
primitivos grafam-se com o ditongo ãi: capitães, elementos constitutivos segundo a etimologia.
mães, pãezinhos, caibo, zãibo, etc; -Fundadas neste princípio geral, cumpre respeitar as
seguintes normas:
HIATOS

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 A consoante inicial não seguida de vogal maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro,
permanece na sílaba a que segue: cni-do-se, dez- novembro e dezembro;
ta, gno-ma, mne-mô-ni-ca, pneu-má-ti-co, etc;  Entre outros casos, veja na lousa com o professor
 No interior do vocábulo, sempre se conserva na – OK!
sílaba que a precede a consoante não seguida de
vogal: ab-di-car, ac-ne, bet-as-mi-ta, daf-ne, drac- SINAIS DE PONTUAÇÃO
ma, ét-ni-co, nup-ci-al, ob-fir-mar, op-ção, sig-ma-
tis-mo, sub-por, sub-ju-gar, etc; O Uso das Haspas ( “ )
 Não se separam os elementos dos grupos Quando a pausa coincide com o final da
consonânticos iniciais de sílabas nem os dos expressão ou sentença que se acha entre aspas, coloca-
digramas ch, lh, nh: a-blu-ção, a-bra-sar, a-che- se o competente sinal de pontuação depois delas, se
gar, fi-lho, ma-nhã, etc; encerram apenas uma parte da proposição; quando,
 O sc no interior do vocábulo biparte-se, ficando o porém, as aspas abrangem todo o período, sentença,
s numa sílaba, e o c na sílaba imediata: a-do-les- frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida
cen-te, con-va-les-cer, des-cer, ins-ci-en-te, pres- por elas:
cin-dir, res-ci-são, etc;
 As vogais idênticas e as letras cc, cç, rr e ss ”Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de segurar?
Ninguém.” (Rui Barbosa)
separam-se ficando uma na sílaba seguinte: ca-a-
tin-ga, co-or-de-nar, fri-ís-si-mo, ge-e-na, pror-ro- “Mísera, tivesse eu, aquela enorme, aquela Claridade imortal, que
gar, etc. toda a luz resume!”
“Por que não nasci eu um simples vaga-lume?” (Machado de
Assis).
EMPREGO DAS INICIAIS MAIÚSCULAS

Emprega-se letra inicial maiúscula nos seguintes casos: O Uso dos Parênteses ( ( ) )
Quando uma pausa coincide com o início da
 No começo do período, verso ou citação direta.
construção parentética, o respectivo sinal de pontuação
Disse um certo teólogo: “Estar com Cristo em
deve ficar depois dos parênteses, mas, estando a
qualquer lugar, ainda que seja no Inferno, é estar
proposição ou a frase inteira encerrada pelos parên-
no Paraíso”;
teses, dentro deles se põe a competente notação:
 Nos substantivos próprios de qualquer espécie,
exemplo: José, Maria, Brasil, Tietê, Atlântico, “Ele (Jesus) sempre foi Deus, antes, até mesmo, que
Vênus, etc; qualquer substância de vida existisse, desde a eternidade.”
 Os nomes dos meses devem escrever-se com (Pr. Marcos Emanuel)
inicial minúscula: janeiro, fevereiro, março, abril,
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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

O Uso do Travessão PAROXÍTONOS (ou graves)


Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar
palavras ou grupos de palavras que formam, pelo assim Levam acento agudo ou circunflexo os paroxíto-
dizer, uma cadeia na frase: O trajeto Mauá - Cascadura; nos terminados em:
a estrada de ferro Rio - Petrópolis; a linha aérea Brasil -  i, - is: júri, cáqui, beribéri, lápis, tênis;
Argentina; o percurso Barcas - Tijuca, etc.  us: vênus, vírus, bônus;
 r: caráter, revólver, éter;
O Uso do Ponto Final  l: útil, amável, nível, têxtil (não têxtil);
Quando o período, oração ou frase termina por  x: tórax, fênix, ônix;
abreviatura, não se coloca o ponto final adiante do  n: éden, hífen (mas: edens, hífens, sem acento);
ponto abreviativo, pois este, quando coincide com  um, - uns: médium, álbuns;
aquele, tem dupla serventia. Exemplo:  ão, - aos: órgão, órfão, órgãos, órfãos;
 ã, - ãs: órfã, ímã, órfãs, irmãs;
“O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas  ps: bíceps, fórceps.
abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras
com que se representam: V.Sª; Ilmº; Exª; etc.” (Dr. Ernesto OBSERVAÇÃO:
Carneiro Ribeiro.) Não há nome paroxítono terminado em u, o único existente
Aprovadas unanimemente na sessão de 12 de agosto até há pouco era tribu, que hoje se escreve com o: tribo, tribos.
de 1943.
JOSÉ CARLOS DE MACEDO SOARES
Presidente da Academia Brasileira de Letras PROPAROXÍTONOS (ou esdrúxulos)

REGRAS DE ACENTUAÇÃO Levam acento agudo ou circunflexo todos os


proparoxítonos: cálido, tépido, cátedra, sólido, límpido,
cômodo.
Monossílabos
Levam acento agudo ou circunflexo os monossí- CASOS ESPECIAIS
labos terminados em:  São sempre acentuados os ditongos abertos ei,
 a, - as: já, lá, vás; éu, oi: ideia, Galileia, hebreia, Coréia, céu, véu,
 e, - es: fé, lê, pés; dói, herói, constrói, apóio;
 o, - os: pó, dó, pós, sós.  Não se acentuam os encontros vocálicos fecha-
dos, com exceção de ôo: pessoa, patroa, coroa,
Vocábulos de mais de uma sílaba boa, canoa, teu, judeu, camafeu, vôo, enjôo,
perdôo, corôo;

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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

 Levam acento agudo o i e u, quando representam  Leva acento circunflexo diferencial a sílaba tônica
a segunda vogal tônica de um hiato, desde que da 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito
não formem sílaba com r, l, m, n, z ou não pôde, para distinguir-se de pode, forma da mes-
estejam seguidos de nh: saúde, viúva, saída, ma pessoa do presente do indicativo.
caído, faísca, aí, Grajaú, raiz (mas, raízes), paul,
ruim, ruins, rainha, moinho;
 Não leva acento a vogal tônica dos ditongos iu e MORFOLOGIA
ui: caiu, retribuiu, tafuis, pauis; (Terceira Parte)
 A 3ª pessoa de alguns verbos se grafa da seguinte
maneira:
1 - SUBSTANTIVO

S
3ª pessoa do singular 3ª pessoa do plural
ubstantivo é o nome com que se designamos
serem em geral: pessoas, animais e coisas. Do
Ele tem; ele vem Eles têm; eles vêm ponto de vista funcional, o substantivo é a
Ele contém; ele convém Eles contêm; eles convêm palavra que serve, privativamente, de núcleo do sujeito,
Ele crê; ele revê Eles crêem; eles revêem do objeto direto, do objeto indireto e do agente da
passiva. Qualquer palavra de outra classe que desem-
 Levam acento agudo ou circunflexo, os vocábulos penhe uma dessas funções equivalerá forçosamente a
terminados por ditongo oral átono, quer decres- um substantivo (pronome substantivo numeral ou
cente ou crescente: ágeis, devêreis, jóquei, túneis, outra palavra substantivada).
área, espontâneo, ignorância, imundície, lírio,
mágoa, régua, tênue; CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
 Leva acento agudo ou circunflexo a forma verbal
terminada em a, e, o tônicos, seguida de lo, la,
Substantivos Concretos e Abstratos
los, las: fá-lo, fá-los, move-lo-ia, sabe-lo-emos, trá-
Chamam-se concretos e os substantivos que
lo-ás;
designam os seres propriamente ditos, isto é, os nomes
 Pelo último exemplo, vemos que se o verbo estiver
de pessoas, animais, vegetais, lugares e coisas.
no futuro poderá haver 2 acentos: amá-lo-íeis, pô-
Exemplos: homem, cão, árvore, Brasil, caneta, Maria,
lo-ás, fá-lo-íamos;
gato, flor, cidade, livro, Pedro, tigre, ipê, Paris, tinteiro,
 Leva trema o u dos grupos gue, gui, que, qui, Carlos, Amazonas.
quando for pronunciado e átono: agüentar,
Dá-se o nome de ABSTRATOS aos substantivos
argüição, eloqüência, tranqüilo, freqüência; que designam ações, estados e qualidades, considera-
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rados como seres. Exemplos: beleza, bondade, juven- sem indicar gramaticalmente a multiplicidade, isto é,
tude, limpeza, firmeza, doçura, opinião, patriotismo, com uma forma de singular, consegue-se agrupar maior
velhice, largura, tristeza, inteligência, ira, otimismo, número ainda de elementos, ou seja, todos os
coragem, glória. brasileiros como um conjunto harmônico.
Além desses coletivos que exprimem um todo, há
Substantivos Próprios e Comuns na língua outros que designam:
Os substantivos podem designar a totalidade dos  Uma parte organizada de um todo, como, por
seres de uma espécie (designação genérica) ou um exemplo, regimento, batalhão, companhia (partes
indivíduo de determinada espécie (designação especí- do coletivo geral exército);
fica).  Um grupo acidental, como, por exemplo, multi-
 Quando se aplica a todos os seres de uma espécie dão, bando, bando de andorinhas, bando de sal-
ou quando designa uma abstração, o substantivo teadores, bando de ciganos;
é chamado COMUM;  Um grupo de seres de determinada espécie
 Quando se aplica a determinado indivíduo da boiada (de bois), ramaria (de ramos);
espécie, o substantivo é PRÓPRIO.  Corporações sociais, culturais e religiosas, que
não são simples agrupamentos de seres, antes
Assim, os substantivos: homem, país e cidade são representam instruções de natureza especial,
comuns, porque se empregam para nomear todos os criadas para determinado fim, como congresso,
seres e todas as coisas das respectivas classes. Pedro, congregação, concílio.
Brasil e Paris, ao contrário, são substantivos próprios,
porque se aplicam a um determinado homem, a um Vejamos agora, alguns coletivos que merecem ser
dado país e a uma certa cidade. conhecidos:
 Alcatéia – de lobos;
Substantivos Coletivos  Arquipélago – de ilhas;
Coletivos são os substantivos comuns que, no  Assembléia – de parlamentares, de membros de
singular, designam um conjunto de seres ou coisas da associações, de companhias, etc;
mesma espécie.  Banca – de examinadores;
-Comparem-se, por exemplo, estas 2 afirmações:  Banda – de músicos;
1. Oitenta milhões de brasileiros pensam assim;  Bando – de aves, de ciganos, de malfeitores, etc;
2. O povo brasileiro pensa assim.
 Cacho – de bananas, de uvas, etc;
Na primeira enuncia-se um número enorme de  Cáfila – de camelos;
brasileiros, mas representados como uma quantidade  Cambada – de caranguejos, de chaves, de
de indivíduos. Na segunda, sem indicação de número, malandros, etc;
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 Cancioneiro – conjunto de canções de poesias  Legião – de soldados, de demônios, etc;


líricas;  Magote – de pessoas, de coisas;
 Caravana – de viajantes, de peregrinos, de  Malta – de desordeiros;
estudantes, etc;  Manada – de bois, de búfalos, de elefantes;
 Cardume – de peixes;  Matilha – de cães de caça;
 Choldra – de assassinos, de malandros, de  Matula – de vadios, de desordeiros;
malfeitores;  Mó – de gente;
 Concílio – de bispos;  Molho – de chaves, de verdura;
 Conclave – de cardeais para a eleição do Papa;  Multidão – de pessoas;
 Congregação – de professores, de religiosos;  Ninhada – de pintos;
 Congresso – conjunto de deputados e senadores,  Penca – de bananas, de chaves;
reunião de especialistas em determinado ramo do  Quadrilha – de ladrões, de bandidos;
saber;  Ramalhete – de flores;
 Consistório – de cardeais, sob a presidência do  Récua – de bestas de carga, de cavalgadura;
Papa;  Rebanho – de ovelhas;
 Constelação – de estrelas;  Repertório – de peças teatrais;
 Corja – de vadios, de tratantes, de velhacos, de  Réstia – de cebolas, de alhos;
ladrões;  Roda – de pessoas;
 Côro – de anjos, de cantores;  Romanceiro – conjunto de poesias narrativas;
 Elenco – de atores;  Sínodo – de párocos;
 Esquadra – de navios de guerra;  Súcia – de velhacos, de desonestos;
 Esquadrilha – de aviões;  Talha – de lenha;
 Falange – de soldados, de anjos;  Tropa – de muares;
 Fato – de cabras;  Vara – de porcos.
 Feixe – de lenha, de capim;
 Flotilha – de navios pequenos, de aviões; FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS
 Frota – de navios mercantes, de ônibus;
 Horda – de povos selvagens nômades, de Os substantivos podem variar em NÚMERO, GÊNERO e
desordeiros, de aventureiros, de bandidos, de GRAU.
invasores;
 Junta – de bois, de médicos, de credores, de NÚMERO
examinadores;
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Quanto à flexão de Número, os substantivos Regras Especiais


