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Ruthless

Primeira Parte do Dueto Micah & Daphne

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Staff

Disponibilização e TM – WAS

Revisão Inicial – Bunny

Revisão Final - Monex

Leitura Final – Sidriel Wings

Formatação – Sidriel Wings

Março 2022

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Sinopse

Micah Robertson

Um jogador de futebol talentoso.

Um cara que joga como ninguém.

Ele é muito cruel.

Ele não pode me querer como diz.

Porque não sou nada para ele.

Até me roubar o coração.

E agora ele tem o poder de me quebrar.

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Playlist

Forget Me (feat.Halsey) – Machine Gun Kelly, Halsey

Break My Habits – Topic

I Think I’m OKAY (with YUNGBLUD & Travis Barker) –


Machine Gun Kelly, YUNGBLUD, Travis Barker

Heartless (feat. Morgan Wallen) – Diplo, Morgan Wallen

OK Not To Be OK – Marshmello, Demi Lovato

No Promises (feat. Demi Lovato) – Cheat Codes, Demi


Lovato

Nightmare – Halsey

Bad Things (with Camila Cabello) – Machine Gun Kelly,


Camila Cabello

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Capítulo 1
Daphne

Sinceramente, estou perplexa. Receber um telefonema de manhã


solicitando minha presença no escritório do Diretor da Academia
Rosehaven antes das aulas começarem não é algo que tenha acontecido
comigo antes. E quando contei aos meus pais onde estava indo tão cedo,
eles piraram e começaram a fazer todo tipo de perguntas, para as quais
não tenho respostas porque a secretária não me deu uma única pista
sobre o que estava acontecendo. Ótima maneira de começar minha
semana.

Olá segunda-feira. Prazer em ver você de novo.

Minhas mãos seguram o volante do meu velho Honda Civic com


mais força enquanto faço a curva para entrar na propriedade da
escola. Meu estômago se retorce com raiva e minhas palmas
suam. Engraçado como estou quase entrando em pânico quando sei com
certeza que não fiz nada. Inferno, eu nunca faço nada.

Eu sou a mais nerd das garotas nerds e nem me importo que seja
rotulada dessa forma pelos meus colegas. Na verdade, tenho orgulho
disso. Eu estudo muito e tiro boas notas. É a vida de uma aluna com bolsa
acadêmica aqui na Academia Rosehaven. Quase nunca saio, a menos que
seja com Max, meu amigo mais próximo, ao cinema ou algo igualmente
tranquilo. É do meu interesse evitar todas as festas e bebedeiras e quem
sabe o que mais o resto dos meus colegas participam. Apenas uma vez no

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meu último ano até agora me dei ao trabalho de ir a um jogo de futebol, e
isso foi para apoiar minha nova amiga Scarlett. Ela não queria ir sozinha,
então Max e eu fomos com ela.

Respiro fundo quando um pensamento terrível me ocorre. Oh meu


Deus, talvez isso tenha algo a ver com aquele idiota horrível do Justin. Ele
drogou Scarlett na festa de Beau no fim de semana passado, e pelo que eu
percebi, ele tinha toda a intenção de estuprá-la. Mas eu não tinha estado
lá e não sabia de nada que pudesse ser útil, ou mesmo porque a escola
estaria perguntando. Eu só sei o que Scarlett me disse. Minha testa franze.

Scarlett contou a Max e a mim alguns dos detalhes essenciais por


mensagem de texto, depois que ela recebeu alta do hospital no
sábado. Pelo que ela me contou, seu namorado, Xander, e seu padrasto,
Sebastian, chegaram a tempo de impedir que Justin a machucasse. O pior
é o pai de Xander, Joseph, padrasto de Justin e CEO da Gray Technologies,
que encorajou a coisa toda, usando Justin como uma arma contra Scarlett
e Sebastian, que, ao que parece, é na verdade seu pai. Toda a complicada
bagunça fora em nome da vingança. Bem, isso porque Justin é apenas um
idiota doente e violento.

Então, sim, talvez tenha algo a ver com isso. Na verdade, eu não
testemunhei nada do que aconteceu com Justin, então não tenho ideia do
por quê eles iriam querer me ver sobre isso. Eu rapidamente paro no
estacionamento dos alunos e pego meu telefone, verificando se há
mensagens de texto. Talvez estejam nos chamando por algum motivo.

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Mas não há mensagens de texto dos meus amigos, nada que
indique que outra pessoa além de mim foi escolhida para um bate-papo
com o Diretor.

Respirando fundo, envio uma mensagem para Scarlett e Max em


nosso bate-papo de grupo.

Eu: Ei. Acabei de ser convocada para ver Gilmore antes da aula.

Eu: Alguma pista do que poderia ser?

Max: Hum. Não sei.

Eu: Eles não pediram para você vir?

Max: Não.

Scarlett: Eu também não. Desculpe, garota.

Eu: Você estará na escola hoje, Scar?

Scarlett: Sim. Estou bem. Mesmo.

Eu: Eu pensei que talvez fosse sobre isso.

Eu: Ugh1. Deixa pra lá.

Eu: Vou descobrir o que eles querem.

Max: Posso sentir sua ansiedade aumentando a cada palavra que


você digita.

Max: Vai ficar tudo bem, Daph. O que quer que seja.

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Palavra proveniente do inglês que remete a algo nojento ou que cause repugnância. Também remete a
situações negativas. Muito usado na escrita em redes sociais e tem o significado parecido com
‘arg/argh’.

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Deslizo o telefone no bolso do meu blazer e limpo as palmas das
mãos suadas na saia do uniforme xadrez vermelho e preto. Inalo uma
respiração profunda e calmante, em seguida, solto o ar lentamente. É
hora de descobrir isso. Puxo minha mochila no console central, colocando
no ombro e saio do carro.

Durante todo o caminho até ao prédio, minha mente se dispersa,


mergulhando em um milhão de direções diferentes. O que eles poderiam
querer?

Empurrando a porta do escritório principal, eu olho ao redor. O


lugar está praticamente deserto a essa hora da manhã. O grande balcão se
estende pela sala, mas nenhuma das secretárias normalmente sentadas
atrás dele durante o dia chegou ainda. Com um encolher de ombros,
decido espiar pela esquina porque não tenho ideia se devo ir diretamente
para o escritório do Diretor ou não.

Um breve vislumbre do corredor em direção aos escritórios dos


administradores faz meu coração saltar na minha garganta. Uma grande
figura vestida com nosso uniforme escolar está sentada curvada no banco
do lado de fora do escritório do Diretor Gilmore. Seus antebraços
descansam em suas coxas grossas, suas grandes mãos balançando entre
suas longas pernas. Sua cabeça está caída, queixo contra o peito, então
não posso ver seu rosto, mas eu reconheceria aqueles ombros largos em
qualquer lugar.

Micah Robertson.

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Ele é o talentoso Atacante2 do nosso time de futebol. Um Rosa
um da elite desta escola. Sua família ajudou a fundar a Academia
Rosehaven há três gerações. Só isso o torna intocável. Quase
invencível. Acrescente seu status de atleta e sua beleza insanamente sexy
e tudo isso se soma a uma fila constante de garotas apenas esperando que
ele as note.

Falando em ser notada, fico imóvel por vários segundos, minha


garganta se tornando cada vez mais seca, esperando que Micah não tenha
me visto aqui. Talvez possa me virar e sair, esperar do lado de fora até que
ele termine todos os negócios que tem aqui esta manhã. Porque não sou
uma daquelas garotas que espera que ele olhe na minha direção. Eu
nunca serei. Eu costumava pensar...

Deixa pra lá. Esses tipos de pensamentos não me levarão a lugar


nenhum. No ano passado, no meu primeiro dia como estudante na
Academia Rosehaven, estava quase animada em vê-lo... Mas então ele me
mostrou exatamente o que pensa de mim.

Nada. O cara praticamente olhou através de mim como se não


existisse. Ele não se lembra de mim.

Com uma rápida olhada no meu telefone, vejo que não funcionará
esperar Micah. A secretária foi muito específica quando me perguntou
para entrar às 7h30.

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O Tight End (TE) – Atacante - é uma posição ofensiva do futebol americano. O Tight End às vezes é o
último homem na linha ofensiva, mas seu biótipo e sua função em campo é bem diferente de um
jogador de OL.... O Tight End normalmente se alinha junto com os offensive tackles, adicionando assim
mais um homem na linha ofensiva.

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Olhando para os meus pés em meu par favorito de Vans, atravesso
o escritório, chego ao corredor e de alguma forma me mantenho indo.

Posso ficar bem quieta quando quero. Quando estou a cerca de


três metros de distância de Micah, sua cabeça finalmente se levanta, seu
olhar se conectando ao meu e me prendendo no lugar. Seus olhos escuros
me perfuram como se tivesse dado a ele algum motivo para estar
chateado. Um arrepio frio rola através de mim.

Demoro alguns segundos para encontrar as palavras. — Hum, o


Diretor está em seu escritório?

— Veja por si mesma, — Responde grosseiro, revirando os olhos.

Que diabos? Eu pisco, sem entender qual é o problema dele. Sinto


seus olhos nas minhas costas quando passo por ele e me aproximo da
porta para bater. Arrepios se acumulam ao longo da minha pele.

— Entre. — A voz rouca do Diretor Gilmore soa do outro lado da


porta. Com um rápido olhar de lado na direção de Micah, eu giro a
maçaneta e empurro a porta.

Meus olhos saltam do Diretor para... O Treinador do time de


futebol, o Treinador Roland. Tento melhorar minhas características, mas
tenho dificuldade em fazer isso porque agora estou realmente
perdida. Uma linha estreita se forma no meio da minha testa e o sangue
corre para minhas bochechas, fazendo minha cabeça latejar. Não tenho
nada a ver com o time de futebol. Eu até diria que tenho aversão aos
jogadores de futebol. Alguns deles estão bem, mas muitos deles se
encaixam perfeitamente em um certo estereótipo: grandes, rudes, cheios
de si, caras valentões agressivos.

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— Sente-se, por favor, Srta. Davis. Obrigado por vir esta manhã.

Abro a boca para dizer algo, mas o Diretor acena apressadamente


em direção a uma das cadeiras ao lado da sala, então eu me sento,
cruzando meus pés nos tornozelos e alisando minha saia sobre minhas
coxas.

A cabeça do Diretor Gilmore balança uma vez para o outro


homem, o que eu acho que é o sinal do Treinador Roland para... Oh,
não. Ele não vai... Por quê? Não...

A voz do Treinador Roland é forte enquanto ele fala: —


Micah. Venha aqui, por favor.

Meus olhos se arregalam e tento me esconder olhando para as


minhas mãos, que estão torcidas no colo. Sou uma pilha de nervos
em pânico e não sei como agir.

Com um metro e noventa e oitenta e cinco quilos, mais ou menos,


o grande corpo de Micah praticamente preenche o batente da porta
quando eu olho para cima para vê-lo parado lá. Eu tenho um pensamento
aleatório sobre onde diabos ele deve pedir seu blazer para encontrar um
que realmente se ajuste a ele.

Puta merda. Ele pode ver minhas mãos tremendo? Eu as aperto


com força em um esforço para disfarçar meus nervos.

— Micah, sente-se, filho. — seu Treinador aponta para a cadeira


ao meu lado.

Ele lança um olhar severo para o Treinador, balança a cabeça,


murmura para si mesmo e se aproxima para se sentar. Seus ombros

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ocupam tanto espaço que tenho que mudar minha cadeira para acomodá-
lo. É isso ou sermos esmagados juntos, braço com braço.

Luto para respirar enquanto estou presa aqui tentando colocar


algum tipo de sorriso no meu rosto enquanto o Treinador e o Diretor se
voltam para mim. É como se Micah tivesse sugado todo o ar da sala com
sua presença.

O Diretor cruza as mãos sobre a mesa enquanto estuda minha


expressão confusa. — Então, Daphne, espero que não tenhamos
estragado sua agenda esta manhã, pedindo que você venha nos ver.

Eu balanço minha cabeça. — Não, está bem. Eu só... Não tenho


ideia do que estou fazendo aqui. — Minha garganta está difícil de engolir,
mas é difícil, já que minha boca está seca.

Sua cabeça balança. — É claro, é claro. — Seu olhar desliza para


Micah por um momento, que se curvou na cadeira e cruzou os braços
sobre o peito. Suas pernas estão esparramadas na frente dele, seu corpo
roubando todo o espaço físico restante no escritório, assim como ele já
tomou todo o ar. O Diretor gesticula para ele. — Micah está tendo um
pouco de dificuldade em algumas aulas e enquanto aplaudimos sua
habilidade atlética, também esperamos que nossos atletas reflitam bem
em nossa escola. — Ele limpa a garganta. — Dito isso, quando o Treinador
Roland nos disse que um de nossos principais jogadores de futebol
precisava de ajuda, pensamos que a coisa mais fácil a fazer seria encontrar
alguém em turmas semelhantes que fosse capaz de ensiná-lo. Precisamos
que sua nota atinja um nível adequado tanto em Espanhol II quanto em
Física.

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Micah se move em seu assento, se sentando para a frente. Seus
cotovelos descansam em suas coxas e suas mãos esfregam seu cabelo
castanho curto enquanto ele suspira profundamente.

Na minha visão periférica, os músculos de seu braço se contraem e


flexionam, mal contidos por seu blazer. Todo o seu corpo está rígido com
o controle. Ele é como uma nuvem de tempestade prestes a explodir,
liberando um aguaceiro torrencial. Uma bomba prestes a explodir.

O Treinador Roland olha severamente para Micah antes de se


concentrar em mim. — Quando perguntamos por aí, descobrimos que
você foi altamente recomendada por seus professores, Daphne.

Olho para o Diretor e, em seguida, para o Treinador de


Micah. Molho meus lábios e tento engolir novamente. — Eu tenho
escolha? — minha voz está trêmula. Eu meio que odeio isso.

— Sim. — Micah se senta, sorrindo. — Eu tenho escolha?

Uau.

O Treinador Roland aperta os lábios, olhando para Micah, sua raiva


crescente evidente. Ele a abaixa antes de falar. — Se você quer manter
seu lugar na equipe, não, você não tem escolha. — Ele balança a cabeça
rapidamente. — E tenho que dizer, não gosto do seu mau
comportamento. Estamos tentando ajudá-lo.

Eu suspeito que se estivessem em campo, o Treinador de Micah


estaria bem na sua cara gritando com ele que é melhor ele aprender um
pouco de respeito e boas maneiras.

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Eu dou outra olhada pelo canto do meu olho. Meus ombros ficam
tensos imediatamente. Oh cara. Micah me deixa desconfortável
diariamente, especialmente porque tenho que ficar um pouco perto dele
agora que Scarlett está namorando um de seus melhores amigos. Mas,
vejo a energia bruta e descontente que irradia dele de uma forma que
nunca havia notado antes.

O Diretor Gilmore chama minha atenção. — Você certamente tem


uma escolha, Daphne, mas isso pode ser benéfico para você também.

Eu franzo a testa. O quê?

Ele esfrega as mãos nas calças. — Você ouvirá do seu orientador


mais tarde hoje sobre isso. — Ele olha brevemente para Micah antes de
voltar para mim. — Tenho certeza de que você prefere ter essa conversa
em particular.

Minha boca se abre e pisco antes de fechá-la novamente. — Hum,


ok... — suspiro e aceno. — Ok, eu farei isso.

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Capítulo 2

Estamos no escritório do Diretor mais tempo do que percebi


porque no momento que Micah e eu saimos, nenhum de nós muito feliz,
os corredores estão cheios de estudantes que se dirigem à sua primeira
aula do dia. Blazers pretos com logotipos rosa e as saias xadrez pretas e
vermelhas reinam supremas.

Meus pensamentos estão uma bagunça, me perguntando sobre o


que o Diretor estava falando no final da nossa conversa. Por que o
conselheiro de orientação deseja falar comigo? Minhas notas são
impecáveis. Nenhuma das minhas notas caiu abaixo de A+ neste
semestre. Minhas inscrições para a faculdade ainda não terminaram, mas
tecnicamente não devem ser feitas até 1º de janeiro. Mesmo que eu
queira me inscrever para uma aceitação antecipada por decisão em algum
lugar, ainda tenho quase um mês inteiro. Ugh. Não pode ser isso.

Com um suspiro, sigo Micah em direção à porta lateral que leva ao


corredor onde a maioria das classes do último ano estão localizadas. Ele
abre a porta e, ao passar, ela bate em uma cadeira e se fecha atrás dele.

Estou feliz por não estar seguindo mais de perto, ou teria acabado
com a porta batendo em mim. Soltando uma respiração rápida, pego a
maçaneta e saio.

Micah com suas pernas longas avança até ao corredor, e se quiser


dizer algo a ele, terei que correr para alcançá-lo. Merda. Eu realmente
tenho que dizer algo a ele? Eu sinto que... talvez devesse. Devo isso a ele,

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eu acho. Ficaria envergonhada como o inferno se fosse chamada assim
pelo meu Treinador. Pelo menos acho que ficaria. Nunca tive um
Treinador na minha vida.

Eu desço o corredor o mais rápido que posso. Demoro uns bons


trinta segundos para alcançá-lo. — Micah, — sussurro, — Posso falar com
você por um segundo?

Ele se vira para cima de mim, me forçando a derrapar e parar ou


esbarrar nele. Ele se eleva uns bons 20 centímetros acima de mim, o topo
da minha cabeça mal alcançando seu queixo. Eu inclino minha cabeça para
trás. — Eu...

Ele olha para mim, sua língua enfiada em sua bochecha. Seu olhar
é implacável. Frio. Feroz. Seus olhos dizem que sou apenas uma
camponesa e ele é um Rei. Não sou melhor do que um pedaço de papel
higiênico preso em seu sapato.

Sob seu terrível exame, sinto menos do que sou. Não sou boa o
suficiente. Minha frequência cardíaca acelera quando percebo que não
tenho certeza do que estou tentando dizer, embora eu o tenha
interrompido no meio do corredor. Cutuco a besta. E ele. Parece. Puto.

— Você o quê? — Sua mandíbula rígida quando ele cruza os braços


sobre o peito musculoso, pernas em uma posição dominante, que tenho
certeza que se destina a intimidar.

Afundo meus dentes em meu lábio para que pare de tremer e o


olho diretamente nos olhos. — Eu queria dizer que não é grande coisa.

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Suas sobrancelhas levantam, me desafiando. — O que não é
grande coisa?

— Você... Você estar precisando de ajuda. Isso é tudo. — Por que


não consigo respirar? Estou sufocando.

Ele se aproxima e abaixa a cabeça em minha direção. O hálito


mentolado de sua pasta de dente e o cheiro de seu gel de banho emanam
de sua pele e direto no meu nariz. Nenhum dos dois é desagradável. Mas
o jeito que ele está olhando para mim me dá vontade de fugir e esquecer
que já disse que o ajudaria.

Suas palavras sibilam baixinho, apenas para meus ouvidos. — Eu


não preciso de uma tutora. Apenas finja que está fazendo isso. — Seus
olhos se estreitam nos meus. Eles são como um poço profundo e escuro,
vazio de qualquer sentimento ou emoção - pelo menos nenhum que ele
queira me mostrar, de qualquer maneira.

Meu peito arfa. — Mas se você quiser jogar futebol, é importante


manter suas notas altas, Micah. — Onde está o cara que Scarlett diz ter
sido gentil com ela? Aquele que ela agora chama de amigo?

Sua cabeça se inclina para o lado conforme ele se aproxima ainda


mais, até que estamos nariz com nariz. A frente de seu blazer roça o meu
em nossa inspiração. Ele está tão perto que tenho o pensamento errado
de que se tivesse quaisquer seios, eles seriam esmagados contra seu
abdômen. Infelizmente, tenho sorte se for um tamanho P, então...

— Eu não sou um idiota de merda, Daphne. — Ele bate sua mão


enorme no armário ao nosso lado, pontuando suas palavras. Meus olhos
se arregalam enquanto recuo. — Você faria bem em se lembrar disso,

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querida. — Micah dá uma última olhada lenta para mim e, enquanto
recua, sinto seus olhos vagarem da minha cabeça aos pés, me tocando em
todos os lugares. Pego minha mochila de livros na minha frente, olhando
para ele, confusa como o inferno. Micah resmunga algo sob a respiração,
balança a cabeça e vai embora.

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Capítulo 3

Depois em espanhol, a única classe que realmente tenho com


Micah, a Señora3 Martinez tem me ajudado com grupos de estudantes
com conjugações de pretérito irregulares. Não havia alunos suficientes
interessados em fazer o curso de Espanhol V com colocação avançada,
então os orientadores acabaram me colocando neste curso de Espanhol
II. A Señora Martinez disse que funcionaria muito bem, ela me daria
trabalho para fazer sozinha para estudo independente, usaríamos o
laboratório de línguas na biblioteca para complementar o trabalho escrito
e eu realmente seria capaz de consolidar meu conhecimento de gramática
ajudando outros alunos.

Não só Micah está nesta classe, mas também algumas das vadias
animadas que deram problemas a Scarlett nas primeiras seis semanas de
escola. Até agora, ele e seus amigos praticamente ignoraram minha
presença. Não hoje. O olhar desconfiado que ele fica me enviando me diz
que isso será super divertido de agora em diante. E talvez
doloroso. Especialmente se ele decidir que gostaria de arrancar minha
cabeça por concordar em ser sua tutora.

Quer dizer, não é como se me ofereci. Eles me perguntaram. E o


que deveria fazer? Dizer não? Mesmo quando perguntei se tinha escolha,
sabia que não havia. Na verdade.

3
Senõra = Senhora em espanhol.

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Com um suspiro, vou para o grupo de alunos imediatamente à
esquerda de onde Micah está sentado e tento me concentrar nas
perguntas que eles têm para mim. Enquanto me movo ao redor da mesa,
posso ouvir Alora e Farrah sussurrando furiosamente uma com a outra. Eu
só posso imaginar do que se trata. Balanço minha cabeça e me movo para
o outro lado da mesa. Com o canto do meu olho, eu vejo quando Micah
coloca a mão na coxa de Alora. Ele aperta, efetivamente a impedindo de
continuar a conversa. Meus olhos estão grudados em sua mão. Eu não
consigo desviar o olhar. Ele desliza até ao joelho dela e puxa a saia para
fora do caminho para que sua mão fique em sua coxa nua. Ele olha para
mim, seus olhos duros.

Não sei dizer se está tentando me dizer algo ou a ela. Não me


importa o que faça com seu harém de garotas. Afasto meu olhar, mas
meus olhos traidores olham para ele novamente. Ele deve pesar mais que
eu por bem mais de quarenta e cinco quilos. Ele é uma parede sólida de
músculos. Suas mãos... Eu não posso deixar de olhar. Elas são enormes.

E as garotas com quem ele sai. Ou não sai? Preciso pedir a Scarlett
para me explicar seu negócio novamente. Se tiver que trabalhar com ele,
prefiro estar bem informada. Pelo que entendi, ele tem um pequeno
grupo de garotas que são suas... habituais... garotas com o selo de
aprovação de Micah. Ele não as namora exatamente, mas ele… respiro
fundo quando uma imagem mental de Micah prendendo uma garota sem
rosto contra uma parede e empurrando nela me dá um tapa na cara.

Meus olhos vagam para as garotas com quem ele está


sentado. Alora é uma vadia. Farrah também. A única do grupo de garotas

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com quem costumo vê-lo que é meio decente é Danica, mas,
honestamente, eu a vejo mais com Beau. Estranhamente, ele também
dorme com o mesmo grupo de garotas. Eu juro, o que há com esses
caras? Max sempre me disse para ficar longe deles. Mas agora que serei
forçada a passar um tempo com Micah, acho melhor prestar mais
atenção, apenas para ter uma ideia do que esperar dele e das pessoas
com quem ele sai. Uma espécie de coisa pró - ativa de autopreservação.

Quer dizer, nunca tive qualquer interesse por ele. Mordo meu
lábio.

Com um estremecimento, eu libero meu lábio e tento me


recompor. Cor inunda meu rosto, a vergonha me preenchendo, quando
percebo que meu olhar estalou de volta para ele. Puta merda. Eu não
consigo parar. Se ele me deixa tão nervosa, por que não consigo parar de
olhar para ele? Eu costumava pensar que Micah era melhor do que isso,
mas quanto mais vejo, mais acho que não é tão diferente dos jogadores
de futebol estereotipados e loucos por sexo que sempre evitei.

Caminhando para minha mesa no fundo da sala, ouço alguns


sussurros entre Kim e Beth, duas meninas que estão no time de cross-
country com Scarlett.

As palavras sussurradas de Kim são altas o suficiente para me


alcançar.

— Você ouviu como Micah abordou Justin fora de sua casa? Tipo, o
derrubou totalmente. — Ela olha para Micah, então abaixa a cabeça assim
que ele olha.

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— Você consegue imaginá-lo em cima de você? Oh meu Deus, eu
morreria. — Beth cobre a boca, sufocando uma risada. — Ele é tão
gostoso.

Kim sussurra de volta: — E Beau — Ele estava em cima de Justin


também, ajudando a contê-lo.

Beth emite um pequeno gemido e finge que está limpando a baba


do queixo. — Isso é o quê, mais de cento e oitenta quilos de jogadores de
futebol bonitos? Eu mataria para estar no meio daquele sanduíche de
homens.

— Mas espere, qual é o problema com Scarlett? Ouvi dizer que ela
estava drogada e eles iam curtir, matá-la ou algo assim. — Kim balança a
cabeça, apenas olhando para mim quando tusso.

Não sei se devo me incomodar em me intrometer, mas eu faço. Se


há uma coisa que sempre farei, será defender os poucos selecionados a
quem chamo de amigos. Murmuro baixinho: — Você não estava lá, então
não fofoque sobre o que aconteceu.

Beth dá de ombros, sua voz mais do que um sussurro agora,


chamando a atenção dos alunos ao redor. — Nem você, sabichona.

Aperto meus lábios, tentando ficar em silêncio, mas não


consigo. Solto um suspiro antes de responder: — Você está certa, eu não
estava. Mas o que sei veio diretamente de Scarlett. — Molho meu lábio
inferior e roubo um olhar para Micah.

Ele está carrancudo para nós três. Merda.

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Aparentemente, Beth não sabe quando parar. — Micah, você
estava lá. O que aconteceu? O que Justin fez com ela?

Sua voz rouca diz: — Se você fosse destinada a saber de alguma


coisa, Scarlett ou Xander teriam lhe contado.

Silêncio.

O rosto de Beth cai e os ombros se erguem em resposta ao seu


tom cortante. Ela rapidamente volta ao seu trabalho.

Solto um suspiro de alívio porque a fofoca acabou. Bato o lápis na


mesa, trabalhando um pouco mais na presente revisão do subjuntivo que
a Señora Martinez me deu para fazer sozinha. Depois de vários segundos,
olho na direção de Micah para vê-lo me observando.

Um fantasma de um sorriso surge em seus lábios antes que ele


acene levemente para mim e volte ao seu trabalho.

Essa ondulação em seu comportamento rude me dá uma pausa. Eu


franzo a testa, confusa. Definitivamente, há mais em Micah Robertson do
que aparenta.

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Capítulo 4

O sino finalmente toca depois do que parece uma


eternidade. Vendo Micah sair, coloco meu caderno na mochila o mais
rápido que posso e o sigo. Eu não sei o que me domina, mas parecia que
nós compartilhamos um minúsculo momento lá atrás na aula, e antes que
Micah pudesse ir muito longe no corredor, o alcanço, colocando minha
mão em seu bíceps. Um bíceps muito grande e muito musculoso.

Ele se vira, franzindo o cenho, como se não pudesse acreditar que


alguém se dignaria a tocá-lo.

— Micah, eu só queria dizer...

Ele solta o braço, me surpreendendo. Dou um passo para trás e


tropeço direto nos armários atrás de mim. Sem ter para onde ir, sou
forçada a ficar parada enquanto ele dá dois passos em minha direção,
apoiando as mãos nos armários de cada lado da minha cabeça. Ele
imediatamente se abaixa até ao nível dos meus olhos.

— Olha, Daphne, eu disse que não preciso da porra


de uma tutora. Então, a menos que você precise da porra de um tutor,
sugiro que recue. Por que você se importa?

Eu não perco a insinuação que ele deslizou lá enquanto seu corpo


rígido facilmente me prendia contra o armário e suas sobrancelhas
levantavam em uma pergunta silenciosa. O pânico aumenta dentro de
mim enquanto ele desliza uma perna para a frente, entre as minhas, me
fazendo ofegar em voz alta. Os alunos passam por nós, não parecendo se

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importar que esse cara muito grande está me empurrando. Eu engulo em
seco enquanto coloco minhas mãos em seu peito para impedi-lo de se
aproximar.

Uau. Meu cérebro fica confuso quando sinto os músculos sob seu
blazer se contraírem. Respiro instavelmente antes de olhar em seus olhos
raivosos. — Não era isso que eu ia dizer, mas seu Treinador e o Diretor
acham que você precisa de ajuda.

Suas palavras saem ásperas de sua garganta. — Bem, eu não.

— Acho que devemos nos encontrar e descobrir. É importante


melhorar suas notas e permanecer no time se você tem alguma esperança
de ganhar uma bolsa de futebol. Ou talvez isso não importe? Papai tem
muito dinheiro e pode mandar você para onde você quiser? — Respiro
fundo quando percebo que deixei minha boca deixar escapar tudo em que
estive pensando. Meus dedos agarram seu blazer, efetivamente o
segurando perto de mim.

— Tanto faz. Você não sabe nada sobre mim. — Ele range os
dentes, olha para o lado e depois de volta nos meus olhos.

— Você quer explodir tudo porque não pode aceitar alguma


ajuda? Por mim tudo bem. — Mordo meu lábio e empurro contra seu
peito. Ele. Não. Mexe. Merda.

Com uma rápida olhada ao redor, percebo que estamos


praticamente sozinhos. Todo mundo se dirigiu ao refeitório para
almoçar. Oh meu Deus…

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Quase como se o irritasse por querer saber, ele esbraveja: — O
que você ia dizer antes?

Molho meu lábio, agarrando o foco de seus olhos. Ele se inclina


mais perto, e respiro estremecendo enquanto pisco para ele.

Quando não atendo imediatamente, ele levanta meu queixo com


os dedos. — Diga.

— Eu ia te agradecer por ajudar Scarlett com a situação de


Justin. Por estar lá quando ela precisava de você. — Engulo o nó duro e
grosso na minha garganta.

— Você não precisa me agradecer porque nunca houve qualquer


dúvida se eu iria ou não. Xander é como meu irmão. Scarlett é importante
para ele, então, por extensão, ela é importante para mim. — Sua
respiração está estável e uniforme, como se isso não o estivesse afetando
de forma alguma. Aqueles olhos escuros procuram os meus, mas nem sei
o que ele está procurando.

Enquanto isso, estou enlouquecendo e quero gritar na cara dele


que sou amiga dela, então talvez ele possa recuar e me deixar respirar
porque estou seriamente prestes a enlouquecer, presa contra seu corpo
assim.

— Me deixa ir.

Ele me dá um sorriso torto e ri. — Solte meu blazer.

Uma batida passa antes de eu murmurar, — Oh. — Envergonhada,


forço meus dedos para abandonar o aperto mortal sobre ele. Gostaria de
poder afundar nos armários atrás de mim e desaparecer.

29
Ele abaixa a cabeça, sua bochecha a poucos milímetros da minha.

— Estamos entendidos? Eu não quero que você me ensine. Eu não


quero sua ajuda.

— Mas, Micah...

Perdendo, ele dá um pulo para trás e grita na minha cara: — Mas


nada! Pare de forçar, Daphne!

Eu aperto meus olhos, apavorada com a raiva em sua voz.

— Uau! Que diabos está acontecendo aqui? — A voz baixa de


Xander questiona, e sem nem mesmo olhar, eu sei que ele puxou Micah
para longe de mim. No segundo em que ele não está mais bem na minha
frente, posso sentir, como se sua súbita ausência fosse uma coisa viva,
respirando.

— Daphne. — Ouço a voz de Scarlett, mas não registro por alguns


momentos que ela está falando comigo. Frenética, ela pergunta: — O que
diabos aconteceu?

Meus olhos se abrem para ver Xander puxando Micah pelo


corredor. Suas vozes são baixas, mas posso apenas ouvir quando Xander
murmura: — Que porra é essa, cara? Essa é a melhor amiga de
Scarlett. Por que você gritaria com ela assim?

Eu não tenho a menor ideia do caralho. Eu não tenho certeza se


ele sabe.

30
Capítulo 5

Scarlett me conduz a um canto sossegado. Eu olho para os meus


sapatos enquanto ela dispara uma pergunta após a outra para mim.

— Sobre o que era tudo isso? Daphne, isso tem algo a ver com a
ligação do Diretor esta manhã?

Então, sem esperar pela minha resposta.

— Você poderia respirar, por favor?

Acho que estava prendendo a respiração porque tudo sai em um


sopro. Me curvando para a frente, coloco minhas mãos nos joelhos
enquanto ela esfrega minhas costas. — Precisamos almoçar no refeitório?

— Não. Deixe-me enviar uma mensagem de texto para Max e


pedir a ele para pegar três almoços para viagem. — Enquanto ela puxa o
telefone e se inclina para trás no armário ao meu lado para cuidar dele, eu
me endireito e coloco minhas mãos em minhas bochechas em chamas.

— Eu não entendo por que ele está tão bravo, — Sussurro. Ela
puxa meu cotovelo.

— Venha, vamos. Espero que, depois de ter a chance de se


acalmar, você possa explicar as coisas.

Corremos pelo corredor, mas em vez de passar pelo refeitório,


saímos correndo pela porta lateral e contornamos o prédio até chegarmos
a uma área gramada pontilhada com bancos de piquenique.

31
Max ergue os olhos de onde está desempacotando nossos
almoços. — Eu tenho um peru com queijo, um presunto com queijo e uma
pasta de amendoim com geleia. — Ele encolhe os ombros. — Eu não tinha
certeza do que você queria.

Scarlett se senta e, com um suspiro, jogo minha perna por cima do


banco, sento e deslizo a outra perna, me juntando a ela. — Não importa.

Max ri. — Em todo o tempo que te conheço, acho que nunca te vi


comer manteiga de amendoim.

Pego o peru e o queijo. — Você tem razão. — Dou a ele um


pequeno sorriso que sei que não chega aos meus olhos.

Ele para com a mão no saco de batatas fritas, me olhando com


atenção. — Daphne, Daphne. Não esconda nada de mim. O que há de
errado?

Em vez de responder, dou uma mordida no sanduíche e mastigo


lentamente.

— Ela teve uma pequena... discussão com Micah depois da aula


agora.

Os lábios de Max se abrem. — Por quê?

Dou outra mordida no meu sanduíche, balançando a cabeça.

— Quando Xander e eu chegamos lá, Micah a colocou contra um


armário e estava gritando na cara dela.

— Que porra? — a cabeça de Max se ergue para trás e seu olhar


vai de mim para Scarlett. — Por que ele estava na sua cara? — Ele me
encara enquanto eu destampo minha água e tomo um gole.

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Scarlett estende a mão e agarra minha mão esquerda, que repousa
na mesa de piquenique.

— Explique o que diabos estava acontecendo quando nós


aparecemos. Porque estou prestes a chegar aqui com drama agora. — Sua
mão voa para me mostrar como ela está cheia.

Max revira os olhos para o céu. — Porra, você não está brincando.
— Ele traz sua atenção de volta para mim. — Fale, Daphne.

Limpo os lábios com cuidado com o guardanapo, levando alguns


segundos para decidir como colocar isso. — A reunião com Gilmore esta
manhã? Quando cheguei lá, Micah estava no banco fora do escritório. Eu
não pensei nada sobre isso até que o Diretor me chamou em seu
escritório e o Treinador Roland estava lá também.

— Uh-oh. Eu vejo onde isso vai dar. — Scarlett estremece.

— Onde? O que estou perdendo? — A testa de Max franze.

— Eles querem que eu seja sua tutora.

Os olhos de Max vão para a linha do cabelo. — Oh, uau.

— Eles estão realmente preocupados com as notas dele? —


Scarlett franze a testa, brincando com a tampa da garrafa de água.

Assinto. — Sim. Aparentemente, ele está perto de cair no banco.


— Pego meu lábio com meus dentes. — E ele realmente não quer que eu
o ajude. Vive dizendo que não precisa de uma tutora. — Solto um
suspiro. — Ficou muito chateado quando saímos do escritório e trocamos
algumas palavras. Mas então, em espanhol, algumas garotas estavam
falando sobre o que aconteceu com você neste fim de semana, e ele as

33
calou. Eu ia agradecê-lo por ter te apoiado naquela noite, mas ele pensou
que eu iria importuná-lo sobre as aulas novamente e ficou gritando. Então
eu o importunei sobre as aulas particulares de novo, e ele ficou muito
puto. Foi quando você apareceu, Scarlett.

Max faz uma careta. — Uh. Odeio perguntar como você vai lidar
com o Grande Homem se ele realmente não quer ajuda. Eu nunca o vi
fazer uma merda que não quisesse. — Ele dá uma risadinha. — Incluindo
aquela garota para quem ele perdeu no strip poker na semana passada.

Scarlett chuta a canela dele por baixo da mesa. — Ai! — Ele ri um


pouco mais.

Ela franze os lábios. — Você mereceu isso.

— Vamos, Max. Seja sério. O que devo fazer? — Eu inclino minha


cabeça para o lado, observando seu rosto enquanto ele pensa sobre tudo.

— Esse cara perturba você como ninguém. Certo, isso não é difícil
de fazer com você. E isso foi antes de todo esse negócio de aulas
particulares.

Scarlett estreita os olhos para mim. — Por que será, afinal?

Meus ombros se curvam, minha cabeça cai para trás e olho para o
céu. — Não sei.

Ela toma um gole rápido de água. — Vocês dois têm uma história
ou algo assim?

— Não, — Eu minto. — Eu comecei na Rosehaven no ano passado.

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Max ergue uma sobrancelha, e tenho quase certeza de que ele não
acredita no que estou vendendo, mas ele deixa passar, me lançando um
olhar confuso.

Scarlett acena em direção ao meu almoço. — Você não quer


terminar de comer?

— Não. Sem fome. — balanço minha cabeça. — Eu sei que é


idiota, mas toda essa coisa de Micah realmente joga minha vida em uma
grande reviravolta até a temporada de futebol acabar.

Scarlett torce o nariz. — Não ria, mas não tenho ideia de quando o
futebol vai acabar.

— Cupcake, considerando que seu namorado é o capitão, você é


muito ignorante. Fofa, mas sem noção. Depende de quão longe eles
chegam. Normalmente, como novembro ou dezembro. Depende
totalmente de passarem de distritais a regionais ou estaduais.

Eu gemo. — Ele parece pensar que podemos apenas fingir que


estamos nos encontrando e não fazer isso de verdade. E se acharem que
estou dando aulas particulares para ele e ele ainda assim falhar?

— Isso seria uma merda. — Max amassa seu lixo entre as palmas
das mãos.

— É isso. Eu decidi. Vou tentar sair dessa. Talvez se disser aos


meus pais que não tenho tempo para ajudá-lo além dos meus próprios
estudos, eles vão dizer algo.

Um tom agudo soa do alto-falante na parte de trás do edifício. —


Daphne Davis, por favor, reporte-se ao escritório de orientação.

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Scarlett faz uma careta. — O que é isso?

— Não tenho certeza. O Diretor Gilmore mencionou algo sobre


eles quererem falar comigo esta manhã. Também disse que as aulas
particulares de alguma forma me ajudariam? Não sei. — Eu gemo,
deixando cair minha cabeça em meus braços, que estão descansando na
mesa de piquenique na minha frente. — Esta é a segunda-feira mais
segunda de sempre.

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Capítulo 6

Tomo uma respiração profunda quando bato na porta


parcialmente aberta da minha orientadora. A Sra. Purcell é legal o
suficiente, mas realmente não tive muita necessidade de ir vê-la desde
que fui transferida para Rosehaven. Sou uma boa aluna, então
basicamente faço minhas próprias coisas e envio e-mail para ela quando
tenho dúvidas ou preocupações.

— Entre, Daphne. — ela sorri e se recosta na cadeira, cruzando as


mãos sobre o estômago. — Sente-se.

Coloco minha mochila em uma cadeira e me acomodo na outra


antes de olhar para ela do outro lado da mesa.

— Então, presumo que o Diretor Gilmore lhe contou por que pedi
que viesse me ver hoje?

Eu chupo meus lábios em minha boca por um segundo. — Na


verdade, não contou. Ele apenas insinuou que você tinha algo para
discutir comigo.

— Oh. E temos. Está bem, então. Todos os anos, conforme nos


aproximamos das datas de entrega das inscrições para a faculdade,
examinamos as informações e transcrições de todos novamente para ter
certeza de que não perdemos nada. Queremos ter certeza de que você
terá a melhor chance de ser aceita na faculdade de sua escolha.

— Não entendo. Minhas notas são boas.