podem estar: 1.Os substantivos terminados em ao formam o plural
 No singular, quando designam um ser único, ou de três maneiras:
um conjunto de seres considerados como um  A maioria muda a final ão em ões:
todo (substantivo coletivo): aluno, cão, mesa,
povo, manada, concílio; SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
 No plural, quando designam mais de um ser, ou balão balões gavião gaviões
mais de um desses conjuntos orgânicos: alunos, botão botões leão leões
cães, mesas, povos, manadas, concílios. canção canções nação nações
confissão confissões operação operações
FORMAÇÃO DO PLURAL coração corações opinião opiniões
eleição eleições questão questões
estação estações tubarão tubarões
Regra Geral fração frações vulcão vulcões
O plural dos substantivos terminados em vogal
ou ditongo forma-se acrescentando s ao singular. Veja os aumentativos:
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
mesa mesas pai pais SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
estante estantes pau paus Amigalhão amigalhões moleirão moleirões
tinteiro tinteiros lei leis bobalhão bobalhões narigão Narigões
casa casas chapéu chapéus casarão casarões paredão paredões
boné bonés camareiro camareiros chapelão chapelões pobretão pobretões
javali javalis herói heróis dramalhão dramalhões rapagão rapagões
cipó cipós boi bois espertalhão espertalhões sabichão sabichões
peru perus mãe mães facão facões vagalhão vagalhões
figurão figurões vozeirão vozeirões
Incluem-se nesta regra os substantivos termina-  Um reduzido número muda a final ão em ães:
dos em vogal nasal. Como a nasalidade das vogais /e/,
/i/, /o/ e /u/, em posição final, é representada
graficamente por m, e não se pode escrever ms, muda-
se o m em n. Assim: bem faz no plural bens; flautim faz
flautins; som faz sons; atum faz atuns. SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
alemão alemães charlatão charlatães
bastião bastiães escrivão escrivães
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cão cães guardião guardiães alazão alazães hortelão hortelãos


capelão capelães pão pães alazões hortelões
capitão capitães sacristão sacristães aldeão aldeãos rufião rufiães
catalão catalães tabelião tabeliães aldeões rufiões
aldeães sultão sultões
 Um número pequeno de oxítonos e todos os ancião anciãos sultãos
paroxítonos acrescentam simplesmente um s à anciões sultães
forma singular: anciães verão verões
castelão castelãos verãos
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL castelões vilão vilãos
cidadão cidadãos acórdão acórdãos deão deães vilões
cortesão cortesãos bênção bênçãos deões
cristão cristãos gólfão gólfãos
desvão desvãos órfão órfãos 2.Alguns substantivos, cuja vogal tônica é o o fechado,
irmão irmãos órgão órgãos além de receberem a desinência s, mudam, no plural, o
pagão pagãos sótão sótãos o fechado (ô) para o aberto (ó). Assim: corpo faz corpos,
porto, faz portos: abrolho, esforço, miolo, reforço, caroço,
OBSERVAÇÃO estorvo, olho, rogo, contorno, fogo, osso, socorro, corcovo,
 Neste grupo se incluem os monossílabos tônicos ovo, tijolo, corvo, foro, poço, despojo, fosso, porco, tojo,
chão, grão, mão e vão, que fazem no plural: destroço, imposto, jogo, povo.
chãos, mãos e vãos;
 Artesão, quando significa “artífice”, faz no plural, Note-se, porém, que muitos substantivos conser-
artesãos, no sentido de “adorno arquitetônico”, o vam no plural o o fechado do singular. Entre outros,
seu plural pode ser artesãos ou artesões; não alteram o timbre da vogal tônica: adorno, reboco,
 Para alguns substantivos finalizados em ão, não almoço, encosto, morro, repolho, bojo, engodo, namoro,
há ainda uma forma de plural definitivamente restolho, bolo, esposo, pescoço, rolo, bolso, estojo, piloto,
fixada, notando-se, porém, na linguagem corren- rosto, cachorro, ferrolho, piolho, sopro, côco, globo, polvo,
te, uma preferência sensível pela formação mais suborno, consolo, gosto, topo.
comum, em ões. Assim:
SUBSTANTIVOS TERMINADOS EM CONSOANTE
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
alão alãos ermitão ermitães  Os substantivos terminados em r, z e n formam o
alões ermitões plural acrescentando es singular: mar, mares;
alães ermitãos açúcar, acurares; colher, colheres; reitor, reitores;
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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

rapaz, rapazes; xadrez, xadrezes; raiz, raízes; Além de projétil, que é a pronúncia mais generalizada, há
cruz, cruzes; abdômen, abdômenes; cânon, na língua a variante paroxítona projétil, com o plural projéteis.
Réptil, pronúncia que postula a origem latina da palavra,
cânones; dólmen, dólmenes; líquen, líquenes; tem a variante réptil, cujo plural é, naturalmente, réptis.
 A palavra caráter no plural, caracteres, com des-
locamento do acento tônico e com permanência  Nos diminutivos formados com os sufixos Zinho e
do c que possuía de origem; zito, tanto o substantivo primitivo como o sufixo
 Os substantivos terminados em s, quando vão para o plural, desaparecendo, porém, o s do
oxítonos, formam o plural acrescentando também plural do substantivo primitivo. Assim:
es singular; quando paroxítonos, são invariáveis: 1. balãozinho – balõe (s) + zinhos = balõezinhos;
o ananás, o ananases; o português, os portugue- 2. papelzinho – papéi (s) + zinhos = papelzinhos;
ses; o revés, os reveses; o país, os países; o retrós, 3. colarzinho – colare (s) + zinhos = colarezinhos;
os retroses; o atlas, os atlas; o pires, os pires; o 4. cãozito – cãe (s) + zitos = cãezitos.
lápis, os lápis; o oásis, os oásis; o ônibus, os
ônibus; SUBSTANTIVOS DE UM SÓ NÚMERO – Plural
 Como os paroxítonos terminados em s, os poucos  Há substantivos que só se empregam no plural.
substantivos existentes finalizados em z são Assim: anais, esponsais, matinas, víveres,
invariáveis: o tórax, os tórax; o ônix, os ônix; antolhos, núpcias, copas (naipe), arredores, fastos,
 Os substantivos terminados em al, el, e ul, óculos, espadas (naipe), cãs, férias, olheiras, ouros
substituem no plural o l por is: animal, animais; (naipe), condolências, fezes pêsames, paus
papel, papéis; móvel, móveis; níquel, níqueis; farol, (naipe).
faróis; lençol, lençóis; álcool, alcoois. Excetuam-se
as palavras mal, e cônsul e, seus derivados, que SUBSTANTIVOS SÓ NO SINGULAR
fazem, respectivamente, males, cônsules e, por  Outros substantivos existem que se usam
este, procônsules, vice-cônsules; habitualmente no singular. Assim os nomes de
 Os substantivos oxítonos terminados em il, metais e os nomes abstratos: ferro, ouro, cobre, fé,
mudam o l em s: ardil, ardis; barril, barris; covil, esperança, caridade. Quando aparecem no plural
covis; funil, funis; fuzil, fuzis; projétil, projetis; têm de regra um sentido diferente. Comparem-se,
 Os substantivos paroxítonos terminados em il por exemplo, cobre (metal) a cobres (dinheiro),
substituem esta terminação por eis: fóssil, ferro (metal) a ferros (ferramentas, aparelhos).
fósseis; réptil, répteis.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS
OBSERVAÇÃO

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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

Não é fácil a formação do plural dos substantivos


compostos. Observem-se, porém, as seguintes normas,  Geralmente ambos os elementos tomam a forma
com fundamento na grafia: de plural quando o composto é constituído de 2
 Quando o substantivo composto é constituído de substantivos, ou de um substantivo e de um
palavras que se escrevem ligadamente, sem hífen, adjetivo:
forma o plural como se fosse um substantivo  carta-bilhete, cartas-bilhetes;
simples: aguardente(s), clarabóia(s), malmequer  tenente-coronel, tenentes-coronéis;
 amor-perfeito, amores-perfeitos;
(es), lobisomen(s), varapau(s) ferrovia(s), pontapé  gentil-homem, gentis-homens;
(s), vaivém(s);  água-marinha, águas-marinhas;
 Quando os termos componentes se ligam por  vitória-régia, vitórias-régias.
hífen, podem variar todos ou apenas um deles:
 couve-flor, couves-flores;
 obra-prima, obras-primas;
QUANTO AO GÊNERO
 salvo-conduto, salvos-condutos;
 grão-mestre, grão-mestres; Há 2 gêneros em português: o MASCULINO e o
 guarda-marinha, guardas-marinha; FEMININO.
 guarda-roupa, guarda-roupas.  Pertencem ao gênero masculino todos os subs-
tantivos a que se pode antepor o artigo o: o aluno,
 Quando o primeiro termo do composto é verbo ou o pão, o poema, o jabuti, o boi;
palavra invariável e o segundo substantivo ou  Pertencem ao gênero feminino todos os substan-
adjetivo, só o segundo vai para o plural: tivos a que se pode antepor o artigo a: a casa, a
 guarda-chuva, charda-chuvas;
 sempre-viva, sempre-vivas;
mão, a ema, a vida, a caixa.
 vice-presidente, vice-presidentes;
 grão-duque, grão-duques; O gênero de um substantivo não se conhece, de regra,
 bate-boca, bate-bocas; nem pela sua significação, nem pela sua terminação.
 abaixo-assinado, abaixo-assinados. -Para facilidade do aprendizado, convém, no entanto,
saber:
 Quando os termos compostos se ligam por
preposição, só o primeiro toma a forma de plural: Quanto à Significação
 chapéu-de-sol, chapéus-de-sol;
 pão-de-ló, pães-de-ló;
 pé-de-cabra, pés-de-cabra; SÃO GERALMENTE MASCULINOS
 peroba-do-campo, perobas-do-campo;
 joão-de-barro, joões-de-barro;
 mula-sem-cabeça, mulas-sem-cabeça.
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 Os nomes de homens ou de funções por eles  São masculinos os nomes terminados em o ato-
exercitadas: João, mestre, Carlos, marceneiro, no: o aluno, o livro, o lobo, o banco;
padre, rei;  São geralmente femininos os nomes terminados
 Os nomes de animais do sexo masculino: cavalo, em a átono: a aluna, a caneta, a loba, a mesa.
galo, gato, peru, cachorro;
 Os nomes de lagos, montes, oceanos, rios e ven- Excetuam-se, porém, clima, cometa, dia, fantasma,
tos, nos quais se subeentendem as palavras: mapa, planeta, telefonema e alguns outros.
lago, monte, oceano, rio e vento, que são masculi-  Dos substantivos terminados em ão, os concretos
nas: são masculinos e os abstratos, femininos: o
 o Amazonas = o rio Amazonas; agrião, o balcão, o algodão, o feijão, a educação, a
 o Atlântico = o oceano Atlãntico; produção, a opinião, a recordação.
 o Ládoga = o lago Ládoga;
 o Minuano = o vento Minuano;
 os Alpes = os montes Alpes. Excetua-se a palavra mão, que, embora concreto, é
feminino. Fora desses casos, é sempre difícil conhecer-
 Os nomes de meses e dos pontos cardeais: março se pela terminação o gênero de um dado substantivo.
findo; setembro vindouro; o Norte; o Sul;
FORMAÇÃO DO FEMININO
SÃO GERALMENTE FEMININOS
 Os nomes de mulheres ou de funções por elas Os substantivos que designam pessoas e animais
exercidas: Maria, professora, freira, rainha; costumam flexionar-se em gênero, isto é, têm geral-
 Os nomes de animais do sexo feminino: égua, mente uma forma para indicar os seres do sexo
galinha, gata, perua, cadela; masculino e outra para indicar os do sexo feminino.
 Os nomes de cidades e ilhas, nos quais se sub- Assim: homem, mulher; aluno, aluna; cidadão, cidadã;
entendem as palavras cidade e ilha, que são cantor, cantora; profeta, profetisa; bode, cabra; galo,
femininas: a antiga Ouro Preto; a Sicília; as galinha; leitão, leitoa; barão, baronesa; lebrão, lebre.
Antilhas.
Dos exemplos acima, verifica-se que a forma do
OBSERVAÇÃO feminino pode ser:
Alguns nomes de cidades, como Rio de Janeiro, Porto,  Completamente diversa da do masculino, ou seja,
Cairo, Haure, são masculinos pelas razões que falaremos proveniente de um radical distinto: bode, cabra;
adiante, ao tratarmos do emprego do ARTIGO. homem, mulher;
QUANTO A TERMINAÇÃO
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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

 Derivada do radical do masculino, mediante a  Os substantivos terminados em consoante for-


substituição ou o acréscimo de desinências: mam normalmente o feminino com o acréscimo
aluno, aluna; cantor, cantora. da desinência a. Exemplos: camponês, campo-
nesa; freguês, freguesa; leitor, leitora; pintor,
Examinemos, pois, à luz desses 2 processos, a pintora.
formação do feminino dos substantivos de nossa
língua. Regras Especiais
1.Os substantivos terminados em ão podem formar o
MASCULINOS e FEMININOS de Radicais Diferentes feminino de 3 maneiras:
Vejamos:  Mudando a final ão em oa: ermitão, ermitoa;
hortelão, horteloa; leitão, leitoa; patrão, patroa.
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO  Mudando a final ão em ã: aldeão, aldeã; castelão,
bode cabra genro nora castelã; anão, anã; cidadão, cidadã; ancião,
boi (ou touro) vaca homem mulher anciã; cirurgião, cirurgiã; anfitrião, anfitriã; corte-
cão cadela macho fêmea são, cortesã; campeão, campeã; irmão, irmã.
carneiro ovelha marido mulher
 Mudando a final ão em ona: bonachão,
cavalheiro dama padrasto madrasta
bonachona; moleirão, moleirona; comilão, comilo-
cavalo égua padrinho madrinha
compadre comadre pai mãe lona; paspalhão, paspalhona; espertalhão, esper-
frei sóror zangão abelha talhona; pobretão, pobretona; figurão, figurona;
sabichão, sabichona; folião, foliona; solteirão,
FEMININOS derivados do Radical MASCULINO solteirona.