37
— Oh, querida, não é isso. Elas são mais do que boas. Exemplares,
na verdade. Mas o que você não tem são atividades extracurriculares. E,
claro, você está aqui há pouco mais de um ano, mas presumo que não
tenha planos de se levantar e jogar algo como, digamos, softball no
próximo semestre, já que não praticou nenhum esporte no ano passado.

Lentamente, balanço minha cabeça, a preocupação subindo pela


minha espinha como uma pequena e horrível aranha. — Eu...

— Não é que as escolas não olhem para você, porque vamos


orientar, você está concorrendo a orador da turma, mas será uma
candidata muito melhor quando preencher suas inscrições se tiver alguns
extras.

As peças se encaixam. — É a isso que o Diretor estava se referindo


às aulas de Micah, eu acho. — Eu me mexo desconfortavelmente na
minha cadeira, lembrando como Micah tinha muito especificamente me
deixado saber hoje o quanto ele não quer, ou precisa, que eu seja sua
tutora. Meu coração afunda como um tijolo em meu estômago e meus
olhos caem para minhas mãos no meu colo. — Não é tarde demais para
acrescentar mais alguma coisa? Eu só tenho alguns meses antes de
precisar que tudo seja enviado.

— Você pensaria assim, mas não. Foi por isso que trouxe você para
falar comigo hoje. Além das aulas particulares, há mais duas
oportunidades que gostaria de incentivá-la a considerar. — Ela faz uma
pausa e é como se soubesse que essa informação, meu descuido, me
atinge com força.

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— Acho que sempre me preocupei tanto com minhas notas que
não achei que teria tempo para mais nada. — Oh meu Deus, eu realmente
estou presa dando aulas para ele, não importa quão terrível isso vá ser.

Ela acena com a cabeça. — Isso é compreensível. O grande número


de cursos de colocação avançada que você fez este ano é assustador. —
Ela respira fundo, me estudando. — Quando você e Micah decidiram que
trabalhariam juntos? Podemos ver se podemos contornar isso.

— Oh. Hum. Na verdade, ainda não configuramos isso. Estou


pensando em começar nas terças e quintas-feiras. — Meu olhar desliza
para o lado e aperto meus olhos fechados por um segundo. Isso se ele
concordar com isso.

Sra. Purcell acena com a cabeça. — Não tem problema, mas


definitivamente crie um cronograma que funcione para vocês dois mais
cedo ou mais tarde. Falando em Micah, ele está um pouco envolvido em
uma de suas outras opções também.

Meus ouvidos ouvem um zumbido estranho e balanço minha


cabeça, tentando fazer isso parar. — Desculpa, o quê?

— Micah Robertson - cada um dos nossos jogadores de futebol


tem alguém especial no fundo, torcendo por eles. A Garota Espiritual dele
contraiu mononucleose e não estará na escola pelo resto da temporada
de futebol, então precisamos de uma substituição o mais rápido possível.

Eu engulo. — Garota Espiritual. — Não é nem uma


pergunta. Apenas uma declaração da loucura que esta mulher colocou aos
meus pés como uma oferenda.

39
— Sim. Você faria parte do Esquadrão Espiritual de
Rosehaven. Temos alunos, tanto masculinos quanto femininos, inscritos
para torcer por um atleta de uma de nossas diversas equipes
esportivas. Às vezes, os alunos que estão namorando até escolhem apoiar
uns aos outros. É muito fofo.

— Certo. — respiro fundo, tentando evitar meu colapso interno. —


O que o Esquadrão Espiritual faz exatamente?

— Oh, é fácil. Nós fornecemos a você a programação da


equipe. Então, em dias de jogo ou competição, o membro do Esquadrão
Espiritual geralmente coloca uma placa no armário do atleta, armário do
corredor, armário do ginásio ou ambos, talvez faça um deleite ou envie
uma nota de encorajamento. Esse tipo de coisas. Nós até confiamos em
você com suas combinações de armários para que você possa deixar algo
para eles se quiser.

— Então, cada pessoa no Esquadrão Espiritual recebe um jogador


específico?

— Sim. — ela acena com a cabeça feliz, completamente alheia ao


meu ataque cardíaco iminente.

Com a garganta seca, sussurro: — E você quer que eu seja a Garota


Espiritual de Micah.

— Sim. Acha que pode administrar isso? Se você estiver dentro,


vou anotar isso e avisar o professor que supervisiona o grupo.

Eu me sinto caindo de um penhasco e no abismo negro que é


Micah. — Ok, eu farei isso, — digo, pela segunda vez hoje.

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— Excelente! Então, a outra sugestão que eu tenho para você é
uma oportunidade de se juntar ao comitê do baile. Você é tão organizada
e presta muita atenção aos detalhes. Achei que seria um ajuste perfeito
para você. O que acha?

O baile da escola sempre foi a última coisa em minha mente. Eu


prefiro ir a um jogo de futebol, honestamente. Solto uma respiração
pesada. Eu me sinto derrotada. Trabalhei tanto em toda a minha carreira
acadêmica, e ela está me dizendo que, sem o comitê do baile em minha
inscrição, corro o risco de ser desprezada por alguém que gosta de tudo
isso. — Sim. Parece bom.

Eu sorrio, meu estômago ruindo em desgosto, enquanto me


castigo por ignorar atividades extracurriculares todo esse tempo. Tão
burra. Tão estúpida. Eu poderia ter pelo menos me juntado a um grupo de
que gostasse se não tivesse esperado tanto.

— Maravilhoso, Daphne. Esse Comitê se reúne com a Sra. Jayson


nas manhãs de sábado aqui na escola. Tenho certeza que eles estão se
preparando para decidir o tema na próxima reunião. — Ela sorri grande
para mim. — Coisas super empolgantes.

Cara, essa mulher continua e continua como se não tivesse


explodido minha vida inteira.

— Vou dizer a Alora Berridge para esperar você na próxima


reunião do comitê.

Porra. Minha. Vida. Isso poderia ficar pior?

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Capítulo 7

Em casa, sento em uma das cadeiras frágeis da mesa da cozinha e


pego meu livro de física e minhas anotações para fazer meu dever de casa
antes do jantar. Eu fico olhando fixamente para o papel do caderno
pautado enquanto penso sobre o dia. O que diabos aconteceu? O pedido
de ajuda com as aulas de Micah veio do nada. E, cara, ele realmente não
quer que o ajude. Mas agora preciso que ele me deixe seguir em frente,
não apenas por ele, mas também por mim. Estremeço. Não consigo ver
que isso está indo bem, mas terei que falar com ele amanhã sobre como
definir um cronograma. Eu só espero que não arranca minha cabeça
completamente.

Mamãe puxa uma cadeira e se senta na minha frente. — Você


parece distraída.

— Mm-hmm. — Mantenho meus olhos grudados no meu livro.

Ela se mexe na cadeira, apoiando os cotovelos na mesa. — O que


há de errado?

Eu bufo uma respiração. — Tudo. — Meus olhos se voltam para os


dela. — Estraguei tudo e agora todo o meu trabalho duro será em vão.

— O Diretor ligou esta manhã depois de falar com você. Ele


mencionou que ele e a conselheira de orientação notaram que suas
inscrições ganharão um impulso com o acréscimo de tutoria de outro
aluno e algumas outras coisas extracurriculares. É disso que você está
falando?

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Minha garganta fica espessa de emoção, eu aceno, incapaz de
falar.

— Querida, isso não significa que você não entrará em algum


lugar. Você ainda é uma ótima candidata.

Eu fungo quando uma lágrima escapa do canto do meu olho. — Eu


me sinto realmente idiota agora.

— Você é tudo menos idiota. Nós todos sabemos. Você não


prefere que eles falem algo agora?

— Sim. Mas...

— Então, faça as aulas particulares, seja a Garota Espiritual, junte-


se ao comitê de boas-vindas. Vai ficar tudo bem.

— Mas... — Solto uma respiração instável. — Acho que dar aulas


particulares a Micah será difícil.

— Oh. É Micah Robertson?

— Sim. — Assopro uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Por que seria difícil? — ela estreita os olhos.

Encolho os ombros. — Ele parecia bastante irritado. Está sendo


forçado a isso por seu Treinador de futebol.

— O que se passa? — Papai entra na sala e sua mão reconfortante


agarra meu ombro.

Seus olhos se conectam sobre minha cabeça. — Ela está


preocupada com todas as coisas da inscrição para a faculdade sobre as
quais o Diretor conversou comigo esta manhã.

43
Ugh. Falar com papai sobre dar aulas particulares a Micah é a
última coisa que quero fazer na terra. Meu pai é muito engraçado sobre
eu fazer qualquer coisa com meninos. Isso remonta ao dia em que eu,
aos onze anos, chegava em casa chorando e não contava o motivo, além
do fato de que encontrei alguns meninos malvados. Desde então, papai
tem sido superprotetor sobre eu sair sozinha. Ele fica preocupado quando
vou a lugares com Max, embora eu tenha dito a ele um monte de vezes
que Max é meu amigo, que por acaso também é gay e nunca, jamais me
machucaria. Aqui estamos nós, com mais de um ano de amizade, Max e eu
ainda recebemos uma bateria de perguntas do meu pai toda vez que Max
me pega para ir a algum lugar.

Papai aperta meu ombro e depois me solta. Ele se senta à


cabeceira da mesa. — Somos todos a favor de você dando aulas, se isso
for ajudá-la em suas inscrições. — Ele balança a cabeça, cruzando as mãos
na frente dele. Com um rápido olhar para mamãe, ele limpa a garganta. —
Você sabe que não podemos mandá-la para nenhuma das faculdades que
estão entre as cinco primeiras, a menos que você consiga algum tipo de
bolsa de estudos.

Engulo em seco e aceno com a cabeça enquanto as lágrimas picam


atrás dos meus olhos novamente. — Eu sei.

— Ei, olhe para mim. Lamento muito que isso torne um pouco
mais difícil para você fazer isso, mas tenho certeza que você ouviu...
Estamos tendo alguns problemas financeiros no momento. — Mamãe e
papai têm uma pequena livraria na cidade. É de onde vem o meu amor
por todas as coisas, livros e aprendizado.

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— Eu ouvi vocês discutindo. — Olho para a mesa, incapaz de
sustentar seu olhar.

Mamãe suspira. — Estamos bem, apenas sob muito estresse. E


com algo tão grande como a faculdade no horizonte para você, é melhor
que você entenda o que está acontecendo. Corremos o risco de ter que
fechar a loja.

Minha cabeça levanta. — O quê? Não. Isso não pode...

Papai estende a palma da mão. — Não vamos perdê-la. Só temos


que ter muito cuidado com as despesas agora.

Eu os ouço alto e claro. É estressante o suficiente para ter


preocupações com os negócios, que estão causando dificuldades no
relacionamento, sem adicionar minhas despesas universitárias à mistura.

Dito isso, sempre fui super dedicada aos meus estudos. Eles nunca
tiveram que me pressionar. Então, descobrirei como conseguir isso. Está
sob meu controle continuar ou não para a faculdade de minha
escolha. Mapeei tudo e cheguei até aqui. Sou a única pessoa com quem
posso contar para que isso aconteça. E caramba, isso pesa sobre mim,
especialmente agora que sei que fiz um julgamento ruim por ter sido uma
idiota por todos esses anos. Está tudo comigo, então agora eu tenho que
participar desses grupos e convencer Micah a jogar bem. Ótimo. Agora
estou presa fazendo coisas que não quero fazer e passando tempo com um
grande e intimidante atleta que nem se lembra de mim.

Pelo menos consegui escapar sem falar sobre Micah com papai,
porque não acho que ele teria sido tão rápido em aprovar se soubesse
quem eu terei como tutora.

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Capítulo 8

Um olhar para o corredor é tudo que preciso para me fazer pensar


duas vezes sobre encontrar Micah esta manhã e convencê-lo a escolher
um horário e lugar para me encontrar. Alora está praticamente escalando
ele enquanto o beija. Ele está segurando o rosto dela entre as grandes
mãos, inclinando a cabeça em um ângulo perfeito enquanto devasta sua
boca. Enquanto observo, incapaz de desviar o olhar, ele remove as mãos
do rosto dela apenas para agarrar sua bunda e puxá-la confortavelmente
para ele. Ela praticamente derrete. Eles se separam com relutância
quando Farrah corre até ele, dando-lhe um abraço que une cada
centímetro de seu corpo ao dele.

Meu rosto está queimando. Eu não posso fazer isso. Não quero
nem falar com ele, muito menos dar aulas para ele. O pior de tudo é que
meus mamilos estão duros e minha calcinha pode estar um pouco
úmida. Como observar os três me enojou e me excitou ao mesmo
tempo? Respiro, estremecendo.

Eu sei que não é da minha conta, mas a ideia de que ele dorme
com alguém está me perturbando. Não consigo entender como essas
garotas não se importam que o cara que estão vendo, o cara com quem
elas provavelmente estão fazendo sexo, também esteja saindo com outras
garotas. Como isso não é um problema para elas? Seria para mim. Claro
que sim. Talvez eu seja apenas uma puritana.

46
Ha-ha, Daphne. Você nem mesmo está no radar dele, então com o
que está preocupada?

A conversa que faço não me impede de pensar sobre o que está


bem na minha cara. A questão é que Micah poderia ter qualquer garota
que quisesse, e ela seria sua sem questionar. Mas talvez seja em parte por
isso que ele faz isso. Talvez goste do fato de que pode ter qualquer
uma. Se for esse o caso, é meio doentio e distorcido. Eu dou uma olhada
furtiva em sua direção enquanto meu caminho me traz mais perto de suas
travessuras, meus olhos captando cada último detalhe.

Essas garotas em particular têm corpos perfeitos. Seios grandes,


cinturas pequenas e quadris curvos. Eu olho para baixo, enojada quando
vejo direto na ponta dos pés, sem seios no caminho. Eu não acho que eles
façam uma camisa pequena o suficiente para mostrar meu peito
inexistente.

E como conseguem fazer bainhas nas saias desse jeito? Achei que
houvesse um código de vestimenta em vigor para impedir de abusar de
nossos uniformes. Então, novamente, elas são Rosas. Seus pais doam
quantias obscenas de dinheiro para a academia todos os anos, e isso
permite que façam o que quiserem.

Eu sou inteligente o suficiente para perceber que cada coisa


passando pela minha cabeça agora me faz parecer incrivelmente ciumenta
por Micah olhar para essas garotas do jeito que ele olha.

Com nojo de mim mesma, suspiro e tento passar por eles sem ser
notada. Em vez disso, um cara correndo na outra direção bate direto no
meu braço, me jogando direto nas costas de Micah. Claramente, suas

47
habilidades atléticas incluem girar e pegar fêmeas caindo porque é
exatamente o que ele faz quando eu tropeço.

Uma mão agarra minha cintura e a outra me segura pelo cotovelo.

Sua voz rouca em meu ouvido. — Você está bem? — Ele se


certifica que estou firme antes de remover suas mãos.

Olho em seus olhos e me sinto meio hipnotizada. Eu me pergunto


se aquele garoto sacudiu algo na minha cabeça quando esbarrou em
mim. — Estou bem. — aliso minha saia na frente e nas costas com as
mãos para ter certeza de que está no lugar. Meu pior pesadelo seria
descobrir que estou andando por aí de bunda para fora.

Ele respira fundo, um olhar engraçado deslizando sobre seus


traços bonitos. Suas palavras saem doloridas. — Então, onde você quer se
encontrar?

Meus olhos ficam muito grandes. — Encontrar? — As sinapses em


meu cérebro devem ter parado de disparar devido aos meus hormônios
assumirem o controle e ficarem descontrolados. Ele quer se encontrar...
comigo?

— Para aulas particulares. — Ele passa a mão pelo cabelo. — O


Treinador disse que eu tenho que as fazer.

— Oh, um... — Bochechas furiosamente coradas. — Que tal aquele


café perto da loja de ferragens?

Ele acena com a cabeça, sua mandíbula tensa enquanto se move


para a frente e para trás, pensando. — Mas não antes das seis. Tenho
treino até às cinco e meia.

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Minha mente zumbe. Acho que terei que ir para casa e voltar, ou
ficar aqui e estudar na biblioteca até à hora de conhecê-lo. Ou…

— Isso é um problema?

— O quê? — arrasto meus pés, levemente envergonhada por estar


na minha cabeça e seu olhar estar concentrado em mim. — Não, eu darei
um jeito. Talvez apenas faça a lição de casa na cafeteria até que você
possa chegar lá.

Alora ri ao lado dele, me lembrando de sua presença e me olhando


com tanto ódio que me deixa inquieta. — Ela é uma nerd de merda,
Micah.

A cabeça de Aria inclina para o lado quando ela se aproxima,


revirando os olhos para Alora. — Isso é meio que o ponto com um tutor,
não é? Eles devem ser todos nerds e essa merdas.

Hum? Obrigada, Aria? Eu acho. Sério, quem sabe o que está


acontecendo na cabeça da Aria nesse momento. Ela e Scarlett
supostamente se deram bem na festa na casa de Beau no fim de semana
passado, mas para mim, ela ainda é a vadia de torcida, que, quando não
está no modo ignore-todos-os-Espinhos, rotineiramente olhando para
mim, até mesmo quando não fiz nada para merecer. Como eu disse a
Scarlett no início do ano letivo, é melhor fugirmos de todo esse lote
desagradável.

Muito ruim para mim, estou sendo forçada a me aproximar


deles. Mas pelo menos o comentário de Aria foi um pouco útil, já que
Alora se vira com uma bufada e segue para sua primeira aula.

49
Aria cobre a boca, pisca para Micah e vai embora.

Sua partida deixa Micah e eu sozinhos. Seu olhar quando pousa em


mim é frio. Zombando. Finalmente, ele revira os olhos um pouco e diz:

— Então, seis horas?

Eu aceno, olhando para ele como se estivesse prestes a me atacar


e morder. Se achasse que era capaz de falar naquele segundo, teria
concordado verbalmente, mas como estou, seus olhos rastreando meu
corpo me fazem estremecer. Se por medo ou desgosto, não sei.

— Eu vi você nos observando, sabe.

Ou poderia ser o tremor percorrendo meu corpo significando que


reconheço a energia que ele coloca lá fora. Eu posso até gostar. Anseio
por isso. Anseio por ele. — O quê? Eu não estava...

— Eu sempre sei quando seus olhos sedentos estão em mim,


Daphne.

Pressiono meus lábios juntos, lembrando a maneira como seus


lábios deslizaram sobre os dela e sua língua... Meus olhos se fecham. A
manobra defensiva não adianta, pois ainda posso sentir o calor de seu
corpo bem na minha frente.

— Você estava nos observando quando agarrei a bunda dela e a


puxei contra mim. Você viu como ela me beijou ansiosamente. Meu pau
estava duro. — Ele inclina a cabeça perto da minha. — E você assistiu a
cada segundo da porra do show, — Ele sussurra, tão perto do meu ouvido
que sua respiração faz cócegas na minha pele. — Isso te excitou, Daphne?

Estou mortificada.

50
No momento em que abro meus olhos, ele se foi.

***

No café, seis horas passam sem nenhum sinal de Micah. Acabei


com meu dever de cálculo AP, Espanhol V AP e Governo AP antes mesmo
de perceber que ele está atrasado. Mordendo o lábio, pego meu trabalho
de Literatura AP e me preparo para escrever uma redação enquanto
espero.

Vinte minutos depois, olho em volta, decidindo que ele é um não


comparecimento genuíno. Pego meu telefone, me chutando por não ter
conseguido seu número esta manhã. E se ele sofreu um acidente no
caminho para cá? E se esquecesse a que horas nos encontraríamos e não
tivesse como confirmar? E se tivesse pegado alguma coisa e tivesse que ir
para casa?

Ou, e se ele decidisse, depois de pensar em como a pegou


assistindo com Alora esta manhã, que prefere não passar mais tempo com
você? Eu olho para as minhas pernas magras aparecendo por baixo da saia
e me encolho. Obviamente não sou o tipo de garota com quem ele está
acostumado a sair, então mesmo que seja apenas para receber aulas...
Talvez simplesmente não conseguisse fazer isso. Posso mexer com a
imagem que ele tem. Talvez agora que foi realmente forçado a me notar e
não pode mais olhar através de mim, realmente não se importe com o que
vê.

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Com um suspiro deprimido, deixo meu trabalho na mesa e vou até
ao balcão para pedir outro chá quente para passar o tempo. Enquanto
espero por isso, abro minha conta do Insta, folheando algumas fotos.

E não sei por que estou fazendo isso. Não muito tempo atrás, eu
disse a Scarlett que Insta é o diabo, e aqui estou eu procurando por Micah
para ver se ele tem uma conta.

Bingo. Ele com certeza tem e... O quê... Meus ombros caem. Ele
postou uma foto dele e de seus companheiros de equipe em um pequeno
restaurante na rua há menos de dez minutos. Arrepios frios percorrem
meu corpo até minha pele explodir em arrepios. Ele me disse para
encontrá-lo aqui. E ele está na mesma rua com seus amigos do futebol?

Há várias pessoas sentadas às mesas na cafeteria que ouvem


minha maldição murmurada e olham para cima. Cubro minha boca com a
mão para impedir os outros palavrões que querem escapar.

Kendra, que é dona da loja, coloca meu chá na minha frente e


levanta uma sobrancelha com a minha expressão. — Você está bem,
Daphne?

— Uh, sim. Sinto muito, seria terrivelmente difícil para você se eu


pedisse para levar isso?

— De jeito nenhum. — Ela habilmente transfere meu chá para


uma xícara para viagem e passa pelo balcão para mim. Eu tenho que pegar
o copo com as duas mãos porque elas estão tremendo muito.

Fodido Micah. Eu não posso acreditar que ele me dispensou.

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Capítulo 9

Quando passei por Micah no estacionamento esta manhã, ele não


disse uma palavra sobre a sua sessão de tutoria perdida. Ele me olhou de
cima a baixo com desdém, ora, eu não tenho ideia porquê, e então
continuou sua conversa com Beau. Não sei o que devo fazer. Lembrar
ele? Eu não sou sua mãe. Mas, caramba, preciso que ele apareça, se não
por ele, então por mim. Pena que ele não tem ideia de que está me
afetando negativamente por se comportar como um idiota.

Estou sinceramente com medo de ter uma aula com ele hoje, o
que é irritante porque adoro minhas aulas de línguas estrangeiras.

Micah entra em nossa aula de espanhol, todo arrogante. Ele olha


para mim sentada na minha mesa designada no fundo, mas não diz nada
enquanto dobra seu grande corpo em sua cadeira e abre as pernas,
exatamente como tinha feito no escritório do Diretor. Jesus, não admira
que Scarlett tenha tropeçado ao tentar passar por cima dele na aula de
Inglês no início deste ano. Ele é enorme.

Poucos minutos depois, enquanto estou enviando punhais em suas


costas e sem saber se quero que saiba que estou chateada, Alora se
inclina para ele e sussurra em seu ouvido. Ele gira em seu assento.

— Você precisa de algo, Daphne? — Ele me lança um olhar vazio


que considero totalmente enervante.

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Molho meus lábios antes de abrir minha boca para
responder. Minha voz soa áspera. — Você esqueceu que planejamos nos
encontrar no café ontem?

— Oh. Aquilo. Eu fiquei com fome depois do treino. Passei pelo


café depois de comer algo e você não estava lá.

Eu fico rígida quando percebo que a classe inteira se virou para ver
o drama que está se desenrolando ao lado para entretê-los. Ah merda. Eu
mordo meu lábio por um segundo para parar sua oscilação. — Acho que
temos ideias diferentes sobre o que significa 'encontro às seis'.

— Eu acho que você não se deu ao trabalho de esperar por mim.

A raiva brilha em meus olhos. Eu assobio, — Eu esperei. Fiquei lá


até às seis e meia. Mudei meus planos por você. Eu estava lá desde as três
e meia, Micah. Fiquei sentada lá por três horas para
acomodar sua programação de treino.

Alora dá uma risadinha delicada.

— Espera, então essa é a única maneira de você conseguir um


encontro, Daphne Davis? Oferecer seus serviços de tutoria? Isso é muito
triste. — Sua gargalhada perversa faz o resto da classe rir por sua vez.

Minha visão fica turva, e não me preocupo em olhar ao redor para


ver quem acha isso engraçado. Idiotas.

— Eu diria que você teria mais sorte se oferecesse um tipo


diferente de serviço, mas acho que você não tem experiência suficiente
para algo assim. — Alora dá uma olhada na minha expressão horrorizada e
exclama: — Oh, Duplo D, não chore! Estou brincando! — Ela dá um tapa

54
na mesa na frente dela como se eu estar chateada fosse a coisa mais
engraçada que já viu.

O choque com a atitude de desprezo de Micah e o ataque


injustificado de Alora inunda meu corpo. Suas sobrancelhas levantam
como se me perguntasse se eu gostaria de responder. Quando não faço
isso, ele se vira e passa o braço sobre as costas da cadeira de Alora, me
deixando ferver em silêncio sozinha.

***

— Daphne, posso falar com você por um segundo?

Eu estava em meu próprio mundinho, passando pelo corredor a


caminho da AP Lit quando a voz profunda do Treinador Roland chama
minha atenção. Respiro fundo. Ele é um cara grande, obviamente um ex-
jogador de futebol, com rugas nos cantos de seus penetrantes olhos azuis
e uma cabeça cheia de cabelos grisalhos. Eu nunca fiz EF em Rosehaven,
então além da nossa interação na segunda-feira, eu não tive nenhum
outro contato com ele, e não tenho ideia de que tipo de homem ele é.

Eu me viro para ele, meus olhos grandes como pires. Oh meu Deus,
ele sabe que não comecei a trabalhar com Micah? Que nossa primeira
sessão foi um grande e gordo fracasso? — Hum. Certo. — Olho na direção
que estava indo. — Eu realmente não posso me atrasar para a aula da Sra.
Harden, no entanto.

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— Vamos caminhar, então. — Ele projeta o queixo na direção que
preciso ir e começamos a andar. Sua mão levanta até ao rosto e ele passa
pelo queixo algumas vezes, como se estivesse pensando muito no que
dizer. — Eu queria perguntar como está indo com Micah.

Meus olhos se voltam para os dele. — Oh. — Está frio no corredor,


mas juro que o suor escorre pelas minhas costas. Eu sinto o que está por
vir. Mudando minha mochila de livros para cima no meu ombro, eu
aceno. — Na verdade, ainda não começamos. Estamos tentando descobrir
como funcionaria melhor e onde nos reunirmos e tudo mais.

Ele me olha de lado. — É isso mesmo?

Não. — Sim. Estamos planejando começar amanhã e nos


encontrarmos duas vezes por semana. — Por favor, oh, por favor, não me
pergunte mais nada. Eu solto uma respiração controlada através dos
lábios franzidos. Por que sou compelida a mentir por alguém que não foi
nada além de odioso para mim por três dias?

Ele acena com a cabeça, pensativo. Paramos na porta da sala da


Sra. Harden. — OK. Apenas certifique de me dizer se houver um problema.

Meus dentes afundam em meu lábio inferior enquanto olho para


ele. — Eu direi.

— Bom. Estou colocando minha confiança em você, Daphne. Eu


preciso que as notas do nosso menino aumentem.

— Sim, senhor. Vou fazer o meu melhor.

Ele dá uma última olhada para mim, balançando a cabeça, antes de


se afastar.

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Nosso menino. Por que essas duas palavras se destacaram para
mim sobre tudo o mais que ele disse?

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Capítulo 10

Desde que tinha sido chamada para o escritório na segunda-feira,


cada dia passa como uma eternidade. Tudo o que faço é tentar me
esquivar de Micah ou me esconder de Alora e de sua atitude
desagradável. Está ficando ridículo. Estou constantemente no limite,
esperando a próxima emboscada. E tenho certeza de que eles sabem que
me enfraquece, o que torna tudo mais divertido para eles. Algo parecido.

Eu jogo minha mochila no puff gigante que fica no canto do meu


quarto. Exausta, caio na minha cama de solteiro e olho para o teto. Meu
telefone vibra no bolso, então o pego, verificando as mensagens de texto.

Max: Ei.

Eu: Oi.

Max: Como está indo?

Max: Você tem estado terrivelmente quieta ultimamente.

Dou um suspiro irregular. Ele está gentilmente me cutucando para


obter informações. Max me conhece tão bem que não vai perguntar
abertamente o que está acontecendo, mas sabe o que significa quando eu
me retiro em mim mesma assim.

Às vezes, só preciso estar dentro da minha cabeça um pouco para


processar as coisas.

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A última vez que me senti assim foi logo depois de chegar a
Rosehaven. Posso ter sido invisível para Micah, mas definitivamente senti
a imensa pressão de todos os meus colegas sabendo que eu era uma
aluna com bolsa no segundo em que cheguei. Tive a sensação horrível de
que todos estavam me observando e que não pertencia. Em parte, é por
isso que sempre estive com o nariz enfiado nos estudos. Não quero atrair
atenção e sempre presumi que, se me ocupar da minha vida, não serei
interessante o suficiente para nenhuma das Rosas para que se importem
comigo.

Engraçado como queria ser invisível para todos, exceto para o


menino que uma vez veio em meu socorro. E então ele conseguiu me
fazer sentir como se eu não significasse nada para ele.

Eu: Micah é um grande idiota.

Max: Hã?

Scarlett: Ei, eu também estou aqui.

Scarlett: Volta, você me perdeu.

Eu: Micah não apareceu ontem à tarde.

Eu: Então ele foi um verdadeiro idiota quando eu apontei.

Scarlett: Quê? Por que ele faria isso?

Eu: Agiu como se fosse minha culpa não ter esperado.

Eu: Só fiquei no café esperando três horas para ele terminar o


treino.

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Max: Sério? Eu não entendo.

Eu: Ele disse que estava com fome e pegando comida.

Scarlett: Você quer que eu fale com ele?

Scarlett: Ou posso falar com o Xander?

Eu: Certo. Porque isso não seria embaraçoso.

Scarlett: Desculpe. Xander não diria nada se pedisse a ele.

Scarlett: Merda. Espere. Talvez ele o fizesse.

Max: Ele faria. Eles têm seu código de irmão...

Max: Mas eles também se chamam quando estão agindo como


idiotas.

Max: Scar, você não disse que Micah ficou puto quando Xander
estava brincando com você?

Scarlett: Sim. Ele com certeza ficou. Beau também.

Eu: Sim. Mas você é você e eu não sou ninguém.

Scarlett: Pare. Isso não é verdade.

Eu: Para eles, definitivamente não sou ninguém.

Eu: Não entendo como ser voluntária do Treinador dele que tenho
que ajudá-lo seja, de alguma forma, minha culpa.

Max: Definitivamente, pare de ouvir o que estão dizendo.

Argh. E não mencionei para Scarlett ou Max os tons sexuais que


Micah usa quando fala comigo, ou apenas quão cuidadosa Alora está

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afiando suas garras nas minhas costas. Ou que agora tenho que lidar com
os dois como uma Garota Espiritual e um membro do comitê de boas-
vindas.

Max: Devo ter uma conversa com Micah?

Eu: NÃO.

Max: Porque eu posso, se você quiser. Ele não me assusta.

Max: Você está agindo estranho. O que há com ele?

Max: Por que ele te deixou toda confusa?

Eu: É estúpido. Não se preocupe com isso.

É tão estúpido que Micah nem se lembra. Ele não tem ideia de que
eu me perguntei sobre ele por quase sete anos.

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Capítulo 11

É quinta-feira. Mais um dia para a liberdade. Colocando minha


mochila no ombro, eu saio da aula de francês e olho ao redor para ver se
posso alcançar Max e Scarlett para caminhar com eles para almoçar.

— Diga que você não fez isso, — Uma voz profunda e grave rouca
bem ao lado da minha orelha. Assim que giro no meu calcanhar, Micah
agarra meu braço acima do cotovelo e me empurra para uma sala de aula
vazia.

Pega de surpresa, minha boca abre e fecha algumas vezes antes de


finalmente conseguir gaguejar: — Fiz o quê?

— Você sabe o quê. — Ele dá um passo em minha direção e me


inclino para trás. Continuamos essa dança estranha, como se ele fosse o
predador perseguindo sua presa, até que volto para a mesa do professor e
sou forçada a parar. Acabo meio sentada na beira dele, inclinada para trás,
em uma tentativa contínua de recuar.

Com o peito arfando, Micah planta as mãos em cada lado do meu


quadril, empurrando seu caminho entre as minhas pernas como se isso
não significasse nada para ele, e inclina a cabeça em direção à minha. —
Você disse ao meu Treinador que não nos encontramos na terça-feira.

Com veemência, balanço minha cabeça. — Eu não. — Ok, eu meio


que fiz, mas não o dedurei como ele pensa. E, oh Deus está muito perto e
ele é assustador e cheira de uma maneira muito boa. Assustadoramente
boa. Minha mente fica em branco. Por que diabos estou pensando sobre a

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maneira como ele cheira quando está olhando para mim como se fosse
me esfolar viva ou... Me virar e me espancar?

— Então por que ele me fez sentar no banco no treino ontem? Vou
perguntar mais uma vez. Você disse ao Treinador que eu não queria ser
ensinado?

Eu sufoco: — Não, não foi isso que eu disse a ele.

— Que porra você disse, Daphne? — Quando ele diz meu nome,
seus lábios se curvam em um gemido.

Meu coração explodindo sob minhas costelas. — E-eu disse a ele


que ainda não tínhamos agendado um horário e que esperávamos nos
encontrar hoje.

Ele inclina a cabeça para o lado. — Foi tudo o que você disse? —
Ele desliza a mão em volta do meu pescoço, me segurando onde me quer.

Minha respiração sopra em meus lábios. — Sim. Juro. E ele me


procurou. Não é como se tivesse ido até ele.

Ele concorda. — Bom. Você me deixou lidar com minha própria


merda. Entendi? — Seus dedos deslizam pela minha garganta antes dele
agarrar meu queixo. — Não estrague tudo para mim.

Tento respirar, mas não consigo. Foda-se o quê? Estamos cara a


cara e ele está roubando todo o ar. Novamente. — Eu...

Minha resposta é cortada quando ele move a mão para o topo da


minha coxa direita e aperta. Seus olhos escuros perfuram os meus
enquanto sua mão sobe pela minha perna. Meu peito se expande, depois
murcha aos trancos e barrancos. O que ele está fazendo? O calor de sua

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mão se transfere pela minha saia e faz minha barriga virar de cabeça para
baixo. Então, mais abaixo dentro de mim, há uma pulsação distinta e
necessitada. Minhas bochechas queimam de vergonha.

Micah ri como se pudesse dizer que meu corpo está tumultuado ao


seu toque. Sua mão mergulha dentro do bolso da minha saia e puxa
suavemente meu telefone. Ele recua, se endireita e o segura na frente do
meu rosto até que destrave para ele. Eu acho muito desconcertante quão
perto ele ainda está de pé. — Já que estou sendo forçado a fazer isso, da
próxima vez, apenas me mande uma mensagem dizendo para mexer a
minha bunda se estiver atrasado. — Ele olha para baixo por alguns
momentos, tocando na tela do meu telefone com os polegares.

Bem quando eu acho que estou livre, ele se curva na cintura para
que estejamos no nível dos olhos novamente, uma das mãos apoiada ao
lado do meu quadril. Com a outra, ele segura meu telefone e o pressiona
no meu peito, bem entre meus seios. E não se
move. Sua mão grande, aquela que eu vi pegar um passe de futebol com
facilidade no único jogo que assisti, agora está espalmada sobre mim. Me
tocando. E essa mão é maior do que pensava. Eu me pergunto se tudo
dele é maior do que pensava. Mais calor sobe para meu rosto. Não tenho
ideia do que ele está pensando. Ele enfia a cabeça ao lado da minha,
trazendo o rosto colado. Sua voz está rouca enquanto ele sussurra em
meu ouvido: — Pegue o seu telefone, Daphne.

Engulo, minhas mãos voam na tentativa de fazer exatamente


isso. Só que em vez de pegar meu telefone, acabo prendendo sua
mão. Sua pele quente contra o meu peito aumenta minha frequência

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cardíaca, e sei que ele pode sentir quão forte está batendo. Pisco várias
vezes antes de encontrar seu olhar enquanto seu polegar roça meu
mamilo, que agora é como uma borracha de lápis dura no meu peito. Um
gemido irrompe de seu peito. — Gostosa. — Ele dá um tapinha no meu
mamilo novamente, em seguida, consegue extrair sua mão da minha sem
meu telefone cair no chão.

Engulo, incapaz de controlar a tempestade de sentimentos que ele


envia por mim. Meus olhos estão cravados em seu corpo, e observo seu
peito imenso, que se estreita em uma cintura fina. Meus olhos vão mais
para o sul, para a ereção impressionante contida dentro de suas calças. Eu
nunca vi um pau de perto e pessoalmente, a menos que você conte as
fotos desagradáveis de pau que foram enviadas para o telefone de
Scarlett por cortesia de Aria algumas semanas atrás. Mas ele parece
grande. Muito grande.

Meus olhos permanecem fixos em sua virilha, e não consigo fazer


meu olhar voltar para o dele. Eu sinto que ele está no modo predador
novamente, observando cada movimento meu.

— Você está me examinando agora, Daph?

— Não, — sussurro, a mentira caindo facilmente de meus


lábios. Balanço minha cabeça.

Ele ri, sua voz rouca. — Está tudo bem, eu sei que você está. Me
diz, sua calcinha está molhada?

Sim. — Não. Droga, Micah. Vá, por favor. — Eu jogo a mão entre
nós e ela pousa em seu peito sólido como uma rocha. Erro. Isso foi um

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erro. Quero arrancar minha mão, mas também tocar mais nele, e nem sei
como isso é possível. Lentamente, eu me retiro.

— Seu queixo está tremendo. Você está com medo de mim, Daph?

— Não. — Minha mandíbula fica tensa. De jeito nenhum estou


dando a ele uma vantagem ao admitir que ele tanto me apavora como me
faz sofrer de necessidade, tudo ao mesmo tempo.

— Bom. Então te vejo às seis esta noite. Cafeteria.

Pressiono meus lábios e, contra meu melhor julgamento,


concordo. Eu olho para ele e pergunto: — Você realmente vai aparecer?
— Ele é o único que estragou a última vez, não eu. Ele é aquele que não
apareceu. Eu sou aquela que parecia uma idiota. Endireito meus ombros,
sabendo que tenho todo o direito de perguntar.

Um gemido sobe de seu peito e ele permite que seus olhos


examinem novamente meu corpo. — Fofa. É fofo quando você tenta jogar
duro. Mas posso ver seus joelhos tremendo aqui. — Ele estende a mão em
direção ao meu peito, e o prazer dispara através de mim quando ele passa
o polegar sobre o meu mamilo novamente. — Porra, se soubesse que você
me queria tanto, teria aparecido na nossa sessão de aulas particulares na
primeira vez.

Ele pisca ao sair. Ele pisca para mim, porra.

Ele está falando sério?

Passei vários minutos depois disso, já que estou atrasada para


o almoço, procurando o que ele colocou no meu telefone. Presumo que
seja o seu número de telefone, mas não é de Micah ou

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Robertson. Quando eu rolo, finalmente paro no que pode ser apenas sua
entrada.

Sonho molhado da Daph.

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Capítulo 12

Quais são as chances de Micah mostrar sua cara hoje? Uma parte
está apavorada, uma parte curiosamente animada para vê-lo depois da
maneira como brincou comigo, seus lábios com comentários mais
sugestivos maduros e masculinos. E aposto que tem toda a intenção de
me testar com eles, ele sabe que estou a fim dele. Pelo menos acho que é
essa sensação da dor no fundo da minha barriga.

Claro, não admiti isso ainda para ninguém, mas há algo sobre
Micah e sua energia de pau grande que chama por mim. Não estou certa
ainda o que penso dele e estou um pouco preocupada com os
comprimentos e vou descobrir se é algo que eu posso lidar.

A campainha acima da porta da cafeteria toca quando abre às dez


para as seis. Minhas sobrancelhas se juntam enquanto eu olho para
cima. Estou muito surpresa ao ver que é Micah. E ele está adiantado.

Levo alguns momentos antes que ele me veja o examinando. Ele


está vestindo jeans escuros que caem frouxamente em seus quadris e uma
camiseta preta com uma impressão cinza da Estrela da Morte
nela. Minhas sobrancelhas levantam uma fração. Nós realmente temos
algo em comum? Eu amo todas as coisas de Star Wars.

O tecido fino da camisa se estende por seu peito largo, e juro que
posso ver o contorno de seus peitorais por baixo. Meu olhar desliza para
seus bíceps, que estica as mangas até ao limite. Todo aquele
músculo. Mmm. Eu sei que ele passa muito tempo na sala de musculação,

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assim como Xander e Beau e o resto do time de futebol, mas ele é
realmente muito... Impressionante. Seu cabelo ainda está um pouco
úmido do banho pós-treino também. Como pode alguém ser tão indutor
de medo e, ao mesmo tempo, tão completamente digno de
babar? Porque Micah? Ele definitivamente me assusta, mas também me
excita. Devo ser um cachorrinho doente.

Meu cérebro faz um desvio em uma das minhas muitas fantasias,


me perguntando como ele ficaria em pé nu no chuveiro, a água
escorrendo por seu corpo poderoso. Se eu estivesse lá com ele,
ensaboaria minhas mãos e as passaria sobre cada uma das deliciosas
cristas e camadas de pele lisa, e seus músculos se flexionariam e se
enrijeceriam sob meu toque. Talvez ele me pegasse com força em seus
braços, me prendesse entre seu corpo enorme e a parede do chuveiro,
seu pau ficaria duro contra minha barriga, e eu me deixaria ser
completamente tomada por ele. Afinal, é uma fantasia. Talvez ele
alcançasse entre minhas pernas e me tocasse... Oh, Deus, Daphne. Saia
dessa. Eu respiro e deixo ir, minha mente ainda totalmente no espasmo
do meu pequeno devaneio.

Eu sintonizo o que realmente está acontecendo na minha frente, o


que não parece bom, a julgar pelo tom bravo de sua voz.

Micah está agitado enquanto fala em seu telefone, sua cabeça


baixa com os olhos treinados no chão, sua mandíbula se contraindo. Eu
realmente não quero ouvir o que ele está dizendo, mas escuto.

— Você disse que estaria lá. — Ele para ouvindo o que quer que a
pessoa do outro lado diga. — Tudo bem, tanto faz. Não sei por que pensei

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que você apareceria. Você nunca aparece. — Micah aperta o polegar
contra a tela do telefone, encerrando a chamada.

Eu coloco um sorriso no rosto. A pessoa com quem ele estava


falando o aborreceu, e isso me fez sentir... meio terrível. A expressão de
pedra em seu rosto também não é um bom presságio para nossa sessão
de estudo, mas teremos que tirar o melhor proveito disso. Eu considero
uma vitória que ele realmente tenha aparecido. — Oi.

Ele está claramente distraído quando olha para mim. — Oh. Ei. —
ele dá uma olhada em seu telefone. — Estou adiantado. Isso compensa
pela última vez? — Ele me dá um meio sorriso que é um pouco irresistível,
para ser honesta.

— Hum, eu não acho que é assim que funciona, mas agradeço por
você estar aqui e não me deixar esperando de novo. — Limpo minha
garganta e aponto para o assento na minha frente.

Ele acena com a cabeça, colocando sua bolsa no chão. — Eu só


pegarei um café ou algo assim. Só estou meio acordado. — Ele
resmunga. — Treino difícil hoje.

Meu estômago ronca e eu estremeço.

— Você precisa de algo para comer?

Eu olho para baixo em minhas mãos. — Não, estou bem. Jantarei


quando chegar em casa.

— Posso pegar algo para você se estiver com fome agora.

Balanço minha cabeça. — Mesmo. Estou bem.

— Como quiser. — ele encolhe os ombros.

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Eu observo sua forma atlética enquanto ele caminha até ao
balcão. Eu me pergunto como seria andar por aí com esse tipo de
confiança. Claro, às vezes isso soa como petulância, mas tenho certeza de
que esse cara nunca se preocupou com a maioria das coisas. Ele bate uma
pequena conversa com Kendra sem um traço de incerteza ou insegurança
em sua voz profunda, nunca tropeçando em suas palavras, sempre
sabendo exatamente o que dizer. Ele é destemido, enquando eu prefiro
ficar em casa e não ter que me preocupar em falar com outra pessoa
nunca mais.

Somos pessoas muito diferentes, isso é certo, mesmo que seja


um fã Star Wars.

O tempo todo ele está falando com ela enquanto ela pega sua
bebida, meus olhos estão grudados em sua bunda. Puta merda, esse cara
é simplesmente grande. Eu me pergunto como seria apalpá-las, abrindo
minhas pernas e segurando firme enquanto ele dirige seu grande...

— Daph? — ele franze a testa enquanto se eleva sobre mim, café


na mão. — Que porra você estava pensando agora?

Eu pisco, percebendo como meu rosto provavelmente se


parece, bochechas rosadas, lábios entreabertos, olhando para o nada. —
Oh. Uh, nada. Apenas me perguntando se eu deveria pegar outra xícara de
chá.

Ele desliza sua cadeira para que possa se sentar ao meu lado. —
Mentirosa, — Ele diz sob sua respiração.

Meu olhar se fixa no dele. — O que você disse?

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— Você está mentindo para mim. — O tom de sua voz é
arrepiante, como aço gelado.

Eu olho em seus olhos escuros e mal paro o arrepio de rolar por


mim. — Como sabe?

Micah senta na cadeira, inclinando a cabeça para o lado da mesma


forma que o gato da minha avó faz quando está prestes a atacar sem
motivo algum. — Bem, tenho notado muito sobre você ultimamente.

Minhas sobrancelhas sobem e minha garganta fica muito seca.

— Toda vez que eu digo algo meio sujo pra você, sua pele fica toda
vermelha e aqueles seus olhos verdes brilham para mim. É muito sexy. —
Ele se inclina e diz quase conspiratoriamente: — A propósito, seus
mamilos parecem gostar de mim, mesmo que você não goste. Eles
estavam duros como diamantes. — Ele morde o lábio, balançando a
cabeça, como se estivesse se lembrando de estar ali entre minhas pernas
e me tocando. Tem um sorriso malicioso no rosto e quero dar um tapa
nele.

O que não está me deixando saber tão sutilmente é que ele sabe
como eu fico quando estou excitada. Que gosto do que está me dizendo,
do que está fazendo. Ele está muito ciente de que cada última coisa que
faz me excita.

— Bastou eu sussurrar em seu ouvido para fazer seu pulso disparar


como uma manada de cavalos em disparada. Ou talvez fosse apenas
porque estava tão perto. — Ele se inclina para mais perto de mim ao dizer
isso, como se para provar seu ponto de vista.

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Meu rosto fica em chamas.

E sinto que perderei terreno com ele se negar agora, então dou de
ombros, reforçando minha coragem. — Muitas coisas me deixam exitada,
Micah. Não se iluda. — Uso toda a falsa bravata que tenho com essas duas
pequenas frases. Ele vê através disso. Merda.

Com uma risada gutural, ele balança a cabeça. — É? Como o


quê? Diga o que mais deixa sua calcinha molhada, Daph.

Ah merda. Foda-se. Tire-me daqui. Meus olhos estão um pouco


selvagens enquanto procuro algo, qualquer outra coisa para
dizer. Qualquer coisa para tirar seu foco das coisas óbvias que
me excitam, como ele. Eu aponto para sua camisa, falando com mais
confiança do que estou sentindo. — Star Wars. Sou uma grande fã.

— É mesmo? — ele puxa sua cadeira para mais perto da minha e


coloca a mão no meu joelho, deslizando um pouco por baixo da minha
saia. É grande e quente, e a sensação de seus dedos calejados acariciando
suavemente minha coxa interna quase causa um curto-circuito em meu
cérebro. Oh meu Deus, não consigo me concentrar em Star Wars quando
ele está fazendo isso.

Eu inspiro, tentando agir como se seu toque não me afetasse em


nada. E caramba, como é que estou falando, mas ele está decididamente
no controle da conversa? — Sim. Eu gosto de separar a ciência disso. Ou a
falta dela. Quer dizer, não me entenda mal, posso ignorar essas coisas e
amá-las do mesmo jeito, mas você já pensou sobre por que todos seus
planetas parecem ter apenas um ambiente? Como um planeta de gelo ou
uma lua na selva? Parece estranho para mim. A maioria dos planetas

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habitáveis tem um ecossistema bastante complexo, você não acha? Se
você mora em Tattooine, não gostaria de ter que ir até Hoth para patinar
no gelo, estou certa?

Puta merda, eu não sei de onde veio essa tagarelice, mas quanto
mais eu digo, maior a torção nos lábios de Micah aumenta e mais para
cima minha saia vai em sua mão. Merda. Merda, merda, merda. Minha
respiração está um pouco irregular enquanto prossigo, ignorando a
queimadura de sua mão na minha coxa. — E você não acha um pouco
estranho que a maioria dos personagens principais desses filmes sejam
humanóides? Por que todos esses alienígenas seriam tão biologicamente
semelhantes? A galáxia de Star Wars teria que ser um lugar muito menor
se pensássemos que vários seres iriam evoluir de forma tão semelhante,
não importa que todos se reunissem em uma cantina em Mos Eisley para
uma bebida.

Puta merda, eu deixei minha nerd da ciência e cinéfila na frente de


Micah de uma vez. E... posso jurar que ele gosta. Alguém me ajude,
porque meu plano para distraí-lo não está funcionando. Isso, ou ele está
virando a mesa e tentando me provar que sou uma grande mentirosa. A
próxima coisa que poderia, é deixar escapar que estava sonhando sobre
nós ficarmos nus, sobre eu agarrar sua bunda para salvar a vida enquanto
ele empurra em meu corpo, e então tudo seria uma ladeira abaixo a partir
daí.

Ele não disse nada sobre meu discurso de Star Wars até agora, e
não posso dizer o que está pensando. Seria mais fácil lidar com Micah se
tivermos algo em comum. E... talvez tenhamos?

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Minhas sobrancelhas sobem, o encorajando a dizer algo. Tento
engolir e descubro que não consigo. Meu próprio corpo está me
traindo. Tudo em que posso me concentrar é no movimento preguiçoso
de seus dedos para frente e para trás sobre a parte interna da minha
coxa. É uma droga.

Inebriante.

Sensual. A mão de Micah Robertson está na metade da minha


saia. Jogador super popular de futebol, um Rosa, Micah Robertson. Ele
olha para mim sob os olhos semicerrados. Minha respiração engasga e
minha língua se lança para umedecer meu lábio.

É quando noto, seus lábios se contraindo completamente. Ele solta


uma gargalhada aguda.

— Porra. Você está arruinando toda a franquia de filmes para mim.

Tenho certeza de que sua mão está a cerca de sete centímetros da


borda da minha calcinha. Não mostre medo. Eu sorrio para ele. —
Enfim. Só estou dizendo que a maior parte da ciência estava errada. Eu
ainda amo isso, no entanto. Agora, você poderia remover sua mão da
minha coxa para que possamos trabalhar um pouco?

Ele balança a cabeça, rindo, mas faz o que eu peço. — Você


sempre fala tanto assim?

— Não. Na verdade, não. — Meus dentes arranham meu lábio


inferior enquanto me pergunto o que ele fará a seguir. — Eu pensei que
talvez pudesse distrair você.

75
— Você conseguiu. Em mais de uma maneira. — Seus olhos voltam
para a minha saia e, em seguida, fazem um caminho preguiçoso por cima
da minha camisa.

Se ele tivesse visão de raio-X, ele veria que meus mamilos são
pequenos bicos duros, assim como ele apontou antes. Gostaria que ele me
tocasse novamente. Só não aqui no café. Bem, talvez isso não fosse tão
ruim. Merda. Eu tenho pensamentos malucos quando ele está tão perto
de mim.

— Do que exatamente você acha que está me distraindo?

Eu aceno na direção de seu telefone colocado do outro lado da


mesa. — Quem quer que tenha te chateado antes.

E assim, ele me fecha. — Eu não quero falar sobre isso.

Mastigando o interior da minha bochecha, eu estudo suas


feições. Ele colocou uma máscara para esconder o que quer que esteja
sentindo agora, mas eu sei. Eu tinha visto em seu rosto quando ele entrou.
Eu encolho os ombros, fingindo indiferença. — OK. Vamos trabalhar,
então.

Ele pega seu dever de física e, surpreendentemente, ouve as


sugestões que dou, faz perguntas e torna o processo relativamente
indolor. Isto é, até que cheguemos ao último problema, quando ele parece
um pouco perturbado novamente depois de verificar seu telefone.

— Vamos, só falta mais um. — Eu jogo a cautela ao vento e o


empurro para debaixo da mesa com meu joelho. — É o 4º tempo e
acabamos de passar o aviso de dois minutos, Micah. Vamos terminar isso.

76
Uma centelha de calor aparece em seus olhos com a minha
analogia com o futebol, mas desaparece rapidamente.

— Por que você ainda está com o uniforme da escola, afinal? Não
que eu me importe. Fácil acesso e tudo. Não há nada como a facilidade de
entrar furtivamente no banheiro no meio do dia escolar, levantar a saia e
ir em frente.

Meus lábios se abrem involuntariamente, mas me contenho antes


de deixá-lo saber o quanto ele me desequilibrou. Eu inalo com
cuidado. Meu blazer está pendurado nas costas da cadeira, e olho para
a camisa de botão que esconde meu busto 32-A e aliso minhas mãos
sobre minha saia, me encolhendo com a ideia do que deve ver quando
olhar para mim. Decido jogar como se o que ele acabou de dizer não
fizesse meu queixo querer cair de espanto. Ele realmente transa com
garotas no banheiro da escola? Eu sou uma idiota tão
ingênua. Que curso que ele faz. Esse cara e eu nem deveríamos existir na
mesma galáxia, muito menos no mesmo planeta.

O melhor que posso fazer é tentar ignorar o que sei ser uma
tentativa de me irritar. Eu libero a respiração que estava segurando. —
Oh. Não fui para casa hoje antes de vir aqui.

— Da próxima vez, você deve ir para casa e se trocar. — Ele


encolhe os ombros. — Então ficará mais confortável. — Ele bate com a
ponta do lápis nos lábios carnudos, o que só serve para chamar minha
atenção para eles e me fazem imaginar como seriam. Na minha...

— Estou bem. Estou acostumada com o uniforme.

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— Talvez eu gostasse de ver você em outra coisa, — ele murmura,
olhando para o último problema.

Eu apoio meu cotovelo na mesa e viro de lado para olhar em seu


rosto. Mastigando o interior da minha bochecha, eu descanso minha
cabeça na minha mão. — Você me confunde, Micah.

Ele murmura. — Como?

— Você tem sido... Não tão legal comigo desde que o Diretor me
pediu para ajudar a melhorar suas notas. Você foi acusador e rude, e
posso dizer que faz certas coisas só para me irritar, mas não sei por
quê. Não entendo.

— Talvez você não deva. — Ele empurra o caderno para mim. —


Pronto?

Eu olho brevemente para o seu trabalho e não vejo nada de errado


com ele, eu aceno. — Sim.

Ele pega sua bolsa, a joga sobre o ombro e sai sem dizer uma
palavra.

Não me ocorre, até que ele foi embora, que esqueci que ainda
tenho que ir para casa e fazer cartões para colocar em seus armários e
assar alguns biscoitos ou algo assim. Ele provavelmente não tem ideia que
sou sua nova Garota Espiritual, e brinco com a ideia de simplesmente não
contar a ele. Provavelmente é melhor que não saiba. Deixe que descubra
sozinho.

Formulando um plano de ação, arrumo minha mochila de livros e


vou para casa para implementá-lo.

78
Uma coisa que Micah aprenderá em breve é que, quando recebo
um projeto, dou 110 por cento todas as vezes. Eu serei a melhor Garota
Espiritual que Rosehaven já viu.

79
Capítulo 13

Nada como esgueirar na escola cedo. Tenho permissão especial


para fazer isso, é claro, e também estou armada com as combinações dos
armários de Micah. Ainda parecia um pouco estranho para mim, mas acho
que o Esquadrão Espiritual de Rosehaven é um grupo de adolescentes
confiáveis. Eu cheguei ao armário principal de Micah primeiro, puxando
apressadamente a fita adesiva da minha bolsa e pendurando as grandes
letras individuais em negrito que soletram Vai, Micah! Claro, tudo que
faço tem um toque artístico, então há pequenas bolas de futebol e
capacetes desenhados à mão decorando cada letra. Muito fofo, se é que
posso dizer. Esperançosamente, não muito bonito para o grande e ruim
tempo apertado. Eu mordo meu lábio, olhando para o armário finalizado
por alguns segundos, depois encolho os ombros. Não é como se eu tivesse
tempo para mudar agora.

Com a colocação da placa concluída, pego seu combo do armário,


entro e deixo um recipiente com biscoitos de chocolate para ele que
Scarlett me ajudou a assar. É uma coisa boa que ela seja uma cozinheira
tão excelente quando mandei uma mensagem depois das oito na noite
passada, porque sou péssima em cozinhar. Eu estava desesperada por
ajuda, então contei a ela sobre ser a Garota Espiritual de Micah. Mais
tarde, durante os cookies, eu compartilhei sobre ser forçada a entrar no
comitê de boas-vindas também. Ela foi totalmente compreensiva.

80
Corro até à outra ponta da escola, onde fica a academia, feliz por
não ter encontrado ninguém até agora. Ninguém precisa saber que estou
fazendo isso. Definitivamente, não Micah.

Acho que o resto do Esquadrão Espiritual deve ter guardado suas


coisas ontem depois da escola. Vários dos armários pelos quais passo já
têm placas. Se tivesse pensado sobre isso, eu teria feito isso também, mas
estava tão preocupada sobre se Micah iria ou não aparecer para uma aula
particular, e nem considerei isso.

Tenho cerca de quinze minutos antes que o corpo docente comece


a chegar para o dia. Parando do lado de fora do vestiário dos meninos,
respiro fundo. Não deveria haver ninguém lá a esta hora do dia, não em
um dia de jogo, de qualquer maneira.

Ainda assim... meus nervos estremecem enquanto rastejo pela


porta, olhando para o corredor onde os professores de educação física do
sexo masculino têm escritórios e um dos Treinadores tem uma pequena
sala de exames. Com a barra limpa, corro pela próxima porta para o
próprio vestiário. É idêntico ao vestiário feminino, pelo que me lembro da
turnê que fiz no ano passado, não que eu tivesse um motivo para estar
perto da academia desde então. Não até agora.

É bem típico, no entanto. Fileiras de armários, bancos e um longo


corredor com chuveiros e um balcão com um espelho
acima. Rapidamente, olho para o meu telefone, verificando o número do
armário de Micah, e uma vez que o localizo, coloco minha bolsa no banco,
abro o zíper e retiro a placa. Eu tenho isso em um flash e saio correndo de
lá. Meu coração está batendo forte, o que é ridículo. Não é como se

81
estivesse em alguma missão secreta ou algo assim. Se alguém me ver, me
viu.

***

Mais tarde, estou mexendo no meu almoço quando Scarlett desliza


para o assento ao meu lado com sua oferta favorita da hora do almoço da
nossa escola, lasanha.

— Ei. Achei que você estaria sentada com Xander. Você sabe, dia
de jogo e tudo.

— Não seja boba. Eu sei que você não está exatamente confortável
sentada lá com aquela multidão, e Xander sabe que não deixaria meus
amigos pensarem que os deixei para trás por alguma merda boba de
futebol. Eu disse a ele que queria sentar aqui com vocês hoje. Ele está
bem com isso. Ele sabe que eu o amo e faria praticamente qualquer outra
coisa que ele me pedisse. — Ela pisca para mim e enfia uma garfada de
lasanha na boca.

Um nó se forma na minha garganta. Não acredito que Scarlett está


aqui há apenas sete semanas e já tem um namorado fixo. Não é que ela
não mereça, porque ela merece depois de tudo que passou. Ela e Xander
são tão fofos juntos. Eles são, sem dúvida, o novo casal poderoso da
escola. Eu só me pergunto às vezes, ok, mais do que apenas às vezes,
quando será a minha vez. Se algum dia for a minha vez.

82
— Micah está de mau humor de qualquer maneira, e isso está
afetando todo o grupo ali. Eu não sei o que aconteceu. Ele está todo
resmungão e chateado. Você pensaria que nossos cookies o teriam
adoçado, mas não.

Mais resmungão do que o normal? Minha atenção está


aguçada. Eu me pergunto se ele ainda está chateado com aquele
telefonema de ontem. Não é da minha conta, não importa o quanto eu
me sentisse mal por ele, mas não posso deixar de pensar que talvez seja
isso. Eu me pergunto quem não vem hoje para assistir ao jogo. Quem quer
que o esteja decepcionando?

Scarlett cutuca meu braço. — Como foi a operação Garota


Espiritual esta manhã?

— Bem. — cutuco minha salada. — Eu não contei a Max sobre


isso ainda, ou a coisa do comitê de boas- vindas, e apreciaria manter isso
em segredo.

— Foi o que você disse ontem à noite. — Scarlett franze a testa


para mim. — Eu não trairia sua confiança, Daphne.

Eu suspiro. — Eu sei. Na minha cabeça, eu sei disso. É muita coisa


para lidar agora.

— Existe um motivo específico para você não estar contando ao


Max?

Eu imediatamente encolho os ombros, sem saber como


responder. É idiota, mas estou envergonhada.

83
— O que é muito para lidar? — Max pousa a bandeja à nossa
frente e se senta. — E o que não está me dizendo? — Ele levanta uma
sobrancelha, obviamente não feliz por ter sido excluído de alguma coisa.

Scarlett me olha de lado e aperta os lábios.

Merda. — Tive que escolher algumas atividades para adicionar à


minha agenda para que possamos colocá-las em minhas inscrições para a
faculdade, — Murmuro, esperando que ele desista.

Mas é Max e não deixará isso passar, especialmente quando estou


tendo problemas para olhá-lo nos olhos. Exasperado, ele olha de mim
para Scarlett antes de perguntar: — Que porra está acontecendo?

Ela levanta as mãos, com as palmas para fora. — Isso não é coisa
minha. Na verdade, tenho o prazer de passar a tocha de que diabos está
acontecendo para Daphne.

Eu olho para o rosto preocupado de Max e de volta para a minha


alface. — Agora estou no Esquadrão Espiritual e no comitê de boas-vindas.

Ele franze a testa, apontando o garfo para mim. — Você nem gosta
de bailes na escola.

— Sim, bem, isso não parece importar. Pelo menos há apenas


algumas reuniões e a decoração, e então estarei livre disso.

Ele balança a cabeça, meio rindo, e não sinto falta de Scarlett


dando um chute rápido em sua canela por baixo da mesa. Com uma careta
no rosto, ele se inclina para esfregar a perna e me olha com atenção. —
Espere, de quem você será a coelhinha afinal?

84
Eu coloco um monte de alface na boca, mastigando lentamente
enquanto seus olhos sondam os meus.

— Não. Sério?

Scarlett pigarreia. — Vai ficar tudo bem. Ele nem sabe que é ela
ainda.

— Eu não posso acreditar que você concordou em fazer isso.

— Minha carreira universitária está em jogo. Eu tenho que


conseguir uma bolsa, e não tenho tantas opções com tão pouco tempo
antes do vencimento das inscrições, então...

Suas mãos se fecham onde descansam na mesa. — Mas por que


você deveria ter que lidar com alguém que te deixa desconfortável?

Scarlett levanta um dedo. — Eu ainda quero saber por que ele te


assusta tanto. Ainda não entendi.

— É estúpido, ok? Eu apenas o acho intimidante. Ele é enorme,


áspero e cheio de si... Assim como todos os outros idiotas jogadores de
futebol.

— Oh, Daphne... Eles não são todos assim. — Max dá de


ombros. — Não me entenda mal, alguns definitivamente são. — Ele limpa
a garganta e sorri para mim, e posso dizer que ele está prestes a tentar
adicionar um alívio cômico à conversa. — Pessoalmente, eu amo os idiotas
machos alfas. Parece fantástico pra mim. Talvez eu devesse entrar para o
Esquadrão Espiritual.

Meus olhos rolam para o teto. — Você diria isso.

— O que posso dizer? Gosto de todos os jogadores de futebol.

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Scarlett bufa. — E lutadores. E jogadores de beisebol. E jogadores
de basquete... Mas espere, estamos saindo do caminho aqui. — A voz de
Scarlet é abafada enquanto ela continua. — Micah pode realmente ser
muito doce.

— Ele não é nem remotamente doce comigo. — Minhas


sobrancelhas se juntam. Se ela soubesse quantas vezes Micah me
encurralou, talvez ela não fosse tão rápida em defendê-lo. — E não é bom
em manter distância pessoal ou manter as mãos para si mesmo, — Eu
murmuro.

— Desculpe, o quê? — O olhar de Max se estreita em mim e ele


abaixa o garfo com um barulho.

Batendo minha mão sobre minha boca, eu olho entre meus dois
amigos. — Eu disse a última parte em voz alta?

Max xinga: — Que porra, Daphne? O que você está escondendo?

— Ele é apenas...

— Apenas o quê? — Ele morde.

Scarlett está girando em seu assento, então ela está olhando


diretamente para mim, com as costas retas como uma vareta.

— Eu acho que ele gosta de brincar comigo. Ele descobriu que não
deixarei essa coisa de tutoria passar, e seu Treinador está dando uma
bronca nisso, então ele está fazendo o possível para me intimidar de
qualquer maneira que possa. Mas não posso desistir porque as aplicações
estúpidas devem chegar em breve. — Olho para as minhas mãos. Pelo
menos acho que é isso que está acontecendo.

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Max empurra sua bandeja para longe dele. — Isso é fodido.

— É um movimento de pau clássico, é o que é. — Scarlett cruza os


braços sobre o peito. — Espere, você disse que ele não está mantendo as
mãos para si mesmo? — Suas sobrancelhas se juntam nitidamente.

— Eu...

— Não deixarei que ele mexa com você só por diversão,


Daphne. Você se sente desconfortável em passar tempo com
ele? Podemos contar para alguém. — Max move sua mandíbula para
frente e para trás enquanto olha nos meus olhos. Ele está ficando tão
nervoso que parece que o topo de sua cabeça está prestes a explodir.

Scarlett também está furiosa. — Ou dê um soco nele se ele se


comportar mal. Ele é um cara grande, mas isso significa apenas que terá
mais para cair quando eu pegá-lo. Você deveria ter dito algo.

Nego rápido com a minha cabeça. — Eu posso lidar com ele. Estou
bem.

O olhar de Max está desviado para o refeitório. Ele está


observando o time de futebol e todos os outros naquela mesa. — Falando
do grande homem em pessoa, sou eu, ou Alora está extremamente
grudenta nele hoje?

Olho por cima do ombro. Com certeza, ela se plantou na coxa de


Micah e está brincando com o cabelo da nuca dele. Que
nojo. Definitivamente, nada que eu precise assistir se pretendo segurar
meu almoço.

87
Capítulo 14

Um tempo depois, pego minha bolsa, minha bandeja do almoço e


verifico para ter certeza de que estou com meu telefone. Antes que eu
possa empurrar meu assento para trás, uma mão segura meu ombro. —
Daphne Davis. Como tá indo, Duplo D?

Eu viro minha cabeça para ver Alora parada atrás de mim, várias
líderes de torcida a ladeando. Farrah Kendrick, Danica Seeger, Cindi
Traverse e Melanie Underwood dão risadinhas, cobrindo a boca.

Eu me encolho, dou de ombros para fora de seu aperto e jogo


minha resposta por cima do ombro. — Muito criativa, minhas iniciais.

A risada borbulha da boca de Alora. — Certo, certo. Vai ao jogo


esta noite? Seu jogador de futebol favorito está começando, como de
costume.

— Não, provavelmente não vou, mas obrigada.

Scarlett se vira em sua cadeira, olhando feio. — Alora, há uma


razão pela qual você está incomodando ela? Onde está sua capitã? Aria
não deveria ter você na coleira ou algo assim?

— Engraçado. — Ela encolhe os ombros, levando um segundo para


olhar para suas unhas bem cuidadas, focando sua atenção de volta em
mim. — Foi interessante ouvir tudo sobre como as coisas foram ontem à
tarde com sua sessão de tutoria. — Ela sorri presunçosamente. — Micah

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me disse você é uma geek completa. Algo sobre como você tentou falar
com ele sobre todos os tipos de coisas estranhas de ficção científica.

Eu pisco, meus lábios se separando em consternação. E aqui eu


pensando que havia uma possibilidade de ter encontrado um terreno
comum com ele, mesmo que ele tivesse colocado a mão na minha saia
enquanto eu vomitava diarreia verbal de Star Wars. Fiquei orgulhosa de
mim mesma por encontrar tópicos de conversa que pensei que talvez o
interessassem. Aparentemente, eu estava enganada. Meu coração afunda
como uma pedra e mordo meu lábio, olhando para a bandeja de comida
na minha frente.

Max pula para uma posição de pé, sua cadeira dispara atrás dele
com um barulho alto de raspagem no chão. — Alora, vá se foder.

— Desculpe?

— Você me ouviu.

Quanto mais tempo ela fica aqui me provocando, mais minha pele
se arrepia de desgosto. Contra o meu melhor julgamento, espreito na
direção de Micah apenas para sentir meu estômago revirar. Ele está
observando toda essa troca, observando essas vadias me atormentando
como se fosse seu trabalho ou seu direito ou sua razão de existir. E
enquanto Xander e Beau acabam de se levantar e estão observando nossa
mesa, Micah permanece plantado em sua cadeira como se não pudesse se
importar menos. Ele definitivamente não é a pessoa que pensei que
fosse. Não mais.

89
Alora ri enquanto ela e as outras vadias agem como se tivessem
perdido o interesse. — Vejo você na reunião do comitê amanhã às dez, —
ela joga alegremente por cima do ombro para mim enquanto se afasta.

— Aquela coisa toda definitivamente teve algo a ver com Micah, —


geme Max quando ele cai de volta em sua cadeira.

— Você acha que ele disse a ela para fazer isso? — Scarlett parece
que vai pular da cadeira e bater nele.

— Uh-uh. Isso foi motivado por ciúmes, puro e simples. Me faz


imaginar o que ele realmente disse a ela sobre você, Daphne, e como
muito é apenas merda que ela está inventando.

Eu levanto meus ombros, então os deixo cair, abatida. — Não


importa. Eu cuido disso.

***

Acabei de me enrolar com um novo lançamento de um dos meus


autores favoritos de fantasia urbana quando meu telefone vibra ao meu
lado na cama. São cerca de oito horas, então sei que o jogo de
futebol começou, o início de outra noite insana, sem dúvida. O jogo e a
festa a seguir são exatamente os tipos de encontros que evito a todo
custo.

Max: Ei, Daphne.

90
Max: Tem certeza de que não quer se juntar a nós?

Scarlett: Estamos perto da cerca na zona final mais próxima do


prédio para que eu possa assistir Xander jogar.

Eu: Estou muito bem em casa.

Eu: Estou lendo.

Max: Mas você tem todo o fim de semana para ler.

Eu: LOL e é exatamente isso que pretendo fazer.

Scarlett: Engraçadinha.

Scarlett: Bem, isso provavelmente será um fracasso de sugestão,


mas você quer nos encontrar na festa mais tarde?

Eu: Casa de quem?

Quase um minuto se passa antes que os pontos comecem a pular


com uma mensagem. Tenho a estranha sensação de que Scarlett e Max
estão discutindo o que me dizer.

Max: Será na casa do Micah.

Eu: Sim. Poderia ter falado isso.

Eu: Não, obrigada.

Scarlett: Os pais dele não estão em casa.

91
Sim, isso faz sentido se for com quem ele estava falando ao
telefone. Pais ausentes no seu melhor, eu acho. Eu me pergunto quantos
jogos eles perderam este ano. Ou talvez a pergunta mais fácil de fazer seja
em quantos eles apareceram.

Scarlett: Xander e eu apenas assistimos principalmente.

Scarlett: Não é nem mesmo sobre o jogo ou a festa, na verdade.

Max: Certo. É só sair com a gente.

Scarlett: Além disso, preciso de alguém para cuidar do Max. Ele


está sempre vagando.

Max: Calma, mulher. D, seria mais divertido com você lá.

Com uma bufada e o que deve ser um desejo estranho de


infligir autotortura, abro meu aplicativo do Instagram. Meus olhos
estreitam na tela enquanto puxo o relato de Micah. Sim, lá está ele,
cercado por todas as garotas que estavam me provocando hoje cedo.

Eu mordo meu lábio enquanto olho para a imagem por mais


tempo do que o necessário. Mas ainda assim, ele é tão gostoso, mesmo
com aquele sorriso arrogante. Se fosse mais confiante, iria surpreendê-lo
o beijando direto em seus lábios sensuais. Com a mão trêmula, pressiono
meus dedos na boca e me pergunto como seria realmente.

Provavelmente embaraçoso como o inferno, na verdade, já que


não tinha ideia do que estaria fazendo.

92
Eu: Tanto faz. Você tem Xander colado a você agora. Você nem
mesmo precisa de mim.

Scarlett: Mas, viu? É por isso que Max precisa de você, Daph!

Scarlett: E SEMPRE precisarei de você.

Eu: Talvez da próxima vez.

Max: Ok. Mas você está perdendo.

Scarlett: Estou exigindo isso. Da próxima vez, está me ouvindo?

Eu olho para baixo novamente para a foto de Micah grande em seu


uniforme, na frente e no centro do mar de uniformes de
torcida vermelhos e pretos. Meus amigos estão certos? Eu estou
perdendo? O que você fará aqui em casa, Daphne? O que será, ler seu livro
ou assistir a um dos filmes de Star Wars pela trilionésima vez? Não, espere,
provavelmente você estará assistindo o mais novo episódio de The
Mandalorian. Você ama a criança. Ele se parece com um bebê Yoda.

Eu juro, sou minha pior inimiga. Eu posso atirar em mim mesma


tão bem quanto Alora.

Meus olhos borram com lágrimas que me recuso a deixar


cair. Olhando para as minhas mãos, tento me distrair, cutucando minhas
unhas, que estão expostas e cortadas. Verdade, é principalmente porque
eu não posso me incomodar em deixá-las crescer, mas é apenas outro
jeito que eu não sou nada como Alora ou Farrah ou qualquer uma das
outras garotas com unhas perfeitamente manicuradas com as quais Micah

93
fica regularmente. O ciúme passa por mim, espontaneamente. Eu gemo,
rolando na cama e enterro meu rosto no travesseiro.

O que Micah pensaria se aparecesse em sua casa esta noite? Ele


provavelmente presumiria que sou louca. E então ele e aquelas vadias
alegres dariam uma boa risada às minhas custas.

Olhando para mim mesma, eu assinalo todas as coisas que me


tornam totalmente inadequada para alguém como Micah. Eu não gosto de
festas. Ou futebol. Eu não tenho curvas como as garotas pelas quais ele
parece gravitar. Eu gosto de ler, tipo, muito. Na verdade, gosto de fazer
meu dever de casa e tirar boas notas. Eu visto camisetas do Star
Wars para dormir.

Um cara como Micah não olharia duas vezes. Não deveria olhar
duas vezes.

Engraçado como eu passei de estar acostumada a ele me ignorar e


não me ver, e estar quase bem com isso, para ficar triste porque não sou o
que ele quer, não importa o quanto ele goste de brincar comigo.

Devo ser dez tipos de estúpida.

94
Capítulo 15

Ah merda, como já estou exausta quando acabei de abrir meus


olhos? Rolando e me espreguiçando, pego meu telefone, apenas para
perceber que já são nove e meia e tenho que estar na escola às dez.

Salto para fora da cama, batendo meu dedão do pé ao longo do


caminho. Porra, porra, porra! Eu pulo para cima e para baixo, agarrando
meu pé enquanto procuro em minha cômoda por algo para vestir.

Puxando uma camiseta, calcinha, sutiã e um par de tênis, os aperto


contra o peito e corro para o meu banheiro. Dentro, coloco meu cabelo
comprido empilhado na cabeça, pois não tenho tempo para lavá-lo e
condicioná-lo agora. Não importa, isso demoraria uma eternidade.

Escovo os dentes, em seguida, tomo o banho mais rápido de todos


os tempos, me seco e coloco minhas roupas no lugar. Depois de uma
rápida olhada no espelho, coloco meus pés nos meus Vans e desço as
escadas ruidosamente.

Minha mãe deve sentir minha urgência porque seus olhos se


arregalam.

— O que posso fazer?

Balanço minha cabeça. — Eu preciso ir para a escola. Reunião do


comitê de boas-vindas às dez. Eu... — pressiono a palma da minha mão na
minha têmpora — ... Eu deveria ter definido um alarme.

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Ela franze a testa. — Você nunca dorme assim. Está se sentindo
bem?

— Sim. — Não. Passei muitas horas sem dormir me perguntando


se deveria simplesmente ter ido ao maldito jogo de futebol, ido à festa e
vivido um pouco pelo menos desta vez. Não é totalmente uma coisa
minha a fazer, mas eu estou... Ugh. Estou frustrada. Estou em uma espécie
de encruzilhada. Posso sentir isso. Eu quero coisas que eu não sabia que
quereria. Uma semana atrás, eu era uma pessoa totalmente diferente. Eu
solto um suspiro e pego uma banana da tigela no meio da mesa da
cozinha. — Devo estar em casa um pouco depois das onze, eu acho.

— Certo, docinho. Não dirija muito rápido. Tenho certeza que eles
vão esperar por você. — Eu entro no meu carro, ligo e saio da
garagem. Vou me atrasar. Eu posso sentir isso. Quando eu parei na sala de
aula da Sra. Jayson ontem de manhã, ela me disse que Alora entraria em
contato com os detalhes da reunião. Então, tudo que recebi de Alora foi o
comentário superficial das dez da manhã que ela jogou por cima do ombro
para mim no refeitório na hora do almoço.

Merda! Se a Sra. Jayson pensava que Alora seria de alguma forma


útil, me pergunto se sou a única que vê Alora como ela realmente é,
uma vadia conivente e com direito de proporções épicas.

Eu praticamente voo para o estacionamento dos alunos, saio do


meu carro e corro em direção ao prédio. Caminho pelo longo corredor da
frente, examinando cada cômodo enquanto ando. A sala de aula da Sra.
Jayson fica no final do corredor à esquerda. Três minutos atrasada. Por
favor, não deixe isso ser um grande negócio.

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A porta se abre assim que eu me aproximo e vozes flutuam para
mim.

— Alora, você está encarregada das vendas de ingressos esta


semana. Coordene com os outros membros do comitê para que saibam
quando ajudá-la. Todos deveriam ajudar nas vendas pelo menos uma
manhã. No próximo fim de semana, trabalharemos na decoração. Temos
muito espaço de armazenamento que podemos usar.

A voz irritante e enjoativamente doce de Alora me atinge bem no


peito.

— Vou continuar encomendando balões e aquelas estrelas que


olhamos. Farrah, Danica, vocês estão encarregadas de trabalhar juntas no
arco da entrada. Hanna, estrelas. Cindi, você pode ajudá-la com
isso. Quando eles entrarem, precisamos de tantas estrelas cintilantes
quanto for humanamente possível para serem amarradas e penduradas
no teto. Se estamos fazendo Uma Noite Sob as Estrelas, deve parecer uma
noite estrelada.

Engulo. Há murmúrios mais indistintos de diferentes membros


do comitê, um comitê do qual eu devo fazer parte. Mas sei que Alora me
disse dez.

A Sra. Jayson aparece na porta enquanto todos começam a sair.

— Oh, Daphne, aí está você. Sentimos sua falta esta manhã.

— Hum. — olho para Alora, que está com um sorriso maroto,


depois volto para a Sra. Jayson. Minha mandíbula fica tensa enquanto

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considero minhas opções. Chamá-la ou seguir em frente? — Eu dormi
demais. Sinto muito.

— Ok, bem, nos encontramos às nove. Todos os sábados até ao


baile, por isso se certifique de que acerte o alarme na próxima vez. Peça a
Alora que a informe sobre o que você perdeu. — Ela sorri gentilmente
para mim e volta para a sala de aula.

Tentando manter a calma, meus olhos se voltam para Alora, que


está sussurrando por trás de sua mão para algumas das outras garotas
do comitê, principalmente suas companheiras de torcida. Parece que
todas estão rindo muito às minhas custas. Mantendo minha voz baixa,
murmuro: — Essa foi uma jogada maldosa.

— O quê, Duplo D? — Alora torce o nariz para mim. — Eu não sei a


que você está se referindo.

— Você sabe que me disse para aparecer às dez. — estendo meu


braço em direção a suas companheiras. — Metade dessas meninas estava
bem ali quando você disse isso.

— Sua palavra contra todas as nossas. — Ela aperta os lábios, me


desafiando com um brilho de aço em seus olhos para argumentar mais.

— Tanto faz. Eu não sei o que passou pela sua bunda, mas
apreciaria se você e eu pudéssemos ser pelo menos civilizadas uma com a
outra. Você deixou sua opinião sobre eu ser geek muito clara. Eu não
tenho ideia de por que eu irrito suas penas. — Eu rio
desconfortavelmente, quase certa de que realmente sei, Micah. Eu
também espero que ela não perceba que estou realmente chateada por

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perder a reunião do comitê, sem mencionar que pareço uma preguiçosa
idiota.