OBSERVAÇÃO
Regras Gerais Como se vê, os substantivos que fazem o feminino em ona
 Os substantivos terminados em o átono formam são ou aumentativos ou adjetivos substantivos.
normalmente o feminino substituindo essa desi- Além dos anômalos cão e zangão, a que já nos referimos,
não seguem estes 3 processos de formação os substantivos
nência por a: gato, gata; lobo, loba; pombo,
seguintes: barão, baronesa; ladrão, ladra; perdigão, perdiz;
pomba; aluno, aluna; lebrão, lebre; sultão, sultana.
 Além das formações irregulares, que vimos, há 2.Os substantivos terminados em or formam normal-
um pequeno número de substantivos terminados mente o feminino, como dissemos, com o acréscimo da
em o, que, no feminino, substituem essa final por desinência a: pastor, pastora; remador, remadora.
desinências especiais. Assim: diácono, diaconisa;  Alguns, porém, fazem o feminino em eira. Assim:
galo, galinha; maestro, maestrina; silfo, sílfide. cantador, cantadeira; cerzidor, cerzideira;
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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

 Outros, dentre os finalizados em dor e tor, OBSERVAÇÃO


Rapariga é o feminino de rapaz mais usado em Portugal. No
mudam estas terminações em triz. Assim: ator,
Brasil, prefere-se moça em razão do valor pejorativo que, em
atriz; imperador, imperatriz. OBS: De embaixador certas regiões, adquiriu o primeiro termo.
há, convencionalmente, 2 femininos: embaixador
(a esposa de embaixador) e embaixadora (funci- SUBSTANTIVOS UNIFORMES
onária chefe de embaixada);
 Certos substantivos que designam títulos de Substantivos Epicenos
nobreza e dignidades formam com as terminações Denominam-se EPICENOS os nomes de animais
esa, essa e isa: abade, abadessa; barão, barone- que possuem um só gênero gramatical para designar
sa; conde, condessa; diácono, diaconisa; duque, um e outro sexo. Assim: a águia (e não o águia), a
duquesa; sacerdote, sacerdotisa; baleia, a borboleta, a cobra, a mosca, a onça, a pulga, a
 Os substantivos terminados em e, não incluídos sardinha, o besouro, o condor, o crocodilo, o gavião, o
entre os que acabamos de mencionar, são polvo, o rouxinol, o tatu, o tigre. Quando há necessidade
geralmente uniformes. Essa igualdade formal de especificar o sexo do animal, usa o termo: macho ou
para os dois gêneros é, como veremos adiante, fêmea.
quase que absoluta nos finalizados em nte, de
regra originários de particípios presentes e de
Substantivos Sobrecomuns
adjetivos uniformes latinos. Há, porém, um
Chamam-se SOBRECOMUNS os substantivos que
pequeno número que, à semelhança da
têm um só gênero gramatical para designar pessoas de
substituição o (masculino) por a (feminino), troca
ambos os sexos. Assim: o algoz, o apóstolo, o carrasco, o
o e por a. Assim: elefante, elefanta; governante,
cônjuge, o indivíduo, a criança, a criatura, a pessoa, a
governanta; infante, infanta; mestre, mestra;
testemunha, a vítima. Quando há necessidade de espe-
monge, monja; parente, parenta;
cificar o sexo, usa-se o termo: masculino e feminino.
 Os femininos: giganta (de gigante), hóspeda (de
hóspede) e presidenta (de presidente) têm ainda
curso restrito no idioma, pelo menos no Brasil; Substantivos Comuns de 2 Gêneros
Alguns substantivos apresentam uma só forma
 São dignos de nota os femininos dos seguintes
para os 2 gêneros, mas distinguem o masculino do
substantivos: avô, avó; cônsul, consulesa; frade,
feminino pelo gênero do artigo ou de outro determina-
freira; herói, heroína; jogral, jogralesa; maestro,
tivo acompanhante. Chamam-se COMUNS DE DOIS
maestrina; píton, pitonisa; poeta, poetisa; profeta,
GÊNEROS estes substantivos. Exemplos:
profetisa; rapaz, rapariga (ou moça); rei, rainha;
réu, ré; MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
o agente a agente o herege a herege
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o artista a artista o imigrante a imigrante compatriota; este jornalista, aquela jornalista; meu
o camarada a camarada o indígena a indígena camarada, minha camarada.
o colega a colega o intérprete a intérprete
Um pequeno número de substantivos terminados
o colegial a colegial o jovem a jovem
o cliente a cliente o jornalista a jornalista
em a existe, todavia, que só se usa no masculino por
o compatriota a compatriota o mártir a mártir designar profissão ou atividade própria do homem.
o dentista a dentista o selvagem a selvagem Assim: jesuíta, monarca, nauta, papa, patriarca, pirata,
o estudante a estudante o servente a servente heresiarca, tetrarca.
o gerente a gerente o suicida a suicida  Entre os substantivos que designam coisas,
são masculinos os terminados em ema e omã
 São COMUNS DE DOIS GÊNEROS todos os subs- que se originam de palavras gregas: anátema,
tantivos ou adjetivos substantivados terminados cinema, diadema, dilema, emblema, edema, es-
em ista: o pianista, a pianista; um anarquista, tratagema, fonema, poema, problema, sistema,
uma anarquista; entre outros; telefonema, tema, teorema, trema, diploma,
 Diz-se, indiferentemente, o personagem ou a idioma, aroma, axioma, coma;
personagem com referência ao protagonista ho-  Embora a palavra grama tenha passado ao
mem ou mulher. gênero feminino (quinhentas gramas), os seus
compostos mantêm-se no gênero masculino:
Mudança de Sentido na Mudança de Gênero um miligrama, o quilograma.
Há um certo número de substantivos cuja
significação varia com a mudança de gênero: o cabeça, Substantivo de Gênero Vacilante
a cabeça; o caixa, a caixa; o capital, a capital; o cisma, a Substantivos há em cujo emprego se nota vaci-
cisma; o corneta, a corneta; o cura, a cura; o guarda, a lação de gênero. Eis alguns, para os quais se recomen-
guarda; o guia, a guia; o lente, a lente; o língua, a língua; da a seguinte preferência:
o moral, a moral.  Gênero masculino: ágape, antílope, caudal, clã,
contralto, diabete(s), gengibre, lança-perfume,
Substantivos Masculinos terminados em a praça (soldado), sanduíche, soprano, suéter;
Vimos que, embora a final a seja de regra de-  Gênero feminino: abusão, Alcione, aluvião, áspi-
notadora do feminino, há vários masculinos com essa de, fácies, filoxera, jaçanã, juriti, omoplata orde-,
terminação: artista, camarada, colega, poeta, profeta, nança, sentinela, sucuri.
etc. Alguns destes substantivos apresentam uma forma
própria para o feminino, como poeta (poetisa) e profeta
(profetisa); a maioria, no entanto, distingue o gênero GRAU (do Substantivo)
apenas pelo determinativo empregado: o compatriota, a
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Vejamos agora como um substantivo pode apre- brutalidade, de grosseria ou de coisa desprezível. As-
sentar-se: sim: narigão, beiçorra, pratarraz, atrevidaço, porcalhão,
1. Com a sua significação normal: chapéu, boca, etc.
entre outros...; -Ressalta, pois, na maioria dos aumentativos, esse
2. Com a sua significação exagerada, ou intensifi- valor depreciativo ou pejorativo.
cada disforme ou desprezivelmente (grau aumen-
tativo): chapelão, bocarra; chapéu grande, boca Especialização de Formas
enorme; Muitas formas, originariamente aumentativas e
3. Com a sua significação atenuada, ou valorizada diminutivas, adquiriram, com o correr do tempo, signi-
afetivamente (grau diminutivo): chapelzinho, bo- ficados especiais, por vezes dissociados do sentido da
quinha; chapéu pequeno, boca minúscula. palavra derivante. Nestes casos, não se pode mais, a
rigor, falar em aumentativo ou diminutivo. São, em
Vemos, portanto, que a gradação do significado verdade, palavras em sua acepção normal.
de um substantivo se faz por 2 processos: -Assim: cartão, ferrão, florão, portão, cartilha, cavalete,
a) Sinteticamente – mediante o emprego de sufixos corpete, flautim, folhinha (calendário), lingüeta, pastilha,
especiais, que estudaremos mais adiante, assim: vidrilho.
chape-l-ão, boc-arra, chapéu-zinho, boqu-inha;
b) Analiticamente – juntando-lhe um adjetivo que EMPREGO DO SUBSTANTIVO
indique aumento ou diminuição, ou aspectos
relacionados com essas noções: chapéu grande, FUNÇÕES SINTÁTICAS DO SUBSTANTIVO
boca enorme; chapéu pequeno, boca minúscula.
O substantivo pode figurar na oração como:
VALOR DAS FORMAS AUMENTATIVAS E DIMINUTIVAS Sujeito, Predicativo, Objeto direto, Objeto indireto Com-
plemento nominal, Adjunto adverbial, Agente da passiva,
Convém ter presente que o que denominamos Apôsto e Vocativo. Vejamos por partes:
aumentativo e diminutivo nem sempre indica o aumen- a) SUJEITO: “Maria escuta, se uma folha esvoaça”;
to ou a diminuição do tamanho de um ser. Ou melhor, b) PREDICATIVO - do Sujeito: “Em tua boca serei
essas noções são expressas em geral pelas formas carícia”; “o bispo de Ceuta, não tardou a ser
analíticas, especialmente pelos adjetivos: grande e eleito arcebispo de Braga”;
pequeno, ou sinônimos, que acompanham o substan- c) PREDICATIVO – do Objeto Direto: “de toda parte,
tivo. aclamavam-no herói”;
Os sufixos aumentativos de regra emprestam ao d) PREDICATIVO – do Objeto Indireto: “Chamei-lhe
nome as idéias de desproporção, de disformidade, de em breve apenas João, logo Joãozinho”;
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e) OBJETO DIRETO: “Eu arranjo umas velinhas”; Os adjetivos referentes a cores, podem ser modifi-
f) OBJETO INDIRETO: “È o que me aborrece, não cados por um substantivo que melhor precise uma de
gosto de exageros”; suas tonalidades, um de seus matizes. Assim:
g) COMPLEMENTO NOMINAL: “A locomotiva dava a  “amarelo-canário”;
Ternura impressão de força e poder”;  “azul-petróleo”;
h) ADJUNTO ADVERBIAL: “No canal oscilava um  “verde-garrafa”;
barco”;  “roxo-batata”.
i) AGENTE DA PASSIVA: “Bati palmas meio a medo,
mas logo fui atendido pela criada”; Neste emprego o substantivo equivale a um advérbio de
j) APÔSTO: “A última pessoa que intercedeu por ele modo.
foi uma pobre senhora prima do Costa”;
k) VOCATIVO: “Aceita, menino, esses inofensivos O Substantivo como Núcleo das frases sem Ver-
divertimentos”. bo
As frases nominais, organizadas sem verbo têm o
Substantivo como Adjunto Adnominal substantivo como centro. É o que se verifica, por
1.Precedido de preposição, pode o substantivo exemplo:
formar uma locução adjetiva, que funciona como  Nas exclamações: “Ó minha amada, que olhos os
ADJUNTO ADNOMINAL. Assim: teus!”;
 “uma vontade de ferro (= férrea)”;  Nas indicações sumárias: “Évora! Ruas ermas sob
 “um menino às direitas (= correto)”; os céus, cor de violetas roxas...”;
 “uma pessoa sem entranhas (=perversa)”;  Em títulos, como: “Domingo, Flamengo e Cruzeiro
 “uma força de Hércules (=hercúlea)”. no Maracanã”; “Engarrafamento monstro em Co-
pacabana”.
2.Em função de ADJUNTO ADNOMINAL, pode
também o substantivo referir-se diretamente a outro 2 - ADJETIVO
substantivo. Comparem-se expressões do tipo:
 “um riso canalha”; djetivo é a palavra que acompanha o substantivo
 “um ar província”;
 “uma recepção monstro”;
 “uma atitude povo”.
A ou a ele se refere, determinando-o ou qualifican-
do-o; que se junta. Logo é a expressão modifica-
dora que denota qualidade, condição ou estado de um
ser:
Substantivo - Caracterizador de Adjetivo
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“Oceano terrível, mar imenso “A vida é combate


De vagas procelosas que se enrolam Que os fracos abate,
Floridas rebentando em branca espuma Que os fortes, os bravos,
Num pólo e noutro pólo” (G. Dias). Só pode exaltar” (G. Dias).