Mas estou. Ao contrário da maioria dessas garotas, eu tenho que


estar aqui e preciso desse comitê para minha inscrição. Não tenho pais
que podem simplesmente pagar a faculdade com um cartão platinum. A
pressão é intensa para ganhar a bolsa completa. E bem ali no meio do
corredor, com Alora e suas bestas olhando, eu me espancava por ser
quem eu sou de novo. Por permitir que algo que aconteceu quando estava
no ensino fundamental me transforme nessa pessoa estranha e tímida,
incapaz de levar uma vida normal de colegial de festas, comitês, clubes e...
Agora estou presa a fingir que estou junto com essas pessoas e lidar com
essas odiosas apenas para ter algo para colocar na minha inscrição.

Eu balanço minha cabeça e me afasto, incapaz de deixar de lado o


que acabou de acontecer, mas também me culpando por ter que
depender dessas vadias. Quem diria que boas notas não seriam
suficientes?

Estou um pouco perdida em meus próprios pensamentos quando


me viro para encontrar Alora me seguindo. — Você não poderia irritar
minhas penas nem se tentasse. Ele está mexendo com você porque pode.

Eu fico rígida, mas decido que não posso fazer nada além de
retaliar ou ela vai pensar que sou fraca. Eu canalizo Scarlett, o que tenho
certeza que a deixaria orgulhosa. — Eu pensei que você sempre gostou
dele tocando outras garotas. Então, me adicionar à lista não deve
incomodá-la.

Seus olhos brilham. Ah. Peguei você.

99
— E deixe-me dizer uma coisa, Alora. Se ele fosse meu, ele
seria apenas meu. Você pode querer pensar sobre isso. Ele não te respeita
o suficiente para ser exclusivo? Você não quer ser namorada dele? Porque
agora, tudo que vejo, tudo que qualquer um vê, é que você é uma
companheira de foda conveniente.

O vapor rola das orelhas de Alora.

— Você não sabe de nada, nerd. Nada mesmo. Cuidado, vadia. Se


você pensou que eu estava chateada com você antes, você estava
errada. Você não viu nada ainda.

100
Capítulo 16

Segunda-feira de manhã, paro no final do estacionamento, como é


meu hábito. Que Deus me ajude se acidentalmente tocar um dos carros
super caros que alguns dos meus colegas de classe dirigem. Existe uma
quantia nojenta de dinheiro amarrada nos veículos estacionados neste
estacionamento, há SUVs de luxo até onde os olhos podem ver.

Falando em carros elegantes, um Cadillac Escalade preto buzina


levemente ao passar por mim e, através da janela escura, posso ver
Xander e Scarlett acenando para mim. Eu saio do meu sedan amassado,
jogando minha bolsa de livros sobre a cabeça de modo que repouse sobre
meu quadril, e atravesso para cumprimentá-los.

Xander sai primeiro. Ele me dá um sorriso hesitante, antes de sua


voz suave como a seda ressoar. — Ei, Daphne. Sentimos sua falta na festa
de sexta à noite.

Eu olho para o SUV dele, onde Scarlett ainda está remexendo em


algo em sua mochila. Não estou acostumada a falar com Xander cara a
cara, na verdade, costumava pensar que ele era um pagão completo até
que Scarlett o pegou. Agora ele é meio que... Xander. Eu reprimo uma
risadinha, sorrindo para ele. Ele ainda é mais sexy pra caralho e
intimidante para a maioria das pessoas, mas ele provou para mim o
quanto se importa com Scarlett. Ele é um cara legal.

— Ah é? Eu só tinha algumas coisas que precisava fazer.

101
Ele inclina a cabeça para o lado, me estudando. — Você nunca foi
do tipo que aparecia em festas, então não sei por que Scarlett estava
chateada com isso, mas... Eu queria dizer que você pode vir a qualquer
hora. Você sabe disso, certo?

Um rubor vermelho surge em meu rosto. — Hum, claro. Obrigada.


— Encolho os ombros. — Eu me sinto mais confortável em multidões
menores.

Ele balança a cabeça. — Entendi. — Faz uma pausa, olhando para


Scarlett, ainda em seu SUV.

— Micah não iria me querer lá de qualquer maneira.

Seu olhar se conecta com o meu e ele não responde por vários
segundos. — Não sei se isso é necessariamente verdade. — Ele encolhe os
ombros. — E ouça, se alguém da equipe de torcida de Aria está causando
problemas, diga a palavra e direi algo a ela.

Eu solto um suspiro antes de enrugar meu nariz. — Você e Scarlett


estão conversando, hein?

— Talvez um pouco. — Ele passa a mão pelo cabelo. — Eu sei que


você é importante para ela e uma garota legal. Eu não quero ver você se
machucando.

Eu aceno, mas não consigo parar de mastigar o interior da minha


bochecha. E se for seu amigo quem está causando a maior parte do
sofrimento?

— Alora tem uma tendência desagradável, especialmente quando


se trata de Micah. — Ele tosse com a mão para esconder uma risada. —

102
Tenho certeza que você notou. Ela não é minha amiga favorita de Aria. —
Engraçado, também não é uma das minhas favoritas. Eu contei a Scarlett
e Max nossa discussão verbal quando cheguei em casa no sábado. Tenho
certeza de que é em parte de onde isso está vindo.

Eu olho para ele com cautela. — A própria Aria também não era
muito legal com Scarlett até recentemente.

Ele desliza o polegar sobre o lábio inferior. — Sim. Ela meio que fez
um pouco disso como um favor para mim, no entanto. E tudo isso acabou
agora.

— Mas Aria gostou de fazer isso. — Assim como Alora está


agora. O que há de errado com essas vadias alegres?

Ele ri. — Você pode estar certa. Elas estão bem agora, no entanto.
— Ele limpa a garganta, de repente mais sério. — Mas eu manteria os dois
olhos em Alora, se eu fosse você.

Reviro meus olhos, aceno com a cabeça e olho para trás pelo para-
brisa. Juro que Scarlett está fazendo isso de propósito.

Meu alívio é tangível quando ela finalmente abre a porta e desliza


para fora. — Ei, Daphne. — Ela se junta a nós, me dando um abraço antes
de pegar a mão de Xander, e nós caminhamos pela calçada até às portas
da frente da academia.

Uma vez lá dentro, eu ando com Scarlett e Xander em direção ao


corredor onde os armários sênior estão localizados. Normalmente, eu iria
diretamente para a biblioteca para minha sala de estudos, onde atuo
como assistente, para obter uma vantagem inicial em qualquer tarefa que

103
os bibliotecários me atribuem. Eu também sou a principal responsável por
reposicionar os livros à medida que são devolvidos.

Porém, hoje, por algum motivo, sou atraída pelo amplo corredor
com meus amigos. Para ser honesta comigo mesma, em algum lugar no
fundo da minha cabeça, eu sei por quê, não consigo evitar. Realmente
quero saber o que Micah pensou sobre sua nova Garota Espiritual, e eu
não tinha ouvido nada na sexta-feira, mas ele também não tinha visto a
placa elaborada em seu armário do ginásio, completo com beijos de
Hershey colados nela. Se lia Beijos para o melhor Atacante de
sempre! Totalmente diferente de mim, mas acho que talvez ele não
adivinhe que seja eu se interpretar assim.

Quando passamos por Micah e Alora em seu armário, eu ouço algo


que me causa uma pequena emoção: eles estão discutindo sobre sua nova
Garota Espiritual. Eles não têm ideia. Pegue isso, sua vadia podre e
malvada.

Scarlett e eu trocamos um olhar e paramos em seu armário a


apenas alguns metros de distância. Ela rapidamente gira o botão e abre o
dela para que possamos nos encolher atrás dele e ouvir o que mais é dito.

— Eu não entendo. Achei que Jana tivesse pego mono e estava


presa em casa por tipo, seis semanas. Quem teria decorado seus
armários? — Eu espreito ao redor do armário para ver Alora bufar antes
de um beicinho enfeitar seus lábios. — Quem quer que fosse, passou
muito tempo desenhando. Deve ser alguém com muito tempo disponível.

Micah encolhe os ombros. — Não sei. Eu gosto disso. E quem


assumiu faz biscoitos de chocolate estelares. — Ele dá um tapinha no

104
estômago com um sorriso. — Eu comi tudo, menos os três que Beau
roubou.

Eu me escondo atrás do armário no momento em que Scarlett me


cutuca, olhos arregalados enquanto nos encaramos. Um sorriso se espalha
em seu rosto, e ela me puxa para mais perto para que possa sussurrar sem
ser ouvida.

— Ele gostou dos seus biscoitos!

Eu rolo meus olhos, mas não consigo tirar o sorriso do meu


rosto. — Na verdade, esses eram seus cookies, mas obrigada por me
ajudar.

Ela recua, mas salta um pouco em pé, animada. — Xander


mencionou como ficou surpreso com a placa em seu armário da academia
também.

Furtivamente, Xander se esgueira por trás de Scarlett, cruzando os


braços sobre o peito e olhando para nós duas com uma sobrancelha
levantada. Sua voz é baixa quando ele se inclina para perto. — Espere um
segundo. — Ele acena com a cabeça na direção de Micah. — Foi
você? Você é sua nova Garota Espiritual?

Meus olhos voam para os de Xander, e pego meu lábio entre os


dentes, lançando um olhar suplicante. — Você não pode dizer a
ele! Quero dizer, por favor, não.

Ele ri e leva o dedo indicador aos lábios. — Nunca. — Ele então


balança o mesmo dedo para Scarlett. — Isso é o que você estava fazendo
quinta-feira à noite, não era?

105
Ela aperta os dentes, sorrindo. — Pode ser.

Xander a agarra, colocando seu corpo contra o dele e beijando a


concha de sua orelha. Ela se contorce contra ele, rindo.

— OK. Éramos nós duas assando. — Ela olha para ele. — Mas,
falando sério, não diga. Daphne quer manter isso em segredo por
enquanto.

— Mas por quê? Ele amou. Foi uma surpresa completa


também. Não pensamos que ele conseguiria outra Garota Espiritual.

Eu olho para ele, um cervo nos faróis4. — Só não acho que seria
uma boa ideia. Você sabe... — Olho Alora e Farrah, que estão perto de
Micah e Beau, cerca de dez metros de distância. As garotas usam os
braços descontroladamente enquanto discutem sabe-se lá o quê.

Xander dá de ombros, olhando para mim. — Qualquer coisa que


você diga. Estou sem escapatória.

— Obrigada. Ok, vou para a biblioteca agora. — Empurro meu


polegar por cima do ombro. — Vejo vocês mais tarde.

Scarlett e Xander acenam para mim quando me viro para


sair. Quando olho para eles, fecharam seu armário e ele a pressionou
contra ele, sua boca pairando sobre seus lábios. Ela sorri para ele, seus
olhares famintos se conectando. As mãos dela agarram seus ombros, e ela
o puxa para baixo até que seus lábios tomem os dela em um beijo
ardente. Eu solto uma respiração reprimida. Uau.

4
Significa ter tanto medo ou surpresa que você não pode se mover ou pensar: Cada vez que lhe faziam
uma pergunta era como um veado apanhado nos faróis.

106
A partir daí, meu olhar muda para Micah, que agora está sozinho,
empurrando alguns livros em seu armário. Que esquisita eu sou, sempre
me perguntando como seria beijá-lo.

Devo estar tão envolvida em meu pequeno mundo de fantasia que


não percebo o que está ao meu redor, porque antes de saber o que está
acontecendo, sinto algo bater forte em meu tornozelo. Tropeçando para
frente, bato no chão, mal me segurando nos braços e evitando que meu
queixo bata no chão duro, mas o ar é tirado de mim. Estou esparramada
no chão por uma contagem completa de três, totalmente em choque,
antes que meu cérebro entre em ação novamente.

É quando começam os gritos de riso. É também quando percebo


que minha saia levantou atrás de mim e minha bunda está em plena
exibição para todos que por acaso estão passando.

— Oh meu Deus, é Baby Yoda na calcinha dela?

— Isso é hilário pra caralho.

— Droga, Baby Yoda. Pegue um pouco!

— Oh merda, olhe para isso!

— Parece que ele está muito feliz em sua bunda. Olhe para o seu
grande sorriso. — Com minha mochila pesada pendurada
transversalmente sobre meu corpo, eu luto para ficar de joelhos
enquanto, ao mesmo tempo, tento puxar a saia do meu uniforme de volta
para me cobrir.

Mãos fortes seguram meus braços e me levantam do chão. —


Daphne, você está bem? — Scarlett está bem na minha frente, mas mal a

107
ouço. O sangue lateja em minha cabeça. A humilhação faz minhas
bochechas queimarem.

Um riso feminino chama minha atenção.

Os olhos de Alora brilham. — Você provavelmente deveria prestar


atenção para onde está indo, Duplo D.

Balanço minha cabeça, tentando clareá-la. Bem, ela me avisou. Ela


não estava brincando. Estou chocada demais para dizer qualquer coisa.

— E talvez use uma calcinha de menina grande da próxima vez que


quiser mostrá-la para todo mundo.

Mais risadas explodem.

Tudo está acontecendo na frente dos meus olhos, mas não consigo
compreender nada. Atrás de Alora, a mandíbula de Micah está
tensa. Quando olho por cima do ombro para onde seu olhar está
centrado, percebo que Xander é quem me levantou do chão.

Micah gira sobre os calcanhares e sai na outra direção.

Max franze a testa enquanto se aproxima, olhando para as pessoas


ainda rindo.

Scarlett sussurra freneticamente em seu ouvido, e só posso


presumir que ela está contando a ele o que aconteceu. Seu corpo inteiro
fica tenso enquanto ele examina quem está parado nos
observando. Quando seu olhar encontra as costas de Alora, ele se vira de
volta para nós, seu rosto sombrio.

Ele desliza o braço ao meu redor, limpando a garganta. — Ok, a


levaremos para a biblioteca.

108
Xander chega mais perto. — Tem certeza de que a
pegou? Podemos ir com você.

Max me puxa para mais perto dele. — Nós ficaremos bem.

Nos últimos dois minutos, estive incapaz de falar, meio que em


transe e em total descrença sobre o que aconteceu.

Meus lábios tremem quando eu olho para Max. — Me tire daqui,


por favor.

109
Capítulo 17

Mais tarde, quando o choque passa, tudo que me resta é uma


vergonha angustiante. Não sei exatamente quem esteve lá para ver isso
acontecer, quem fez os comentários, ou mesmo como tropecei em
primeiro lugar. E que sorte a minha ter Alora ali para testemunhar
tudo. Essa garota está se tornando a ruína da minha existência.

Pela milionésima vez na última hora desde que Max me trouxe


para a biblioteca, minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu respiro fundo,
grata por estar recolocando os livros nas pilhas do outro lado da
biblioteca. Ninguém nunca vem aqui, e posso ficar sozinha com meus
pensamentos.

Com minha mortificação aparentemente interminável.

Tentando me concentrar no trabalho estúpido que geralmente


acho reconfortante, meu cérebro não consegue fazer nada além de
imagens de flash diante de meus olhos de mim com o rosto no chão com
minha bunda para cima.

Todo mundo viu isso acontecer. Todo mundo está falando sobre
mim e minha maldita calcinha Baby Yoda, que não é nem mesmo Baby
Yoda, droga. Um som baixo e prolongado chega aos meus ouvidos e,
tardiamente, percebo que sou eu, gemendo.

Eu bufo e puxo meus fones de ouvido do bolso da minha saia, os


ligo no meu telefone e seleciono uma lista de reprodução otimista na
tentativa de me distrair com um pouco de música. Conforme aperto o

110
play, vejo uma notificação de algumas mensagens de texto... de Sonho
molhado da Daph. Meus olhos ficam grandes. Merda. Sério?

Rapidamente olho ao redor para ter certeza de que ninguém está


olhando por cima do meu ombro, o que é bobo porque estou
sozinha. Apenas a equipe da biblioteca está de volta aqui, então, sem mais
preocupações, toco na tela e abro a linha de texto. Caramba, eu ainda não
consigo acreditar que ele teve a coragem de colocar aquele apelido no
meu telefone.

Eu também não posso acreditar que não tinha mudado


imediatamente, mas isso é uma questão totalmente diferente. Talvez haja
uma pequena parte de mim que gosta de estar lá. Parece...
impertinente. Muito pouco Daphne.

Sonho molhado da Daph: Ei.

Sonho molhado da Daph: Eu queria ver como você está.

Como estou? Balanço minha cabeça. Tanto faz. Eu não quero lidar
com ninguém agora, especialmente com Micah. Balançando a cabeça,
coloco meu telefone no bolso e começo a trabalhar.

Poucos minutos depois, uma mão pousa no meu ombro, me


fazendo gritar. O livro que estava guardando voa das minhas mãos e cai
no chão. Eu giro em direção a quem está atrás de mim e esbarro em um
corpo duro. Por um momento, somos um emaranhado selvagem de

111
membros, tentando manter o equilíbrio, e meu coração pula na minha
garganta com o contato.

Micah diz algo que não consigo ouvir por causa da música em
meus ouvidos enquanto ele agarra meus ombros e me estabiliza.

Pego meus fones de ouvido e os coloco no bolso. — O quê?

— Eu pedi desculpas. — Ele se agacha para pegar o livro que deixei


cair e o devolve para mim com um sorriso tímido. — Eu não queria te
assustar.

Seguro o livro contra o peito por alguns segundos, piscando para


ele antes de me virar e colocá-lo no local apropriado da estante. Feito isso,
expiro rapidamente. Ele claramente tem algum motivo para estar aqui,
mas não tenho ideia do que seja. Me convencendo de que estou pronta
para lidar com ele, eu giro de volta. — Há algo em que possa ajudá-lo,
Micah?

Ele fica parado, imóvel, estudando meu rosto enquanto o sangue


corre para minhas bochechas. Seus lábios se torcem um pouco. Diga que
ele não está aqui para tirar sarro de mim. Porque, sem dúvida, ele viu
todo o incidente digno de vergonha no corredor, tudo volta com eu caindo
com a minha saia virada até à Criança do Mandaloriano sorrindo para
todos da minha calcinha. Calor corre pelo meu corpo com o pensamento
dos olhos de Micah na minha bunda.

Ele passa a mão no queixo, como se estivesse pensando nisso.

— Na verdade. Eu...

— Olha, Micah, não estou com disposição para jogos.

112
Ele estende a mão, colocando uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha.

Minha respiração falha com seu toque. É inesperadamente gentil e


completamente alucinante. A confusão embaça minha mente.

— Eu vim para ter certeza de que você e Grogu estavam bem.

Um lampejo de surpresa passa por mim, mas eu bufo de


frustração. — Por que você se importa? E se você realmente tivesse, você
não teria ficado lá e assistido enquanto todos riam. — Não direi a ele que
estou secretamente impressionada por ele não apenas saber que o
personagem na minha calcinha não é Baby Yoda, mas também saber o
nome verdadeiro da criança. Eu não direi.

Ele se aproxima, segurando meu queixo com os dedos e me


forçando a manter o contato visual. Seus olhos se estreitam nos meus
antes de deslizarem para os meus lábios. Ele arrasta a ponta do polegar
sobre o de baixo.

Colocando a cabeça perto da minha, ele sussurra contra a minha


orelha: — Você está certa.

Eu viro minha cabeça ligeiramente para que meus lábios estejam a


um fio de cabelo do calor de seu pescoço. Eu expiro, — Sobre o quê?

Nós dois ficamos parados por vários segundos antes de ele dizer:
— Tudo. Eu deveria ter dito algo. Eu só... não quero piorar as coisas para
você.

Eu não tenho a chance de pensar sobre o que Micah disse porque


suas mãos enormes se acomodam em meus quadris, os dedos

113
pressionando minha pele através da minha saia. Minha respiração engata
e eu me sinto tonta. O calor infunde meu corpo da cabeça aos pés
enquanto minha mente tropeça, tentando duramente acompanhar. Não
tenho nenhuma experiência anterior com caras, nada assim. Meus dedos
lutam para obter apoio, agarrando seus bíceps. Com um salto tumultuado,
meu coração dispara enquanto Micah me empurra para uma pilha de
livros.

— O que você está fazendo? — Tenho vergonha de admitir que


minha voz soa em pânico aos meus ouvidos. Não sei se ele percebe, mas
não parece se importar enquanto ele se aproxima de mim.

— Vamos chamar de experimento. Você gosta de ciência.

Abro a boca, mas as palavras não se formam. O que ele quer dizer
com experimento?

— Eu estarei me perguntando o que você estará escondendo sob


sua saia cada porra de dia agora. Não é justo, — Ele retruca. — E eu
realmente quero... — Sua mão direita desliza no meu quadril
para segurar minha bunda — Ver sua calcinha de perto e pessoalmente,
mas estou supondo que os bibliotecários não aprovariam se eles
encontrassem você deitada de costas com a minha cabeça entre as suas
pernas. — Ele aperta minha bunda com firmeza, e uma onda de excitação
se acumula entre minhas pernas.

Calcinha. Molhada.

Meus lábios se abrem. Ninguém nunca disse nada tão sujo para
mim antes. E isso está me levando a um verdadeiro loop. Finalmente está
acontecendo e com Micah Robertson, alguém em quem não tenho certeza

114
se posso confiar. Minha garganta engole em seco enquanto seus lábios
roçam ao longo do meu pescoço, roçando a pele. Oh Deus. É horrível que
eu queira que ele continue fazendo isso?

Meu coração está prestes a disparar para fora do peito e zunindo


pela biblioteca. O nariz de Micah cutuca meu queixo enquanto ele coloca
beijos de boca aberta logo abaixo. Seu hálito quente na minha pele faz
meu corpo se iluminar como flashes de câmeras de paparazzi, uma
explosão logo após a outra, até que estou absolutamente dominada pela
sensação. Ele agarra minha coxa e a levanta até que instintivamente
envolve seu quadril. Um som profundo ressoa em seu peito enquanto seu
corpo poderoso se molda ao meu.

Oh. Oh meu Deus. O pau de Micah está duro. Posso senti-lo contra
minha barriga, longo e grosso. Sua mão desliza pela parte inferior da
minha coxa, os dedos deslizando sob a bainha da minha calcinha, onde ele
apalpa a pele nua da minha bunda. Estou tão surpresa que faço um
pequeno som no fundo da minha garganta.

— Você gosta das minhas mãos em você, Daphne?

Eu choraminguei totalmente. — E... eu não entendo você. — Meu


corpo quer desesperadamente o que meu cérebro luta para rejeitar.

Ele angula sua pélvis apenas para a direita, moendo a crista dura
de sua ereção sobre meu clitóris. Ele beija meu pescoço novamente e se
balança contra mim.

Acho que devo estar louca porque quanto mais ele faz isso, mais
procuro o atrito que estamos criando. Jogando minha cabeça para trás,

115
meus quadris ondulam em um ritmo que não acho que já experimentei de
verdade até este momento.

— Foda-se, Daph. Você me entende agora?

Estou tão perdida em senti-lo que não consigo nem responder, e a


perna em que estou começa a tremer.

— Daphne? Eu tenho mais alguns livros para você arquivar,


querida. — A voz suave da Sra. Traiger flutua para nós vindo de algumas
pilhas, e uma roda rangente de seu carrinho me sacode para fora da
névoa de luxúria em que Micah me colocou.

Minha respiração fica presa na minha garganta.

Sua língua desliza até ao oco do meu pescoço, e ele empurra


contra mim novamente. Eu faço um barulho que nunca ouvi antes. É um
som estrangulado, selvagem e necessitado.

— Micah. Micah, pare. — E, mesmo quando digo isso, aperto seu


pau como uma mulher louca.

— Você não quer que eu pare.

Os passos lentos da Sra. Traiger se aproximam. — Daphne? —


Outro guincho do carrinho.

Finalmente, encontro forças para respondê-la enquanto empurro o


peito de Micah. — Estou aqui.

Micah belisca meu pescoço, libera minha perna e dá um passo


para trás no momento em que a cabeça da Sra. Traiger aparece no canto.

116
— Oh. Desculpe, querida, você estava ajudando Micah a encontrar
algo?

Mordo meu lábio e aceno, examinando os títulos ao meu lado, mas


não os lendo. Eu alcanço e seleciono um livro aleatoriamente, entregando
a Micah. — Aqui está.

Ele o pega. Quando olha para baixo, ele gagueja sua resposta. —
O... oh. — Suas sobrancelhas sobem até à linha do cabelo, mas então ele
sorri um pouco. — Obrigado por isso, Daphne.

Oh, merda, que livro eu dei a ele? — Quando precisar. Você pode
verificar isso na frente.

— Obrigado, eu farei isso. — Micah ri, balançando a cabeça e indo


embora.

A Sra. Traiger inclina a cabeça para o lado. — Daphne, querida,


você está bem? Seu rosto está todo vermelho. Você está com febre? —
Ela cacareja para mim como uma mãe galinha. — Talvez devesse ir ver a
enfermeira se não estiver se sentindo bem.

— Estou bem. Talvez um pouca superaquecida? — Rapaz, como


estou. Meu coração está batendo forte, me sinto corada, meu núcleo está
latejando e minha calcinha está desconfortavelmente úmida. Quase tive
um orgasmo. Puta merda. Bem aqui no meio da biblioteca. — Hum, você
tem mais alguma coisa para eu guardar? — Estou meio
atordoada. Embora eu tente me concentrar no que ela está dizendo, acho
difícil.

117
Duro. Micah estava duro. Por mim. Eu tornei Micah Robertson,
estrela do time de futebol, duro, e ele esfregou seu pau contra mim até
que quase gozei, um experimento científico que vale a pena
repetir. Mas… Eu não sei por que ele veio aqui em primeiro lugar. Ele tinha
planejado fazer isso ou...?

— Sim. Um carrinho inteiro. — Ela aponta por cima do ombro. —


Eu o deixei ao virar da esquina. — Ela me olha de novo. — Tem certeza de
que está bem? Você está agindo de forma engraçada.

— Definitivamente. — Sim. Estou mais bem do que nunca. Mais


confusa também, mas isso não vem ao caso.

Ela acena com cautela para mim e se afasta.

Meu telefone vibra de onde está guardado no bolso. Puxando para


fora, vejo que Micah me enviou uma mensagem.

Sonho molhado da Daph: Você percebeu que me entregou um


livro sobre infertilidade masculina?

Minha mão voa para cobrir minha boca, e sufoco uma gargalhada.

Eu: NÃO fiz isso. Fiz?

Sonho molhado da Daph: Você com certeza fez.

Sonho molhado da Daph: Passo pra verificar e tudo mais.

118
Sonho molhado da Daph: Você deveria ter visto o olhar que recebi
da bibliotecária na mesa.

Eu: OMD5.

Sonho molhado da Daph: Acho que você me deve agora.

Eu: ?

Eu: Tenho quase certeza de que não devo nada a você.

Sonho molhado da Daph: Veremos sobre isso.

Eu: Micah...

Sonho molhado da Daph: Eu ainda não terminei meu


experimento.

Sonho molhado da Daph: Brincadeiras à parte, estou feliz que


você esteja bem.

5
OMG é uma abreviação da expressão em inglês Oh My God, que na língua portuguesa significa ‘Oh
Meu Deus’.

119
Capítulo 18

De alguma forma, consegui sobreviver na segunda-feira sem


nenhum outro incidente, mostrar minha calcinha e ficar inesperadamente
quente e necessitada com Micah na biblioteca foi muito mais do que
estou acostumada a lidar em um único dia. Minha vida é normalmente tão
tranquila, mas desde que comecei a dar aulas a Micah, tudo virou um
pouco de cabeça para baixo. Estou sendo alvo de Alora e forçada a
participar de grupos que normalmente não faria, além de lidar com um
jogador de futebol muito autoritário, às vezes rude e totalmente
intimidante. E, que Deus me ajude, estou ansiosa para dar aulas
particulares hoje muito mais do que deveria.

Na hora do almoço, Max, Scarlett, Xander e eu sentamos em uma


das mesas de piquenique nos jardins, amontoados. Provavelmente não
poderemos ficar sentados do lado de fora por muito mais tempo para
almoçar, pois está começando a ficar muito frio, então estamos
aproveitando enquanto podemos.

Scarlett mastiga um pedaço de sua maçã pensativamente antes de


levantar uma sobrancelha para mim. — Não me chute na canela por dizer
isso, Daphne, mas eu poderia jurar que seus olhos estavam absolutamente
cravados no centro do palco quando passamos pelo circo no nosso
caminho para cá.

Centro do palco é como Scarlett chama a mesa do refeitório cheia


de líderes de torcida e o time de futebol. Eu sei que ela está tentando

120
descobrir o que está acontecendo comigo, mas não estou pronta para
discutir isso ainda.

Balanço a cabeça. — E você não pareceu dar a mínima quando as


pessoas começaram a apontar para você e sussurrar sobre a calcinha que
você pode estar usando hoje. De onde vem esse comportamento
diferente de Daphne ?

Molhando meu lábio, eu luto para o que devo dizer. — Eu


superei. Notícias de ontem. — Encolho um pouco os ombros. Isso soou
como se eu deixasse tudo de lado? Eu com certeza espero que sim. Não
quero mais me concentrar nisso. Tenho outras coisas com que me
preocupar agora, como os motivos de Micah por trás de tudo que ele faz e
o quanto realmente significa o que diz. Assim que tive a chance de pensar
sobre isso, não tive ideia de por que ele sentiu a necessidade de me
verificar, muito menos de me tocar do jeito que ele fez. E no topo da lista
de coisas com que se preocupar, é se Micah planeja continuar com
seu experimento científico, e terminar o trabalho desta vez.

Max franze a testa. — Bem, o que diabos aconteceu entre o


incidente do corredor e agora?

Meu rosto esquenta. O sonho nerd de eu e Micah na biblioteca se


tornou realidade. Não consigo falar. Não tenho como contar a eles sobre a
visita de Micah à biblioteca ontem, ou como estou confusa sobre isso.

Xander aponta seu olhar escuro para mim, questionando. Oh meu


Deus, ele sabe? Micah voltou para seus amigos e disse a eles que ele
estava com a mão na minha saia? Não estou acostumada a almoçar com
Xander, e não estou completamente confortável discutindo coisas na

121
frente dele, especialmente por causa de sua relação de irmão com
Micah. Eu vou admitir, ele tem mantido o meu status de Garota Espiritual
em segredo, embora tão longe, de qualquer maneira.

Meus ombros sobem parcialmente até minhas orelhas e caem. —


Acho que percebi que, no grande esquema das coisas, não é grande
coisa. Então as pessoas viram minha calcinha. Tando faz. Talvez eles
gostem secretamente.

Max resmunga. — Daphne, odeio perguntar, mas estamos falando


de alguém específico?

Meu olhar vai para o de Xander, e juro que o cara pode ler
exatamente o que está passando pela minha mente. Micah.

E ele estremece.

— O quê? Não. Ninguém. Deixa pra lá.

122
Capítulo 19

Estou sentada em uma mesa na cafeteria esperando Micah


novamente, tomando um gole do pequeno chocolate quente que comprei
enquanto fazia meu dever de Física AP. Eu já tinha ajudado Micah a
trabalhar em sua tarefa para a aula de espanhol nos dez minutos que a
Señora Martinez deu no final da aula, então só deveríamos nos preocupar
sobre repassar tudo o que estamos aprendendo em sua aula de física.

Eu volto meu foco para o meu próprio dever de casa de física,


empurrando todos os outros pensamentos para fora da minha
cabeça. Depois de um tempo, reconheço que estou ficando frustrada
porque o que pensei ser a maneira certa de abordar o problema não está
funcionando como pensei que deveria. Xingo baixinho, parando quando a
ponta do meu lápis estala com a força da minha escrita.

— Qual é o problema? Grogu não gosta de você sentada de cara


no chão? — A pergunta sussurrada rouca perto do meu ouvido quase me
tira da cadeira.

Eu giro, prendendo a respiração quando o que Micah disse clica


em meu cérebro. Ele está inclinado e estamos cara a cara. Sua língua se
lança para umedecer os lábios, e meus olhos a seguem. Um sorriso se
instala em seu rosto, provavelmente assumindo que não tenho
resposta. Ou talvez que eu seja muito tímida para dizer qualquer coisa
agora que ele deu a entender que sabe o que poderia estar usando por
baixo da minha saia.

123
— Bem, Grogu definitivamente não vai gostar se você me molhar,
então não me pegue furtivamente da próxima vez.

Ele engasga com a risada, mas se recupera rapidamente,


assentindo.

— Certo. Mas gosto da ideia de te deixar molhada de novo. Talvez


devêssemos ir a algum lugar privado para que você possa sentar na minha
cara.

Meu queixo cai e puxo minhas pernas com força. — Isso não é o
que eu...

O dedo de Micah desliza levemente na parte de trás do meu


pescoço.

— Não é o que você quis dizer? Tudo bem. Mas você pode admitir
totalmente que estou excitado agora. — Sua voz é baixa e rouca, e está
afetando todas as minhas partes que deixou zumbindo de empolgação na
estante de livros. Em resposta aos meus pensamentos, meu núcleo pulsa,
me lembrando de cada momento delicioso com ele.

Pisco duas vezes e, em seguida, dirijo a conversa para algum lugar


que me sinta mais confortável. — Você tem coisas para trabalharmos
hoje?

— Daphne divertida se foi por enquanto, hein? — Meus lábios se


contraem.

— Só estou tentando ser responsável.

— Tudo bem. Faremos o trabalho agora. Experimentos científicos


mais tarde.

124
Eu rolo meus olhos, mas meus nervos estremecem em questão. O
que ele poderia ter em mente? Estamos em uma cafeteria, pelo amor de
Deus.

***

Uma hora depois, o café esvaziou até que nós somos os únicos
restantes, e nossa sessão de estudo passou a discutir sobre por que Star
Wars zomba de todas as leis da física como as conhecemos,
minha opinião, não a de Micah. Não é que eu ainda não ame toda a
franquia... Acontece que estou mais ciente de como a física funciona do
que o espectador médio, eu acho.

O tempo todo em que nos sentamos juntos, seja estudando,


debatendo, brincando ou uma mistura dos três, as engrenagens em minha
mente estão girando. Eu ainda não o entendo. Às vezes, ele tem sido
totalmente odioso para mim. E em outras, como agora, ele é engraçado e
doce. É totalmente confuso e me faz pensar qual é o verdadeiro Micah. E
estou muito nervosa por estar pensando em como seria descobrir.

Sem saber o que realmente quero, também me pergunto se não


posso estar o interpretando completamente mal. Alora disse que Micah
contou a ela tudo sobre a última vez que fui uma geek assim na frente
dele. Não posso deixar de pensar que ela está errada sobre como
realmente se sente. Talvez ele diga a ela o que acha que quer ouvir para
tirá-la de seu pé. Eu inalo asperamente e me concentro novamente em
nosso argumento.

125
— Daphne, eu juro, se você não parar de estragar meus filmes
favoritos de todos os tempos, serei forçado a agir.

— Bem, faz sentido que a Estrela da Morte explodindo no espaço


não fizesse nenhum som. — Encolho os ombros, adorando estar o
deixando todo irritado.

Ele rosna para mim como um urso. — Não. Pare.

— O quê? — Coloco minha cara mais inocente. — O som requer ar,


ou algum outro meio, para viajar. Se você não tem ar, não há som. Então,
por que teria havido um grande ruído explosivo quando ele explodiu? Eles
estragaram tudo. — Encolho meus ombros para ele, sabendo que ele está
prestes a enlouquecer.

Não sei por que me surpreende quando Micah salta da cadeira, me


agarra pela cintura e me joga por cima do ombro. Eu grito quando estou
praticamente virada de cabeça para baixo quase um metro e oitenta no
ar. Uma de suas grandes mãos agarra a parte de trás da minha coxa, a
outra está presa firmemente na minha bunda. Eu grito: — O espaço é um
vácuo quase perfeito, então não há som. Todos os bancos de dados de
seus TIE Fighters6 não poderiam realmente ter acontecido!

Ele resmunga, me virando de um lado para o outro. — Sério,


Daphne. Pare. — Ele caminha até ao balcão onde Kendra está assistindo
nossas travessuras com diversão leve. — Kendra, diga a ela que ela está
sendo ridícula. — Ele vira as costas para ela para que eu possa vê-la
quando me esforço para olhar para cima.

6
TIE fighter é uma nave espacial militar fictícia no universo da franquia Star Wars.

126
Meus punhos estão cheios com sua camiseta, e tenho uma ótima
visão de sua bunda daqui. Eu seguro firmemente enquanto rio, arfando, —
Kendra, diga a ele que as naves estelares de Guerra nas Estrelas teriam
ficado em silêncio se tivessem obedecido às regras básicas da física! — Eu
não consigo parar as risadas enquanto as lágrimas escorrem dos meus
olhos. — Me deixe descer, seu grande idiota! — Eu nem penso duas vezes
antes de dar um tapa em sua bunda firme.

Kendra apoia os braços no balcão, os cruzando enquanto nos


observa, seus lábios franzidos em falsa seriedade. — Eu não sei, Micah. Ela
parece estar bastante segura de si mesma.

Ele geme. — Não não não! Você também, não. — Ele se vira e eu
grito um pouco mais.

— Comportem-se, sim? Vou colocar alguns dos muffins para o


pessoal da manhã no forno. Volto logo. — Kendra nos deixa sozinhos na
frente da loja.

Micah me gira novamente.

— Oh meu Deus, jogarei meu chocolate quente nas suas costas se


você não me colocar no chão. — Graças a Deus não há mais ninguém na
cafeteria para testemunhar isso.

Isso é o suficiente para fazê-lo pensar duas vezes. Ele me muda em


seus braços, e deslizo direto para a frente de cada centímetro tentador
dele. Seu peito está duro como uma rocha, todos os seus músculos
flexionando porque não me deixa chegar ao chão. Estou suspensa pela
faixa de seus braços, que envolve minha cintura.

127
Mordo o interior da minha bochecha antes de decidir meu
próximo movimento. Murmuro baixinho enquanto olho diretamente em
seus olhos, — Você quer saber de outra coisa? As explosões também não
são realistas, especialmente nessa escala. Porque se não há oxigênio no
espaço, então de onde vem o fogo para a explosão? Seria muito difícil
para algo como Alderaan explodir como em Uma Nova Esperança.

— Você vai pagar por mexer comigo desse jeito, Daphne. — Ele
abaixa a cabeça perto da minha. Por um segundo terrível, acho que ele vai
me beijar, mas não o faz. Ele hesita.

E eu morro um pouco por dentro. — Eu gostaria de ver você


tentar.

Ele me deixa escorregar e ficar de pé. — Você já me deve pelo livro


da biblioteca. Você não verá isso chegando, mas pagará por tudo
isso. Eventualmente.

Ouvi-lo dizer isso me deixa com calor, e nem sei por quê. É como
se estivesse muito perto de um dos dois sóis de Tattooine. Oh Deus,
eu sou uma geek.

Acabamos de nos sentar à mesa novamente para guardar nossos


cadernos e voltar para casa quando Micah para para olhar pela janela. Por
vários momentos, continuo arrumando as coisas, sem me preocupar em
me virar para ver o que ele está olhando. Então, quanto mais ele fica
parado, percebo que agora está olhando para mim, como se tivesse algo a
dizer, mas estivesse tentando descobrir como dizer.

Eu coloco minha bolsa no meu colo. — O quê? Eu tenho um bigode


de chocolate quente ou algo assim?

128
Ele balança a cabeça lentamente e passa a mão sobre a barba por
fazer em sua mandíbula. — Você vai ao jogo na sexta?

Minhas sobrancelhas se juntam. — Não. — minha resposta sai em


um sussurro suave.

Ele limpa a garganta. — Por que não?

— Por que eu deveria? — Eu me oponho.

— Para me ver jogar? — Isso sai como uma pergunta, e seus olhos
estão estranhamente suplicantes. Vulneráveis. Sempre achei que seus
olhos castanhos ricos eram bonitos, mas nunca notei as manchas cor de
avelã neles antes e, definitivamente, nunca vi Micah fazer nada perto de
implorar. Mas é isso que parece que seus olhos
estão fazendo, implorando para fazer isso por ele. Por que eu? Eu não
faço ideia. Ele tem que saber que é algo que me deixa desconfortável. No
entanto... não sei como dizer não a esse Micah.

Eu inalo. Expire. Espero alguns segundos e seus olhos ainda não


deixaram os meus. Ansiosa, tento desviar sua atenção para outra coisa. —
Você não parece estar tendo muitos problemas com suas aulas
ultimamente. Você nem mesmo precisou da minha ajuda hoje.

Ele range os dentes e finalmente olha para onde suas mãos se


entrelaçam. Seus dentes arranham seu lábio carnudo e masculino. — Eu te
disse, lembra? Eu não preciso de uma tutora.

Minha testa aperta em um vinco. — Eu não entendo você, Micah.

— Sim, você já disse isso antes. Muitas pessoas não o fazem.

129
— No entanto, você fala mais comigo quando estamos sozinhos do
que eu já vi você falar com qualquer outra pessoa.

— Idem. Você geralmente é muito quieta também.

Eu pressiono meus lábios. — Quem consegue entender você


melhor, Micah? — Espero que ele diga seus pais ou talvez Alora ou Farrah,
as garotas com quem ele é íntimo. No segundo em que o pensamento
entra na minha cabeça, meu estômago embrulha.

— Xander e Beau. Eles são praticamente os únicos que conhecem


meu verdadeiro eu.

Huh. Eu acho que posso ver isso. Estou começando a acreditar que
Micah é muito mais complexo do que pensava originalmente. Eu debato
comigo mesma por três segundos antes de deixar escapar: — Tudo
bem. Eu farei um acordo. Se você passar no teste de física com pelo
menos um B na quinta-feira, irei ao jogo para assistir você.

— Sério?

— Sim. Se você conseguir um B, sacrificarei meu tempo com um


bom livro por você.

Micah se inclina para mais perto de mim, pega meu queixo com os
dedos e olha nos meus olhos. Seus olhos vão para os meus lábios e
voltam. Pela segunda vez hoje, acho que ele vai me beijar. Prendo minha
respiração em antecipação.

Mas então ele me solta e se senta novamente. Ele parece se


sacudir um pouco e bate as mãos nas coxas. — Eu tenho que ir.

— Oh. Grandes planos para uma terça à noite?

130
Ele agarra sua nuca, me olhando de uma forma que me faz pensar
que não vou querer ouvir sua resposta, muito menos gostar dela. — Eu
disse a Alora que passaria quando terminássemos.

— Oh.

— Te vejo na escola?

Eu engulo. — Sim. Certo. Vejo você amanhã.

131
Capítulo 20

Uma vez que Micah sai, fico com os pés instáveis, segurando
minha bolsa contra o peito.

Kendra sai arrastando os pés do fundo da cafeteria. — Você está


saindo?

— Sim. Obrigada por não se importar quando ficamos aqui horas


a fio, especialmente eu. Eu sei que tenho estado muito aqui ultimamente.

— Não é nenhum problema, querida.

É exatamente o que esperava que ela dissesse. Kendra sempre foi


legal comigo. Ela e meus pais são amigáveis como donos de lojas na
mesma cidade.

Levando minha bolsa ao ombro, estou prestes a me despedir


quando ela levanta a mão.

— Espere. Posso te perguntar uma coisa?

Eu ando em direção ao balcão e coloco minha mochila sobre


ele. — Hum. Certo. — Há algo em seu rosto que me deixa um pouco
nervosa.

— Seus pais sabem o que você está fazendo?

Meus olhos vão para os dela e ficam lá. — O que você quer dizer?

Suas sobrancelhas levantam quando ela olha para a mesa que eu


passei a pensar como nossa.

132
— Estou dando aulas particulares para Micah.

Kendra limpa a garganta. — Você tem uma queda louca por ele.

— Eu não, — Eu nego, balançando minha cabeça.

Ela ergue a cabeça para trás. — Poderia ter me enganado. E tenho


quase certeza de que o sentimento é mútuo.

Exasperada, eu aponto em direção à porta. — Ele acabou de sair


para encontrar com uma das garotas que está namorando.

— Uma delas?

Meus olhos se fecham. Eu não deveria ter dito isso. Com meus
dentes cerrados com força, reconheço o que venho tentando ignorar,
embora saiba que é verdade. — Ele é um jogador.

Kendra respira fundo e cruza os braços sobre o peito. — Eu sei que


não sou seus pais, mas você está prestes a se envolver nisso? Não se
parece com você de jeito nenhum.

— Eu... Eu não sei.

— O que você gosta nele, Daphne?

Eu me contorço. — Quando estamos sozinhos ultimamente, ele é


bom para mim. E... — Meu rosto fica rosa brilhante.

Ela bufa um pouco. — Está tudo bem, você pode dizer isso. Ele é
um cara bonito, Daphne.

— Sim. OK. Ele é atraente. E inteligente, na verdade. — Engulo,


sem saber se devo admitir mais alguma coisa. Isso poderia facilmente
voltar a me morder bem na bunda se ela dissesse algo aos meus pais.

133
— Eu só quero que você tome cuidado, ok? Apenas fique
atenta. Não perca sua cabeça, querida.

Eu concordo. — Eu te escuto. — Como se qualquer coisa que ela


disse não fosse algo que não pensei por mim mesma cem vezes nos
últimos dias... A única coisa que ela não perguntou abertamente foi por
que pensei que ele estaria interessado em alguém como eu em
primeiro lugar, porque essa questão em particular tem estado em um ciclo
constante na minha cabeça.

Eu empurro meu polegar por cima do ombro. — Eu deveria


ir. Mamãe e papai estarão me esperando em casa para o jantar.

— OK. Diga a eles que disse oi.

Eu aceno e saio correndo da cafeteria. Na calçada, paro e sento em


um banco. O que diabos estou fazendo? Por que não consigo parar de
pensar nele? Porque em um minuto, estou fantasiando que talvez ele
possa realmente gostar de mim, e no próximo ele verá Alora. Eu
provavelmente deveria procurar ajuda profissional para o que quer que
esteja errado comigo.

Eu coloco minha mão no bolso, puxando meu telefone.

Eu: Não tenho respeito próprio.

Scarlett: Que diabos?

Max: Uau.

Eu: Só direi isso, e depois preciso que você me diga que sou uma
idiota.

134
Eu: Porque, obviamente, eu não posso, posso?... Ouvir meu
próprio bom senso.

Max: O que você quer dizer?

Eu: Eu posso meio que ter uma queda pelo Micah.

Scarlett: E eu meio que vi isso chegando...

Max: Sim, eu não queria dizer nada, mas...

Scarlett: Você diz que ele te assusta, mas toda vez que ele está na
mesma sala, você não consegue tirar os olhos dele.

Eu: Eu sou tão óbvia?

Max: Em uma palavra, SIM.

Scarlett: Então, por que você mencionou isso?

Eu: Estávamos nos divertindo no café.

Max: Você quer dizer ‘Eu estava dando aulas particulares para ele
na cafeteria.’

Eu: Bem, eu estava. Mas estávamos nos divertindo.

Eu: E nós meio que fizemos uma aposta.

Max: Ohhh. Nãoooo. Não, não, não.

Eles acham que eu realmente sou louca? Pode ser. Eu me sinto


louca? Definitivamente. Finalmente, digito rapidamente uma resposta.

Eu: Eu sabia que não deveria ter dito nada.

135
Scarlett: Espere, espere. Eu quero saber do que se trata a aposta.

Eu respiro fundo. Olhando em volta. Não é grande coisa.

Eu : Apostei que se ele tirasse pelo menos um B no teste de física


na quinta-feira, eu iria ao jogo para vê-lo jogar.

Scarlett: Huh. Interessante. Bem, eu estou indo, então podemos


ficar juntas.

Scarlett: Você acha que ele vai conseguir?

Scarlett: Embora eu tenha ouvido que suas notas são uma merda
agora, não acho que ele seja estúpido.

Eu: Sim. Eu acho que ele fará isso.

Max: E se ele não fizer?

Eu: Essa é uma boa pergunta. Não discutimos o que aconteceria se


ele não obtivesse um B.

Max: Você deveria trazer isso à tona.

Eu: Ok. Acho que mandarei uma mensagem para ele.

Merda. Não posso acreditar que não me ocorreu que deveria


haver algo para mim se ele estragasse tudo. Passando para a linha de
texto que ele começou no outro dia, eu fico olhando para a tela por vários
segundos antes de ter coragem suficiente para enviar-lhe uma mensagem.

136
Eu: Acho que precisamos esclarecer os pontos mais delicados da
nossa aposta.

Os pontos começam a pular quase imediatamente e meu coração


dá um pequeno salto. Acho que ele não está muito ocupado com o que
quer que esteja fazendo com Alora para me enviar uma mensagem. Isso
não deveria me deixar feliz, mas caramba, fica.

Sonho molhado da Daph: Seja mais específica.

Eu: Bem, disse que compareceria ao jogo na sexta-feira se você


fosse aprovado com pelo menos um B.

Eu: Mas nunca dissemos nada sobre o que aconteceria se você não
tirasse.

Sonho molhado da Daph: Interessante.

Eu: O quê?

Sonho molhado da Daph: Eu simplesmente não pensei que você


fosse apostar contra mim.

Eu: Micah, não foi isso que eu quis dizer...

Ele não responde. Oh cara. Que jeito de enfiar o pé na boca,


Daphne. Eu totalmente não quis dizer que não achasse que ele faria
isso. Mais do que isso é o que acontecerá se você não der um tipo de

137
incentivo. Estou ocupada me punindo quando outra mensagem chega
alguns minutos depois.

Sonho molhado da Daph: Se eu não passar, em vez de ir à festa


depois do jogo, vou ler ou assistir a um filme com você.

Sonho molhado da Daph: Você disse que é o que gosta de fazer


nas noites de sexta, certo?

Meus olhos se arregalam. Tipo... aqui ? Micah na minha casa?

Eu: Combinado.

Meu texto parece muito mais confiante do que meus


pensamentos. Estou tudo menos segura de mim mesma no que diz
respeito a alguém como Micah. Ao mesmo tempo, desejo passar mais
tempo a sós com ele. Seja por causa da facilidade de nossas conversas ou
como ele faz meu corpo tremer, não posso dizer com certeza.

Eu tenho que admitir, no entanto. Estou morrendo de vontade de


descobrir.

138
Capítulo 21

Na quarta-feira no nosso caminho para fora da lanchonete,


Scarlett, Max, e eu somos bloquados por uma parede de líderes de
torcidas na nossa saída. Isso causa um alvoroço de proporções imensas,
para não mencionar chamando muita atenção para nós, considerando que
há apenas dois conjuntos de portas para o corredor. Eu me encolho,
orando silenciosamente para que elas nos deixem passar e nos deixem em
paz.

Não tivemos essa sorte. Nossos colegas se amontoam atrás de nós


e começam a se perguntar em voz alta o que diabos está acontecendo. E
no segundo em que sentem que o drama está se desenrolando, todos
param. Ninguém vai a lugar nenhum agora, apesar de haver outra saída.

Ao meu lado, Scarlett solta um suspiro enquanto cruza os olhos


com Aria. — Você poderia nos deixar passar? Nós vamos nos atrasar para
a aula.

Olho para Max e vejo que ele está carrancudo, tentando avaliar o
que está acontecendo aqui e como podemos escapar. Dou meio passo
para o lado, me escondendo parcialmente atrás dele.

Porque estou totalmente em silêncio. Gostaria de ser invisível. Não


quero fazer parte disso. Não mesmo. Prefiro um túnel no chão aos meus
pés e cavar meu caminho por baixo dele do que descobrir o que
querem. O que Alora quer, se não me engano, embora ela não tenha dito
nada ainda.

139
Aria e Scarlett ainda estão se estudando quando Scarlett levanta a
voz para ser ouvida sobre a comoção que se desenvolve atrás de nós.

— Olha, eu não sei qual é o problema, mas você poderia chamar


seus cachorros, por favor?

Os olhos de Aria brilham com alguma emoção desconhecida, então


ela sacode seu longo rabo de cavalo loiro para trás enquanto olha para
todos nós. Sua sobrancelha se curva enquanto seu olhar muda para
Alora. Revirando os olhos, ela volta a se concentrar em Scarlett. — Eu não
as controlo. Tchau! — De repente faz uma meia volta se afastando e
deixando várias das líderes de torcida olhando para ela, confusas. Há uma
boa quantidade de ansiedade ressoando em seu grupo e ainda mais
barulho da multidão de alunos atrás de nós.

Alora cruza os braços sobre o peito amplo, cheirando como se


sentisse algo horrível. — Você sabe o que está por vir, Daphne?

Levanto minha cabeça, minha mão segurando a manga do blazer


de Max enquanto espreito ao redor dele. Com o máximo de confiança que
consigo reunir, digo com firmeza: — Não quero, e acho que
provavelmente não me importo.

Uma das garotas à esquerda de Alora dá uma risada assustada,


surpresa com meu tom, se é que tenho que adivinhar.

— Quem é seu acompanhante para o baile? — Quando eu não


atendo imediatamente, ela sorri e continua: — Os ingressos estão à venda
esta semana, você saberia se estivesse na reunião do comitê. Eu acho que
você terá que comprar o seu próprio e ir sozinha, desculpe, pequena eu.

140
Minha mente zumbe. Ela está certa. Eu não tenho um encontro
para o baile, mas isso é porque eu nunca tive a intenção de ir em primeiro
lugar. Honestamente, nunca passou pela minha cabeça. Não é minha
cena. — Eu...

Max coloca o braço ao meu redor, apoiando a mão no meu


quadril. — Ela não vai comprar seu próprio ingresso porque eu já a
convidei para ser meu par.

Olho para ele com um sorriso suave, nem mesmo surpresa com a
mentira descarada que saiu de seus lábios. Max sempre vem em meu
socorro. Eu solto um suspiro de alívio. Ninguém ousaria acusá-lo de dizer
uma mentira. Ele é um daqueles caras que é genuinamente simpático. E
há uma coisa que eu sei desde a primeira semana em que cheguei à
Academia Rosehaven: Max sempre, sempre está comigo.

Não faz mal que ele tenha um metro e setenta e cinco de altura e
seja seriamente bonito de se olhar, com cabelos castanhos ondulados e
olhos castanhos sonhadores. Ele não é tão forte quanto a multidão que
joga futebol, mas consegue se virar sozinho. E a parte mais ridícula é que
se Alora pensasse que ele tinha algum interesse nela, ela estaria atrás
dele.

Ela o olha de cima a baixo. Seus lábios se torcem enquanto ela


aponta seu sorriso doentio para mim. Nem uma única pessoa diz uma
palavra enquanto considera a próxima agulha que deve cravar em mim. —
Então, o único cara disposto a ir com você é Max? Tenho certeza de que
algumas pessoas ficarão desapontadas por ele não ter convidado. Diga,
você tem um pau minúsculo em que ele está interessado, Duplo D?

141
Há alguns murmúrios e risadas abafadas atrás de
nós. Ficamos imóveis, uma frente unida, Scarlett e Max dando seu apoio
em ambos os lados.

Scarlett dá a Alora um olhar de desgosto. — Você é honestamente


a maior vadia que eu já conheci. Daphne nunca fez nada para você.

Alora dá de ombros e estreita os olhos em mim.

— Bom para você, Daphne. Pelo menos você vai ao baile. Devo
dizer que estou meio impressionada. Achei que você passaria a noite
sozinha com seus livros e, sabe, talvez um gato. — Ela molha o lábio, seus
olhos fixos nos meus. — Acho que te vejo lá. Micah me convidou ontem à
noite.

Minha garganta fica tão seca quanto o deserto e meu coração dá


uma cambalhota no estômago. Ele me deixou na cafeteria para convidar a
ela?

Scarlett bufa, balançando a cabeça. Ela me dá um olhar


tranquilizador. Eu posso dizer pela firmeza de sua mandíbula, que está
prestes a ir à guerra por mim, e ela o fará com prazer.

Mas se há uma coisa que eu sei, não posso deixar. Eu tenho que
lutar minhas próprias batalhas. Levanto minha mão para Scarlett e inclino
minha cabeça para o lado, estudando Alora. Eu fiz a melhor atuação que
posso. — E quanto a Beau? Como exatamente é que você, Farrah, e
Danica decidiram quem fica com qual cara para a noite? O canudo curto
tem que ficar em casa como o perdedor? Será que algum dos caras vai se
revezar em mais de um encontro? — Porra, talvez eu devesse ter entrado
para o clube de teatro.

142
Scarlett cobre a boca, uma risada saindo de seus lábios. Max me
abraça ao seu lado e pisca.

A multidão de alunos atrás de mim ri. Aparentemente, mais de um


deles se perguntou a mesma coisa.

Alora mantém a cabeça erguida, mas adagas disparam de seus


olhos enquanto ela diz: — Eu só posso falar por mim, mas Micah e eu
sempre comparecemos juntos a eventos como este. Você pode perguntar
a ele. Ele está ali.

Lentamente, eu viro minha cabeça apenas o suficiente para ver


Micah furiosamente sussurrando algo para Beau. Quando ele me vê
olhando em sua direção, ele se endireita antes de passar a mão pelo
cabelo. Com um aceno de cabeça, ele segue em direção a Alora, a agarra
pelo braço e empurra as portas atrás deles.

O olhar que ele me lança no caminho para fora da porta parece...


Quase apologético.

Max abaixa a cabeça ao lado da minha. — Você está bem?

Eu aceno. — Ela é tão...

— Puta — Scarlett aperta os lábios por um segundo. — Eu odeio


essa palavra, mas é exatamente o que ela é.

Max acena em concordância. — Mas você ganhou essa rodada.

— Ganhei? — Ela está indo com Micah para o baile. Parte de mim
quer vomitar. Outra parte se pergunta por que isso me incomoda tanto. E
a parte final sabe exatamente por quê.

Eu gostaria que ele tivesse me convidado.

143
Capítulo 22

Surpreendentemente, Alora se manteve afastada depois do nosso


confronto ontem. Não tenho certeza se ela terminou de liberar toda a sua
ira sobre mim ou se está simplesmente planejando sua próxima rodada de
tortura. De qualquer forma, ficaria perfeitamente feliz se ela nunca mais
falasse comigo, o que é meio engraçado, já que tenho que ir à reunião de
baile do comitê no sábado. Ugh. Eu não posso vencer.

Eu sei, no fundo da minha mente, de jeito nenhum ela vai


desistir. Primeiro, não gosta do tempo que Micah passa comigo,
independentemente de ser forçado por seu Treinador a fazer isso ou
não. Sua necessidade de ter certeza de que eu sabia que eles iriam ao
baile de boas-vindas juntos torna isso óbvio.

Em segundo lugar, não estou imaginando isso, o olhar de Micah


se fixa em mim sempre que estamos no mesmo espaço. Eu o peguei
olhando para mim na aula de espanhol hoje cedo, um olhar quente em
seus olhos. Fiquei surpresa com o olhar feio no rosto de Alora quando ela
percebeu onde estava a atenção dele. Suas sobrancelhas se juntaram e eu
quase podia sentir as engrenagens em seu cérebro girando. Aposto que
está tentando decidir se estava dizendo a verdade quando disse que ele já
estava com as mãos em mim.

O que fizemos significou alguma coisa para ele? Ele continua


chamando isso de experimento, então o que devo pensar?

144
De acordo com Alora, definitivamente não sou digna da atenção de
Micah. Eu sinto isso toda vez que ela fixa seus olhos cruéis em mim. Ela o
vê como seu, ou algo assim. Ele é como um brinquedo para ela, e agora
que ela vê outra pessoa brincando com ele, o quer só para ela.

Cerro meus dentes, percebendo agora que tinha ficado mais


tempo na biblioteca do que pretendia hoje, ajudando a Sra. Traiger
quando ela estava bloqueada no computador da biblioteca. Examinando
rapidamente um grupo de atletas caminhando em direção a seus carros,
percebo que, se não me mexer, Micah vai chegar antes de mim na
cafeteria. E depois daquela conversa com Kendra, eu realmente não quero
pensar sobre o que ela poderia dizer a ele sem mim lá. Ela o questionaria
como fez comigo?

À medida que me aproximo de onde meu carro está estacionado


no final do estacionamento, tenho uma sensação de aperto no
estômago. Um monte de adolescentes circulava meu Honda Civic e parece
estar apontando para ele e rindo. Que diabos? À medida que me
aproximo, fico na ponta dos pés, tentando ver além de todos. O que está
no meu... Puta merda. Tem um DD enorme espalhado no meu para-brisa
em... Eu nem sei. Pode ser creme de barbear ou chantilly, não sei
dizer. Seja o que for, é espesso. Devem ter usado latas e mais latas para
obter esse tipo de cobertura. É realmente muito impressionante e
provavelmente seria engraçado se eu não fosse o alvo.

Eu inalo e prendo a respiração por alguns segundos, examinando a


bagunça. Eu me viro para olhar ao redor, me perguntando se quem fez

145
isso está observando minha reação. Duvido que qualquer uma das pessoas
olhando para a bagunça sejam os culpados.

Quero dizer, poderia realmente ser qualquer um além de


Alora? Ela está me chamando de Duplo D - Daphne Davis - há mais de uma
semana. Está tentando empurrar Aria para o lado e ganhar o título de
Rainha Puta para si mesma? Porque está muito perto de ter sucesso.

Mitchell Jones, um júnior, ouve minha aproximação e solta uma


grande gargalhada ao me ver atrás de todos.

— Cara, este é o seu carro, Daphne?

Eu reviro meus olhos. — Sim. Sim, é ele.

— Você deve ter irritado alguém muito. Parece chantilly. — Outro


membro do time de futebol, Jack Stone, ri.

— Aposto que também sei quem é.

Griffin Danbrook, irmão de Beau, balança a cabeça.

— Totalmente cheira a Alora, embora ela nunca suje as


mãos. Aposto que ela pagou algum idiota para fazer isso. — Ele dá um
passo à frente para pegar um punhado e mancha, deixando para trás uma
película espessa. Ele resmunga, o jogando no chão. Ele ergue os olhos
quando Beau se aproxima.

— Olhe para o carro dela, mano.

Beau é um dos poucos jogadores de futebol com quem nunca


fiquei nervosa, e acho que é porque ele é um cara engraçado, ótimo senso
de humor. Não consigo imaginá-lo machucando uma mosca. Encolho os
ombros enquanto ele olha entre mim e meu carro, carrancudo.

146
— Alora?

— Quer dizer, eu presumo que sim. — Eu tenho que ter um pouco


de cuidado aqui. Alora é uma das garotas com quem ele dorme
regularmente, se os rumores forem verdadeiros.

Ele esfrega a mão pelo cabelo. — Ela é louca. Desculpe.

— Não é como se você tivesse feito isso. Aparentemente, ela quer


sangue. — Ugh. De jeito nenhum conseguirei dirigir com isso no para-
brisa.

— Ou chantilly. Você sabe, um ou outro. — Beau ri, tentando


aliviar o clima.

Eu dou a ele um meio sorriso. É tudo que consigo controlar.

Embora a maioria dos espectadores ainda esteja rindo, eles


também estão recuando, indo em direção aos carros para irem
embora. Griffin encolhe os ombros, cerrando os dentes. — Acho que você
deveria levá-lo para um lava-rápido ou levá-lo para casa para limpá-lo. —
ele limpa a mão na camiseta. — Do contrário, se você tentar raspá-lo, terá
uma grande bagunça e não será capaz de ver através para dirigir. Você vai
se envolver em um acidente ou algo assim.

Beau dá outra olhada no meu pobre carro. — Concordo. A menos


que você consiga outra carona para casa?

Eu concordo. — Obrigada. Mas então eu teria a mesma bagunça


para lidar amanhã.

Ele sorri sombriamente. — Verdade, Doçura. — Ele estremece por


um segundo. — Você quer que eu ligue para o Mic...

147
— Não.

Ele levanta ambas as mãos. — Entendido. Desculpe.

Agora que Mitchell e Jack pararam de rir, eles quase parecem ter
pena de mim. Griffin põe a mão no ombro de Beau. — Vocês estão
prontos para ir?

— Você ficará bem? — Beau se inquieta, hesitando em sair. Eu


aceno para eles. — Oh. Sim claro. Estou bem.

Eles acenam com a cabeça, e os quatro partem, me deixando aqui


com meu carro nojento.

Pego meu telefone e tiro uma foto, mandando uma mensagem de


texto para Max e Scarlett junto com um WTF7?

Espero que eles respondam, minha frustração aumentando a cada


segundo que fico aqui. Fecho meus olhos e balanço minha cabeça,
desejando que isso seja apenas um sonho ruim. Quer dizer, vamos. Eu não
fiz nada para merecer isso, exceto ser notada pelo cara errado. E, tudo
bem, eu ataquei um pouco em defesa das coisas que Alora disse. Eu não
ficarei aí e aguentar só porque ela pensa que é melhor do que eu, como se
sua merda de Rosa não fedesse.

Rangendo os dentes, olho para o meu telefone.

Max: WFT está certo.

Scarlett: Quem fez isso?


7
WTF é a abreviação para a expressão em inglês What the Fuck, muito utilizada como uma gíria quando
alguém não compreende alguma coisa, por exemplo. Esta expressão é considerada grosseira, tanto na
língua inglesa, como a sua tradução para o português.

148
Eu: Vou te dar um palpite.

Com um suspiro, coloco meu telefone de volta no bolso, avaliando


a situação do carro mais uma vez. Acho que Griffin está certo. A única
coisa a fazer é dirigir assim para que eu possa pelo menos ver pelos
buracos nos Ds e depois lavá-lo quando chegar em casa. Sentindo uma
completa perdedora, abro a porta do motorista, entro e coloco minha
mochila no banco do passageiro. Eu me mexo no assento até poder ver
pelo para-brisa.

Espere. Micah provavelmente já está a caminho para me encontrar


no café. Merda. Eu puxo meu telefone de volta e mando uma mensagem
rápida para ele.

Eu: Longa história. Você pode me encontrar na minha casa?

Eu: Alguém... hum, meu carro está uma bagunça. Não quero dirigir
assim depois de escurecer.

Sonho molhado da Daph: Sério?

Caramba, toda vez que Sonho molhado da Daph aparece no meu


telefone, tenho uma pequena onda estranha de prazer através de
mim. Mas também, não sei como interpretar seu texto. É ‘sério?’ como
em, ele estivesse chateado que estou pedindo a ele para me encontrar em
algum lugar diferente? Ou talvez seja mais como ‘Sério?’ como em, ele

149
não pode acreditar que algo aconteceu. Ugh. Eu sou tão ruim em
interpretar texto falado.

Eu: Você verá quando chegar lá. Eu moro em 121 Clover Lane.

Sonho molhado da Daph: Estarei aí em 15-20 minutos.

Eu: TY8.

Eu: Vou tentar chegar antes de você, mas tenho que dirigir
devagar.

Sonho molhado da Daph: WFT?

Eu nem me preocupo em responder. Vai ser mais fácil mostrar a


ele. Colocando minha chave na ignição, ligo meu carro, então
cautelosamente me dirijo para fora do estacionamento e desço o caminho
da escola até chegar à estrada principal.

Cada vez que passo por outro carro, ou alguém na rua, eu me


encolho. Todo mundo está olhando. Atire em mim agora.

8
Ty = Thank You. Tradução – Obrigada.

150
Capítulo 23

Quando paro na garagem, meus pais estão fora, prestes a entrar


em seu carro.

Eu saio, dando a eles um pequeno sorriso que espero que encontre


meus olhos. — Ei. Vocês vão a algum lugar?

— Sim. Para uma sessão de terapia e, com sorte, sair para


jantar. Você acha que pode se cuidar sozinha? — Mamãe não parece
perturbada pelo meu carro, ou talvez ela apenas esteja muito envolvida
com o que quer que estejam fazendo na terapia para notar.

Papai balança as chaves na mão enquanto verifica meu para-


brisa. — O que é isso? Parte de toda a coisa do Esquadrão Espiritual?

— Uh, sim. Algo parecido. — Entro no carro para pegar minha


mochila. — Eu vou lavá-lo. Foi difícil de dirigir e estava com medo de ser
parada.

— Sim. Eu lavaria isso se fosse você. E talvez diga aos adolescentes


que isso foi uma má ideia. Eu não quero que você faça isso de novo.

— Entendi. — Como se tivesse feito isso com meu carro por merda
e risos.

Eles entram no carro e acenam antes de dar ré na garagem. Eu dou


a eles um aceno indiferente, observando enquanto seu carro se afasta,
então com um suspiro, volto para a bagunça.

151
Estou contornando a lateral da casa, tentando em vão conectar a
mangueira à torneira, quando o ronco baixo de um motor me chama a
atenção. Olho ao redor da esquina para encontrar Micah que estacionou
seu SUV no meio-fio e está subindo a garagem, as mãos enfiadas nos
bolsos de suas calças.

— Estou aqui.

Ele inclina a cabeça para o lado, erguendo as sobrancelhas quando


me encontra curvada sobre a mangueira demônio. — Ei. Vejo que alguém
deixou um bilhete de amor para você. — Ele aponta o polegar por cima do
ombro na direção do meu pobre Sedan.

Estou muito irritada com toda a situação. — Muito engraçado, —


murmuro, soltando um suspiro quando ele se aproxima. Sua mandíbula
está tensa enquanto me observa atrapalhar um pouco
mais. Ansiosamente, eu deixo escapar: — Eu realmente sinto
muito. Esperava que tivesse terminado de limpar isso antes de você
chegar aqui. Posso terminar mais tarde. — Limpo minhas mãos na saia e
estou prestes a soltar a mangueira quando Micah se agacha ao meu lado.

Ele faz uma careta ao olhar para o para-brisa do carro.

— Double D de novo, hein?

Eu aceno severamente. — Sim. Ela não consegue deixar isso ir. —


Acho que ele sabe quem é mal-intencionado o suficiente para me deixar
infeliz sem ter que perguntar.

— Ela e eu tinhamos um acordo casual que convinha a nós


dois. Ela pode dizer que terminei com isso. — Ele faz uma pausa olhando

152
nos meus olhos. — É por isso que ela está fazendo isso. E você a deixou
muito brava depois do almoço ontem, quando você não apenas rolou e
pegou a merda que ela estava servindo. Normalmente não dá a mínima
com quem estou, então realmente não entendo por que ela está tão
enfezada ultimamente.

— Eu poderia ter insinuado que você tinha me tocado...

Sua boca se abre e uma risada surpresa explode. — Você não fez
isso.

— Sem comentários. E também posso ter insinuado que ela é


apenas uma companheira de foda. — Encolho os ombros, cerrando os
dentes. — Ela me deixou tão brava. Me disse a hora errada para a reunião
do comitê de boas-vindas, então eu perdi e pareci uma grande
preguiçosa. E realmente preciso disso... — Eu paro, minhas palavras
presas na minha garganta. Meus olhos piscam e eu respiro lentamente. —
Digamos que ela escolheu um ponto sensível para cutucar e retaliei com o
que sabia que provavelmente a machucaria.

— Pelo menos o que você estava dizendo era a verdade. Ela


mentiu para você. Sobre mais de uma coisa, aparentemente. — Ele espera
um pouco antes de terminar. — Eu não voltarei para a casa dela. — Ele
limpa a garganta e estende a mão para pegar a mangueira sem esperar
por qualquer tipo de resposta. — Você só precisa disso conectado?

Não sei o que fazer com essa reviravolta. Dando uma pequena
sacudida, aponto para a válvula. — Sim. Não sei por que não consigo
prendê-lo na torneira.

153
Ele acena com a cabeça, o pega e o segura em um piscar de
olhos. Ele torce a válvula aberta, com o pulverizador na mão.

Procuro por ele, mas ele se desloca para fora do meu alcance. Eu
bufo, — Micah, preciso enxaguar bem rápido, e então podemos começar a
sua lição de casa.

Ele murmura um pouco e se move em direção ao meu carro,


puxando o comprimento da mangueira atrás dele. — Eu farei
isso. Podemos precisar ensaboá-lo para nos livrarmos de tudo. Tem
chantilly aí? — Quando eu encolho os ombros, ele pergunta: — Você tem
um balde?

— Sério. Você não tem que me ajudar.

— Sim.

— Por quê?

— Porque é parcialmente minha culpa. Como eu disse a você,


coisas que disse a Alora a incomodaram.

— Não entendo. — Pressiono meus lábios. Talvez eu seja louca,


mas quero que ele me diga que está a fim de mim. Porque sinto que sim,
mesmo que tenha dificuldade em admitir.

Ele me dá um leve sorriso. — Eu acho que você entende muito


bem.

Eu endendo? Meu peito se expande com uma respiração profunda


antes de deixá-la ir. Uau.

Ele começa a apontar o pulverizador para o meu para-brisa e puxa


o gatilho. A maior parte do que foi usado para decorar meu carro

154
desaparece em apenas alguns segundos, mas deixa uma sujeira manchada
para trás. — Sim, isso não vai adiantar. — Ele gesticula em direção à
garagem. — Vamos fazer isso direito. Onde está esse balde? Você tem
sabão e esponjas também?

— Mesmo?

Ele ri. — Pare de me questionar, quero ajudá-la, e faremos isso.

Eu mordo meu lábio, sorrindo. — OK. — Corro para a garagem,


pego o que precisamos e volto. Micah as tira de mim, e antes que eu
perceba, ele tem um balde cheio de bolhas e está borrifando o carro
inteiro mais uma vez com a mangueira.

— Seus pais estão em casa?

— Não. Eles... — Solto um suspiro rápido. — Eles têm um


terapeuta que consultam às vezes. Acho que tinham um encontro
hoje. Eles estavam entrando no carro para sair quando estacionei.

Ele acena com a cabeça, pegando uma esponja. Seus olhos pousam
em mim novamente, e acho que ele vai dizer algo sobre meus pais, mas
em vez disso ele olha para o que estou vestindo e diz: — Você deveria se
trocar. Você não quer que seu uniforme seja bagunçado.

— Certo. — Que tipo de garota gosta quando ele assume o


comando? Eu não questiono por mais do que alguns segundos antes de
entrar em casa, me trocar e voltar em um piscar de olhos com velhos
jeans rasgados e minha camiseta favorita da Princesa Leia.

Micah pisca para mim enquanto olha por cima do ombro de onde
está passando uma esponja com sabão sobre o carro.

155
Tento tanto não sorrir, mas não consigo evitar. Eu o observo
enquanto ele limpa o para-brisa, os músculos de seus braços e costas
ondulando enquanto ele se move. Suas calças estão abaixadas e toda vez
que ele levanta o braço para passar a esponja no telhado, sua camisa sobe
e uma faixa de pele aparece, mostrando aqueles pequenos recortes
bonitos acima de suas nádegas.

Aff. Controle-se, Daphne. Lutando contra a vontade de cobiçar ele


mais um pouco, vou até ao balde de água com sabão, pego uma esponja e
começo a trabalhar.

Poucos minutos depois, abaixo para passar a esponja no para-


choque dianteiro quando Micah joga água de sua esponja em
mim. Ofegando quando a água fria me atinge, eu pulo de pé. Não tenho
ideia se foi um acidente ou não, mas respingou bem no meu peito,
molhando minha camiseta.

— Ops. Me desculpe por isso. — Há uma qualidade fofa de menino


em sua expressão que me faria perdoar quase tudo.

Escondo meu sorriso. — Sem problemas. — mergulho minha


esponja de volta no balde, conto até cinco e lanço minha esponja pelo
capô, pregando Micah bem no centro de suas costas largas.

— Ei! — Ele grita, girando, a surpresa estampada em seu rosto.

Eu luto com a mangueira, mal conseguindo vencê-lo. — Você não


faria isso.

Meus dentes arranham meu lábio inferior enquanto nos


engajamos em um confronto, seu corpo volumoso contra o meu ágil. — Eu

156
não faria? — Minha sobrancelha sobe assim que meu dedo aperta o
gatilho. Um jato de água salta, atingindo Micah bem no peito e
encharcando-o.

Meus olhos se arregalam quando ele vem em minha direção,


apesar da água ainda disparar contra ele. Sua camisa está encharcada e
grudada em todos os músculos dignos de babar de seu peito, e minha
garganta fica decididamente seca quando eu grito e começo a recuar.

Ele me alcança, me puxando para seus braços, de costas para sua


frente. Roubando a mangueira de mim, ele enfia o bico de spray contra
minhas costelas.

— Não, Micah! — engasgo minha risada antes que a água fria me


atinja. Gritando, tento me livrar de seu aperto.

Ele faz uma pausa por um segundo, abaixando sua cabeça ao lado
da minha. — Eu deixarei você ir, — Ele sussurra, — Mas você pode querer
correr.

Ele me solta e eu corro ao redor do carro, o colocando entre


nós. Não consigo evitar o sorriso idiota do meu rosto.

— Ei, Daphne...— Seus olhos brilham, ardendo com travessura —


Você tem algo em sua camisa. — Ele mira bem em mim, pulverizando para
baixo. Se eu não estava molhada antes, agora estou encharcada. Meus
olhos se arregalam enquanto ele anda ao redor do carro em minha
direção. Com um grito, corro, dando voltas em volta do meu pobre carro
até que ele finalmente me alcança. Ele me pressiona contra a porta do
lado do motorista, seu corpo rígido pressionado contra o meu, antes de
suas mãos embalarem cada lado do meu pescoço, seus dedos enfiando

157
nas mechas molhadas do meu cabelo. Seus polegares acariciam meu
queixo e seus olhos, cílios espetados de água, estão encapuzados. O
desejo queima na minha barriga enquanto seu pau endurece contra o
meu estômago.

Oh. Inferno. Sim. Com a respiração irregular, nós olhamos um para


o outro até que ele abaixa sua boca na minha. Ele morde meu lábio
inferior, em seguida, desliza a língua por ele, aquecendo meu sangue de
uma forma que estou começando a gostar muito. Nossos lábios se
esfregam, famintos, e sua mão desliza para baixo para o meu seio, o
apalmando firmemente através do material molhado da minha camiseta.

Gemo, meus lábios se separando, e esse é todo o convite de que


Micah precisa. A próxima coisa que sei é que sua língua está na minha
boca, deslizando contra a minha em uma dança perversamente
maravilhosa. Eu agarro seus ombros, querendo mais perto. Meu coração
bate freneticamente em ritmo com o dele. Não posso acreditar que isso
está acontecendo e, no fundo, anseio por mais.

158
Capítulo 24

Oh meu Deus. Estou beijando Micah. Eu. Daphne Davis. Não tenho
ideia do que estou fazendo, mas ele não parece se importar. Sua língua
sacode, seus lábios esfregam, e ele me devora inteira. Ele está faminto.

Morrendo de fome. Por mim. Estou molhada e com frio, mas há


um inferno furioso dentro de mim. Seus beijos me deixam sem fôlego.

Ele pega minha mão, manobrando entre nós até colocá-la


exatamente onde quer. — Daph, você me deixa tão duro. — Seu pau
praticamente lateja, e a pulsação profunda em meu núcleo é compatível
com sua necessidade. Sou ingênua e inexperiente, mas tenho quase
certeza de que sei para onde essa estrada vai. Não sei se devo ouvir minha
cabeça e desacelerar as coisas ou se devo avançar para o esquecimento
com ele. Eu sinto que posso confiar em Micah.

Seus lábios estão selvagens, deslizando pelo meu pescoço. Ele dá


beijos aquecidos e de boca aberta na minha pele e lambe o caminho da
minha camisa com decote em V até ao meu peito. Minha mão está presa
em seu pau com uma das suas mãos enquanto a outra desce para
encontrar o seu caminho sob a bainha da minha camisa.

Sua mão habilmente desliza pelo meu peito e sob meu sutiã
esportivo para entrar em contato direto com meu seio nu. Uma onda de
desejo desce pela minha espinha, fervendo por todo o caminho. Minha
calcinha está encharcada com toda a água, mas tenho quase certeza de
que estou molhada para Micah, meu corpo reconhece o que quer do dele.

159
No fundo da minha cabeça, ouço carros passando, mas não ligo
para eles. Estou muito envolvida nas sensações que Micah evoca dentro
de mim. Deslizo minha mão para cima e para baixo sobre sua ereção, até
que ele se solta de mim, sua respiração ofegante dele.

— Puta merda. — Ele esfrega a mão pelo cabelo molhado, olhando


para a rua. — Não deveríamos estar fazendo isso.

Meu cérebro está tão nublado pela luxúria que mal consigo
pensar. — O quê? — Engulo em seco, olhando para ele.

— Quero dizer, devemos entrar.

— Oh. — Olho para o seu SUV. — Você tem uma muda de roupa?

Ele acena com a cabeça, trabalhando sua mandíbula para a frente


e para trás. — Sim. — Ele pega a mangueira onde havia deixado cair antes,
dá uma última borrifada no meu carro e vai até à lateral da casa para
fechar a torneira.

Parada ali esperando por ele, começo a tremer. Eu não tenho ideia
se é devido ao fato de que estou molhada e com frio ou porque quero
suas mãos e os lábios em mim novamente muito mal. Ele faz meu corpo
tremer e meu coração disparar.

Micah pega sua bolsa e me segue para dentro de casa. No segundo


que fecho a porta atrás de nós, a bolsa cai no chão e ele me gira em seus
braços, me apoiando nela. Sua boca se inclina sobre a minha, e desta vez
quando sua língua desliza para dentro, eu respondo ansiosamente,
nenhum dos nervos hesitantes anteriores permanecem. Eu o provoco com
meus lábios, esfregando minha língua contra a dele. Ele cheira a colônia

160
picante e homem, e isso me deixa selvagem, meu corpo se esticando em
direção ao dele.

Um momento depois, seus dedos agarram a bainha da minha


camisa e ele a levanta sobre a minha cabeça. Ela cai no chão com um tapa
molhado enquanto ele tira meu sutiã esportivo na minha cabeça também,
seu olhar nunca deixando o meu.

Uma vez parado, porém, seus olhos vagam pelo meu peito nu. Ele
puxa a camisa pela cabeça em um movimento suave. Micah é um
Deus. Esculpido com perfeição. Eu o quero tanto que doi.