Locução adjetiva – é a expressão formada de Flexões do Adjetivo


preposição + substantivo com valor de um adjetivo: Como o substantivo, o adjetivo pode variar em
número, gênero e grau.
Homem de coragem = homem corajoso;
Livro sem capa = Livro desencapado; NÚMERO DO ADJETIVO (singular e plural)
“Era uma noite medonha,
Sem estrelas, sem luar” (G. Dias). O adjetivo acompanha o número do substantivo a
que se refere: aluno estudioso; alunos estudiosos; Os
Note-se que nem sempre encontramos um adjetivo de adjetivos, portanto, conhece os dois números que vimos
sentido perfeitamente idêntico ao de locução adjetiva: no substantivo: o singular e o plural.
“Colega de turma”. Os adjetivos se aplicam as mesmas regras de
plural dos substantivos. Quanto aos adjetivos compos-
Adjetivo Explicativo e Restritivo tos, lembraremos que normalmente só o último varia:
O adjetivo pode ser explicativo ou restritivo. amizades luso-brasileiras, reuniões litero musicais..
 EXPLICATIVO: É o que designa uma qualidade, Variam ambos os elementos, entre outros
condição ou estado essencial ao ser: Homem exemplos: surdo-mudo; verde-claro; verde escuro, verde-
mortal – Água mole – Gelo frio; gaio; surdos-mudos, verdes-claros, verdes-escuros,
 RESTRITIVO: O que designa qualidade, condição verdes-gaios.
ou estado acidental ao ser: Homem bom – Água
morna – Gelo pequeno. GÊNERO DO ADJETIVO (masculino e feminino)

Substantivação do Adjetivo O adjetivo concorda também em gênero com o


Certos adjetivos são empregados sem qualquer substantivo a que se refere. Conhece, assim, os gêneros
referência a nomes expressos como verdadeiros adjeti- comuns ao substantivo: masculino e feminino.
vos. A esta passagem de adjetivos a substantivos
chama-se substantivação: Formação do feminino dos adjetivos (uniformes e biformes)

Os adjetivos uniformes são os que apresentam


uma só forma para acompanhar substantivos mascu-
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linos e femininos. Geralmente estes uniformes termi- Há três graus na qualidade expressa pelo
nam em a, e, l, m, r, s e z: adjetivo: positivo, comparativo e superlativo.
 povo lusíada – nação lusíada;
 breve exame – breve prova; O Grau Positivo (qualidade)
 trabalho útil – ação útil; O positivo enuncia simplesmente a qualidade: “o
 objeto ruim – coisa ruim; rapaz é cuidadoso”.
 estabelecimento modelar – escola modelar;
 homem audaz – mulher audaz; O Grau Comparativo (igual, maior, menor)
 conto simples – história simples O comparativo compara qualidade entre dois ou
mais seres estabelecendo:
Exceções principais: andaluz, andaluza; bom, boa; a) Uma igualdade: “o rapaz é tão cuidadoso quanto
chim, china; espanhol, espanhola. (ou como) os outros”.;
b) Uma superioridade: “o rapaz é mais cuidadoso
Quanto aos biformes, isto é, que têm uma forma que (ou do que) os outros”.;
para o masculino e outra para o feminino, os adjetivos c) Uma inferioridade: “o rapaz é menos cuidadoso
seguem de perto as mesmas regras que apontamos que (ou do que) os outros”.
para os substantivos. Lembraremos aqui apenas os
casos principais: O Grau Superlativo
a) Os terminados em ês, or e u acrescentam no
O superlativo pode:
feminino um a, na maioria das vezes. Assim:
a) Ressaltar, com vantagem ou desvantagem, a
chinês, chinesa; lutador, lutadora; cru, crua.
qualidade do ser em relação a outros seres: “o
Exceções: cortês, descortês, montês e pedrês são
rapaz é o mais cuidadoso dos (ou dentre os)
invariáveis, ou seja, não mudam;
pretendentes ao emprego”; “O rapaz é o menos
b) Os terminados em eu passam, no feminino, para
cuidadoso dos pretendentes”;
éia: europeu, européia; ateu, atéia. Exceções:
b) Indicar que a qualidade do ser ultrapassa a noção
judeu, judia; sandeu, sandia; tabaréu, tabaroa;
comum que temos dessa mesma qualidade: “O
réu, ré;
rapaz é muito cuidadoso”; “O rapaz é cuidadosís-
c) Alguns adjetivos também, no feminino, mudam a
simo”.
vogal tônica fechada o para aberta: laborioso,
laboriosa; disposto, disposta.
NOTAS IMPORTANTES
1. No primeiro caso, a qualidade é ressaltada em
GRAU DO ADJETIVO
relação ou comparação com os outros pretenden-
tes. Diz-se que o superlativo é relativo;
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2. Forma-se o superlativo relativo com a intercala- a) Os terminados em a, e, o perdem essas vogais:


ção do adjetivo nas fórmulas o mais... de (ou cuidadosa, cuidadosíssima; elegante, elegantíssi-
dentre), o menos... de (ou dentre); mo; cuidadoso, cuidadosíssimo;
3. No segundo caso, a superioridade é ressaltada b) Os terminados em vel mudam para bil: terrível,
sem nenhuma relação com outros seres. Diz-se terribilíssimo; amável, amabilíssimo;
que o superlativo é absoluto ou intensivo; c) Os terminados em m e ão passam respectiva-
4. O superlativo absoluto pode ser analítico ou mente a n e an: comum, comuníssimo; são,
sintético. Forma-se o analítico com a anteposição saníssimo;
de palavra intensiva (muito, extremamente, extra- d) Os terminados em z passam esta consoante para
ordinariamente, etc.) ao adjetivo: muito cuidado- c: feroz, ferocíssimo; sagaz, sagacíssimo;
so. O sintético é obtido por meio do sufixo
íssimo (ou outro de valor intensivo) acrescido ao AFORA estes casos, outros há onde os superlativos se
adjetivo no grau positivo: cuidadosíssimo; prendem às formas latinas. As outras formas são
5. Quanto ao sentido, cuidadosíssimo diz mais, é chamadas de formas populares (humílimo; humil-
mais enfático do que muito cuidadoso. Na língua- díssimo). Veja os mais freqüentes (latinas):
gem coloquial, se desejamos que o superlativo  Amargo – amaríssimo;
absoluto analítico seja mais enfático, costuma-  Amigo – amicíssimo;
mos repetir a palavra intensiva: “Ele é muito mais  Antigo – antiqüíssimo;
cuidadoso”;  Áspero – aspérrimo;
6. O meio termo entre estes dois superlativos: muito  Benéfico – beneficentíssimo (não existe a palavra
cuidadoso e cuidadosíssimo, é obtido com a beneficiente);
fórmula mais do que cuidadoso:  Benévolo – benevolentíssimo;
“Estas e outras argüições, complicadas com os  Célebre – celebérrimo;
procedimentos mais do que ásperos da expulsão do  Célere – celérrimo;
coleitor Castracani em 1639, não concorreram  Cristão – cristianíssimo;
pouco para alienar de todo o ânimo das popula-
ções...”  Cruel – crudelíssimo;
(R. da Silva, História Portuguesa, pg 75).  Difícil – dificílimo;
 Doce – dulcíssimo;
Alterações Gráficas no Superlativo Absoluto  Fiel – fidelíssimo;
Ao receber o sufixo intensivo, o adjetivo no grau  Frio – frigidíssimo;
positivo pode sofrer certas modificações:  Geral – generalíssimo;
 Honorífico – honorificentíssimo;
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 Humilde – humílimo;
Positivo Comparativo de SUPERLATIVO
 Incrível – incredibilíssimo; superioridade
 Inimigo – inimicíssimo;
 Íntegro – integérrimo; Absoluto Relativo
 Livre – libérrimo; bom melhor ótimo o melhor
mau pior péssimo o pior
 Magnífico – magnificentíssimo; grande maior máximo o maior
 Magro – macérrimo; pequeno menor mínimo o menor
 Malédico – maledicentíssimo;
 Maléfico – maleficentíssimo; NOTAS IMPORTANTES
 Malévolo – malevolentíssimo; 1. Não se diz mais bom, nem mais grande, em vez
 Mísero – misérrimo; de melhor e maior; mas podem ocorrer mais
 Miúdo – minutíssimo; pequeno, o mais pequeno, mais mau, por menor, o
 Negro – nigérrimo; menor, pior;
 Nobre – nobilíssimo; 2. Ao lado dos superlativos o maior, o menor,
 Parco – parcíssimo; figuram ainda o máximo e o mínimo que se
 Pessoal – personalíssimo; aplicam a idéias abstratas e aparecem ainda em
expressões científicas, como: a temperatura
 Pobre – paupérrimo;
máxima, a temperatura mínima, máximo divisor
 Prodígio – prodigalíssimo;
comum, mínimo múltiplo comum, nota máxima,
 Provável – probabilíssimo;
nota mínima;
 Público – publicíssimo; 3. Em lugar de mais alto e mais baixo, usam-se os
 Sábio – sapientíssimo; comparativos superior e inferior; por o mais alto e
 Sagrado – sacratíssimo; o mais baixo, podemos empregar os superlativos
 Salubre – salubérrimo; o supremo ou o sumo, e o íntimo;
 São – saníssimo; 4. Comparando-se duas qualidades, ou ações,
 Simples – simplicíssimo; empregam-se mais bom, mais mau, mais gran-
 Soberbo – superbíssimo; de e mais pequeno em vez de melhor, pior,
 Tenaz – tenacíssimo; maior, menor: “É mais bom do que mau (e não: é
 Tétrico – tetérrimo melhor do que mau)”; “A escola é mais grande do
que pequena”; “Escreveu mais bem do que mal”;
Comparativos e superlativos irregulares “Ele é mais bom do que inteligente”;
Afastam-se dos demais na sua formação de 5. Por fim, assinalemos que depois dos comparati-
comparativo e superlativo os adjetivos seguintes: vos em or (superior, inferior, posterior, ulterior)
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se usa a preposição a: “superior a ti”; “inferior ao  “Blusa amarelilha”;


livro”; “anterior a nós”.  “Garota bonitinha”;
 “É bem feiozinho, benza-o Deus, o tal teu amigo!”.
Repetição de Adjetivo com valor superlativo
Na linguagem coloquial, pode-se empregar, em
vez do superlativo, a repetição do mesmo adjetivo: 3 – O ARTIGO
 “O dia está belo, belo” (=belíssimo);

A
 “Ela era linda, linda” (= lindíssima). rtigo é a palavra que se antepõe aos substantivos
que designam seres determinados (o, a, os as) ou
Preferindo-se estas orações, dá-se-lhes um tom indeterminados (um, uma, uns, umas). Daí a
de voz especial, para melhor traduzir a idéia superlativa divisão dos artigos em definidos (que são o, a, os, as) e
expressa pela repetição do adjetivo. indefinidos (um, uma, uns, umas).
-Geralmente consiste na pausa demorada na vogal da Veja estes exemplos:
sílaba tônica.  “Eu quero o livro”;
 “Eu quero um livro”.
Comparações em lugar de Superlativo
Para expressarmos mais vivamente o elevado No primeiro caso, o substantivo designa um livro
grau de uma qualidade do ser, empregamos ainda determinado e conhecido, inconfundível para a pessoa
comparações que melhor traduzem a idéia superlativa: que fala ou escreve. Já no segundo, o substantivo
 “Pobre como Jó” (=paupérrimo); designa um livro qualquer dentre outros.
 “Feio como a necessidade” (=feíssimo); Precedido de artigo definido pode também o
 “Claro como água”; substantivo exprimir a espécie inteira: “O homem é
 “Escuro como breu”; mortal”. Não se trata aqui de um homem determinado,
 “Esperto como ele só”; mas, sim, uma referência ao ser humano em geral.
 “Malandro como ninguém”. Nem sempre se evidencia a oposição entre o, a,
os, as e um, uma, uns, umas, porque os artigos
Usam-se ainda certas expressões não comparativas: aparecem em construções dos mais variados valores.
“pobre de rico”; “feio a mais não poder”; “grande a -Veja outras frases:
valer”.  “Preciso ler o gibi”;
 “Nós compramos a bicicleta”;
Adjetivos Diminutivos  “Ele trouxe os materiais”;
As formas diminutivas de adjetivos podem adqui-  “Vimos as estrelas de manhã”.
rir valor de superlativos:
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caracteriza a função adjetiva de certos pronomes.


4 – PRONOME Muitas vezes, sem que tenha vindo expresso
anteriormente, dispensa-se o substantivo, como
em: “Dar o seu a seu dono” (onde ambos os

P
ronome é a expressão que designa os seres sem pronomes possessivos são adjetivos);
dar-lhes nome nem qualidade, indicando-os  Já em: “Isto é melhor que aquilo”, os pronomes
apenas como pessoa do discurso. São três as isto e aquilo não se referem a nenhum substan-
pessoas do discurso: a que fala (1ª pessoa), a com que tivo, mas fazem as vezes dele. São, por isso,
se fala (2ª pessoa) e a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pronomes substantivos.
pessoa).
Há pronomes que são apenas substantivos ou
CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES adjetivos, enquanto outros podem aparecer nas duas
funções.
Os pronomes podem ser:
1. Pessoais; A - PRONOMES PESSOAIS
2. Possessivos;
3. Demonstrativos (abarcando o artigo definido); Os pronomes pessoais designam as três pessoas
4. Indefinidos (abarcando o artigo indefinido; do discurso:
5. Interrogativos; e  1ª pessoa: EU (singular), NÓS (plural);
6. Relativos.  2ª pessoa: TU (singular), VÓS (plural);
 3ª pessoa: ELE (singular), ELES, ELAS (plural).
PRONOME SUBSTANTIVO e PRONOME ADJETIVO – O
pronome pode aparecer em referência a substantivo O plural nós indica eu mais outra ou outras
claro ou oculto: “Meu livro é melhor que o teu”. pessoas, e não eu + eu.
As formas: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas,
NOTAS IMPORTANTES que funcionam como sujeito, se dizem retas. A cada
 Meu e teu são pronomes porque dão idéia de um destes pronomes pessoais retos, corresponde um
posse em relação à pessoa do discurso: meu (1ª pronome pessoal oblíquo que funciona como comple-
pessoa, a que fala), teu (2ª pessoa, a com que se mento e pode apresentar-se em forma átona ou forma
fala). Ambos os pronomes estão em referência ao tônica.
substantivo livro que vem expresso no início, mas -Ao contrário das formas átonas, as tônicas têm sempre
se cala no fim por estar perfeitamente claro ao presas a preposição:
falante e ouvinte. Esta referência a substantivo
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Pronomes Pessoais Retos NOTA IMPORTANTE


Se a preposição é com, dizemos: comigo, contigo,
Singular: consigo, conosco, convosco, e não: com mi, com ti, etc.
 1ª pessoa: eu; Empregam-se, entretanto, com nós e com vós quando
 2ª pessoa: tu; estes pronomes tônicos vêm seguidos de: mesmos,
 3ª pessoa: ele, ela. próprios, todos, outros ou oração adjetiva.
Plural:
 1ª pessoa: nós; Pronome Oblíquo Reflexivo
 2ª pessoa: vós; É o pronome oblíquo da mesma pessoa do
 3ª pessoa: eles, elas. pronome reto, significando: a mim mesmo, a ti
mesmo, etc.: “Eu me vesti rapidamente”; “Nós nos
Pronomes Pessoais Oblíquos vestimos”; “Eles se vestiram”.