Nós nos encaramos por vários momentos, o peito subindo e


descendo rapidamente antes dele me puxar para seus
braços. O contato pele a pele me deixa sem fôlego e uma pulsação
profunda me atinge do nada. Meu corpo inteiro está ciente do dele,
seus lábios, sua língua e aquelas mãos grandes, enormes.

Micah me levanta, e envolvo minhas pernas em volta de sua


cintura fina enquanto ele nos leva até à porta novamente. Ele olha nos
meus olhos pelo que parece uma eternidade, mas provavelmente foram
meros segundos. Mergulhando sua cabeça no meu peito, sua língua
sacode para fora e sinto uma umidade quente circulando meu mamilo. Ele
repete o movimento várias vezes antes de mudar para o outro lado e
lamber aquele também. O calor líquido flui por mim, e gemo enquanto ele
fecha a boca sobre o pico tenso e o suga em sua boca. Ele usa seus lábios,
sua língua, seus dentes, até que sou uma massa se contorcendo de
necessidade, indiferente da mordida da porta nas minhas costas. Eu ficaria
aqui para sempre, desde que sua boca estivesse em mim.

161
Com um gemido, ele lambe meu peito, puxando meu outro
mamilo entre seus lábios para mover sua língua contra ele enquanto ele
chupa.

Quando eu tremo, ele range os dentes. — Desculpe. Isso... nós... —


Ele para e me considera cuidadosamente, e me pergunto o que ele
vê. Pele corada? Lábios inchados? Olhos que imploram por mais?

— Nós o quê?

— Eu quero te levar lá para cima. — Meus olhos se arregalam.

— Eu acho que você deveria tomar um banho quente e se vestir.

O quê? — Eu...

Ele coloca um dedo nos meus lábios, em seguida, cobre minha


boca com a dele novamente, beliscando levemente. — Você está
congelando.

Meu corpo estremece em resposta às suas palavras. Eu mordo


meu lábio. Então talvez eu esteja. Ou talvez seja sua boca na minha e sua
proximidade que me fazem tremer em reconhecimento do que eu quero.

Ele.

162
Capítulo 25

Depois de muita discussão sobre quem deve tomar banho e se


vestir primeiro, Micah me fez ir, enquanto espera. Esse pode ter sido o
banho mais rápido que já tomei. Eu tinha ficado completamente
perturbada com o pensamento de que havia um menino esperando por
mim no meu quarto enquanto estava nua no chuveiro.

Eu me seco, enrolo meu cabelo em uma toalha no topo da minha


cabeça e visto a calcinha, shorts de algodão e uma camiseta o mais rápido
que posso. Atravessando o corredor, abro a porta do meu quarto. Mesmo
sabendo que ele está lá, meu coração dispara ao vê-lo no meu espaço. —
Há uma toalha limpa na pia e você pode usar o que precisar.

Ele balança a cabeça e sem dizer uma palavra, caminha pelo


corredor e entra no banheiro.

Pressiono minhas mãos em meu rosto, olhando ao redor, tentando


ver minhas coisas através de seus olhos. Não há nada constrangedor, e
não tenho nada estranho em minhas paredes. Quando entrei, ele estava
olhando para os livros na prateleira acima da minha mesa.

A água começa novamente no chuveiro. Puta. Merda. Há um


menino nu no meu chuveiro. E apesar de estar congelada há apenas dez
minutos, agora estou começando a suar.

Incapaz de entender como chegamos aqui, pego meu secador de


cabelo da cômoda, o ligo e me curvo, passando o ar quente pelo
cabelo. Eu aperto meus olhos e tento não entrar em pânico. Será que

163
Micah percebeu que foi meu primeiro beijo ? Que é o único cara que já me
viu sem camisa? Eu estava um pouco preocupada que talvez ele achasse
meus seios muito pequenos, mas depois da maneira como ele os chupou e
lambeu, acho que gostou muito deles.

Eu viro meu cabelo semi-seco para trás e fico de pé, olhando para
mim mesma no espelho acima da cômoda. Eu não pareço diferente, mas
cara, eu me sinto diferente. Ainda estou parada no mesmo lugar quando
Micah bate os nós dos dedos contra a porta e a abre.

Seu corpo enorme preenche a porta, outro par de calça em sua


metade inferior. Olhando seu peito nu, tento não ficar boquiaberta,
não muito, pelo menos. — Você tinha tudo que precisava? Quer
uma camiseta emprestada ?

Ele sorri um pouco, estende a mão e agarra meu pulso, me


puxando para ele. — Não. Eu tenho uma na minha bolsa. Gosto de
secar um pouco depois do banho. — Ele passa as mãos pelas minhas
costas, me abraçando a ele. Eu acaricio seu peito, amando a forma como
sua pele quente é sentida sob minha bochecha.

— Eu cheiro como você.

Eu inalo e rio um pouco, meus ombros arqueando porque, com


certeza, ele cheira a meu sabonete líquido.

— É baunilha ou qualquer coisa. Como uma porra de sobremesa.

Eu torço meu nariz, balançando minha cabeça um pouco. —


Desculpe.

164
— Não. — Ele recua, enganchando um dedo sob meu queixo e
levantando meu rosto para ele. — Eu gosto disso. A porra do problema é
que agora sentirei seu cheiro em mim a noite toda, e quem sabe quantas
vezes terei que me masturbar quando chegar em casa por causa disso.

Eu pressiono minha testa em seu peito antes de dar um tapinha e


olhar para cima com um sorriso. — Não sei como te ajudar com isso.

Ele ri e franze as sobrancelhas para mim. — Eu poderia te mostrar.


— Minhas bochechas queimam. Devo parecer que estou prestes a surtar
porque ele rapidamente tira as mãos de mim. — Estou totalmente
brincando com você.

Eu realmente gostaria que minha boca parasse de abrir e fechar


como um peixe. Reunindo meu juízo sobre mim, eu rio. — Não, eu
sei. Aquilo foi engraçado.

Ele aponta para a porta. — Por que não trabalhamos naquela


tarefa de espanhol?

— Qual delas? — Meu cérebro está uma bagunça. Qual ajuda


estarei dando hoje na aula particular.

— Aquela com conjugações irregulares.

Desta vez é minha vez de rir. — Certo. Eu adoro conjugar verbos.

— Você é uma nerd de merda, Daph.

Meu rosto cai com a nova lembrança de que ele fala com Alora
sobre mim, e isso faz meu estômago revirar. Seu comentário improvisado
lembrava muito o que ela me disse outro dia para o meu gosto. O humor
azedou, eu viro para descer as escadas.

165
Ele me pega pela cintura, puxando de volta contra ele. E sussurra
perto do meu ouvido: — Ei. — Ele dá um beijo na minha bochecha. — Eu
não quis dizer isso como imagina. Eu amo uma boa garota nerd.

Eu pressiono meus lábios e aceno, incapaz de falar. Posso ser uma


excelente aluna de AP Lit, mas isso não significa que as palavras sempre
vêm facilmente para mim, especialmente não agora. Não com o hálito de
um cara gostoso fazendo cócegas na minha orelha.

Ele aperta seu domínio sobre mim. — Eu não mentiria para você.

— OK.

Ele me vira em seus braços, baixando a cabeça para me beijar


lentamente. Quando ele recua, eu olho em seus olhos, procurando por
qualquer sinal de que não está sendo honesto comigo.

Não vejo nada além de olhos castanhos calorosos olhando nos


meus.

Metade de mim está curiosa para saber o que ele vê quando olha
para mim. A outra metade não tem certeza se quer saber.

Voltamos para o andar de baixo e nos acomodamos na mesa da


cozinha. Micah pega seu bloco de notas e faz uma cara feia para a planilha
de gramática ofensiva, gemendo.

— Antes de começarmos, gostaria de saber como você acha que se


saiu no teste de física de hoje.

Com a língua em sua bochecha, ele olha fixamente para mim antes
de balançar a cabeça, um sorriso lento curvando seus lábios. — Tenho
certeza de que consegui, porra.

166
Não consigo conter minha empolgação por ele, embora isso
signifique que terei de pagar nossa aposta e ir para o jogo. — Mesmo? Eu
acho que você vai descobrir amanhã, hein?

— Não. Eu quero que você pergunte. Você tem Roudebush


amanhã para a AP, certo?

Eu concordo. — Você quer que eu pergunte a ele sobre a sua


nota? O que te faz pensar que ele vai me contar?

— Ele vai. Apenas diga a ele que você é minha tutora. Tenho
certeza de que ele já sabe.

Eu encolho os ombros novamente. — OK. Se é o que você quer.

— Então, você estará no jogo?

Meus olhos se voltam para os dele. — Você parece muito


confiante.

Nossos olhares se fixam por vários segundos antes dele encolher


os ombros, em seguida, apoiar os cotovelos na mesa e olhar para a
planilha.

Não sei o que me ocorre, mas bato em sua planilha com minha
caneta: — O que você acha de uma segunda aposta, então?

O interesse invade as feições de Micah. — Mesmo?

— Se é isso que traz as notas para tirar seu Treinador de cima de


você, então sim.

167
Um olhar estranho pisca em seu rosto, mas desaparece tão rápido
que eu poderia ter imaginado. Sacudindo, eu olho para a planilha de
espanhol. — E se fizermos algo com isso?

Ele franze a testa. — Uma planilha simples?

— Certo. Faremos uma pequena revisão e você responderá como


se fosse um teste. Aceite e...

— E o quê?

Eu olho para ele com olhos arregalados. — O que você quiser, eu


acho.

— O que eu quiser? Tem certeza disso?

Dou de ombros, tentando parecer mais confiante do que me


sinto. — Eu confio em você. Melhor fazer algo bom, eu acho. — Presumo
que serei obrigada a ir à festa depois do jogo de futebol. Já que estarei
fora para o jogo, não é nada demais assumir que Scarlett e Max irão
comigo.

Ele acena com a cabeça, trabalhando sua mandíbula para a frente


e para trás. — Combinado. — Ele estende o punho para um solavanco,
que eu retorno com um sorriso, feliz por ele gostar dessa reviravolta.

Revisamos os complicados verbos pretéritos irregulares e, em


seguida, deixo Micah para me divertir com a planilha enquanto pego um
pouco de chá para mim e café para ele.

Provavelmente não mais que cinco minutos depois, eu espreito ao


virar da esquina e pergunto: — Você gosta de creme e açúcar?

— Sim. Obrigado.

168
Tirando o creme da geladeira, não consigo evitar. — Então, como
está indo?

— Terminei. — Sua caneta atinge a mesa como se ele a tivesse


jogado no chão.

Minhas sobrancelhas se unem enquanto eu mexo seu café. — Isso


foi seriamente rápido. Você verificou tudo novamente?

Caminhando de volta para a sala, eu o encontro recostado na


cadeira, as mãos entrelaçadas no topo da cabeça e as pernas espalhadas
por toda parte. Ele tem algumas das pernas mais longas e musculosas que
já vi.

Ele acena com a cabeça em direção ao papel sobre a mesa. — Dê


uma olhada.

Eu coloco nossas canecas na mesa, e mal peguei a planilha, quando


as mãos de Micah agarram minha cintura e me giram.

Com um pequeno suspiro meu, ele me puxa entre as pernas. —


Verifique minhas respostas.

Eu olho para o papel, meus olhos examinando rapidamente seu


trabalho. Enquanto estou verificando suas respostas, suas mãos deixam
meus quadris para segurar minha bunda. Minha respiração falha.

— Vê algo errado?

Lentamente, eu balanço minha cabeça. Há algo muito suspeito


acontecendo, isso está claro como cristal. — Tudo parece correto. —
Estou prestes a dizer quando levanto os olhos para encontrar seu

169
olhar. Está queimando. Eu engulo em seco. — Então, o que é que você
quer? Você me quer na festa amanhã ou...?

Ele ri. — É uma ideia, mas não exatamente o que esperava. — Ele
desliza os dedos sob o cós do meu short, parando por apenas um segundo
para olhar nos meus olhos antes de puxá-los da minha bunda. Eles caem
pelas minhas pernas no chão, onde eu chuto para me livrar deles. Sua
respiração engata.

E. Meu. Coração. Para.

Micah sorri ao ver minha calcinha boneca9 do Star Wars. TIE


Fighters e X-wings voando. — Oh Deus. — Ele geme, pressionando a mão
em seu pau. — Eu vou gozar, porra, só olhando para você com isso.

Ele me puxa para mais perto, suas mãos voltando para a minha
bunda antes de deslizar para a minha cintura. Ele me levanta, e é puro
instinto abrir minhas pernas em volta dele.

Eu respiro fundo uma vez que estou sentada em suas coxas. —


Micah...

— Apenas relaxe, — Ele raspa contra o meu pescoço.

Estou tentando, mas meu coração bate tão forte que pode sair do
meu peito.

Ele fuça seu rosto entre meus seios, geme, e uma de suas grandes
mãos desliza para frente e para trás sobre minha barriga. Estou meio
hipnotizada por seu toque. Sua ereção entre minhas pernas e o
9
A calcinha boneca é um modelo que cobre bem as laterais e a parte de trás, sendo indicado para
mulheres com quadril mais sequinho. Esse é também um ótimo modelo de calcinha para disfarçar a
barriguinha.

170
conhecimento de que apenas alguns pedaços de material nos separam são
as únicas coisas que me mantêm alerta. Isso me faz morrer por dentro,
querendo senti-lo. Tipo, sentí-lo de verdade.

As pontas dos seus dedos mergulham dentro da minha calcinha e


eu fico tensa, prendendo a respiração. Ele os puxa de volta enquanto olha
nos meus olhos. — Relaxe. Eu entendi você. — Pegando meus lábios com
os dele e provocando minha boca aberta, ele me beija lenta e
profundamente. A forma como seus lábios se movem sobre os meus faz
meu corpo inteiro formigar, e estou escorregando uma ladeira conforme
ele me puxa para mais perto. Desta vez, seus dedos vagam ainda mais em
minha calcinha, tocando entre as minhas pernas.

É elétrico. Chocante.

E muito, muito novo para mim.

A garganta de Micah engole em seco enquanto ele separa minhas


dobras, correndo os dedos pela minha carne escorregadia de excitação. —
Foda-se, Daph. Sua boceta é um sonho. Você está tão molhada para
mim. Aposto que você é muito apertada também.

Ele desliza os dedos para frente e para trás, massageando cada


centímetro de pele sensível ao redor da minha abertura. Quando seu
polegar passa rapidamente sobre meu clitóris, eu grito: — Oh, Deus. —
minha cabeça inclina para trás e meus quadris têm uma mente própria,
ondulando, enquanto Micah continua a trabalhar meu clitóris com o
polegar. Ele esfrega pequenos círculos leves, depois me dá mais pressão e
rapidez. As constantes mudanças me deixando nervosa, mas sem saber o
que esperar.

171
Eu agarro os ombros de Micah, me sentindo fora de controle. —
Você gosta de como estou te tocando?

Incapaz de falar, eu aceno. Seus dedos fazem círculos lentos no


meu centro, e eu mal sei o que quero, mas estou me debatendo em seu
colo como se estivesse enlouquecendo.

— Você é gostosa pra caralho. — Muito lentamente, ele mergulha


um dedo dentro de mim.

Eu gaguejo, — O-oh. — Ele se retira, então afunda mais


fundo. Meu corpo o pressiona no início, desacostumado à intrusão. Mas
então nos beijamos mais um pouco, nossas línguas imitando a ação de seu
dedo. Acariciando, esfregando, enviando a lugares que nunca estive
antes. Minhas mãos deslizam até seu pescoço e em seu cabelo
curto. Quando ele adiciona um segundo dedo, eu gemo.

— É isso, esfregue sua boceta na minha mão. Pegue o que você


precisa, querida.

— É tão bom, Micah. Eu... — Minhas pernas tremem e meu ritmo


diminui. Sinto que estou à beira de algo. É como se todas as terminações
nervosas do meu corpo tivessem mudado e se centrado no meu sexo. —
Eu... — meu corpo inteiro estremece, meus quadris se movem
ritmicamente enquanto deliciosas sensações explodem e rolam por mim.

Micah geme. — Foda-se, Daph. Sua boceta acabou de apertar


meus dedos pra caralho.

Me sentindo fora de si, continuo montada nele, completamente


atordoada. Sem pensar, deixo escapar: — Isso foi um orgasmo?

172
Ele inclina a cabeça para o lado, me estudando e deslizando os
dedos para frente e para trás pela minha pele lisa. — Você gozou em toda
a minha mão. — Ele agarra minha nuca com a outra mão e puxa meu
rosto para o dele. — Esse foi o seu primeiro?

Eu aceno, os olhos arregalados, nervosa com a minha admissão.

— Droga, quem diabos não sabe o que está fazendo que nunca lhe
deu um orgasmo antes?

Micah não tem ideia de que ele me deu meu primeiro beijo hoje,
muito menos que me deu esse outro incrível primeiro. Eu não quero que
ele saiba. Não agora. Não se já não pude dizer. A Sra. Lonely Lonerson10
aqui nunca conseguiu um único encontro, então isso… Minha mente está
um pouco estourada. Já me toquei antes e me senti bem, mas não foi
nada assim. Isso foi... algo totalmente diferente.

Eu encolho os ombros, mordendo meu lábio. — Meus pais estarão


em casa em breve.

Um pequeno gemido me escapa quando ele passa o polegar sobre


o meu clitóris novamente e ousadamente exige: — Então?

Meus quadris se inclinam em direção a ele, dando melhor acesso,


mesmo enquanto eu protesto. — Eu deveria colocar meu short de volta.

Ele suspira. — Se você insiste. — Seus dedos fazem uma última


passada sobre toda a minha pele hipersensível antes que tire a mão da
minha calcinha. Ele não soltou meu pescoço, então estou olhando em seus
olhos enquanto ele suga os dedos que estavam dentro de mim. Ele fecha

10
Pessoa solitária e solteira, que não tem vida social.

173
os olhos, gemendo enquanto me prova. — Porra, isso é bom, — Ele
xinga. — Da próxima vez, você vai gozar na minha cara. Eu quero minha
língua dentro da sua boceta.

O pensamento disso faz todos os meus músculos se contraírem. Eu


solto um suspiro pelos lábios franzidos. Cautelosamente, saio do colo de
Micah, puxo meu short e me sento na cadeira ao lado dele. Meu chá está
morno quando tomo um gole, mas estou além de me importar. — Você
pode reaquecer seu café no micro-ondas, se quiser.

Ele levanta sua caneca, toma um gole e imediatamente se levanta,


indo até ao micro-ondas em três longas passadas. Quando ele se senta
novamente, ele aponta para a planilha. — Eu diria que você gostou dos
meus ganhos tanto quanto eu.

Eu sorrio por trás da minha caneca antes de tomar outro gole do


meu chá. — Talvez.

— Isso significa que você deve planejar ir à festa também.

Minhas sobrancelhas levantam enquanto eu entro em pânico


internamente. — Você está brincando.

— Nah. Será na minha casa. Você ficará bem.

— Hum... — Por um segundo, estou prestes a recusar, mas então


penso sobre o que aconteceu entre nós e deixo escapar: — Tudo bem.

Seus olhos brilham. — Eu poderia ter jurado que você lutaria


comigo por isso.

— Eu quase lutei.

174
Ele ri, plantando as mãos nas coxas. — Eu deveria encontrar minha
camiseta.

Meu olhar vagueia sobre seu peito nu, seus mamilos ainda
tensos. Eu quero passar meus polegares sobre eles, mas não tenho ideia
se caras gostam disso. — O quê? Por quê? — Estou gostando muito da
vista para ligar os pontos.

— Porque seus pais acabaram de chegar. — Quando ele se levanta,


ele aponta. Uma ereção muito longa e muito espessa forma em suas
calças.

— Ah merda! — voo para fora do meu assento, as mãos no


rosto. — Sua bolsa ainda está lá em cima?

Ele acena com a cabeça, dando um pequeno sorriso.

— Eu pego. — Corro escada acima, pego sua bolsa do meu quarto


e jogo em suas mãos enquanto desço correndo. — Há um banheiro ali. —
aponto para o corredor da frente.

Com as longas pernas de Micah cruzando a distância em um piscar


de olhos, ele, seu peito nu e seu pau duro como pedra estão enfiados com
segurança no banheiro assim que meus pais entram pela porta.

175
Capítulo 26

Nossa. Não tenho ideia de quanto tempo passamos limpando o


carro, tomando banho e revisando o dever de espanhol. E eu perdi todo a
noção do tempo, espaço e gravidade enquanto Micah me dava aquele
orgasmo. Se meu rosto já não estivesse rosa o suficiente das nossas
atividades anteriores, o sangue corre novamente quando meus pais
entram. Se eles tivessem voltado apenas dez minutos antes... Oh meu
Deus.

— Ei, Daphne. De quem é aquele SUV na frente? — A expressão de


papai é interrogativa.

— Micah.

As sobrancelhas de papai se aproximam da linha do cabelo. —


Micah?

Mamãe dá um tapinha em seu braço. — O garoto que ela está


dando aulas particulares. Lembra? Eu te falei sobre ele.

Sua mandíbula se move para frente e para trás. — Huh. Acho que
tenho estado mais distraído ultimamente do que pensava.

Eu aponto para o livro de espanhol de Micah e a planilha na


mesa. — Ele me ajudou a tirar o chantilly do carro e depois fizemos a lição
de casa dele para aquela aula de espanhol de nível dois em que estou. Ele
é um dos alunos de espanhol II. Eu estava ajudando ele com conjugações
de pretérito irregular. — Porque meus pais realmente precisavam de toda

176
essa informação. Eu aperto meus lábios juntos para parar de balbuciar
antes que eles me questionem mais.

Papai suspira e olha para o telefone. — Bem, são quase dez. Você
provavelmente deve terminar. Noite escolar e tudo.

Eu aceno rapidamente. — Ele estava usando o banheiro antes de


sair.

Como se convocado por minhas palavras, Micah caminha pelo


corredor em nossa direção. — Olá, Sr. e Sra. Davis. Sou Micah Robertson.

Mamãe lhe oferece um sorriso enquanto papai resmunga algo


sobre Micah parecer mais como se ele estivesse na faculdade.

— É um prazer conhecê-lo, Micah. Como está indo a aula de


reforço? — Mamãe inclina a cabeça para o lado, o avaliando.

— Bem, sua filha é muito inteligente, com certeza.

Papai pigarreia. — Mas como está indo? Isso está te ajudando? —


Micah me dá um sorriso divertido, os lábios se contraindo antes de
retornar seu olhar para meus pais. — Daphne diz que as coisas estão indo
muito bem.

Oh meu Deus. Não sinto falta de sua ênfase na palavra indo, e


quase estendo a mão para bater em seu braço, mas acho que isso seria
mais uma dica para meus pais do que qualquer outra coisa.

Mamãe acena com a cabeça. — Bem, isso é ótimo de ouvir. Vamos


estourar pipoca e assistir a um filme na sala. — ela puxa o braço de papai.

177
Ele hesita, olhando para Micah. A voz de papai é rouca quando ele
se dirige a ele. — Prazer em conhecê-lo. — Ele põe o braço em volta da
mamãe e os dois entram na cozinha juntos, fora de vista.

Micah pega sua planilha, enfiando em uma pasta, então a coloca


junto com seu livro dentro de sua bolsa. — Vai sair comigo?

— Sim, claro. — Meus pais estão sem dúvida ouvindo na cozinha,


então não digo mais nada.

Assim que estamos do lado de fora, presumo que iremos


diretamente para o SUV de Micah e ele irá decolar, mas ele me
surpreende ao mergulhar nos degraus da varanda. — Então, você disse
que eles estão em algum tipo de terapia?

Eu inalo profundamente pelo nariz. — Sim. Eles estão bem. Eles


são donos da Davis Bookstore na cidade.

— Ah. Eu conheço esse lugar. Nunca estive lá dentro, mas parece


muito bom.

— Sim, bem, está prestes a afundar. É principalmente sobre o


dinheiro a raiz dos problemas dos meus pais. Pelo menos, eu acho que
sim, de qualquer maneira.

Ele aperta os lábios e descansa os braços musculosos nas coxas. —


Eu sinto muito. Isso é péssimo, especialmente se estiver atrapalhando o
casamento deles.

Solto um suspiro deprimido. — Sim. Eles têm pensamentos


distintamente diferentes sobre o que precisa ser feito para manter o
lugar, então está começando a causar discussões, e...

178
— Então, é por isso que você está tão empenhada em seus
estudos? É uma questão de dinheiro?

— Parcialmente. Sempre fui uma boa aluna, mas agora a pressão


está forte. Eu tenho que ser. Preciso ganhar outra bolsa. — Esfrego minhas
mãos nervosamente em minhas pernas. — E gosto de estar no controle. A
maior parte do tempo. — Afundo meus dentes em meu lábio inferior,
pensando em como Micah me deixou fora de controle apenas quinze
minutos atrás. Eu estava me contorcendo em seu colo, me entregando
completamente aos seus cuidados.

Com sua cabeça virada para longe de mim, então eu mal posso
ouvi-lo, Micah murmura: — Bem, pelo menos seus pais estão
tentando. Meus pais simplesmente se ignoram. É como se estivessem
levando vidas separadas. Eu nem acho que eles gostam mais um do outro.

— Isso é péssimo. — Engulo, me perguntando novamente sobre


sua família. — Eles ignoram você também, Micah?

— Você poderia dizer que sim. — Ele se levanta, limpando suas


calças. — Vejo você amanhã. — Seus ombros estão rígidos e os músculos
de sua bochecha continuam flexionados, sua mandíbula tensa.

Se eu tivesse que dar um palpite, diria que a vida doméstica de


Micah não é tudo o que parece ser. E não há nada que possa me manter
longe de seu jogo de futebol amanhã. Porque tenho certeza de que ele
precisa de alguém lá. Alguém que estará lá para ele.

179
Capítulo 27

Oh garoto, eu tinha ficado tão envolvida com meu carro


com creme chantilly e depois com o próprio Micah que não tive tempo
para pensar sobre meus deveres de Garota Espiritual até depois que ele
saiu ontem à noite. Então aqui estou eu, correndo ao redor
novamente. Mas está tudo bem, porque tenho um plano.

Entrando na pequena drogaria na esquina, puxo três sacos de


doces Starburst da prateleira, três porque os favoritos de Micah são os de
laranja e limão e, infelizmente, eles não fazem sacos desses sabores
sozinhos. Sei disso pelo formulário que ele preencheu no início do ano,
que o professor orientador do Esquadrão Espiritual finalmente deixou
para mim na biblioteca outro dia.

Parando no estacionamento da escola, abro as sacolas, feliz em ver


que há o suficiente dos sabores que ele gosta para fazer duas sacolas de
guloseimas, uma para cada armário. Eu fiquei acordada até uma da manhã
terminando as placas de seus armários. Com sorte, posso fazer isso em
segredo novamente. Agora é divertido para mim esconder isso dele e não
porque acho que é um problema. Exceto por Alora. Sim. Melhor manter
isso em segredo por enquanto. Não quero incitar sua ira, como se já não o
tivesse feito.

O pequeno apito do meu telefone me faz puxar para verificar


minhas mensagens.

180
Sonho molhado da Daph: Não se esqueça de perguntar a
Roudebush qual foi minha pontuação no teste.

Sonho molhado da Daph: Eu realmente acho que chutei o traseiro


daquele teste.

Sorrindo para mim mesma, decido provocá-lo.

Eu: Oh. Eu esqueci disso.

Sonho molhado da Daph: Não esqueceu.

Eu: Acho que você ainda quer que eu vá?

Sonho molhado da Daph: Eu definitivamente ainda quero que


você venha. De novo e de novo.

Sonho molhado da Daph: Na minha cara.

Ele não disse isso. Uma olhada no espelho retrovisor me diz que
meu rosto está vermelho como uma beterraba. Eu deveria conhecê-lo
para não mexer com ele, porque Micah está fora do meu alcance quando
se trata de flertar e insinuar. Minhas pernas se fecham involuntariamente
quando a umidade atinge minha calcinha.

Sonho molhado da Daph: Mas se você estivesse se referindo ao


jogo e à festa, isso seria um sim.

Sonho molhado da Daph: Daph?

181
Eu: Estou aqui.

Eu: Só estou tentando descobrir se é óbvio que estou corando


muito agora.

Sonho molhado da Daph: Vai ser divertido encontrar todas as


maneiras de fazer você corar.

Soltando um suspiro, eu me recomponho, pego minhas coisas e


saio do carro. Mais uma vez, não há muitos carros no estacionamento. Eu
corro para dentro e faço um trabalho rápido para colocar a placa no
armário de Micah no corredor principal e colocar um saquinho
de Starburst com sabor de limão na prateleira ao nível dos olhos para que
ele veja. Fechando a porta do armário o mais silenciosamente que posso,
ouço vozes vindo em minha direção. Eu congelo por um segundo, então
corro pelo corredor em direção ao ginásio.

Fora do vestiário, paro por um segundo, ouvindo. Quando não


ouço qualquer sugestão de ninguém, eu sigo para dentro, caminho até ao
armário de Micah e coloco minhas coisas no banco. A placa do armário do
ginásio está muito bonita, se é que posso dizer. Na noite anterior,
desenhei uma caricatura dele correndo com a bola, com sua camisa
número doze. Ele se parece muito com a extremidade justa da
estrela, pernas longas, ombros largos e uma extremidade justa literal. Eu
rio enquanto luto com o botão do seu armário. Eu finalmente abro e
coloco o saquinho de laranja Starburst dentro, fecho e giro de volta para o
banco para pegar a fita e assinar. Estou quase terminando quando alguém
entra na sala. O armário de Micah está em um local onde não sou

182
imediatamente visível, mas... Merda! Preciso sair daqui antes que alguém
comece a tirar roupas ou algo igualmente mortificante.

Lutando, prendo a placa no armário, jogo o rolo de fita adesiva de


volta na mochila e coloco sobre o ombro para poder escapar.

Meu coração martela atrás das minhas costelas e me esforço para


ouvir de novo. Quem está aqui parece ter parado e aberto um
armário. Posso ouvir o som inconfundível de roupas sendo tiradas. Oh. Ah
não. Não não não!

Meu pulso dispara. Posso me esconder? Posso passar furtivamente


sem ninguém saber que estou aqui? Merda! Espiando pela esquina, vejo
dois enormes jogadores de futebol - Shayne e Carter - em vários estados
de nudez e outro, Derek, com quem eu realmente tenho uma aula, acaba
de entrar e deixar cair sua mochila no banco.

Pensando apenas em fugir, minha mão suada agarra a alça da


minha bolsa. O problema é que tenho que passar por eles para sair
daqui. Escondo meus olhos atrás da minha mão livre e lentamente
começo a rastejar para frente.

Quando uma grande mão envolve meu bíceps, eu congelo no lugar


e meus olhos se fecham. — Desculpe. Sinto muito, — suspiro.

— Que porra você está fazendo aqui? — Não sei de qual cara veio
a voz, mas não importa. A rudeza, a atitude, a manipulação, tudo me
lembra daquele dia no parque, e de repente, não consigo respirar.

183
Este é o meu pior pesadelo ganhando vida. Caras enormes com
grandes músculos, capazes de fazer o que diabos quiserem. Meu coração
está apertando, o medo entorpecente me dominando.

— Ela está enlouquecendo, cara.

Sim. Sim eu estou. Estou tremendo tanto que não consigo nem
colocar um pé na frente do outro para sair daqui. É como se meus pés
estivessem soldados ao chão. E não poderia escapar, mesmo que quisesse,
porque esse cara não solta meu braço.

***

— O que você está fazendo brincando no parque tão tarde,


garotinha? — Um grupo de meninos avança em minha direção. Eu só
tenho onze anos, então eles têm que ter... eu nem sei quantos anos. Eles
são meninos grandes. Quinze? Dezesseis? Mais velhos? Definitivamente,
garotos do ensino médio. Definitivamente mais velhos do que eu.

Quanto mais perto eles chegam, maiores eles parecem, e há três


deles. Eles vêm em minha direção enquanto tento em vão recuar e
fugir. Oh meu Deus. Minha pele fica pegajosa de suor e tenho uma
sensação estranha na barriga, como um enxame de borboletas furiosas.

— Quantos anos você acha que ela tem? — Um dos meninos


conseguindo abrir caminho atrás de mim e fala logo antes de estender a
mão para levantar minha saia nas costas. Eu coloco de volta no lugar e
seguro com as duas mãos.

184
— Tenho onze anos. Hum, tenho que ir. Eu estava indo para casa.
— Tento ficar de lado entre dois dos meninos para poder sair pelo caminho
arborizado até ao meu conjunto habitacional, mas eles levantam os
braços, impedindo minha fuga.

— Ensino fundamental, hein?

— Ela é meio magra e desengonçada.

— Não tenho dúvidas de que ela vai crescer e ter essas pernas
longas. — Este menino bate a mão na frente da minha saia e, quando uma
lágrima rola pela minha bochecha, viro para um lado e depois para o
outro, desesperada para me livrar do círculo e sair correndo daqui.

— Ainda tem bochechas rechonchudas de bebê.

— Me deixe em paz. Eu tenho que ir para casa.

Um dos caras inclina a cabeça, um sorriso terrível no rosto. — Bem,


você sabe o que eu sempre digo... — Ele ri, parando para causar efeito
enquanto puxa minha saia para cima. — Se houver grama no campo,
jogue a porra da bola. Por que não damos uma olhada?

Os outros meninos riem disso, e eu pisco, sem entender


totalmente. Algo nos olhares em seus rostos escorre pela minha espinha,
roubando minha voz e me fazendo sentir mal.

Por trás, braços grandes e machucados me envolvem, como uma


faixa em volta do meu bíceps. Eu luto, tentando me contorcer, e estou
chorando e grandes e grossas lágrimas rolam pelo meu rosto. — Nós
vamos transformá-la em nossa vagabunda perfeita, ok, baby? — Ele ri

185
asperamente no meu ouvido. — Não se preocupe, vai se sentir bem. Nós
vamos te mostrar.

Meus lábios tremem e não consigo falar porque estou tentando


muito respirar. Eu aperto meus olhos fechados enquanto mãos ásperas
agarram minhas pernas e então minha calcinha.

***

Meus olhos piscam e se abrem para esse novo horror, e


rapidamente examino seus rostos. Todos os três caras estão olhando para
mim como se eu fosse uma curiosidade estranha.

— Ei, essa não é a garota que usa calcinha do Star Wars? — É


Shayne quem ri ao meu lado, seus olhos percorrendo minha saia enquanto
seus dedos carnudos continuam a cavar em meu braço. Ele me puxa para
a frente dele, envolvendo um braço de aço ao meu redor, prendendo meu
outro braço ao meu corpo.

Derek cruza os braços sobre o peito musculoso. — Sim, é ela. Ela


está na minha aula de governo.

— Faz dias que estava querendo uma espiada no bebê Yoda. —


Carter chega mais perto, olhando minhas pernas e cravando os dentes no
lábio. Eu quero vomitar.

O suor frio escorre entre minhas omoplatas. Eles não iriam. Por
favor não.

186
Minha frequência cardíaca dispara, mas desta vez encontro minha
voz. — Me deixe ir! — Eu grito. As palavras voam para fora da minha boca
e perfuram o ar antes de ecoar pelo vestiário. Eu luto, mas não
adianta. Lágrimas picam atrás dos meus olhos. — Pare!

— Ah, vamos lá agora, — Ele sussurra perto do meu ouvido. —


Não seja assim, menina. Nós só queremos ver essas suas
calcinhas fofas pra caralho, sobre as quais todos nós temos ouvido falar.
— Shayne pega a ponta da minha saia entre os dedos e começa a levantá-
la enquanto Carter gargalha, cobrindo a boca com as mãos.

Derek, por outro lado, engole em seco. Rezo para que ele ajude, e
rápido. Meus olhos se conectam com os dele, implorando silenciosamente
a ele.

— Foda-se, cara. Deixe ela ir. Não seja um idiota. — Derek balança
a cabeça e se vira, fechando o armário e pegando sua mochila. —
Vamos. Deixe ela ir.

Shayne dá uma risada áspera e me empurra para longe dele. — Eu


só estava brincando.

Meu peito arfa enquanto eu giro de volta, meus olhos perfurando


os dele. — Não, você não estava, seu idiota de merda!

Meus olhos se voltam para os outros dois caras uma última vez
antes de girar nos calcanhares e cambalear cegamente em direção à saída.

Quando chego à porta que dá para o ginásio principal, dou de cara


com alguém. Eu grito, meio soluçando.

187
— Ei. Ei, ei, ei... — Mãos agarram meus braços, parando meu
progresso.

— Me. Deixe. Ir. Me deixe ir! — Eu me debato, me soltando e


cobrindo o rosto com as mãos. O terror ainda rasgando meu próprio ser.

Quando sinto que a pessoa responsável por me parar não foi


embora, mas também não está me tocando, lentamente puxo minhas
mãos trêmulas. Micah está me olhando com cautela, sua expressão uma
mistura de confusão e preocupação. — Você está bem?

Balanço minha cabeça. Minha voz coaxa, — N-não.

Meus olhos seguem o movimento de sua garganta enquanto ele


engole. Sua voz sai baixa e praticamente assassina. — Me diz.

Eu fecho meus olhos e balanço minha cabeça. Sua mandíbula


aperta.

Sussurrando pateticamente, eu recuso. — Eu não posso. Por favor,


deixe como está. — Eu me viro e corro pelo ginásio, memórias de Micah
naquele parque frescas em minha mente.

188
Capítulo 28

Por que, oh por que isso tem que ser o dia em que estou vendendo
os malditos bilhetes de boas-vindas? Após o incidente com os idiotas no
vestiário, fui direto para banheiro que fica no corredor das mesas de
venda dos ingressos para o baile.

Puxo as toalhas de papel do dispensador, molhando, colocando


junto ao rosto e pressionando contra os olhos. Estou toda manchada e
rosada e completamente envergonhada. O fato daqueles meninos se
sentirem no direito de me tratar assim me deixa fisicamente doente. Não
quero estar aqui, muito menos ter que vender ingressos ou ir para a aula.

Se eu não fosse tão boazinha, fugiria e iria para casa.

Ao som do primeiro sino, eu me encolho. Eu deveria estar


vendendo ingressos pelos próximos vinte minutos, e serei amaldiçoada se
não aparecer e dar a Alora mais munição contra mim. Olhando para mim
mesma no espelho, suspiro, jogo as toalhas de papel no lixo e pego minha
mochila. Estou uma verdadeira bagunça.

No corredor, na mesa de venda de ingressos, Alora e Farrah já


estão sentadas com ingressos e caixas de dinheiro, apenas começando a
vender ingressos. Existem três filas de alunos se estendendo por todo o
caminho do corredor para o escritório principal. A culpa me inunda. Eu me
apresso. — Desculpe. — Puxo o último assento me sentando.

189
Alora revira os olhos para mim e me entrega a terceira caixa de
dinheiro e uma pilha de ingressos. — Você está sempre atrasada. Que
bom da sua parte não perder tudo desta vez.

Ao lado dela, Farrah bufa, mas tenta disfarçar enquanto vende


outro par de ingressos.

— Não fiz isso de propósito e já me desculpei. — Eu bufo: — E


quanto à reunião da semana passada, foi sua culpa e você sabe disso. —
Aceito dinheiro de um aluno do último ano e entrego a ele um par de
ingressos.

— O que você tem? Você está uma merda. — Alora me dá um


daqueles olhares de pena que ela gosta de lançar para aqueles que ela
acha que não são dignos de seu tempo.

Eu me viro em meu assento. — Você poderia, por favor, me deixar


vender os ingressos? — Ela dá de ombros e revira os olhos para
mim. Novamente.

Continuamos assim por um tempo. Acabei de entregar outro par


de ingressos quando, de repente, na minha frente, Micah aparece com
Beau, Xander e Scarlett logo atrás deles. Ele pousa as mãos sobre a mesa,
se inclina e murmura: — Você vai me contar o que aconteceu no vestiário.

Beau dá um passo para o lado da mesa. — O que você estava


fazendo lá, afinal, Doçura?

Eu franzo a testa ao ouvir o apelido que ele agora usou duas vezes
comigo, mas então me lembro que Beau tende a usar termos carinhosos
com as garotas, eu ouvi alguém dizer que era porque ele não conseguia

190
saber qual garota é qual, e porque transará com qualquer pessoa
com uma vagina, mas também o ouvi usar ‘Menina Bonita’ com Scarlett, e
me pergunto o quanto da conversa é realmente verdade e quanto é
apenas mais um pedaço do folclore das Rosas.

Meus ombros sobem e descem, e balanço minha cabeça


rapidamente. — Estou ocupada agora, pessoal. Todos vocês precisam de
ingressos? Porque se vocês não precisam, eu preciso que se afastem.

Micah enfia a mão no bolso de trás, puxando sua carteira. — Dois


por favor.

Alora sorri para mim. Sua expressão maliciosa dizendo, viu? Ele é
meu.

Admito plenamente que meu coração se aperta e torço quando


estendo a mão para o dinheiro de Micah, coloco na caixa e entrego a ele
seus ingressos.

Ele imediatamente passa um para Beau. — Obrigado por me


acompanhar, cara.