Átonos (sem preposição): Pronome Oblíquo Recíproco


 me; É representado pelos pronomes: nos, vos, se,
 te; quando traduzem a idéia de um ao outro,
 lhe, o, a, se; reciprocamente: “Nós nos cumprimentamos (um ao
 nos; outro)”; “Eles se abraçaram (um ao outro)”.
 vos;
 lhes, os, as, se. Pronome de Tratamento
Exemplos: “Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa Existem ainda formas de tratamento indireto de
preguiça”; “A melhor companhia acha-se em uma escolhida livraria”. 2ª pessoa que levam o verbo para a 3ª pessoa. São os
chamados: pronomes de tratamento.
Tônicos (com preposição): Veja:
 mim;  você, vocês (no tratamento familiar);
 ti;  o Senhor, a Senhora (no tratamento cerimonioso).
 ele, ela, si;
 nós; A estes pronomes de tratamento pertencem as
 vós; formas de reverência que consistem em nos dirigir-
 eles, elas, si. mos às pessoas pelos seus atributos ou qualidades que
Exemplos: “Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós ocupam:
mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões”; “As virtudes se
harmonizam, os vícios discordam entre si”.  Vossa Alteza – V.A., para príncipes, duques;

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 Vossa Eminência – V.Emª, para cardeais (Igreja cerimoniosa. Em ambos os casos o verbo fica na
Católica); 3ª pessoa do singular: “É verdade que a gente, às
 Vossa Excelência – V. Exª, para altas patentes vezes, tem cá as suas birras”.
militares, ministros, Presidente da República,
pessoas de alta categoria, bispos e arcebispos; B - PRONOMES POSSESSIVOS
 Vossa Magnificência – para reitores de universi-
dade; São os que indicam a posse em referência às três
 Vossa Majestade – V. M., para reis, imperadores; pessoas do discurso:
 Vossa Mercê – V. Mcê, para as pessoas de
tratamento cerimonioso (arcaico); Singular:
 Vossa Onipotência – para Deus, não se usa  1ª pessoa: meu, minha, meus, minhas;
abreviadamente;  2ª pessoa: teu, tua, teus, tuas;
 Vossa Reverendíssima – V. Rev.mª, para os  3ª pessoa: seu, sua, seus, suas.
sacerdotes (Igreja católica); Plural:
 Vossa Senhoria – V. Sª, para oficiais até coronel,  1ª pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas;
funcionários graduados, pessoas de cerimônia;  2ª pessoa: vosso, vossa, vossos, vossas;
 Vossa Santidade – uma forma de tratamento para  3ª pessoa: seu, sua, seus, suas.
com o Papa.
C – PRONOMES DEMONSTRATIVOS
NOTAS IMPORTANTES
a) Emprega-se Vossa Alteza (e demais), quando 2ª São os que indicam a posição dos seres em
pessoa, isto é, em relação a quem falamos; relação às três pessoas do discurso. Esta localização
emprega-se Sua Alteza (e demais) quando 3ª pode ser no tempo, no espaço ou no discurso:
pessoa, isto é, em relação à de quem falamos;  1ª pessoa: este, esta, isto;
b) Você, hoje usado familiarmente, é a redução da  2ª pessoa: esse, essa, isso;
forma de reverência Vossa Mercê. Caindo o  3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo.
pronome vós em desuso, só usado nas orações e
estilo solene, emprega-se vocês como o plural de Agora observe com cuidado:
tu; a) “Este livro” é o livro que está perto da pessoa que
c) O substantivo gente, precedido do artigo a e em fala;
referência a um grupo de pessoas em que se b) “Esse livro” é o livro que está longe da pessoa que
inclui a que fala, ou a está sozinha, passa a fala ou perto da pessoa com quem se fala;
pronome e se emprega fora da linguagem
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c) “Aquele livro” é o que se acha distante da 1ª e da saindo de almas cândidas e verdadeiras tais
2ª pessoa. promessas são como a moeda fiduciária...”; “É
proibido dizeres semelhantes coisas”;
Nem sempre se usam com este rigor gramatical c) Mesmo e próprio, aparecem ainda reforçando
os pronomes demonstrativos; muitas vezes interferem pronomes pessoais: “Ela mesma quis ver o
situações especiais que escapam à disciplina da gramá- problema”; “Nós próprios o dissemos”;
tica.
São ainda pronomes demonstrativos: o, mesmo, D – PRONOMES INDEFINIDOS
próprio, semelhante e tal.
O (com as variações: a, os, as) equivale a isto, São os que se aplicam à 3 pessoa quando tem
isso, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas. sentido vago ou exprimem quantidade indeterminada.
Veja estes exemplos: -Funcionam como pronomes indefinidos substantivos,
 “Não sei o que dizes”; todos invariáveis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo,
 “O que me pedes é impossível”; outrem.
 “Sigam-me os que forem brasileiros”; Veja:
 “Não o consentirei jamais”. “Ninguém mais a voz sentida
Do Trovador escutou!” (G. Dias).
NOTAS IMPORTANTES
a) O pronome o, perdido o seu valor essencialmente São pronomes indefinidos adjetivos, todos variá-
demonstrativo e posto antes de substantivo, veis, com exceção de cada: nenhum, outro (também
como adjunto, recebe o nome de artigo definido. isolado), um (também isolado), certo, qualquer (só
Assim é que a gramática, no exemplo seguinte, variável em número: quaisquer), algum, cada:
considera o primeiro os artigo definido e o  “As tiras saem-lhe das mãos, animadas e polidas.
segundo pronome demonstrativo: “Os homens de Algumas trazem poucas emendas ou nenhumas”
extraordinários talentos são ordinariamente os de (M. de Assis);
menor juízo”;  “A vida a uns, a morte confere celebridades a
b) Mesmo, próprio, semelhante e tal, têm valor outros”.
demonstrativo quando denotam identidades ou se
referem a seres e idéias já expressas anterior- Aplicam-se a quantidades indeterminadas os
mente, e valem por: esse, essa, aquele, aquela, indefinidos, todos variáveis com exceção de mais e
isso, aquilo: “Depois, como Pádua falasse ao menos: muito, mais, menos, pouco, todo, algum, tanto,
sacristão baixinho, aproximou-se deles; eu fiz a quanto, vários, diversos:
mesma coisa”; “Não paguei uns nem outros, mas
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“Mais amores e menos confiança (nunca menos!). Quem refere-se a pessoas, e é pronome
Com pouco dinheiro compraram diversos presentes. substantivo. Que refere-se a pessoas ou coisas, e é
Isto é o menos que se pode exigir.
Muito lhe devo.
pronome substantivo (com o valor de que coisa?) ou
Erraste por pouco. pronome adjetivo (com o valor de que espécie?) Qual e
Quantos não erraram neste caso!” também que, indicadores de seleção, normalmente são
pronomes adjetivos:
OBSERVAÇÃO  “Em qual livraria compraremos o presente?”;
O pronome indefinido um pode ser usado como  “Em que livraria compraremos o presente?”.
substantivo, principalmente nas locuções do tipo cada
um, qualquer um. Como adjetivo recebe o nome de Ressalta-se ainda a seleção antepondo ao subs-
artigo indefinido. tantivo no plural a expressão qual dos, qual das:
 “Em qual dos livros encontraste o exemplo?”
Locução Pronominal Indefinida
É o grupo de palavras que vale por um pronome F – PRONOMES RELATIVOS
indefinido. Eis as principais locuções: cada um, cada
qual, qualquer um, quem quer, quem quer que, o que São os que normalmente se referem a um termo
quer que, seja quem for, seja qual for, quanto quer que, o anterior chamado antecedente:
mais, alguma coisa:  “Eu sou o freguês que por último compra o
 “As verdades não parecem as mesmas a todos, jornal”.
cada um as vê em ponto diverso de perspectiva”
Os pronomes relativos são: qual, o qual (a qual, os
E – PRONOMES INTERROGATIVOS quais, as quais), cujo (cuja, cujos, cujas), que, quanto
(quanta, quantos, quantas), onde.
São pronomes indefinidos: quem, que, qual e Quem se refere a pessoas ou coisas personifica-
quanto, que se empregam nas perguntas: das e sempre aparece precedido de preposição. Que e o
 “Quem veio aqui?”; qual, se referem a pessoas ou coisas. Que e quem,
 “Que cabeça, senhora?”; funcionam como pronomes substantivos. O qual
 “Que compraste?”; aparece como substantivo ou adjetivo:
 “Qual autor desconhece?”;  “As pessoas de quem falas não vieram”;
 “Qual consideras melhor?”;  “O ônibus que esperamos está atrasado”;
 “Quantos vieram?”;  “Não são poucas as alunas que faltaram”;
 “Quantos anos tens?”  “Este é o assunto sobre o qual falará o professor”;

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 “Não vi o menino, o qual menino os colegas pro- Ordinais são os que denotam o número de ordem
curara”; dos seres numa série.
 “A casa onde moro é espaçosa”. -Veja os numerais:

1 – primeiro 50 – qüinquagésimo (...)


5 – NUMERAL 2 – segundo 60 – sexagésimo (...)
3 – terceiro 70 – septuagésimo (...)
4 – quarto 80 – octogésimo (...)

P
ara indicarmos uma quantidade exata de seres ou 5 – quinto 90 – nonagésimo (...)
objetos, ou para assinalarmos o lugar que eles 6 – sexto 100 – centésimo (...)
ocupam em determinada série, empregamos uma 7 – sétimo 200 – ducentésimo (...)
classe especial de palavras – os NUMERAIS. 8 – oitavo 300 – trecentésimo (...)
-Os NUMERAIS podem ser: 9 – nono 400 – quadringentésimo (...)
a) Cardinais; 10 – décimo 500 – qüingentésimo (...)
b) Ordinais; 11 – undécimo ou déc. 1º 600 – seiscentésimo, sexcentésimo (...)
c) Multiplicativos; e 12 – duodécimo ou déc 2º 700 – septingentésimo (...)
d) Fracionários. 13 – décimo terceiro 800 – octingentésimo (...)
14 – décimo quarto 900 – nongentésimo (...)
NUMERAIS CARDINAIS 15 – décimo quinto 1.000 – milésimo (...)
16 – décimo sexto 10.000 – dez milésimos (...)
Cardinais são os que exprimem a quantidade em 17 – décimo sétimo 100.000 – cem milésimos (...)
si mesma ou a quantidade certa dos seres. Respondem 18 – décimo oitavo 1.000.000 - milionésimo (...)
quantos? Quantas?: 19 – décimo nono 1.000.000.000 – bilionésimo (...)
 um, dois, três, quatro, cinco, etc. 20 – vigésimo
21 – vigésimo primeiro (...)
OBSERVAÇÃO
30 – trigésimo (...)
Em vez de dois, duas, podemos empregar o
40 – quadragésimo (...)
numeral dual: ambos, ambas, se os seres são nossos
conhecidos ou já foram expressos anteriormente:
OBSERVAÇÃO
 “Ambas as casas já foram alugadas”.
Último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posteri-
or, antero-posterior e outros que tais, ainda que tais,
NUMERAIS ORDINAIS ainda que exprimam posição do ser, não têm corres-
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pondência entre os numerais e por isso devem ser con-  meio, terço, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo,
siderados meros adjetivos. nono, décimo, vigésimo, centésimo, milésimo, milio-
nésimo, empregados como equivalentes de meta-
Veja agora os numerais romanos: de, terça parte, quarta parte, etc.