Com o canto do olho, posso ver que a boca de Alora acaba de cair
aberta e ela está olhando fixamente para Micah. Ela murmura algo
baixinho que parece... Que. Porra.

Micah dá uma última olhada em mim. — Conversamos depois. E


não se esqueça de pegar minha pontuação no teste do Roudebush.

Eu molho meus lábios. — Eu não vou.

— E te vejo hoje à noite.

191
Eu aceno, mas um suspiro ao meu lado atrai minha atenção para
Alora, que está olhando para Micah como se ele tivesse duas cabeças. —
Micah, preciso falar com você. — Ela se levanta rapidamente, foge atrás
da minha cadeira e puxa Micah pelo cotovelo pelo corredor, onde é
bastante óbvio pela linguagem corporal que eles estão prestes a discutir.

Oh. Oh caramba.

Um estrondo da multidão de alunos na nossa frente faz meus


olhos se arregalarem. Há muitos sussurros por trás das mãos e algumas
pessoas que não se incomodam em ficar quietas com seus comentários
surpresos. Sintonizando os vários trechos da conversa, quase me sinto mal
por Alora.

— Porra, Alora acabou de ser dispensada?

— Ela não está namorando ele, idiota. Eles simplesmente fodem.

— Mas espere, eles sempre vão ao baile juntos.

— Ele só comprou um ingresso. Ele virou veado? Por que ele faria
isso?

— Se ele precisa de um encontro, eu me ofereço!

Olho furtivamente para Farrah, e ela dá de ombros antes de pegar


a próxima pessoa da fila. Beau paira perto de mim, mas para ao lado onde
parece que está de olho em Micah e Alora no corredor.

Xander e Scarlett são os próximos na minha fila e os dois me dão


uma olhada enquanto Xander estende o dinheiro para seus ingressos. Ele
murmura baixinho: — Sabe alguma coisa sobre o que aconteceu?

— Não. Acho que não. Quer dizer...

192
Scarlett solta uma respiração controlada através dos lábios
franzidos e inclina a cabeça para o lado para ter uma visão do corredor
que Micah e Alora desceram. — Oh cara. Seus braços estão balançando e
tudo mais. Ela está chateada.

Xander nem mesmo tenta esconder seu estremecimento neste


momento. — Tenha cuidado, Daphne. Ela é um canhão solto quando está
irritada com pequenas coisas. E isso? Isso é grande.

Eu solto uma respiração forte. — Você fica me dizendo isso. Eu não


sei o que fazer de diferente. — Apertando meus lábios, eu aceno para a
próxima pessoa na fila para frente. Não é que não aprecie a preocupação
de Xander, eu simplesmente não tenho ideia de como tirar as garras de
Alora das minhas costas.

Quando a campainha toca, Farrah e eu rapidamente terminamos


com aqueles que ainda estão na fila, em seguida, pegamos nossas caixas
de dinheiro e vamos para o escritório principal.

— Micah realmente não quer você, você sabe disso, certo? — Ela
gargalha. — Sabendo... o que sei... está apenas brincando. Eles
provavelmente tiveram um desentendimento e ele está usando você para
se vingar dela. Eles fazem essa merda o tempo todo. Inferno, às vezes ele
me usa da mesma maneira.

Eu não posso suportar a maneira como ela é tão irreverente sobre


isso. — Eu não entendo você de jeito nenhum.

Ela ri. — É o que é. Ele é Micah. Ele faz o que quer e não tem
relacionamentos. Nunca. — Paramos do lado de fora do escritório. —
Veja. Micah tem um pau grande e sabe como usá-lo. Isso é tudo que me

193
interessa. Ele sabe que estou pronta para uma foda rápida sempre que
estiver com vontade, e isso é muito frequente. — Ela inclina a cabeça para
o lado e me olha incrédula. Espere. Você realmente não gosta dele, gosta
dele, não é? — Ela faz um som, então ri loucamente antes de continuar. —
Garota, ele vai te comer e cuspir você. Ele é implacável. — Ela abre
caminho para o escritório, me deixando em estado de choque. Antes
mesmo que eu possa entrar, ela sai rapidamente. — Vejo você por aí,
Double D! — Olhando por cima do ombro, ela me dá um sorriso
malicioso. — Cuidado com Alora. Quando ela morde, ela morde com
força.

194
Capítulo 29

Micah está enviando mensagens desde esta manhã. Estou tão na


minha cabeça por causa de tudo o que aconteceu que estou escolhendo
ignorá-lo.

E neste exato minuto, também estou sendo a companheira de


almoço mais horrível de todos os tempos. Max e Scarlett olham
furtivamente para mim enquanto conversam entre mordidas de suas
refeições, tentando fingir que não é grande coisa, mas posso dizer que
estão simplesmente esperando antes de me fazerem falar.

Foi apenas um golpe após o outro. Primeiro o vestiário, depois o


aviso de Xander, seguido pela conversa com Farrah. Estou muito abalada e
tenho a nítida impressão de que estou no fundo do poço e prestes a me
afogar.

Se Derek não tivesse dito nada, eu teria repetido o pior dia da


minha vida, apenas com um conjunto diferente de jogadores de futebol. E
desde que Farrah abriu sua boca grande, o que ela disse ficou se
repetindo. — Ele não tem relacionamentos. Nunca. — Com avisos sobre
Micah e Alora, é o suficiente para fazer minha cabeça explodir.

Estremeço. Nunca estive em um relacionamento, mas sei que não


estou gostando de ver o filho da puta do Micah ao lado da sua
coelhinha. — Garota, ele vai te comer e cuspir você. Ele é implacável. —
Meus dentes apertam meu lábio. Isso é péssimo. Quero acreditar que me
quer por mim, mas também não sou burra o suficiente para pensar que

195
posso fazê-lo mudar de atitude. Ele teria que fazer isso sozinho. E não
tenho certeza se sou forte o suficiente para ficar por perto e vê-lo
tentar. Estou absolutamente apavorada de me envolver com ele e ver isso
explodir na minha cara.

E quando explodir, tenho certeza de que Alora vai acender o pavio.

Eu olho para o meu telefone quando ele toca novamente. Ele tem
vibrado, então tem sido um lembrete não tão sutil ao longo do dia que
não deixará isso passar. Olhando para baixo através das mensagens
novamente, meu coração acelera. Ele é implacável.

Sonho molhado da Daph: Primeiro, preciso saber se você está


bem.

Sonho molhado da Daph: Em segundo lugar, não estou brincando.

Sonho molhado da Daph: Eu quero saber o que aconteceu.

Sonho molhado da Daph: Entrei no vestiário depois que você saiu.

Sonho molhado da Daph: Se você não confirmar quem fez o quê,


terei que derrubar metade da equipe.

Sonho molhado da Daph: E isso não é um bom presságio para o


jogo desta noite.

Sonho molhado da Daph: E Scarlett ficará chateada com você


porque vou recrutar Xander (e Beau) para me ajudarem.

Sonho molhado da Daph: Daph, por favor, fale comigo.

196
Apesar da gentileza que sinto em seu texto final, estou confusa
sobre como responder, então não o faço. Em vez disso, coloco o telefone
de volta no bolso e pego meu sanduíche. Hmm. Talvez ele esteja
percebendo que arrancar a resposta de mim não funcionará.

Max se inclina para perto de mim. — Hum. — Ele engole. — Eu


juro que não vi de propósito... mas isso realmente diz que você estava
recebendo mensagens de Sonho molhado da Daph ?

Scarlett estala do outro lado da mesa do almoço. — O quê?

— Eu não salvei assim. — suspiro antes de pressionar meus lábios.

Max balança as sobrancelhas quando olho de lado para ele. —


Você quer dizer que Micah salvou?

Lentamente, eu aceno. — Sim.

— Porra. Aposto que ele tem um pau dos sonhos. — Ele fica
todo surpreso por alguns segundos.

Eu gemo.

Levantando a mão, Scarlett balança a cabeça. — Espere, volte


atrás. Quando isto aconteceu?

— Parece que foi há muito tempo. Antes... — Eu pisco. — Bem, foi


antes de começarmos com as aulas particulares. Na época em que ele
ainda me infernizava.

Max franze a testa. — Você quer dizer que ele estava fodendo com
você? Tentando deixar você desconfortável?

— Acho que sim.

197
— Por que você não falou? — Scarlett me lança um olhar
interrogativo.

Eu olho para o meu sanduíche, meus olhos desfocados. — Eu


simplesmente não falei. Eu encolho os ombros e encontro o seu olhar.

Os olhos azuis de Scarlett fixaram nos meus. — Daphne, você pode


pensar que está escondendo bem, mas não está. Estamos nos negócios
uma da outra desde que cheguei aqui. Tenho observado como você reage
quando ele está por perto. É como se você não soubesse o que fazer
consigo mesma. Ele te deixa nervosa. Mas você nos disse, que tem uma
queda por ele. Pelo que vejo, parece que ele também está a fim de você.

Eu mantenho minha boca fechada porque não posso negar. Eu não


vou mentir sobre isso. Max enfia uma batata frita no ar na minha
direção. — Eu concordo com essa avaliação.

— Eu também ouvi que algo aconteceu esta manhã no


vestiário. Xander disse que Micah estava muito preocupado com isso. Que
você estava lá... — Scarlett move a mandíbula para a frente e para trás
enquanto me estuda.

Meu olhar cai para a minha bandeja de comida por alguns


segundos antes de olhar de volta para ela. — Eu estava, sim.

A cabeça de Max vira para cima, olhando entre Scarlett e eu. — O


que você quer dizer? Tipo, para coisas de coelhinha? O que diabos
aconteceu?

Scarlett olha para Max antes de fixar seu olhar em mim. — Daph,
você estava lá para mim. Deixe-me ajudá-la.

198
— Eu... — meus lábios se fecham, e olho para fora da janela.

— Fale, Daph. — A voz de Max está rouca em meu ouvido.

Eu respiro fundo e olho por cima do ombro. — Eu estava fazendo


coisas de Garota Espiritual e um par de jogadores de futebol entrou e me
agarrou. Eles estavam brincando comigo. Quer dizer, foi um pouco mais
intenso do que isso. Eu... — Meus lábios se fecham. Eu simplesmente não
consigo. Todo esse cenário chega perto demais de uma memória com a
qual pensei que não tivesse mais. Aparentemente não.

Meus olhos ficam vidrados com lágrimas, e pisco furiosamente


enquanto meus olhos se movem de Scarlett para Max, percebendo a
reação deles.

As mãos de Scarlett cobrem a metade inferior de seu rosto e seus


olhos suavizam. — Sério? Eu sinto muito. — Ela engole. Eu deveria saber
que ela seria sensível a isso, sabendo o que ela passou com o idiota
do Justin.

— Quem? Eu quero saber quem. — Max fica cada vez mais agitado
quanto mais tempo ele tem para entender o que eu disse.

Olhando para as minhas mãos, vejo que estão tremendo de novo,


então as aperto juntas. Minhas entranhas se retorcem. — Eu não quero
criar problemas para ninguém. Não quero que toda a escola saiba.

Meu telefone vibra, interrompendo. Max me cutuca. — É Sonho


molhado da Daph de novo?

— Provavelmente.

— O que ele quer?

199
— Saber quem estava lá esta manhã, o mesmo que você.

— Bem, agora alguém está finalmente fazendo algum sentido ao


redor aqui. — Max suspira. — Ele realmente se preocupa com você, não
é? Eu não tinha ideia de que vocês dois estavam tão envolvidos.

Pisco mais um pouco, tentando furiosamente conter as


lágrimas. Solto um suspiro trêmulo. — Bem, nós estamos. Eu acho. Eu
realmente não sei. — Retirando meu telefone do bolso, dou uma olhada.

Sonho molhado da Daph: Me encontre no jardim em dez minutos.

Sonho molhado da Daph: Não me deixe esperando.

Minha gargalhada surpreende a todos, inclusive a mim. — Micah


quer falar comigo.

— O que há de tão engraçado nisso? Talvez se você contar a ele o


que aconteceu esta manhã, ele vá bater nos idiotas.

Eu molho meu lábio inferior. — Eu só achei engraçado que ele me


pediu para não deixá-lo esperando. Tenho certeza de que ele nunca
esperou em toda a sua vida. Ele sempre tem uma fila de garotas
esperando por ele. Ele... — Minha voz falha. Estou divagando. Quanto
mais penso nisso, mais me sinto uma idiota. Sou Daphne Davis. Eu não
termino com alguém como Micah.

Max empurra a cadeira para trás e se levanta. — Vamos. — Ele


agarra meu cotovelo e trava os olhos de Scarlett. — Você pode dizer a ele
para vir agora?

200
Ela acena com a cabeça, sai de sua cadeira e corre pelo refeitório.

Eu me levanto e Max me conduz entre as mesas porta afora. Não


há ninguém aqui por causa das baixas temperaturas. Ele me puxa para o
lado da porta, fora da vista das janelas. — Eu sei que não é da sua
natureza querer causar problemas ou que as pessoas conheçam o seu
negócio. E há uma tonelada de besteira que sinto como se você estivesse
escondendo de mim e de Scarlett. Você obviamente não é você
ultimamente. — Ele me puxa para um abraço, passando a mão nas minhas
costas. — Estamos aqui para ajudá-la, sempre que precisar, mas no
momento não sabemos como ajudar.

Tantas coisas rodopiam na minha cabeça, mas a maior delas deixa


escapar. — As coisas começaram a... ir muito longe com Micah, e estou
morrendo de medo de como ele me faz sentir.

— Daph...

Eu não sei se ele ia dizer mais alguma coisa porque a porta se abriu
e Micah apareceu.

— Aqui, Grande Homem.

A cabeça de Micah gira em direção à voz de Max, uma carranca em


seu rosto quando ele o ouve. A carranca se aprofunda quando ele vê Max
me segurando. Micah cobre a distância entre nós na velocidade da luz. —
Que porra está acontecendo? Por que você não fala comigo?

Eu levanto a mão. — Vou te contar.

Max me libera e cutuca o peito de Micah, chamando sua


atenção. — Se você precisar de ajuda para chutar a bunda de alguém, é só

201
me avisar. — E então para mim: — Daph, estarei lá dentro se precisar de
mim. — A porta bate atrás dele quando ele retorna ao refeitório.

Micah me encara por vários segundos, seus olhos me avaliando


silenciosamente.

Eu respiro fundo e quando me alcança, eu me movo diretamente


para seu abraço, meus braços envolvendo sua cintura, mesmo com tudo
que Farrah disse ainda girando em minha cabeça.

Não há como esse Micah e o Micah que ela descreveu serem a


mesma pessoa.

Nada do que ela disse combina com o cara que está me segurando
com força, me confortando. Este Micah se preocupa comigo. Eu sinto isso
na maneira como ele me toca, na maneira como me olha.

Eu coloco meu rosto contra seu peito e murmuro, — Foi Shayne e


Carter. Principalmente Shayne. Carter apenas riu e fez alguns
comentários.

— E o que Shayne fez com você? — Parece que a pergunta está


sendo arrastada pelo cascalho enquanto deixa seus lábios.

— Ele me agarrou e me segurou. Eles estavam rindo sobre o dia


em que caí no corredor e...

— E o quê? — Sua voz saindo mortalmente suave. Seus músculos


estão rígidos em todos os lugares que seu corpo está em contato com o
meu.

— Eles estavam apenas sendo caras, eu acho.

202
— Não. Não os deixe passar. 'Ser um cara' não é desculpa para um
comportamento fodido.

— Ele... Shayne... levantou minha saia. Como se fosse mostrar o


que eu estava vestindo... por baixo.

Micah segura minha nuca com a mão, alisando o cabelo. Seu toque
é gentil, o que está em oposição à exigência áspera de sua voz. — Diga
quem mais estava lá.

— Derek. Mas ele disse a eles para pararem de brincar comigo. Ele
disse a eles para me deixarem ir.

Seu peito sobe e desce várias vezes antes de dizer qualquer


coisa. — Eu cuidarei disso, porra. Eles nunca mais vão incomodá-la.

Estou surpresa ao encontrar seu corpo tremendo contra o meu. O


grande, forte e capaz Micah está tremendo.

Uma de suas mãos mergulha no bolso, pegando o telefone. Seu


polegar voa sobre a tela, batendo rapidamente. — Feito.

Eu fico olhando para o rosto dele, hipnotizada pela rigidez de sua


mandíbula. — Huh?

— Está resolvido.

— O que você quer dizer?

— Xander e Beau estão retransmitindo a Shayne e Carter que eles


não devem tocar em você, falar com você ou mesmo olhar para você
nunca mais. — Ele vocifera: — Eles terão sorte se eu não os foder na
primeira oportunidade. — Ele recua até que possa se encostar no prédio e

203
me puxa confortavelmente para ele. — Agora, você quer me dizer o que
estava fazendo no vestiário em primeiro lugar?

— Oh. — Eu respiro fundo. Fecho um olho e olho para ele com o


outro. — Eu sou sua Garota Espiritual? — Isso sai como uma
pergunta. Estou um pouco surpresa com minhas próprias palavras, porque
a ideia disso ainda é muito bizarra para mim.

— Você está brincando comigo. — Eu sinto a risada áspera


reverberar em seu peito. — Foi você? Os desenhos, os biscoitos e os
doces?

Eu aceno, olhando para ele novamente. — Sim.

— Por que não me contou?

Eu ri. — Você está brincando? Quando eles me pediram pela


primeira vez para ser sua tutora, você não foi exatamente amigável. E
estava com medo de que, se descobrisse que eles queriam que eu
tomasse o lugar de Jana, você diria que também não queria que eu fizesse
isso. — Dou de ombros. Então, mais baixinho, acrescento: — E preciso
disso para minhas inscrições na faculdade.

Suas sobrancelhas levantam. — Eu tenho sido um verdadeiro pé


no saco.

Eu dou a ele um sorriso de boca fechada, meus ombros avançando


em direção às minhas orelhas novamente. — Talvez.

Ficamos em silêncio por um tempo enquanto ele me segura,


oferecendo conforto em seu forte abraço. Eu me enterro mais perto. — O
que mais você precisa, Daph?

204
Sua voz ficando rouca e acariciando minha orelha com o nariz.

Quando nossos olhares se encontram novamente, estou


encantada, balançando a cabeça. Não tenho certeza do que ele está
perguntando.

— Você precisa... de mim?

A tempestade em seus olhos faz com que o calor flua em minhas


veias. — Eu sei que não devo querer você. Mas sim. — Minha admissão
silenciosa parece tirá-lo do equilíbrio. — Precisar de alguém. Esse é um
outro nível totalmente. — Engulo, observando seus olhos brilharem de
emoção.

— Daphne... Acho que preciso de você. Mas não quero que você se
machuque.

Eu pisco — Eu...

Ele roça seus lábios nos meus. — As coisas podem ficar difíceis por
um tempo.

— Vale a pena ter algo fácil?

Ele balança a cabeça e suspira. — Eu odeio trazer isso à tona,


mas Alora...

— É psicopata. Eu sei.

— Você não vai perguntar sobre o que discutimos esta manhã?

— Isso não é da minha conta, Micah.

— E se eu quiser que seja da sua conta?

205
Minha respiração engata quando ele abaixa a boca, entregando
um beijo suave e sensual em meus lábios que me deixa tremendo. Ele
acaricia minhas costas e segura minha bunda, me trazendo para mais
perto.

Eu quero estar muito mais perto.

— Você ainda vai ao jogo hoje à noite? E à festa?

Eu sorrio. — Estou prestes a ir para física e confirmar isso, mas


sim. Eu estarei lá... — Mordo meu lábio, tentando me impedir de terminar
meu pensamento. É completamente inútil. — Eu estarei lá de qualquer
maneira.

— Mesmo? — Seus olhos brilham.

Eu concordo. — Eu não vou te decepcionar, Micah. Se você disser


que precisa de mim, estarei lá. Não gosto...

Seu corpo enrijece e seus olhos se fecham por uma fração de


segundo antes que ele pegue minha cabeça entre suas mãos grandes. Sua
língua varre ao longo do meu lábio antes de mergulhar dentro da minha
boca se embaraçando na minha. O resto do que diria sobre sua família o
decepcionar está perdido no momento.

Esquecendo onde estamos, eu retribuo seu beijo com igual calor e


deslizo minhas mãos em seu peito. Eu quero arrancar suas roupas e sentir
sua pele contra a minha novamente. Eu quero toda a sua luxúria. Toda sua
paixão. Todo o seu desejo.

Sua língua acaricia a minha, com fome. — Porra. Eu quero te foder


bem aqui contra esta parede. Fazer você gritar meu nome. — Minha boca

206
fica aberta com suas palavras e ele ri. — Não se preocupe. Tenho um
pouco mais de decoro do que isso. É apenas uma fantasia. Com o que você
sonha, Daph?

Eu olho para ele, fingindo confusão. — Você não sabe? — Ele


franze a testa.

— Achei que era isso que Sonho molhado da Daph se tratava. —


Rindo alto, ele me puxa para ele, beijando o topo da minha cabeça.

— Você me surpreende o tempo todo, Daph. Eu gosto


disso. Muito.

207
Capítulo 30

Scarlett, Max e eu ficamos em uma das pontas do campo de


futebol assistindo ao jogo, mas não tenho ideia do que está acontecendo.

Há um borrão de uniformes vermelhos e pretos misturados com o


cinza e preto da outra escola, e é difícil para mim dizer o que está
acontecendo em um determinado momento.

Parece um pouco surreal estar aqui, este é apenas o meu segundo


jogo. A última vez que estive neste exato local estava apoiando Scarlett e
nunca teria sonhado que estaria de volta porque Micah me
convidou. Claro, fizemos uma aposta, mas estava dizendo a ele a verdade
absoluta quando disse que viria, não importava qual tinha sido sua nota
de física. Acontece que ele acertou noventa e quatro, noventa e quatro. É
um A. Tenho certeza de que ele poderia ter conseguido uma pontuação
tão alta sozinho o tempo todo. Não entendo qual poderia ser sua
motivação para ser reprovado, especialmente porque isso estava prestes a
afetar sua posição no time de futebol. Por que ele prejudicaria
propositalmente suas notas? Eu coloco minhas perguntas de lado
enquanto volto minha atenção para o jogo. A única pessoa que pode
responder é Micah.

Com um pequeno suspiro, procuro por ele no campo e o vejo


voltando para o banco enquanto a defesa entra em campo. Antes de se
sentar, ele observa a multidão, olhando diretamente para o local onde
disse que estaria. Seu olhar firme pousa em mim e ele levanta a

208
mão. Posso praticamente sentir o alívio percorrendo seu corpo porque
estou realmente aqui, mantive minha promessa a ele.

E admito francamente que espero desesperadamente que a


pessoa que ele sempre quer, sempre precisar, seja eu.

Um segundo depois, ele é forçado a desviar o olhar enquanto seus


companheiros chamam sua atenção. Bem na frente do banco, as líderes
de torcida agitam seus pompons, executando uma complexa rotina de
chutes, rodopios e pulos.

Meus olhos pousam em Alora, cujo rosto parece se contorcer em


um terrível sorriso de escárnio cada vez que olha nessa direção. Eu nunca
deveria ter dito a Micah que não queria saber o que foi dito entre eles
porque, oh cara, eu quero. Especialmente considerando a maneira como
ela agora está me olhando com maldade.

Eu rio para mim mesma. Algo dentro de mim mudou, me levando a


fazer coisas que não são típicas da Daphne. Micah me faz fazer coisas que
definitivamente não faria normalmente. Por exemplo, aqui estou eu, indo
a um jogo de futebol, vendo o grandalhão fazer suas coisas no campo. Se
você tivesse me dito há um mês que iria aos jogos de futebol em uma
sexta-feira à noite, eu teria rido da sua cara e voltado direto para o meu
livro.

Eu franzo a testa quando um pensamento me ocorre. Tenho uma


compreensão rudimentar do jogo, quatro quartos, quatro tentativas de
mover a bola pelo menos dez jardas ou entregar a posse da bola,
touchdowns, gols de campo, etc. Entendi. Mas, oh meu Deus, eu não
tenho ideia do que um atacante faz.

209
Scarlett e Max estiveram conversando enquanto estava perdida
em meus pensamentos, mas no momento em que me viram e começaram
a realmente observar o campo, eles notaram.

— Ei, Max, o que exatamente um Atacante faz?

Scarlett bufa uma risadinha. — Eu tenho uma resposta, mas tenho


quase certeza de que não é a que você está procurando.

Max balança a cabeça para ela, fazendo uma careta falsa. —


Cupcake, você tem sorte de que Xander seja um Receptor11. É bastante
óbvio o que ele faz. — Ele volta sua atenção para mim assim que uma
bandeira é jogada na última jogada e tudo para. — Então, um Avançado é
um jogador híbrido, isso significa que Micah é um cruzamento entre um
Lineman12 e Wide Receiver.

— Oh. — minha testa franze, e olho para Scarlett para ver que ela
compreende melhor do que eu. É tudo um monte de bobagens para
mim. — Hum, o que um Lineman faz?

Max geme. — Talvez você devesse pesquisar no seu google. Ou


peça a Micah para explicar.

Eu golpeio seu braço. — Não, eu preciso que você me explique


melhor.

— Está bem, está bem. Ele ajuda a bloquear assim como o jogador
de linha, abre buracos na defesa, ajuda a proteger o zagueiro se
necessário e pode pegar passes.

11
Wide Receiver (WR) no original em inglês, é uma posição ofensiva no futebol americano e canadense,
e é o jogador chave na maioria das jogadas para pontuações
12
Atacante, Jogador de Linha.

210
Eu mordo meu lábio, balançando a cabeça enquanto agarro a cerca
na minha frente e olho para o campo em busca do número doze.

Scarlett se inclina perto do meu ouvido. — Não se preocupe. Eu


nunca tenho cem por cento de certeza do que está acontecendo também.

Engraçado ela dizer isso porque é exatamente o que estou


sentindo. Não tenho ideia do que está acontecendo, não com este jogo e
não com minha vida.

Sou uma bagunça. E meu coração está disparando para cima e


para baixo no campo junto com Micah enquanto ele joga. É um erro
permitir?

***

Depois do jogo, Max e Scarlett saíram para comer algo antes da


festa, mas fiquei para trás quando Micah me mandou uma mensagem
para esperar por ele. Eu me inclino na cerca, observando a porta enquanto
o time sai um pouco de cada vez.

Mastigando meu lábio, eu os examino conforme saem. Percebo


Shayne e Carter passando com alguns outros caras, e meu estômago
aperta, mas eles imediatamente viram suas cabeças longe de
mim. Uau. Não sei o que Xander e Beau disseram a eles, mas seja o que
for, foi eficaz.

Finalmente, vejo Beau e Micah saindo juntos em uma multidão de


outros jogadores de futebol. À medida que se aproximam, há alguns

211
murmúrios entre eles, mas ouço distintamente alguém dizer: — Quem ela
está esperando? — Alguns pares de olhos se voltam para minha direção.

Micah dá um tapinha no ombro de Beau e ele se separa do grupo,


correndo em minha direção.

Enquanto ele corre, eu olho por cima do ombro para ver o resto
dos caras olhando para ele, a pergunta clara em seus rostos: O que ele
está fazendo com ela?

Minha respiração falha quando Micah chega até mim. — Ei.

Eu dou a ele um sorriso tenso. — Oi. — Seus companheiros de


equipe ainda estão olhando em nossa direção.

Micah olha por cima do ombro para ver o que estou olhando. —
Não dê atenção a eles.

Engolindo em seco, aceno antes de meus olhos caírem para os


meus pés.

Ele segura minha bochecha com uma das mãos, os dedos


deslizando para trás em meu cabelo. Ele olha para o meu corpo enquanto
enfia alguns dedos no cós da minha calça jeans e arrasta meu corpo para o
dele. — Eu gosto de você nisto. — Sua boca pairando sobre a minha. Meu
coração batendo forte. Ele está fazendo isso abertamente. Ainda estou
perdida em tentar descobrir se isso é uma coisa boa ou não quando seus
lábios roçam suavemente os meus. — Obrigado por vir esta noite.

— Eu queria estar aqui.

— Mm-hmm, — Ele geme enquanto seus lábios patinam nos meus


novamente, mordiscando antes de sua língua deslizar em minha boca.

212
Eu derreto nele, meu corpo assumindo o
controle. Seu cheiro limpo, fresco e direto do banho vai direto à minha
cabeça e me deixa tonta. Tenho vontade de correr meus dedos pelo
cabelo úmido na parte de trás de sua cabeça, então eu faço.

— Ainda quer ir à festa? — Com um olhar encoberto, ele mergulha


a cabeça no meu pescoço, lambendo primeiro, depois beijando o local
onde meu pulso ficou descontrolado.

— Você está perguntando?

Ele traz seu rosto de volta para o meu e passa a língua sobre o
lábio. — Eu quero que você se divirta. E eu me divertiria na festa ou a sós
com você. — Ele franze as sobrancelhas. — Então a escolha é sua.

Eu toco seu peito com meu dedo. — Você não vai dar a festa?

— Sim. Mas é o que você quiser. A festa pode continuar sem mim.

— Você não está preocupado com o que poderia acontecer se


você não estivesse lá?

Ele dá de ombros, evasivamente. — Não, na verdade não.

— O que seus pais fariam se...

Ele me interrompe com um desprezo sacudindo a cabeça. — Eles


não dão a mínima para o que eu faço.

Eu solto um suspiro, dor por ele abrindo caminho para o meu


coração. Que tipo de merda os pais eles devem ser? Quer dizer, eu ouvi
alguns rumores, mas pensei que eram apenas isso... rumores. — Eu quero
ir para a festa.

213
Seus lábios se contraem em diversão. — Você tem certeza?

— Sim. — Aceno minha cabeça inflexivelmente.

Micah se vira e passa o braço em volta do meu pescoço, apoiando


nos meus ombros. — Nós nos divertiremos. Prometo. Vamos.

214
Capítulo 31

O Lexus GX de Micah tem cheiro de carro novo e é tão confortável


que quase digo que gostaria de ficar aqui com ele para sempre e renunciar
a festa. Mas então me ocorre como este veículo também serve como um
lembrete de como minha vida é diferente da de Micah, a festa em sua
casa será a mesma. Ele é uma Rosa por completo, sem dúvida. Ele não
pensa duas vezes sobre nada disso, tanto quanto posso dizer, carros caros,
roupas, casas...

Eu olho pela janela para as casas na rua de Micah, que só parecem


aumentar de tamanho à medida que continuamos. Estou um pouco
acostumada com esse bairro, já que Max mora perto e, de vez em quando,
vou à casa dele. Mas nunca me sinto totalmente confortável aqui, e
sempre acho que deveria estacionar meu carro na esquina e fora de
vista. Meu pequeno Sedan não se encaixa exatamente.

Enquanto dirigimos para a casa de Micah, meus olhos se


arregalam. Poderia caber duas casas do tamanho da de Max ali.

Ele aperta o controle da porta da garagem. O meio de cinco vagas


se abre e Micah entra. Olhando primeiro para um lado e depois para o
outro, noto que há alguns carros esportivos extravagantes que
provavelmente custariam tanto quanto minha casa, um SUV grande e de
aparência cara, talvez um Cadillac como o de Xander, e um Raptor
preto e elegante. — O que você disse que seus pais fazem?

215
Ele me olha de lado. — A família inteira do meu pai trabalha com
produtos farmacêuticos. Isso o afasta muito. Minha mãe... — Ele dá
de ombros — Faz muito trabalhos de caridade. Captação de recursos
extravagante. Coisas assim. Ela está sempre fora em alguma festa de gala
ou almoço ou o que for. Mas tenho quase certeza de que seu trabalho
favorito é gastar o dinheiro do meu pai.

O movimento através das janelas fez minha testa franzir. A festa


parece que já está a todo vapor. Eu mudo no meu assento, encontrando
os olhos de Micah através do console. — Hum, como as pessoas já estão lá
dentro?

Sua mandíbula se contrai uma vez antes de dizer: — Alora sabe


onde está a chave reserva e tem o código de segurança.

Eu olho pela janela, longe dele. Meu peito aperta e minha boca
fica seca. Não faça mais disso aquilo que é. Então, ela tem estado muito
aqui... isso não é surpresa. — Ela vai pirar por eu estar aqui?

— Se ela fizer isso, pode ir direto para casa, porra. Eu a avisei que
não queria nenhum drama esta noite.

Micah parece bastante seguro de si. E confio nele, eu acho. Mas eu


não confio em Alora tanto quanto posso jogar seus pompons. Há uma
probabilidade bastante alta de que ela tente outro movimento de vadia
esta noite, não importa o que ele tenha pedido a ela. Talvez ela me jogue
na piscina ou... espere, quem estou enganando? Ela não deixaria ninguém
vê-la realmente fazer isso. Pagaria a alguém para me derrubar totalmente
vestida na água. Ou me fazer tropeçar. Ou talvez apenas me borrife com
chantilly? Parece um bom momento.

216
— OK. — Respire. Scarlett estará aqui com Xander. E max. Vai ficar
tudo bem. Estou apenas criando coragem para desafivelar quando pisco e
vejo Micah já na minha porta, abrindo. Eu solto
minha respiração reprimida e saio.

Micah estende a mão para mim e eu a pego. Outro


primeiro. Engraçado pensar como Micah e eu estamos incrivelmente fora
de ordem em tudo.

Ele me deu um orgasmo antes de segurar minha mão. Ele tocou


minha bunda nua antes de me beijar. Ele chamou minha atenção antes de
saber meu nome.

Eu rio internamente. Acho que estamos encontrando nosso


próprio caminho.

Entramos por uma porta ao lado da garagem que leva diretamente


para um corredor, no final do qual fica uma cozinha enorme. Chegamos a
meio caminho para a cozinha quando Micah para e olha para mim.

— O quê?

— Você está espremendo pra caralho a minha mão.

Eu afrouxo meu aperto, mas meu olhar salta para todos os lugares,
observando nossos arredores. — Desculpe. Acho que estou um pouco
nervosa.

Ele estuda meu rosto. — Por causa da minha casa? Eu prometo


que o que temos significa quase nada.

217
— Eh, não necessariamente a casa, embora eu realmente sinta que
estou em um universo alternativo agora. Não estou acostumada com nada
disso. A festa, as pessoas... — Dou uma risada desconfortável.

— E isso te deixa nervosa?

Enquanto dou outra olhada no corredor, sussurro baixinho: — O


que eles vão pensar sobre você aparecer comigo? — Meus olhos descem
para o chão.

— Daphne. — Quando eu não olho para cima imediatamente, ele


coloca os nós dos dedos embaixo do meu queixo, gentilmente me
forçando a olhar em seus olhos. — Em primeiro lugar, existem poucas
pessoas cujas opiniões realmente me interessam. E quanto ao resto delas
festejando lá, eu não dou a mínima, foda-se o que pensam sobre qualquer
coisa. Elas estão aqui apenas por causa da bebida grátis e da posição social
que vem com o fato de serem convidadas.

Ele aperta minha mão. — Então, tomaremos uma bebida e então


podemos descobrir o que queremos fazer. — Ele examina meu corpo. —
Você está de biquíni, certo?

Conscientemente, alcanço a parte de trás do meu pescoço, onde


meu biquíni estilo top está amarrado, concordando.

— Que cor é essa?

— Verde. — Usei sabendo que é sua cor favorita. Eu posso ter


dado uma olhada naquele formulário de Esquadrão Espiritual para aquele
pequeno petisco.

218
Ele geme um pouco, no fundo da garganta. — Assim como seus
olhos. — Seu olhar encoberto se mantém firme neles.

Meu coração salta uma batida antes que ele cubra minha boca
com a dele, deslizando sua língua dentro da minha boca. Ele acabou de
ajustar sua boca e varreu sua língua mais profundamente torcendo com a
minha quando ouvimos um grito vindo da cozinha.

— Parem de chupar suas bocas, e tragam seus traseiros aqui! —


Beau grita. Meus dedos apertam os antebraços de Micah. Ele me
desequilibrou com um único beijo sedutor.

Micah agarra minha cintura com as duas mãos. — Preparada?

Concordo. A cozinha fica totalmente à vista e é uma confusão


completa. Beau é bartender, e ouvi dizer que é seu papel nessas festas. Há
um punhado de pessoas circulando, pegando bebidas e outras andando
para a área de estar aberta de dois andares. À medida que caminhamos
mais para a cozinha, posso ver que a maioria dos convidados está do lado
de fora. Minha boca cai um pouco enquanto eu ando mais perto, olhando
para a parede de frente para o quintal, que é principalmente janelas. Há
uma enorme área de piscina de um lado que se conecta a uma casa de
piscina com pavimentação de tijolos. Uma banheira de hidromassagem
bastante grande que provavelmente pode acomodar pelo menos quatorze
pessoas – que nojo, sopa de gente - fica do outro lado da casa da piscina,
mais longe da casa principal.

Oh meu Deus. Ouça-me... ‘A casa principal’. É assim que os Rosas


vivem, e é melhor não me esquecer disso. Tentando não me envergonhar

219
por cobiçar a casa de Micah, eu trago meu olhar de volta para a área da
cozinha.

Scarlett imediatamente salta do banco em que estava sentada do


outro lado da ilha de Beau e me puxa para um abraço. — Eu pensei que
vocês nunca iriam chegar aqui.

Por cima do ombro, Xander me dá uma piscadela. — Que bom que


puderam vir , vocês dois.

Beau empurra um copo vermelho pela ilha até mim. — Este é o


favorito de Scarlett. Dê uma chance.

— Oh. Eu normalmente não... — Mordendo meu lábio, olho para o


copo que tem Doçura escrito em marcador preto. Meus lábios se curvam
em um sorriso trêmulo.

Beau encolhe os ombros. — Não ficarei ofendido se você não


gostar.

— E ela não precisa beber se não quiser. — A voz de Micah está


comandando.

Beau levanta as mãos com as palmas para fora. — Só estou


tentando mostrar um bom tempo para sua garota.

Meus olhos se arregalam com o seu comentário, mas ninguém


parece notar ou se importar que Beau me chamou de garota de
Micah. Engraçado, porque parecia uma grande notícia para mim. Mas
talvez seja uma coisa mais importante na minha cabeça do que para
qualquer outra pessoa.

220
Só então, Aria, Alora, Farrah e Danica marcham para a sala, toalhas
enroladas em seus corpos, cheirando a banheira de hidromassagem. —
Precisamos de recargas. — Cada uma delas coloca o copo na frente de
Beau. Alora olha para o copo cheio na minha frente, sua sobrancelha
esquerda arqueando. — O quê, é boa demais para beber um pouco ?

Os olhares de Aria e Xander se conectam antes que ela revire os


olhos para Alora e empurre seu braço. — Cale-se. Você prometeu.

Eu imediatamente pego meu copo, olhando para Beau do outro


lado da ilha. — Não é que eu não queira tentar. — Giro levemente, dando
às vadias animadas minhas costas. — Eu ia me oferecer para ser a
motorista da rodada — Encolho os ombros, encontrando os olhos de
Scarlett. — Não estou com meu carro aqui, mas se você e Xander
quisessem beber...?

Scarlett balança a cabeça. — Não sinta que precisa. Xander está


indo para a sala de musculação pela manhã, então ele está apenas tendo
uma e termina por aí. E tenho aquele grande encontro de cross-country na
Silver Heights Prep amanhã, então não ficarei muito louca também.

Eu sinto a mão de Micah na parte inferior das minhas costas


enquanto pego o copo. — Ok, eu vou querer um pouco, então. Obrigada,
Beau. — Eu tomo um gole rápido. É frutado e refrescante e, sem dúvida,
mais forte do que gostaria. — Mm. É bom.

Beau pisca para mim. — Estou feliz que você gostou, Doçura.

Micah geme. — Agora eu entendo o que Xander quis dizer sobre


você e seus apelidos.

221
Deslizando um segundo copo para Micah, Beau ri. — Sim, bem. Se
todos vocês vão se prender a um posto, você terá que lidar com isso. Eu
invento apelidos para as pessoas que se juntam ao nosso círculo.

Xander ri. — Mas se você nunca domar seus modos selvagens,


você nunca encontrará sua própria garota para dar um de seus apelidos
especiais.

— Foda-se isso. Eu não preciso me acalmar ainda. — Ele gesticula


para as vadias animadas que ainda esperam por suas recargas. — Veja
este bando de belezas disponíveis para bater.

A risada aguda de Aria chama a atenção de todos. Ela pisca para


Beau. — Não conte comigo, filho da puta. — Seus olhos vagando pelas
amigas, e juro que detecto o menor sinal de desdém quando ela diz: —
Senhoras, podem lutar por ele. Eu voltarei. — Ela atravessa a sala sem
olhar para nenhum de nós.

Xander envolve um braço ao redor de Scarlett, tomando um gole


de sua cerveja e gesticula com a cabeça em direção à mesma porta, que
leva para a piscina gigantesca e área de pátio. Eu realmente quero dar
uma olhada, mas me sinto um pouco constrangida quando percebo que
provavelmente sou a única pessoa aqui além de Scarlett que não vive
cercada de riquezas como esta. A vida de uma Rosa. Nem mesmo lhes
ocorre que não é assim que a maioria das pessoas vive. Eu só poderia
sonhar em ter uma casa como esta.