1–I 15 – XV 100 – C
2 – II 16 – XVI 200 – CC 6 – PREPOSIÇÃO
3 – III 17 – XVII 300 – CCC
4 – IV 18 – XVIII 400 – CD

C
5–V 19 – XIX 500 – D hama-se PREPOSIÇÕES as palavras invariáveis
6 – VI 20 – XX 600 – DC que relacionam dois termos de uma oração, de
7 – VII 21 – XXI 700 – DCC tal modo que o sentido do primeiro (antecedente)
8 – VIII 30 – XXX 800 – DCCC é explicado ou completado pelo segundo (conseqüente).
9 – IX 40 – XL 900 – CM Logo, Preposição é a expressão que, posta entre duas
10 – X 50 –L 1.000 – M outras, estabelece uma subordinação da segunda à
11 – XI 60 – LX 10.000 – X (traço em cima) primeira:
12 – XII 70 – LXX 100.000 – C (traço em cima)  “Casa de Pedro” – marca uma relação de posse;
13 – XIII 80 – LXXX 1.000.000 – M (traço em cima)  “Mesa de mármore” – marca uma relação de mate-
14 - XIV 90 - XC 1.000.000.000 – M (2 traços) ria de que uma coisa é feita;
 “Passou por aqui” – marca uma relação de lugar
por onde.
NUMERAIS MULTIPLICATIVOS Casa, mesa e passou são subordinantes ou
antecedentes; Pedro, mármore e aqui são subordinados
Multiplicativos são os que exprimem a multiplici- ou conseqüentes. O subordinante é representado por
dade dos seres. Os mais usados são: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio ou inter-
 duplo ou dobro, triplo ou tríplice, quádruplo, quín- jeição:
tuplo, sêxtuplo, séptuplo, óctuplo, nônuplo, cêntu-  Livro de histórias;
plo.  Útil a todos;
 Alguns de vós;
NUMERAIS FRACIONÁRIOS  Necessita de ajuda;
 Referentemente ao assunto;
Fracionários são os que indicam frações dos  Ai de mim!
seres:
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FORMA DAS PREPOSIÇÕES


abaixo de apesar de embaixo de para baixo de
acerca de a respeito de em cima de para cima de
Quanto à forma, as PREPOSIÇÕES podem ser: acima de atrás de em frente a para com
a) Simples, quando expressas por um só vocábulo; a despeito de através de em frente de perto de
b) Compostas (ou locuções prepositivas), quando adiante de de acordo com em lugar de por baixo de
constituídas de dois ou mais vocábulos, sendo o a fim de debaixo de em redor de por causa de
último deles uma preposição simples (geralmente além de de cima de em torno de por cima de
de). antes de defronte de em vez de por detrás de
ao lado de dentro de graças a por diante de
PREPOSIÇÕES SIMPLES ao redor de depois de junto a por entre
a par de diante de junto de por trás de1
As preposições simples são:
a com em Por (per)
ante contra entre sem SIGNIFICADO DAS PREPOSIÇÕES
após de para sob
até desde perante sobre; atrás Primeiro - A relação que se estabelece entre
pala- vras ligadas por intermédio de preposição pode
OBSERVAÇÃO implicar movimento ou não movimento; melhor
Tais preposições se denominam também essenciais, dizendo: pode exprimir um movimento ou uma situação
para se distinguirem de certas palavras que, pertencendo daí resultan- te.
normalmente a outras classes, funcionam às vezes como
preposições e, por isso, se dizem PREPOSIÇÕES ACIDEN-
Nos exemplos atrás mencionados, a idéia de
TAIS. movimento está presente em:
Assim: afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora,  “Vou a São Paulo”;
mediante, não obstante, salvo, segundo, senão, tirante,  “Todos saíram de casa”.
visto, etc.

São marcadas pela ausência de movimento as


LOCUÇÕES PREPOSITIVAS (Preposições Compostas)
relações que as proposições a, de e com estabelecem
nas seguintes frases:
Eis algumas locuções prepositivas:
 “Chegaram às duas horas”;
 “Chorava de dor”;

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 “Estive com Pedro”;


 “Concordo com você”. A PREPOSIÇÃO ( a )

Segundo – Tanto o movimento como a situação No geral ela indica:


(termo que adotaremos daqui por diante, para indicar a
falta de movimento na relação estabelecida) podem ser 1.Movimento
considerados em referência ao espaço, ao tempo e à Aproximação de um limite;
noção.
A preposição de, por exemplo, estabelece uma 2.Situação
relação: Coincidência, concomitância:
a) ESPACIAL: “Todos saíram de casa”; a) No ESPAÇO: “Do Leme ao Posto 6, a viagem é
b) TEMPORAL: “Trabalha de 8 às 8 todos os dias”; proporcionada aos recursos menores de que
c) NOCIONAL: “Chorava de dor”; “Livro de Pedro”. disponho”; “A quinhentos metros, os vossos belos
olhos desaparecem”;
VALORES DAS PREPOSIÇÕES b) No TEMPO: “À distância destes anos já mal me
lembro”; “À sobremesa, antes que ele pedisse, o
garçom trouxe a garrafa e as taças”;
Vejamos as preposições:
c) Na NOÇÃO: Andar a pé, no flanco dos motoriza-
dos, dá uma imprevista calma”; “A criada correu
 a;  em; a perguntar a tia Marina...”.
 ante;  entre;
 após;  para; A PREPOSIÇÃO ( ante )
 até;  perante;
 com;  por; A preposição ante, indica:
 contra;  sem;
 de;  sobre; 1.Situação = anterioridade, presença:
 desde  sob a) No ESPAÇO: “Arrumo os montes de autos,
 trás. detenho-me ante o rascunho de uma petição,
abro uma gaveta cheia de documentos”;
b) No TEMPO (substituída pela locução antes de):
“Antes de nós nos mesmos arvoredos, passou o
vento, quando havia vento...”;

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c) Na NOÇÃO: “Ante o reclamo, o presidente daque- A PREPOSIÇÃO ( com )


la província dirigiu-se ao ministro do império,
pedindo um lugar para o tresloucado no hospício 1.Situação = adição, associação, companhia, comuni-
de Alienados do Rio”. dade, simultaneidade, modo, meio, causa, concessão:
a) Na NOÇÃO: “Rir dos outros é sinal de pobreza de
A PREPOSIÇÃO ( após ) espírito. Deve-se rir com alguém, não de alguém,
como dizia Dickens”; “Ela é a muralha, com a
1.Situação = proximidade de um limite, posteriorida- cintura rodeada de nevoeiros, generosa e tímida,
de, conseqüência: com a sua coroa provinciana e a luva suja na
a) No ESPAÇO (usa-se também após de): “Seguiam mão descalça”; “A proposta foi recebida com
logo após do capitão-mor”; reserva”; “Com mais de setenta anos, andava a
b) No TEMPO: “Após a bênção, permanecia de pé, os pé, de preferência pelas veredas”.
olhos no altar-mor, como se rezasse ainda e era
sempre dos últimos a retirar-se”; A PREPOSIÇÃO ( contra )
c) Na NOÇÃO: “Após isto veio a renovação”.
1.Movimento = direção contrária;
A PREPOSIÇÃO ( até ) 2.Situação = oposição, hostilidade, junção, contato:
a) No ESPAÇO: “Bate contra uma pedra a água do
1.Movimento = aproximação de um limite: mar”; “As mulheres queixavam-se de que este
a) No ESPAÇO: “Correu até a esquina e teve tempo homem investira contra elas”; “Agarra o saco, e
de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao apalpa-o, e contra o peito o aperta, como para o
longo do muro”; enterrar dentro do coração”;
b) No TEMPO: “Saúde eu tenho, mas não sei se serei b) Na NOÇÃO: “Somente a Autoridade tem força
Ministro até a semana que vem”. para retirá-los, e eles se retiram protestando
contra o que representa a sua própria salvação”;
OBSERVAÇÃO Assentemos, enfim, que não há remédio, na
No português moderno, esta preposição, quando monarquia constitucional, contra a insânia do
rege substantivo acompanhado de artigo, pode vir, ou rei”; “Não era só contra os alunos que se faziam
não, seguida da preposição a: sentir os rigores de Basílio Alberto”.
“Ir ao Porto ou, com mais calor familiar, ir até ao Porto
ou até o Porto, é sempre uma festa para o duriense – A PREPOSIÇÃO ( de )
até nos casos em que a festa envolve necessidade”.

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1.Movimento = afastamento de um ponto, de um a) No ESPAÇO: “Entro na venda para comprar uns


limite; anzóis...”; “Um gato vive um pouco nas poltro-
2.Situação = origem, causa, posse: nas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua”;
a) No ESPAÇO: “O filho da velha senhora chegou da b) No TEMPO: “Tudo aconteceu em 24 horas”;
Europa esta noite”; “Da Serra das Gerais ouço a “Minha pobre alcova escura, em ela assomando
voz de meu tio”; Vinha de longe o mar...”; “Vinha à porta, se enchia da luz mais pura”;
de longe, dos confins do medo...”; c) Na NOÇÃO: “Somos muitos Severinos iguais em
b) NO TEMPO: “De um momento para outro não se tudo e na sina”; “Ninguém está pensando em
vê mais uma saia pelas ruas”; “Ir ao Arpoador, de achar gatos”.
manhã, de tarde, é quanto nos permitimos”;
c) Na NOÇÃO: “O bebê, de olhinhos tranqüilos, A PREPOSIÇÃO ( entre )
olhava sem reprovação para tudo”; “Mais do que
a sombra do teu vulto, vi o claro outrora do teu 1.Situação = posição no interior de dois limites:
riso largo”; “Cada um dos visitantes, no momento a) No ESPAÇO: “Havia duas entradas, uma para a
de sair, despedia-se dele numa voz de sussurro”. sala, ficando a porta entre quatro janelas”;
b) No TEMPO: “Todos os barcos se perdem, entre o
A PREPOSIÇÃO ( desde ) passado e o futuro”;
c) Na NOÇÃO: “– Mereço? Inquiriu ela, entre desva-
1.Momento = afastamento de um limite determinado necida e modesta”.
(intensivo de de):
a) No ESPAÇO: “Desde o extremo leste, sobre o rio, A PREPOSIÇÃO ( para )
seguindo para o norte, a cidade é cercada por
uma série de eminências”; 1.Movimento = tendência para um limite;
b) No TEMPO: “Desde o primeiro ano da escola que 2.Situação = finalidade, direção, intenção, referência,
todos me tratam de Fomenicas”. perspectiva:
a) No ESPAÇO: “Subiam para o azul os gritos da
A PREPOSIÇÃO ( em ) criançada”; “A gente agora está indo para o
mundo de verdade, arrastado para o mar”;
1.Movimento = tendência para uma posição de conta- b) No TEMPO: “-Pois sim; liquidar já? – Não, lá para
to ou interioridade; o fim do ano que vem”; “Caindo o sol, a costureira
2.Situação = posição no interior de, dentro dos limites dobrou à costura à costura, para o dia seguinte..”
de, em contato com, em cima de: c) Na NOÇÃO: “Não estava para aquelas folias até
tão tarde, disse ela...”; “Elogio indiscriminado é
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falta de respeito para quem de fato merece


elogio”; “Deram-lhe o formulário para preencher 1.Situação = negação, substração, desacompanha-
à máquina e reconhecer a firma”. mento:
a) Na NOÇÃO: “É próprio do gato sair sem pedir
A PREPOSIÇÃO ( perante ) licença, voltar sem dar satisfação”; “Vi a cidade
barroca sem enfeites se levantar”; “Então a
1.Situação = posição de anterioridade (intensivo de prima, que folheava os jornais, à toa, respondeu
ante), presença confronto: animadamente que sim; não podia viver sem a
a) NO ESPAÇO: “Renunciar de portas todas abertas, mãe”.
perante a paisagem, todas as paisagens...”;
b) Na NOÇÃO: “Que mesquinha era afinal aquela A PREPOSIÇÃO ( sob )
Ciência que tinha venerado, aquela lógica árida e
seca que fora o seu amparo perante os fenôme- 1.Situação = posição de inferioridade em relação a um
nos cruéis da vida”; limite (no sentido concreto ou no figurado):
a) No ESPAÇO: “Agachei-me com esforço, olhei sob
A PREPOSIÇÃO ( por ) – [per] os móveis;
b) No TEMPO: “Sob D. Manuel floresceram as artes e
1.Movimento = numa extensão entre limites; percur- as letras em Portugal como sob Leão X na Itália”;
so, dispersão; c) Na NOÇÃO: “Sob o aspecto faunístico, o Novo
2.Situação = durante, ao longo de, através de, por Mundo trouxe grande decepção aos seus desco-
meio de, em favor de: bridores”.
a) No ESPAÇO: ”Se for por esta rua, chego atrasado,
mas por esta outra, com tanto calor...”; “Histórias A PREPOSIÇÃO ( sobre )
de ciganos e calabreses circulavam pela região”;
b) No TEMPO: “Era o que, por muito tempo, ele 1.Situação = posição de superioridade em relação a
desejou fosse feito por Carolina”; “E pelo Natal já um limite (no sentido concreto ou no figurado); tempo
ia fazer um ano que Djanira não se confessava”; aproximado; excesso:
c) No NOÇÃO: “O trem chegou, medonho, parou por a) No ESPAÇO: “Sobre o primeiro homem Deus se
favor”; “Ama as coisas pelo prazer abstrato da apaixona”;
posse, temos pelas coisas em si ou pelo seu uso b) No TEMPO: “Sobre a madrugada, consegui conci-
voluptuoso; “Juro por Deus e pela pátria”. liá-lo [o sono]”;
c) Na NOÇÃO: “Em frases rápidas, o senhor definiu
A PREPOSIÇÃO ( sem ) bem o seu pensamento sobre o tema que apai-
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xona a nação”; “E logo choveram perguntas sobre No terceiro, aparece a palavra quando unindo
o noivo e afloraram as considerações sobre o ca- duas orações que não podem ser separadas sem que
samento”. fique alterado o sentido que expressam, pois a segunda
depende da afirmação contida na primeira.
A PREPOSIÇÃO ( trás ) As palavras invariáveis que servem para relacio-
nar duas orações ou dois termos semelhantes da
A Preposição trás, que indica situação posterior, mesma oração chamam-se CONJUNÇÕES.
arcaizou-se. Na língua atual é substituída pelas locu-  As conjunções que relacionam termos ou orações
ções atrás de e depois de; mais raramente, por sua de idêntica função gramatical têm o nome de
sinônima após. COORDENATIVAS;
O sentido originário desta preposição era “além  Denominam-se SUBORDINATIVAS as que ligam
de”, que subsiste nos compostos Trás-os-Montes e duas orações, uma das quais determina ou com-
transanteontem. pleta o sentido da outra.

Compreendendo Melhor as Diferenças


7 – CONJUNÇÃO Pode-se compreender bem a diferença entre as
conjunções coordenativas e as subordinativas pelos se-

C
guintes exemplos:
onjunção é a expressão que liga orações ou, da 1. “Estudar e trabalhar. O estudo e o trabalho”;
mesma oração, palavras que tenham o mesmo 2. “Quando tiveres estudado, descansarás. Depois
valor ou função. Segundo o Dicionário, conjun- do estudo, o descanso”.
ção é a partícula que liga duas orações ou partes coor-
denadas da mesma oração. No primeiro caso, ao passarmos da construção
Examinemos as seguintes orações: com orações para a construção com nomes, vemos que
1. “O tempo e a maré não esperam por ninguém”; a conjunção coordenativa não se altera, pois liga ele-
2. “Ouvi primeiro e falai por derradeiro”; mentos independentes.
3. “Nenhum filho é inocente, quando a sua mãe o Já no segundo, em lugar da conjunção subordi-
crê culpado”. nativa, temos uma preposição, que está a indicar a
dependência de um elemento ao outro.
No primeiro, encontramos a palavra e, que está
ligando dois termos de uma oração: o tempo e a maré. CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
No segundo, vemos a mesma palavra e, que está
ligando duas orações de sentido completo e indepen-
dente: Ouvi primeiro. Falai por derradeiro.
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As Cojunções Coordenativas dividem-se em: Aditivas; Conclusivas, que servem para ligar à anterior
Adversativas; Alternativas; Conclusivas e Explicativas. uma oração que exprime conclusão, conseqüência. São:
Vejamos: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim,
etc.:
1.Coordenativas ADITIVAS  “Ocupado com esses empreendimentos, não
Aditivas, que servem para ligar simplesmente dois alcancei a ciência de João Nogueira nem as
termos ou duas orações de idêntica função. Assim: e, tolices do Gondim. As pessoas que me lerem
nem [= e não]: terão, pois, a bondade de traduzir isto em língua-
 “Dobrou à esquerda, e avistou um conjunto de gem literária, se quiserem”;
salas iguais e sucessivas”; “Não é gulodice nem  “Ambos se despediam; ambos por igual teror.
interesse mesquinho”. Logo, tinham descoberto tudo um ao outro”.

2.Coordenativas ADVERSATIVAS 5.Coordenativas EXPLICATIVAS


Adversativas, que ligam dois termos ou duas Explicativas, que ligam duas orações, a segunda
orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, das quais justifica a idéia contida na primeira. São as
uma idéia de contraste. Assim: mas, porém, todavia, conjunções: que, porque, pois, porquanto, em exemplos
contudo, no entanto, entretanto: como:
 “A lua da tua poesia é triste, mas pura”;  “Vamos comer, Açucenaz, que estou morrendo de
 “Desta vez, porém chorou deveras; não de mágoa, fome”;
mas de raiva”.  “Era tempo, pois alguém se aproximava”.

3.Coordenativas ALTERNATIVAS NOTAS IMPORTANTES (atente bem!)


Alternativas, que ligam dois termos ou orações de
sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, Primeira – Das Conjunções Adversativas, mas
o outro não se cumpre. São as conjunções ou (repetida emprega-se no começo da oração: porém, todavia,
ou não) e, quando repetidas, ora, quer, seja, nem, etc.: contudo e as demais podem vir ora no início da oração,
 “Ou eu me retiro ou tu te afastas”; ora após um de seus termos:
 “Dez minutos gastou em passinhos ora para traz,  “O corpo ameaçava subir, mas não subia”;
ora para diante, sem assentar numa coisa defini-  “O corpo ameaçava subir, porém não subia”;
tiva”.  “O corpo ameaçava subir; não subia, porém”.

4.Coordenativas CONCLUSIVAS
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Segunda – Pois, quando Conjunção Conclusiva,


vem sempre posposta a um termo da oração a que As Conjunções Subordinativas classificam-se em:
pertence, como neste período de João Ribeiro:
 “Era, pois, um homem de grande caráter, e foi, causais proporcionais
pois, também um grande estilista”. concessivas temporais
condicionais comparativas
Terceira – Da Alternativa ou... ou costuma vir conformativas consecutivas
declarada apenas a última partícula: finais integrantes
 “...mas o hipopótamo não me entendeu ou não
me ouviu”.  As INTEGRANTES introduzem orações substanti-
vas;
Quarta – Certas Conjunções Coordenativas po-  As demais iniciam orações adverbiais.
dem assumir variados matizes significativos de acordo
com a relação que estabelecem entre os membros Saliente-se que as COMPARATIVAS e CONSECUTIVAS
(palavras ou orações) coordenados. (e às vezes as PROPORCIONAIS) introduzem orações
E, por exemplo, pode: subordinadas adverbiais, mas vem geralmente correla-
a) ter valor adversativo, como neste período de cionadas com um termo da oração principal. Veja-se o
FLORBELA ESPANCA: “Tanto tenho aprendido e que dizemos adiante.
não sei nada”; Exemplifiquemos:
b) indicar uma conseqüência, como neste exemplo
de ADONIAS FILHO: “Qualquer movimento, e será 1.Subordinativas CAUSAIS
um homem morto”; Causais (iniciam uma oração subordinada deno-
c) introduzir uma explicação enfática, como no tadora de causa): porque, pois, porquanto, como [=
passo machadiano: “Você ignora que quem os porque], pois que, por isso que, já que, uma vez que,
cose sou eu, e muito eu?”. visto que, visto como, que, etc.:
Ou, além de exprimir uma alternativa, ou exclusão,  “Trabalho inútil, pois a pessoa da voz devia estar
pode ter, por exemplo, valor explicativo, equivalente a ali por perto”;
ou melhor, isto é:  “Como o mundo não pára, a Igreja também vai
 “Esta atitude não assumi eu, ou me esqueci de marchando”.
assumi-la”.
2.Subordinativas CONCESSIVAS
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
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Concessivas (iniciam uma oração subordinada 5.Subordinativas FINAIS


em que se admite um fato contrário à ação principal, Finais (iniciam uma oração subordinada que
mas incapaz de impedi-la): embora, conquanto, ainda indica a finalidade da oração principal): para que, a fim
que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por de que, porque [= para que]:
mais que, por menos que, apesar de que, nem que, que,  “Tira essa venda, para que aos horrores possas
etc.: fugir...”;
 “Ainda que alguma [vingança] fosse possível, não  “Ele trabalhava só e às escondidas, a fim de que
seria digna de nós...”; ninguém pudesse participar dos lucros que a sua
 “É todo graça, embora as pernas não ajudem...”. indústria havia de dar, por certo”.

3.Subordinativas CONDICIONAIS 6.Subordinativas PROPORCIONAIS


Condicionais (iniciam uma oração subordinada Proporcionais (iniciam uma oração subordinada
em que se indica uma hipótese ou uma condição em que se menciona um fato realizado ou para reslizar-
necessária para que seja realizado ou não o fato se simultaneamente com o da oração principal): à
principal): se, caso, contanto que, salvo se, sem que [= medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto,
se não], dado que, desde que, a menos que, a não ser quanto mais...mais, quanto mais... tanto mais, quanto
que, etc.: mais... menos, quanto mais... tanto menos, quanto
 “Era a nossa sorte amar-nos; se assim não fora, menos... menos, quanto menos... tanto menos, quanto
como explicaríamos a valsa e o resto?”; menos... mais, quanto menos... tanto mais:
 “Perfeita também seria a ventura de Belinha,  “O vento de leste, o gerador da seca, à proporção
caso o marido não existisse”. que o dia crescia, aumentava de intensidade”;
 “Duas ou três funcionárias aproximaram-se,
4.Subordinativas CONFORMATIVAS enquanto o servidor que fizera a pergunta,
Conformativas (iniciam uma oração subordinada encabulado, ia dando o fora”.
em que se exprime a conformidade de um pensamento
com o da oração principal): conforme, como [=confor- 7.Subordinativas TEMPORAIS
me], segundo, consoante, etc.: Temporais (iniciam um oração subordinada indi-
 “Conforme declarei, Madalena possuía um exce- cadora de circunstância de tempo): quando, antes que,
lente coração”; depois que, até que, logo que, sempre que, assim que,
 “Exteriormente era modesto, segundo convém desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas,
aos sabedores”. mal, que [= desde que], etc.:

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 “Tio Cosme vivia com minha mãe, desde que ela INDIRETO, PREDICATIVO, COMPLEMENTO NOMINAL ou
enviuvou”; APÔSTO de outra oração): que e se.:
 “Há de sarar mal surja o dia”.  “Tenho certeza de que gosta de mim”;
 “Pediram-me que definisse o Arpoador”.
8.Subordinativas COMPARATIVAS
Quando o verbo exprime incerteza, usa-se se. Por
Comparativas (iniciam uma oração que encerra o
exemplo:
segundo membro de uma comparação, de um confron-
a) Numa dúvida: “Ninguém sabia se estava ferido ou
to): que, do que [depois de mais, menos, maior, menor,
se ferira alguém”;
melhor e pior], qual [depois de tal], quanto [depois de
b) Numa interrogação indireta: “Pergunto a Deus se
tanto], como, assim como, bem como:
estou viva, se estou sonhando ou acordada”.
 “Unidas, bem como as penas das duas asas
pequenas de um passarinho do céu... como um
NOTAS IMPORTANTES
casal de rolinhas, como a tribo de andorianhas
Algumas conjunções, como: que, se, como, etc.,
da tarde no frouxo véu”;
podem pertencer a mais de uma classe. É necessário,
 “A ambição sujeita os homens a maior servilismo portanto, PRESTAR A MÁXIMA ATENÇÃO ao significado
do que a fome e a pobreza”. que têm no texto para classificá-las com acerto.
Como vimos, há numerosas conjunções formadas
9.Subordinativas CONSECUTIVAS da partícula que antecedida de advérbios, de preposi-
Consecutivas (iniciam uma oração na qual se ções e de particípios: desde que, antes que, já que, até
indica a conseqüência do que foi declarado na anterior): que, sem que, dado que, posto que, visto que, etc. São as
que [combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou chamadas LOCUÇÕES CONJUNTIVAS.
tamanho, presentes ou latentes na oração anterior], de
forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que,
etc.: 8 – INTERJEIÇÃO
 “Foi tão ágil e rápido a saída que Jandira

I
achou graça”;
nterjeição é uma espécie de grito com que
 “O frio é tanto, é tamanho que a pena cai-
traduzimos de modo vivo nossas emoções. A mesma
me da mão...”.
reação emotiva pode ser expressa por mais de uma
interjeição. Inversamente, uma só interjeição pode
10.Subordinativas INTEGRANTES corresponder a sentimentos variados e, até, opostos. O
Integrantes (servem para introduzir oração que valor de cada forma interjectiva depende
funciona como, SUJEITO, OBJETO DIRETO, OBJETO fundamentalmente do contexto e da entoação.
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FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

A
dvérbio é a expressão modificadora que denota
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERJEIÇÕES uma circunstância (de lugar, de tempo, de
intensidade, condição, etc). De acordo com o
Classificam-se as INTERJEIÇÕES segundo o Dicionário, advérbio é uma palavra que modifica um
sentimento que denotam. Entre as mais usadas, pode- verbo, um adjetivo ou outro advérbio, exprimindo cir-
mos enumerar as: cunstância de tempo, lugar, etc.
a) de ALEGRIA: ah!, oh!;
Comparemos estes exemplos:
b) de ANIMAÇÃO: avante!, coragem!, eia!, vamos!;
 “O navio chegou”;
c) de APLAUSO: bis!, bem!, bravo!, viva!;
d) de DESEJO: oh!, oxalá!;  “O navio chegou ontem”.
e) de DOR: ai!, ui!; A palavra ontem acrescentou ao verbo chegou
f) de ESPANTO: ou SURPRESA: ah!, chi!, ih!, oh!, uma circunstância de tempo: ontem é um advérbio.
ué!; Veja ainda estes:
g) de IMPACIÊNCIA: hum!, hem!;  “Paulo jogou”;
h) de INVOCAÇÃO: alô!, oi!, olá!, psiu!, psit!;  “Paulo jogou bem”.
i) de SILÊNCIO: psiu!; silêncio!; A palavra bem modificou a ação de Paulo, expres-
j) de SUSPENSÃO: alto!; basta!, alto lá!; sa pelo verbo jogou: bem, aqui é um advérbio.
k) de TERROR: ui!; uh!.
Veja estes outros dois:
NOTAS IMPORTANTES  “Paulo jogou bem”;
Além de interjeições expressas por um só  “Paulo jogou muito bem”.
vocábulo, há outras formadas por grupos de duas ou A palavra muito intensificou o sentido do advér-
mais palavras. São as LOCUÇÕES INTERJECTIVAS. bio bem: muito, aqui, é um advérbio.
Exemplos: ai de mim!, ora bolas!, raios te partam!,
valha-me Deus!. Veja ainda:
Na escrita, como você já deve ter percebido, as  “A moça é linda”;
interjeições vêm de regra acompanhadas do ponto de  “A moça é muito linda”.
exclamação ( ! ). A palavra muito intensificou a qualidade contida
no adjetivo linda: muito, nessa frase, é um advérbio.
Com isso entendemos que o advérbio, como já
9 – ADVÉRBIO dissemos, é uma palavra que modifica o sentido do
verbo, do adjetivo e do próprio advérbio.

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A maioria dos advérbios modificam o verbo, ao


qual acrescentam uma circunstância. Só os de INTEN- Por se empregarem nas interrogações diretas e
SIDADE é que podem também modificar adjetivos e indiretas, os seguintes advérbios:
advérbios.  de causa;
 de lugar;
CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS  de modo; e
 de tempo.
Os advérbios recebem a denominação da circuns- São chamados INTERROGATIVOS. Vejamos:
tância ou de outra idéia acessória que expressam. A
Nomenclatura Gramatical Brasileira distingue as seguin- a) de CAUSA - (por que?): “Por que não vieste à
tes espécies: festa?”; “Não sei por que não vieste à festa”;
1. Advérbios de AFIRMAÇÃO: sim, certamente, efeti- b) de LUGAR – (onde?): “Onde está o livro?”; Ignoro
vamente, realmente, etc.; onde está o livro”;
2. Advérbios de DÚVIDA: acaso, porventura, possi- c) de MODO – (como?): “Como vais de saúde?”;
velmente, provavelmente, quiçá, talvez, etc.; “Dize-me como vais de saúde”;
3. Advérbios de INTENSIDADE: assaz, bastante, d) de TEMPO – (quando?): “Quando voltas aqui?”;
bem, demais, mais, menos, pouco, quanto, quão, “Quero saber quando voltas aqui”;
tanto, tão, etc.;
4. Advérbios de LUGAR: abaixo, acima, adiante, aí, LOCUÇÕES ADVERBIAIS
além, ali, aquém, aqui, atrás, através, cá, defron-
te, dentro, detrás, fora, junto, lá, longe, onde, São expressões que têm a função dos advérbios.
perto, etc.; Iniciam ordinariamente por uma preposição: às cegas,
5. Advérbios de MODO: assim, bem, debalde, às claras, à toa, a medo, à pressa, às pressas, a pé, a
depressa, devagar, mal, melhor, pior e quase pique, a fundo, à uma, às escondidas, às tontas, às
todos os terminados em “mente”: fielmente, leve- vezes, ao acaso, de repente, de forma alguma, de cor, de
mente, etc.; improviso, de propósito, de viva voz, de súbito, de uma
6. Advérbios de NEGAÇÃO: não, negativo; assentada, de quando em quando, de vez em quando,
7. Advérbios de TEMPO: agora, ainda, amanhã, em breve, em vão, por miúdo, por atacado, em cima, por
anteontem, antes, breve, cedo, depois, então, hoje, fora, por ora, por trás, para trás (olhar para trás), de
há, jamais, logo, nunca, ontem, outrora, sempre, perto, sem dúvida, com certeza, por certo, por um triz, o
tarde, etc. mas das vezes (ou as mais das vezes, ou ainda, às mais
das vezes), passo a passo, lado a lado, vez por outra,
ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS etc..
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 Quando ocorrem dois ou mais advérbios em


GRAUS DOS ADVÉRBIOS “mente”, em geral sufixamos apenas o último:
 “O aluno respondeu calma e respeitosamente”.
Certos advérbios de: modo, tempo, lugar e intensi-
dade são, à semelhança dos adjetivos, suscetíveis de
gradação, conforme se vê: PALAVRAS E LOCUÇÕES NÃO
CLASSIFICADAS
1.Comparativo de:
 Igualdade: tão longe, tão rapidamente como; De acordo com a nomenclatura gramatical brasi-
 Superioridade: leira, serão classificadas à parte certas palavras e
 Analítico: mais longe, mais rapidamente locuções, outrora consideradas advérbios, que não se
que...; enquadram em nenhuma das classes conhecidas. Tais
 Sintético: melhor, pior que...; palavras e locuções denotam:
 Inferioridade: menos longe, menos rapidamente
que... 1.Afetividade: felizmente, infelizmente:
 “Felizmente não me machuquei”.
2.Superlativo Absoluto
 Analítico: muito longe, muito rapidamente; 2.Designação: eis:
 Sintético: longíssimo, rapidissimamente, otima-  “Eis o anel que perdi”.
mente.
3.Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo,
NOTAS IMPORTANTES tirante, senão, sequer:
 Na linguagem familiar, certos advérbios assumem  “Voltaram todos, menos (ou exceto, salvo, fora)
forma diminutiva, mas com idéia de intensidade, André”.
a modo de superlativos: agorinha, cedinho,
pertinho, rentinho, juntinho, devagarinho (= muito 4.Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, ade-
devagar); mais, além disso, de mais a mais:
 Freqüentemente, empregamos adjetivos com valor  “Eu também vou. Levou-me para sua casa e
de advérbios: ainda me deu roupa e dinheiro”.
 “Ele falou claro” (=claramente);
 “Bem caros pagamos os teus deleites”;
 “Amadeu não conseguiu dormir direito”; 5.Limitação: só, apenas, somente, unicamente:
 “Foram direito ao galpão do engenheiro-chefe”.
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 “Só Deus é perfeito. Apenas um aluno teve nota


boa”.
BIBLIOGRAFIA
6.Realce: cá, lá, só, é que, sobretudo, mesmo, embora:
 “Eu cá me arranjo! Você é que não se mexe! É
isso mesmo! Veja só! Vá embora!”.

7.Refificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes:


 “Venha ao meio-dia, ou melhor, venha já”;
 “Aquele casal era japonês, aliás filhos de japone-
CEGALA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática
ses”;
da Língua Portuguesa, Editora Nacional, 1990;
 “Finda a saudação cortês, o cavalo calou-se, isto
é, recolheu o movimento do rabo”. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portugue-
sa, Editora Nacional, 33ª edição, 1989;
8.Explanação: isto é, a saber, por exemplo:
 “Os elementos do mundo físico são quatro, a CUNHA, Celso. Gramática do Português Contempo-
saber: terra, fogo, água e ar”. râneo, Editora Bernardo Álvares S.A, 3ª edição,
1972;
E aqui, concluímos a primeira parte da Matéria,
onde denominamos de: LINGUA PORTUGESA I. BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário Escolar
da Língua Portuguesa, FAE, 11 ª edição, 1986;

Elaboração: Faculdade FAETESP Elaboração: Faculdade FAETESP


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Declaração Doutrinária – Cremos...


Licença de Uso
A Faculdade de Educação Teológica do Espírito - FAETESP,
professa sua Fé Pentecostal alicerçada fundamentalmente no
que se segue:
Todos os Direitos são reservados. É proibida
1. Há um só Deus, poderoso, perfeito, santo e eternamente subsistente em três ( 3 ) pessoas: a reprodução total ou parcial, por quaisquer
2.
Pai, Filho e Espírito Santo;
As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamentos, são inteiramente meios ou sistemas, para distribuição, quer
inspiradas por Deus, infalíveis na sua composição original e completamente dignas de
confiança em quaisquer áreas que venham a se expressar, sendo também a autoridade final
a título gratuito ou oneroso, sem a
3.
e suprema de fé e conduta;
Jesus – o Cristo, nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, é o verdadeiro Deus e a vida
autorização prévia e por escrito.
eterna; é o único mediador entre Deus (o Pai) e o homem; somente Ele foi perfeito em
natureza, ensino e obediência;
4. Nosso Senhor ressuscitou fisicamente dentre os mortos; ascendeu aos céus, está assentado
à direita do Pai e voltará;
5. O Espírito Santo é o regenerador e santificador dos redimidos; o doador dos dons e frutos A violação dos direitos autorais
espirituais; o Consolador permanente e Guia da Igreja;
6. Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus. Através da queda de está sujeita às penalidades
Adão, a humanidade tornou-se radicalmente corrupta, distanciada de Deus e desintegrada Legais de ordem civil e
de seu coração. A necessidade premente do homem é a restauração de sua comunhão com
Deus, a qual o homem é incapaz de operar por si mesmo; Penal – Artigo 184
7. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do
Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus; Código Penal.
8. No Perdão dos pecados, na Salvação presente e perfeita e na eterna Justificação da alma
recebidos gratuitamente pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor;
9. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória
e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do
Espírito Eterno, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do Poder de Jesus Cristo;
10. No Batismo bíblico, efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou Nosso Senhor;
11. No Batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão
de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade;
12. Na atualidade dos Dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua PARE!!!
edificação conforme a sua soberana vontade;
13. A tarefa da Igreja é ensinar a todas as nações, fazendo que o Evangelho produza frutos em Reprodução é Crime!
cada aspecto da vida e do pensamento. A missão suprema da Igreja é a Salvação das almas.
Deus transforma a natureza humana, tornando-se isto então o meio para a redenção da
sociedade. CONSELHO:
14. Na Segunda vinda pré-milenar de Cristo em duas fases distintas: a primeira – invisível ao Faça um concerto com Deus.
mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; a segunda –
visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil (1000)
anos;
15. Que todos os cristãos comparecerão ante ao Tribunal de Cristo para receber a recompensa
dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra;
16. No comparecimento de todos os ímpios desde Caim ao último infiel, mesmo no Milênio
perante o Juízo Final, onde receberão a devida punição final do Todo-Poderoso;
17. Na punição eterna que sofrerá Satanás, seus demônios, a Besta, o falso profeta e todos
aqueles que rejeitaram o Filho de Deus durante a sua existência na terra., onde serão
enviados ao Lago de Fogo e enxofre e serão eternamente separados de Deus.
18. E na Vida Eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza para os infiéis.

NISSO CREMOS..
Elaboração: Faculdade FAETESP Elaboração: Faculdade FAETESP
I 103
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UMA PALAVRA DO REITOR


O CURSO É RECONHECIDO PELO MEC?

O
homem não age diretamente sobre as coisas.
No dia 15 de Março de 1999 o Conselho Nacional da Educação aprovou o
Sempre há um intermediário, um instrumento Parecer CEC 241/99 que abre jurisprudência para o reconhecimento dos
entre ele e seus atos. Isto também acontece cursos em Teologia.
quando faz ciência, quando investiga cientificamente.
NOTA:
Ora, não é possível fazer um trabalho científico, sem
conhecer os instrumentos. E estes se constituem de  È importante salientar que o parecer possui vigor para as instituições
uma série de termos e conceitos que devem ser teológicas iniciem apenas, os seus processos de regulamentação junto ao
MEC. Um detalhe muito importante é que o Parecer pode ou não se tornar
claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito Resolução ou Portaria, mas o fato dele ter sido dado, justifica a abertura
das atividades cognoscivas que nem sempre entram na do processo ao possível reconhecimento ao curso teológico;
 Existem alguns problemas que as instituições teológicas ainda enfrentam,
constituição da ciência, de processos metodológicos que o principal deles é a diretriz para o reconhecimento, (carga horária, corpo
devem ser seguidos, a fim de chegar a resultados de docente, acervo bibliotecário, etc), que até o momento não fora divulgado
pelo MEC, acredita-se que seja semelhante ao de bacharelado em filosofia
cunho científico e, finalmente, é preciso imbuir-se de nível C;
espírito científico.  O DECRETO-LEI Nº 1051/69 autoriza a validação dos estudos “aos
portadores de diploma de cursos realizados em Seminários Maiores,
Nossas possibilidades de conhecimen- Faculdades Teológicas ou instituições equivalentes de qualquer confissão
to são muitas e até, tragicamente, pe- religiosa” (Art.1º);
 “Como o ensino militar, o ensino religioso foge as limitações dos sistemas
quenas. O que Sabemos é pouquíssi- vigentes” (Par. 286/8). Tais cursos são ditos “livres”, não necessitando de
mo e, aquilo que sabemos, sabemo-lo prévia autorização para funcionamento nem de posterior reconhecimento
muitas vezes superficialmente, sem do Conselho de Educação Competente;
grande certeza. A maior parte de nosso  A jurisprudência do Conselho Federal de Educação tem sido no sentido de
declarar-lhes a equivalência, de acordo com regras amplas e flexíveis, é o
conhecimento somente é provável. que se depreende da Lei 1821/53, do Decreto 34.330/53, dos pareceres
Existem certezas absolutas, incondici- do CFE, nº 279-64 (doc.31, p.69) e nº 884/65 (doc.92, p.60) e nº 3174/77
onais, mas estas são raras. (doc.204, p.17) entre outros;
 O parágrafo único do art. 7º da Lei 5.692/71 coloca o ensino Religioso
como disciplina facultativa para os alunos, devendo obrigatoriamente
Pr. Marcos Emmanuel constar dos horários normais dos estabelecimentos oficiais do ensino de 1º
BACHAREL E LICENCIADO EM LETRAS - pela e 2º Graus. Tal Lei está respaldada e enfatizada hoje pelo art. 210,
parágrafo 1º da Constituição da República Federativa do Brasil;
Universidade Guarulhos/SP  De acordo com o acima exposto e sendo a FAETESP registrada de acordo
Bacharel e Mestre em Teologia com todas as normas do país e pertencendo a uma Confissão religiosa,
Igreja Evangélica Assembléia de Deus, tem o amparo da Lei para o
Mestre em Ciências da Religião e Antigo Testamento funcionamento, quanto ao RECONHECIMENTO DO MEC, como todas as
Professor de Língua Portuguesa entidades que ministram teologia ainda está em andamento. (Processo de
Professor de Hebraico e Grego – Reitor da FAETESP Credenciamento).
Educador de Ensino Teológico.

Elaboração: Faculdade FAETESP Elaboração: Faculdade FAETESP


II III
FAETESP Língua Portuguesa I FAETESP Língua Portuguesa I

ÍNDICE

OBSERVAÇÕES GERAIS
pg 01;
FONÉTICA E FONÊMICA
pg 05
MORFOLOGIA
pg 26

Aluno
______________________________________________________
Curso ______________________
Elaboração: Faculdade FAETESP IV Elaboração: Faculdade FAETESP

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