Estou prestes a seguir quando Micah abaixa a cabeça ao lado da


minha, sua voz rouca. — Suba comigo por um minuto?

222
Alora deve tê-lo ouvido, porque ela me lança um olhar
desagradável. Uma sensação horrível de mau presságio toma conta de
mim e um calafrio gelado desce pela minha espinha. Lá se vai ter uma
noite divertida. Não tenho certeza se há algo que possa fazer para tirar ela
de mim. É claro que ela decidiu que ainda quer Micah e acha que eu sou o
maior obstáculo em seu caminho.

E com base em seu comportamento recente, estou inclinada a


pensar que ela não está errada.

223
Capítulo 32

Que seja. Ela pode ser mal-intencionada o quanto quiser. Eu aceno


com a cabeça em concordância para Micah e ele me leva através das
várias mesas e sofás na sala de estar e subindo as escadas na parte de trás
da casa.

Micah me leva a um quarto no final do corredor, abre a porta e me


conduz para dentro antes de fechá-la atrás de si e encostar nela.

— Este é o seu quarto? — A iluminação é fraca, mas as janelas dão


para o quintal, que está iluminado por pequenas luzes. Posso ouvir
pessoas conversando e rindo do lado de fora, e a batida forte da dance
music praticamente balança as paredes.

Eu me viro para ver Micah ainda encostado na porta. Ele está


olhando para mim, seus olhos percorrendo meu
corpo. Fome. Luxúria. Necessidade. Está tudo lá em seu olhar aquecido,
lambendo um caminho provocador sobre minha pele.

— Não consigo parar de pensar em você.

Eu dou de ombros. — Bem, eu vi você entrando e saindo o dia


todo na escola.

— Não é isso que eu quero dizer e você sabe disso. Toda vez que
olho para você. Lembro da sensação de ter minhas mãos em você. Em
você. Isso está me deixando louco.

224
Com sua admissão, fico nervosa e distraidamente olho ao redor do
quarto para tentar disfarçar quão inquieta estou e insegura do que
estou fazendo, do que estamos fazendo.

Observo as paredes azul-escuras, a mobília masculina de aparência


cara, a cama enorme e a enorme parede de janelas que percorre todo o
comprimento do quarto. Em cima de sua cômoda estão os sacos de doces
Starburst que deixei em seu armário esta manhã.

Micah sorri, seguindo meu olhar. — Eu amo pra caralho que você é
minha Garota Espiritual. Com toda a loucura que aconteceu, acho que não
tive a chance de te contar.

Eu pego o canto do meu lábio entre os dentes. Eu atiro para ele


um sorriso tímido e tento acalmar meu coração galopante. — Eu gosto de
fazer coisas para você.

Inspire. Expire. Respire, Daphne!

Seu olhar feroz está deslizando para cima e para baixo no meu
corpo, me aquecendo de dentro para fora.

Micah caminha lentamente em minha direção. Quanto mais perto


ele chega, mais confuso fica meu pensamento. Eu juro, poderia derreter
em uma poça de gosma só pelo jeito que ele está me olhando com
fome. Ele dá um passo à frente e eu recuo, sentindo a borda da cama
pressionando contra minhas panturrilhas. Mais um passo o traz bem na
minha frente, perto o suficiente para tocar. Eu tiro os sapatos antes de
Micah me empurrar suavemente para sentar no colchão. Minha pele fica
arrepiada enquanto ele passa os dentes pelo lábio.

225
— Você se lembra do que eu disse ontem antes de seus pais
voltarem?

Minha mente zumbe, mas conectar os pontos é impossível com a


forma como meus pensamentos se dispersam. Balanço minha cabeça e
gaguejo, — E... eu não me lembro o que você disse. Talvez você devesse
me dar uma dica.

Micah dá um sorriso de parar o coração antes de falar: — Eu disse


que da próxima vez que você gozasse, seria no meu rosto. — A mão dele
envolve meu pescoço e seus dedos se enredam no meu cabelo enquanto
ele se inclina para me beijar. Envolvo meus braços em volta do seu
pescoço e o beijo de volta, me sentindo animada, mas nervosa quando
coloca um joelho na beira da cama bem entre minhas coxas e se inclina o
suficiente para que seja forçada a deitar. Nosso beijo continua com uma
das mãos suave, mas firme, acariciando meu seio e descendo pelo meu
estômago, fazendo meus músculos se contraírem. Quando chega ao cós
da minha calça jeans, ele se afasta e rapidamente desfaz o botão antes de
deslizar o jeans sobre meus quadris e para baixo em minhas coxas. Com
um puxão final, os puxa completamente e os joga por cima do
ombro. Micah morde o lábio inferior e olha para a parte de baixo do meu
biquíni verde por apenas um momento antes de me alcançar mais uma
vez. Ele agarra os laços de cada lado do meu quadril e puxa. O material se
solta. Eu pisco Oh. Tremores começam no meu estômago.

Puta merda. Estou seminua. Isso aconteceu rápido. Estou pronta


para o que está para acontecer?

226
— Deslize para trás e coloque os pés na borda. — Com o comando,
ele se inclina e beija suavemente minha barriga, logo abaixo do meu
umbigo.

— O quê? — Fico olhando para ele por uma contagem de três


antes de se ajoelhar na minha frente. Meu coração dispara quando pega
cada um dos meus tornozelos em suas mãos e ajusta minhas pernas de
uma forma que me deixa completamente exposta a ele. Desejo
líquido escaldante corre através de mim, acumulando no meu centro.

Eu deito na cama, sem saber o que devo fazer. As mãos fortes de


Micah deslizam pela parte de trás das minhas coxas para cobrir minhas
nádegas nuas, e quando olho para baixo e vejo seu rosto no nível das
minhas partes femininas muito animadas, me sinto um pouco tonta. Oh
meu Deus. O que é ele está pensando? Devo ficar envergonhada? Eu
pareço normal lá embaixo?

Com o primeiro golpe de sua língua através da minha carne


excitada, minhas costas se curvam para fora da cama. — Ahh... Micah! —
Todas as perguntas voam para fora da minha cabeça enquanto ele me
lambe toda. Ele cobre meu sexo com a boca, sugando ansiosamente meu
clitóris e sacudindo. — Ah merda. — As palavras saem da minha boca
assim que sua língua empurra dentro de mim.

Ele me devora. Não há outra palavra para isso. Balanço meus


quadris, esfregando minha boceta contra seu rosto. Estou voando fora de
controle, pronta para quebrar em um milhão de pedaços
minúsculos. Minhas mãos apertam o edredom embaixo de mim.

227
— Eu amo o seu gosto, — Ele geme, agarrando a parte de trás das
minhas coxas e empurrando bem para cima em direção ao meu peito. Um
enxame de sensações começa no meu abdômen quando ele bate em mim
com ainda mais vigor, como se sentisse que estou perto.

Eu sou uma bagunça choramingando e se contorcendo. Nunca em


toda a minha vida senti algo assim antes e isso está me deixando louca. —
Por favor. Por favor, Micah, — Eu suspiro.

Seus lábios se torcem em um pequeno sorriso fofo quando ele faz


uma pausa, esfregando sua bochecha mal barbeada contra a parte interna
da minha coxa. Seus olhos perfuram os meus antes de beijar a pele que
está sensível, então desliza seus lábios de volta para a minha abertura. —
Eu gosto de você um pouco fora de controle. Implorando. — Seu hálito
quente na minha boceta nua quase me derruba.

— Por favor... — A palavra passa pelos meus lábios soando


completamente estrangulada e crua.

— Por favor, o quê?

— Não pare.

Ele lentamente lambe e chupa minha pele delicada, deslizando sua


língua dentro de mim de vez em quando. Eu gemo baixo e alto quando é
substituído por dois dedos, bombeando para dentro e para fora enquanto
ele violenta meu clitóris, entregando golpe após golpe de prazer
enlouquecedor.

Um calor indomado se desenrola profundamente em minha


barriga. E explodo.

228
Gritando, eu jogo minha cabeça para trás e sigo onda após onda de
intensa sensação de estilhaçar a mente.

Quando finalmente fico mole, Micah afrouxa o aperto em minhas


pernas e sobe na cama, se abaixando em cima de mim. Tenho certeza de
que ele sente meu coração batendo forte nas minhas costelas. Ele abaixa
a cabeça, beijando meus lábios e mergulhando sua língua em minha
boca. — Vê? Você tem um gosto bom pra caralho, — Ele murmura, sua
voz rouca.

O gosto azedo explode na minha língua, e isso só me excita


mais. Ele me beija com uma paixão que eu nunca conheci e esfrega sua
metade inferior contra a minha nudez, a ereção atrás de seu zíper grosso e
duro. Incapaz de me impedir, eu envolvo minhas pernas em torno dele,
cavando meus calcanhares logo abaixo de sua bunda.

Um clique distinto atinge meus ouvidos, me tirando do


momento. — O que é que foi isso?

Micah se apoia em seus antebraços e olha por cima do ombro. —


Talvez eu não tenha fechado a porta completamente.

Eu franzo a testa.

— Ou alguém pensou que isso era um banheiro? — Ele ri, —


Provavelmente alguém estava procurando um lugar para fazer
exatamente o que estamos fazendo e percebeu que o quarto já estava
ocupado.

Eu fico tensa embaixo dele. — Você acha que alguém viu?

— Não dou a mínima.

229
Eu empurro seus ombros. — Isso é fácil para você dizer. Eu sou
aquela que está seminua. Eu sou aquela que... — Meu rosto fica rosa
quando olho em seus olhos ardentes.

— Aquela que a boceta estava sendo comida?

Eu aceno, olhando em seus olhos escuros.

— Mas você gostou? — Ele corajosamente segura meu seio,


correndo o polegar para trás e para a frente sobre o meu mamilo duro.

Eu aceno novamente.

— Então você também não deve se importar. — Ele respira fundo


enquanto estuda meu rosto ligeiramente em pânico. — Você quer voltar
para a festa?

— Sim, provavelmente deveríamos. — Não tenho dúvidas de que


Scarlett está se perguntando para onde diabos eu desapareci, e se ela
perguntar, não sei quão bem meu rosto vai esconder o que temos feito.

Micah esbraveja enquanto se levanta e passa as mãos no topo da


cabeça. — Eu gostaria de poder simplesmente expulsar todo mundo.

Uma olhada pela janela quando me sento mostra que a festa lá


fora ainda está acontecendo. — Estou supondo que isso não funcionaria
bem.

Pego o laço do meu biquíni, que preciso amarrar de cada lado


antes de colocá-lo de volta. Micah me entrega meu jeans com uma
piscadela. Eu os coloco de volta, entro em meus Vans e aceito sua mão
estendida.

230
Capítulo 33

Assim que voltamos à festa, Micah viu alguém com quem queria
conversar e encontrei Scarlett e uma bebida fresca esperando por
mim. Nem me lembro se terminei a primeira ou onde deixei meu copo.

Provavelmente no quarto de Micah? Tudo é um borrão.

Nós vagamos até à piscina, tiramos nossas roupas e deixamos


nossos biquínis, e os deixamos em pilhas organizadas em uma das
espreguiçadeiras. Com meu corpo ainda zumbindo com o que aconteceu
no quarto de Micah, coloco meu copo ao lado da piscina e vou até à parte
rasa com Scarlett.

Está bastante frio, mas a água parece um banho quente. Lembro


de quando Scarlett foi a uma das festas de Beau no início deste ano, ela
ficou chocada com a piscina aquecida. Por que não presumimos que essas
famílias tivessem todos os luxos, não tenho ideia. Inferno, Scarlett
também mencionou que a família de Xander tem uma cozinheira e uma
governanta, e aposto que a família de Micah não é diferente. Eu bufo um
pouco para mim mesma. Suponho que também temos uma cozinheira e
governanta em nossa casa, o nome dela é mãe.

Eu franzo a testa enquanto corro minhas mãos na água. Sério,


porém, Micah já disse que seus pais não estão muito por perto. Quem
cuida dele?

Eu olho para onde ele ainda está falando com o irmão mais novo
de Beau, Griffin e Xander, antes de meu olhar vagar, observando sua casa

231
impressionante. Está toda iluminada por dentro e há luzes de fadas
penduradas lá fora, cruzando a piscina e a área do pátio. O lugar todo
é perfeito, como se pertencesse a um catálogo da Pottery Barn ou talvez
tivesse sido decorado por Joanna Gaines. Se esta fosse minha casa, eu
ficaria aqui o tempo todo. Não entendo por que seus pais teriam tudo
isso, mas não querem estar em casa para aproveitar.

— Eu tenho que admitir, eu não tinha certeza se você realmente


viria esta noite. — Scarlett se agarra à beira da piscina e chuta os pés atrás
dela.

Encontrando seu olhar, pressiono meus lábios juntos por uma


contagem de três antes de finalmente deixar escapar, — Eu quase fiz
Micah se virar e me levar para casa. — Baixo minha voz. — Mas não
queria desapontá-lo.

A testa de Scarlett se enruga. — Desapontá-lo?

Aproximo e pego meu copo quase vazio da beira da


piscina. Pensando com cuidado, tomo outro gole. — Hum, bem,
você mesma disse, os pais dele nunca estão por perto. — Com uma
exalação profunda, murmuro: — Tenho a sensação de que isso o
incomoda mais do que ele está disposto a admitir. Eu não queria ser outra
pessoa a decepcioná-lo, voltando com minha palavra. Ele venceu nossa
aposta para me levar ao jogo. E então fizemos outra pequena aposta que
me trouxe aqui esta noite.

De jeito nenhum estou mencionando que Micah escolheu me dar


um orgasmo como o prêmio para a segunda aposta. Participar da festa

232
parecia justo, já que meu primeiro orgasmo foi mais uma vitória para mim
do que para ele...

Ela encolhe os ombros, subindo e descendo na água. — Acho que


não sei muito sobre os pais dele. Quero dizer, Micah dá uma festa
ocasional, ele principalmente observa o que quer que seja a loucura
acontecendo, a menos que esteja bebendo, o que não é sempre. Mas você
está certa. Eu nunca o ouvi falar sobre seus pais.

Eu inclino minha cabeça. — Estou começando a me perguntar se o


caso com as notas dele não é um lance para...— Meu pensamento é
interrompido quando Xander e Micah, ambos vestindo calções de banho,
mergulham na parte funda da piscina, nadando rapidamente sob a água
para nós. Os dois pularam da água e sacudiram os cabelos. Gotas perdidas
atingiram Scarlett e eu, e nós corremos desajeitadamente na tentativa de
fugir delas, rindo o tempo todo. Não vamos muito longe antes de olhar
para trás e ver Xander afundar, surgindo alguns segundos depois com
Scarlett em seus ombros. Ela grita alto em ultraje exagerado quando ele se
levanta. — Que diabos, Xander?

Acabei de deixar escapar uma gargalhada de prazer os observando


quando a água atrás de mim ondula. As grandes mãos de Micah agarram
minhas coxas antes de sua cabeça mergulhar entre as minhas pernas pela
segunda vez esta noite. Só que desta vez, em vez de me atormentar com
sua doce língua, ele me levanta nos ombros.

Pisco rapidamente algumas vezes, percebendo que


definitivamente chamamos a atenção das pessoas que estão perto da
piscina. A água desce pelo meu corpo e sobre Micah. Ele inclina a cabeça

233
para trás contra minha barriga, olhando para mim. Seus dedos pressionam
o topo das minhas coxas. — O que você está fazendo? — Eu suspiro.

— Apenas me divertindo um pouco. Me lembre de dizer algo


quando terminarmos.

— Ok, — Eu digo hesitantemente, assim como alguns outros


pularam na piscina. Um deles grita: — Quem quer um jogo de frango?

Mais pessoas ficam apenas com seus trajes de banho e entram


conosco. O inferno começa quando Beau decide fazer uma bala de canhão
bem no meio de tudo.

As sobrancelhas de Scarlett sobem enquanto travamos os olhos e


rimos. — Você está pronta para isso, Daphne?

Xander gira os dois em nossa direção. — Prepare-se para ser


derrubado, Micah. Desculpe, Daphne.

Eu não posso fazer nada além de balançar minha cabeça e me


preparar para qualquer insanidade que está prestes a acontecer.

E para ser totalmente honesta, com as mãos de Micah nas minhas


coxas, estou tendo problemas para pensar em qualquer coisa. Menos de
vinte minutos atrás, ele teve meu corpo a sua mercê, minhas pernas bem
abertas enquanto seus lábios, língua e dedos magistralmente me levaram
ao orgasmo. Meus joelhos apertam seus ombros com a memória. Ele
provavelmente pensa que estou tentando ficar estável. Não importa que
esteja realmente aqui revivendo cada lambida, chupada e beijo. Meu
rosto esquenta. É melhor eu me concentrar em qualquer confusão que
esteja prestes a acontecer.

234
Concentrando no jogo de frango, meus pés travam atrás da parte
inferior das costas de Micah. Ou é a bunda dele? Não consigo dizer, mas
ele não parece se importar. Ele ri enquanto Xander vem em nossa direção.

Scarlett estende a mão e agarra uma das minhas mãos e me dá um


aperto bem quando alguém grita: — Vai!

A piscina é um cenário de caos em massa enquanto lutamos com


outros oito pares. Nós lutamos um após outro, em uma vantagem distinta
com meu quadro de um metro e meio empilhado em cima do um metro e
oitenta de Micah. Adicione isso ao fato de que ele é uma base sólida, e
estamos ganhando. Surpreendentemente, dado quão atléticos Xander e
Scarlett são, nós os derrubamos rapidamente, Scarlett gritando antes de
entrar na água.

Tudo está indo bem até, é claro, restarem apenas dois pares,
nós contra Alora e algum cara grandão que reconheço do time de futebol.

Micah levanta as mãos em um gesto clássico, os chamando para a


frente. Ele dá um tapinha nas minhas pernas quando elas o apertam. —
Não se preocupe, nós temos isso. — O outro cara avança com um sorriso
malicioso no rosto. Tenho certeza que ele tem muitos truques na
manga. E é preocupante que, considerando que este é apenas um jogo de
festa, Alora tem um brilho assassino em seus olhos.

Assim que ele está prestes a atacar, Alora chuta o calcanhar para o
lado dele e agarra seu cabelo com as mãos, puxando. Isso o faz hesitar,
olhando para ela. — Espera aí, Greg. Quero falar com Double D por um
minuto.

235
Eu posso sentir Micah tenso. Obviamente desgostoso com suas
travessuras, ele inclina a cabeça para o lado. — Vamos, Alora. Não seja
uma vadia.

— Eu? Eu não fiz nada. — Ela zomba dele. — Double D é aquela


que parece ter esquecido seu lugar. Porra de Espinho. Ela deve ter alguma
boceta mágica com o jeito que ela faz você persegui-la. — Seu olhar
percorre meu corpo, como se ela estivesse revoltada com a minha mera
presença.

De repente, me sinto muito exposta e começo a


tremer. Silenciosamente, eu exijo: — Micah, me desça.

Ele dá um tapinha na minha perna, olhando para cima e para trás


para mim. — Você não vai a lugar nenhum, Daph. Se alguém está saindo é
Alora, e ela sabe disso. — Respira fundo, sua atenção focada em Alora. —
Você realmente quer fazer isso publicamente? Na frente de toda essa
multidão? — Ele acena com a mão em um movimento circular,
gesticulando para todos ao redor da piscina.

Micah está certo. Quando olho, percebo que praticamente toda a


festa está aqui agora, reunida para assistir ao espetáculo.

Meus olhos seguem para o lado da piscina, seguindo Xander


enquanto ele envolve Scarlett em uma toalha. Ela se senta na beirada, a
preocupação estampada em seu rosto. Max aparece e se agacha atrás
dela. Ela sussurra em seu ouvido, sem dúvida retransmitindo o que
aconteceu antes de aparecer. Meu olhar muda de volta para Xander, que
agarrou Aria e a puxou para perto da porta do pátio, onde parecia estar
discutindo com ela.

236
Meu corpo estremece. Posso imaginar o que ele está dizendo, e a
julgar pela maneira como seus olhos ficam piscando para a frente e para
trás entre mim e Alora, acho que Aria não está muito feliz com isso.

Do lado da piscina, Beau geme: — Não podemos passar por uma


porra de uma festa sem problemas? Alora, vamos. Saia da piscina e
foderei um pouco de bom senso em você. Que tal isso?

Eu respiro fundo. Não importa quão grosseiro isso soou, eu sei que
Beau disse isso para meu benefício, um último esforço para atrair Alora
para longe do que com certeza terminará em desastre. Pelo brilho em
seus olhos, sei que ela está prestes a dizer algo terrível.

Odioso.

Doloroso.

E eu estou certa.

Ela aponta seu olhar vicioso para mim. — Ei, Double D, você sabia
que seu apelido não tem nada a ver com o seu nome?

A ansiedade desce pela minha espinha enquanto me preparo para


o que está por vir.

Pelo olhar em seu rosto, eu sei que o rosto de Micah deve ser
francamente ameaçador. — Puta que pariu, Alora. Não.

Greg, que também pode ver a expressão de Micah, sabiamente


recua alguns metros.

— É sobre seus seios, Daphne. Ou devo dizer, a falta deles. Na


verdade, é todo o seu corpo. Você tem a constituição de
um menino magricela pré-adolescente.

237
Suspiros chocados preenchem o ar da noite, então murmúrios
silenciosos fluem pela multidão. A vergonha chicoteia através de mim até
que sua evidência se torne clara em minhas bochechas. Elas queimam
muito quente, e sei que devem estar vermelhas flamejantes.

— Não admira que ela use a porra da calcinha do Star Wars! —


algum cara grita.

Eu pego Beau batendo com o punho na mandíbula do cara


enquanto Micah caminha para o lado da piscina. Suas mãos se estendem,
agarrando minha cintura enquanto ele me puxa de seus ombros. Ele me
entrega nas mãos de Max e Xander. Scarlett está logo atrás deles com
uma toalha. Ela me envolve nela, coloca um braço ao meu redor e
entramos.

A última coisa que vejo quando olho por cima do ombro é Micah
puxando Alora para fora da piscina, seu rosto uma máscara de raiva.

238
Capítulo 34

Scarlett e Max me guiam pelo andar de baixo, encontrando um


cômodo silencioso nos fundos da casa. É uma sala de TV enorme,
completa com uma tela que cobre uma parede inteira. É literalmente um
cinema. Em uma casa. Micah tem um cinema de verdade em sua
casa. Oprimida, deixei Scarlett me guiar até ao enorme sofá em forma de
L. Ela pega alguns cobertores dobrados e os joga nas almofadas antes de
nos sentarmos molhadas e enroladas em uma toalha. Max se planta
diante de nós em uma mesa de centro gigantesca que se estende todo o
comprimento do sofá. — Acho que preciso de uma bebida.

Max esfrega as mãos pelo cabelo antes de se levantar e sair da


sala. Eu cubro meu rosto com as mãos. Sentindo que não estou pronta
para falar, Scarlett simplesmente se senta ao meu lado, uma das mãos
apoiada nas minhas costas.

Em pouco tempo, Max retorna. — Aqui.

Eu removo minhas mãos do meu rosto, aceitando a bebida dele. —


Obrigada. — Eu tomo um gole profundo.

Scarlett dá um tapinha gentil nas minhas costas. — Você quer falar


sobre isso?

Eu viro minha cabeça em direção a ela. — Sobre o quê? Sobre


como isso foi constrangedor? Sobre como ela tem me atacado sem
motivo? Ou talvez sobre como a pior parte é que cada palavra que ela

239
disse é verdade? — Meus olhos se fecham enquanto tento conter as
lágrimas.

— Ela está com ciúmes, Daphne. — A voz de Max sai forte e clara.

Uma risada incrédula sobe do meu peito. — Com o quê? — Olho


para o meu corpo magro e sem seios, segurando meus braços. — Do que
ela está com ciúmes? Diz. — A dor rasga minhas entranhas enquanto
minha mente volta para os meninos que me provocaram e tocaram meu
corpo esquelético de onze anos. Minhas mãos tremem.

Max me lança um olhar severo. — Vamos, Daphne. Você não está


realmente caindo na armadilha dela, está? Ela de alguma forma descobriu
o que mais irá machucá-la e está atacando você com um atiçador quente.

Scarlett franze a testa quando olho para ela. — Você realmente vai
deixá-la chegar até você assim?

Eu levo o copo aos lábios, engolindo o resto antes de colocá-lo na


mesa ao lado de Max, que corre para frente para poder segurar minha
mão. — Eu direi novamente. Ela está com ciúmes pra caralho. Você tem
tanto a oferecer e ela não.

Eu fungo. — Como o quê?

— Sério? — Max balança a cabeça. — Você é linda com esses seus


olhos verdes. E obviamente Micah não tem queixas sobre seu
corpo. Combine isso com seu cérebro inteligente e lindo coração, e você o
tem ofegando atrás de você. Qualquer cara teria sorte de ter você. E
Micah vê você como uma pessoa inteira, gosta de você como
uma pessoa inteira, em vez dos peitos e bunda que ele ganha com

240
Alora. Ela não tem mais nada a oferecer, exceto uma atitude mal-
intencionada.

Scarlett se mexe no sofá, puxando os joelhos para cima e passando


os braços em volta deles. — Juro para você, Daphne. Xander me disse que
Micah tem estado tão diferente ultimamente. Seu negócio sempre foi que
não quer um relacionamento, ele foi tão longe a ponto de dizer que queria
terminar o ensino médio sem nunca ter se envolvido com ninguém.

— Mas, Daph, por mais que ele diga que não quer um, parece que
ele está indo nessa direção com você. Você é quem o está fazendo
quebrar todas as suas regras.

Balanço minha cabeça. — Não importa. Não quero mais estar na


linha de fogo. — Meus olhos se enchem de lágrimas. — Eu não pedi nada
disso.

— Daphne. — A voz de Micah corta a tensão na sala, e todos nós


três viramos nossas cabeças em direção a ele.

Teimosia se instalando, eu me viro, meus olhos se fechando. — Eu


não quero falar agora, Micah. — O constrangimento flui por mim, espesso
como melaço, cobrindo cada parte de mim, pegajosa e insuportável.

Eu posso ouvir o peso em sua respiração expelida. — Vamos,


Daph.

Eu não vou desistir. Não posso. — Por favor, me deixe em paz,


Micah. — Com um rápido olhar para Max, murmuro: — Quero ir para
casa. Você me levará para casa?

241
Todos nós nos levantamos e Max me puxa para perto de seu
lado. Nós três contornamos o sofá juntos. Quando ouso olhar, a expressão
de Micah mostra uma mistura de preocupação, decepção e raiva. Não
tenho certeza de quanto de cada uma é voltada para mim, mas não ficarei
para descobrir.

Infelizmente, ele está bloqueando a saída, com as mãos nos


quadris, a grande extensão de seu peito ainda úmido da piscina. Estou
hipnotizada pelas pequenas gotas de água que descem pelos planos e
cristas de seus músculos. Tenho um pensamento errôneo de que gostaria
de lamber as gotas dele, mas jogo de lado. — Me deixe sair, Micah.

Sua mandíbula cerrada, ele range, — Eu quero falar com você


primeiro.

Uma lágrima escorre pela minha bochecha e a enxugo


furiosamente. — Olha, eu não quero participar dessa merda. Eu não quero
ser o centro das atenções, e com certeza não quero ser arrastada na lama
e chutada... Tudo por quê? Porque estou aqui com você? Eu não mereço
isso. Até que você possa descobrir como fazer Alora parar de me tratar
como seu saco de pancadas pessoal, não vejo como isso pode funcionar.

Ele solta uma respiração instável, segurando sua nuca. Seus olhos
perfuraram os meus. O fundamento está dentro deles. É
agonizante. Comovente.

— Micah, eu não posso. Eu preciso de um pouco de espaço. —


Finalmente cedendo, ele se afasta para nos deixar passar. Corremos pelo
corredor, para longe de Micah. Longe dessa bagunça, dessa devastação.

242
Aquela pequena lasca no meu coração que estava se abrindo para
Micah se costura de volta. Se não permitir que ele entre, ele não pode me
machucar.

***

Na manhã seguinte, acordo com lágrimas secas no rosto. No


começo estou confusa, mas depois flashes de memórias da festa da noite
passada piscam na minha cabeça como um rolo de filme, Micah caindo
sobre mim, Alora me intimidando e destruindo minha autoconfiança, eu
indo embora, coração em frangalhos. Eu disse a Micah que não posso ficar
com ele. Devo ter chorado durante o sono por causa disso.

Uma respiração instável penetra em meus lábios quando ouço


meu telefone vibrar onde está no carregador. Eu não quero olhar. Não
deveria olhar.

Mas olho.

Sonho molhado da Daph: Sinto muito pelo que aconteceu na


festa. Lamento que você esteja chateada.

Sonho molhado da Daph: Sinto muito por tudo.

Sonho molhado da Daph: Estou tentando descobrir o que fazer


com Alora.

243
Sonho molhado da Daph: Mas eu entendo se você não quiser mais
me ver.

A decepção toma conta de mim. Sei que disse a ele que não queria
participar do que estava acontecendo, mas honestamente pensei que ele
lutaria mais. Achei que estava mais interessado em mim do que isso. Estou
prestes a desligar meu telefone quando outra mensagem chega.

Sonho molhado da Daph: Aquilo que eu ia te dizer depois do


frango?

Sonho molhado da Daph: Eu ia te contar como você estava linda


naquele biquíni verde, como a cor acentuava seus lindos olhos verdes. Eu
queria desamarrar o topo, puxá-lo para baixo e chupar seus
mamilos. Queria puxar o fundo para o lado e foder você ali mesmo na
piscina. Reivindicar você.

Mesmo que suas palavras sejam obscenas, sinto meu corpo


responder. Ele não deveria ser capaz de me fazer sentir assim quando
estou chateada, mas minha calcinha umedece.

Sonho molhado da Daph: Não pense que eu vejo você da mesma


forma que Alora vê.

244
Se forma um nó na minha garganta que é impossível engolir. Não
sei o que fazer com metade do que ele acabou de dizer. Nem a porra de
uma pista. Quero chorar, gritar, mas mais do que tudo, quero me tocar e
fingir que é ele. Meu cérebro pode ter descoberto que algo precisa mudar,
mas meu corpo não parece se importar. Ele quer Micah.

245
Capítulo 35

O comitê do baile está programado para se reunir novamente esta


manhã.

Porra. Da. Minha. Vida.

Eu apareço dez minutos mais cedo, antes que alguém chegue lá. A
Sra. Jayson parece surpresa quando entra na sala. — Uau. Madrugou hoje,
hein?

Eu dou a ela um meio sorriso. — Esperava que você pudesse me


dar minha tarefa, já que estamos fazendo a decoração hoje, e poderia
começar.

— Acho que podemos fazer isso acontecer, Daphne. Sem


problemas. — Ela pega um pedaço de papel. — Parece que Alora tem você
amarrando a linha de pesca das estrelas que ficarão penduradas no teto. É
algo que podemos fazer facilmente antes do baile. — Ela se levanta de seu
assento, pega uma caixa que parece ter cerca de mil estrelas de papelão
brilhantes dentro dela, em seguida, adiciona uma tesoura e um furador a
ela. — Tudo que você precisa está aqui. Faça o máximo possível dessas
estrelas. O que quer que você não termine hoje, terá que ser feito no
próximo sábado, antes do baile.

— Entendi. Vou ver o quanto posso fazer.

***

246
Três horas depois, ainda estou amarrando essas malditas estrelas e
meus dedos estão prestes a ficar dormentes de dar nós na linha de
pesca. Isso é uma merda, mas fiquei aliviada quando Alora apareceu e saiu
rapidamente da sala com Danica e Farrah para fazer sabe-se lá o quê. Eu
olho para cima quando a Sra. Jayson volta para a sala. — Ei, gostaria de
experimentar como vamos pendurá-los no teto. Como você se sente ao
subir em uma escada?

Encolho os ombros. Não sou a pessoa mais coordenada do mundo,


mas posso lidar com isso. — Acho que posso dar uma olhada.

— Bom. Alora está lá. Por que você não leva tudo isso com você e
veja o que ela quer experimentar. Temos um extensor e algum tipo de
acessório que devemos colocá-los sob as bordas dos painéis do teto
rebaixado.

Ela quer que eu suba em uma escada com Alora


supervisionando? Puta merda. Não, não e não. Sem dizer nada à Sra.
Jayson, coloco a caixa de estrelas em meus braços e corro para o
refeitório.

Para meu alívio, Alora não está em lugar nenhum quando eu chego
lá, mas há uma enorme escada no meio da sala e um par de hastes
extensíveis que a Sra. Jayson mencionou. Puxo uma das estrelas para fora
da caixa, prendo a ponta da linha de pesca no pequeno anzol que vai se
prender ao teto rebaixado e coloco na ponta da vara. Pegando o mastro
com uma das mãos, subo a escada cautelosamente... E cometo o erro de
olhar para baixo. Estou provavelmente a cerca de dois metros e meio de

247
altura. Aperto meus olhos fechados por um segundo. Eu provavelmente
deveria ter esperado que outra pessoa estivesse aqui para segurar a
escada. Libero a respiração que estava prendendo e levanto o mastro em
direção ao teto.

Atrás de mim, ouço uma risada. — Double D, o que diabos você


está fazendo aí em cima? Você não sabe que não deve subir uma escada
sem alguém segurando a base?

Congelo por alguns segundos antes de olhar para baixo para vê-la
se aproximando. Não. Mostre. Medo. — Estou bem, sério. Eu queria ver
como essa engenhoca funciona, porque tenho certeza que acabarei
colocando um milhão delas no próximo sábado.

A escada balança embaixo de mim e ofego de surpresa.

— Que tal isso, Double D? Isso ajuda? Ou você está com medo? —
Alora está lá embaixo dando outra sacudida e tentando não rir.

— Pare. — Meus dedos agarram as laterais da escada com mais


firmeza. Eu sugo um pouco de ar e prendo a respiração. Roubo outro olhar
para o chão antes de descer um degrau.

Ela balança a escada novamente, sorrindo para mim como a vadia


doente que ela é.

— Alora, eu não sei o que diabos eu fiz pra você, — grito. — Por
favor, pare. — Grito quando a escada muda de novo, e começo descer. Se
conseguir descer mais alguns metros, vou me sentir melhor.

Ela bufa. — Você é muito boa em implorar, não é?

Que diabos?

248
Como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta, Alora dá
um último empurrão na escada. A escada tomba e eu caio no chão, caindo
sobre meu quadril e ombro com um baque quando a enorme escada cai
no chão.

Quando finalmente consigo me sentar, Alora desapareceu e várias


pessoas entraram correndo, ouvindo o barulho. Eu fecho meus olhos,
bloqueando seus rostos preocupados.

Não mais do que um minuto depois, uma voz rouca se


aproximando me surpreende.

— O que diabos aconteceu?

Meus olhos piscam novamente e me pergunto se estou vendo


coisas ou se bati com a cabeça.

Micah tropeça até mim, derrapando de joelhos, suas mãos


pairando sobre mim. — Você está machucada? — Ele está suado, como se
tivesse sido interrompido no meio do treino.

Por alguns segundos, simplesmente tento respirar. — Acho que


estou bem.

— Não tinha ninguém vigiando a escada?

Eu faço uma careta. — Mais ou menos.

Ele inclina a cabeça para o lado. — Porra, não me diga que foi
Alora. — Meu rosto fica vermelho e não consigo encontrar seu olhar. Eu
me movo com cuidado, testando meus membros. Os encontrando todos
intactos, começo a me levantar. Micah agarra meus braços e me ajuda a
levantar. Ele não me solta até ter certeza de que estou firme, então

249
levanta meu queixo para que possa olhar diretamente nos meus olhos. —
Eu vou conversar com ela. Eu farei ela parar. Prometo, Daph.

250
Capítulo 36

Tenho ignorado ativamente as tentativas de Micah de entrar em


contato comigo desde a breve conversa que tivemos no sábado de manhã
no refeitório. Na época, estava sem palavras. Não estava pronta para
falar. Mais de dois dias depois, ainda estou mal-humorada e chateada com
tudo isso. É melhor que Micah e eu estejamos separados. Pelo menos, é
disso que tento me convencer. No fundo, estou triste. Eu não quero que
ele me deixe em paz. Quero que ele faça Alora recuar como ele prometeu.

A menos que ele realmente não se importe comigo?

E aqui estou eu de novo, um círculo completo. Estive neste mesmo


ciclo de pensamentos prejudiciais nos últimos dois dias.

Eu tenho o AP Calc primeiro, então tenho algum tempo para ficar


no corredor com Scarlett, Xander e Max antes do sinal. Todos temos a
mesma aula juntos - Sra. Harden de inglês 12. Eu adoraria estar na mesma
classe com todos eles, mas há um monte de outras pessoas lá que prefiro
não estar por perto, incluindo Alora e Micah. Vou continuar com minha
aula de literatura AP nerd.

Olhando para cima e para baixo no corredor, digo a mim mesma


uma mentira descarada. Não estou olhando para Micah. Não, eu não
estou. E ainda, meus olhos escaneiam cada pessoa que vem ao virar da
esquina, procurando pelos ombros largos que estava empoleirada em
cima na festa.

251
Quando a décima pessoa não é ele, permito que meus olhos
vaguem, observando as roupas que os alunos escolheram para usar em
homenagem à Semana do Espírito. Eu posso dizer que isso já será super
divertido. Metade da população estudantil está vestida para o Dia da
Década, incluindo Max, que surpreendeu a todos nós ao aparecer como
um rejeitado do Miami Vice. Ele foi a única pessoa a colocar um sorriso no
meu rosto esta manhã.

Nada mais foi remotamente divertido. Não a Sra. Jayson me


rastreando e perguntando por que eu tinha deixado os suprimentos do
comitê do baile no refeitório, e definitivamente não o sorriso malicioso de
Alora quando ela passou por mim no corredor, perguntando se eu estava
com medo quando ela balançou a escada. Essa garota tem muita coragem.

Max me cutuca na lateral do corpo, me tirando dos meus


pensamentos. — Eu não entendo. Alora estava seriamente balançando a
escada e fez você cair?

— Ela estava balançando e rindo, e quando tentei descer, ela


empurrou. — Aperto meus lábios fechados. Eu não quero falar sobre isso.

Xander esfrega a mão na bochecha. — Micah estava perdendo a


cabeça quando voltou para o vestiário. Ele disse que você não admitiria
abertamente que Alora derrubou a escada, mas ele percebeu que foi isso
que aconteceu. E... Ele realmente quer conversar com você.

Meu rosto se contorce. — Ele prometeu que falaria com Alora. Eu


sei que ele está chateado com isso e está tentando consertar as
coisas, mas... — Meus ombros se elevam antes que caiam —
Eu já estou além de envergonhada com o que aconteceu na festa. E estou

252
tão cansada de ser o assunto das conversas de metade da escola. Eu não
me inscrevi para isso. Eu nem queria ser tutora de Micah em primeiro
lugar. Eu não pedi que nada disso acontecesse. Eu não quero nada disso.
— Eu termino com uma bufada.

Xander levanta as mãos. — Olha, só estou contando o que vi com


meus próprios olhos no vestiário. Micah não se incomoda muito, mas isso
foi diferente. — Ele solta um grande suspiro. — Quanto à festa, você não
conseguiu testemunhar ele perdendo o controle com Alora. Ele saiu nela
como nada que eu já vi antes.

Eu rolo meus olhos, franzindo a testa. — Foi provavelmente por


isso que ela me atacou na manhã de sábado.

— Ela é uma vadia vingativa. — Max range os dentes, balançando a


cabeça.

Scarlett molha o lábio. — Daph, podemos voltar atrás um


segundo? Até quando você disse que não queria nada
disso. Diga honestamente, você está dizendo que retiraria cada momento
com Micah se pudesse?

Sua pergunta queima profundamente em minha alma. Eu não


apagaria um único segundo. Eu mordo meu lábio, os olhos passando
rapidamente entre meus amigos. Respiro fundo, me perguntando se devo
admitir quão profundamente Micah se enterrou em meu coração.

O sistema PA interrompe, gritando e clicando. A voz do Diretor


Gilmore enche os corredores. — É a semana do baile, alunos. Queremos
que vocês se divirtam, mas deixe-me lembrá-los de que suas fantasias

253
para a semana devem estar de acordo com as normas do código de
vestimenta da escola.

Scarlett ri ao meu lado, temporariamente distraída da nossa


conversa anterior. — Quem quer dizer àquelas garotas vestidas de
Madonna ali que as minissaias que estão usando são quinze centímetros
mais curtas?

As sobrancelhas de Xander levantam quando ele olha para as


garotas às quais ela está se referindo. Scarlett dá uma cotovelada no
estômago dele, mas ele se recupera e envolve um braço em volta do
ombro dela, beijando sua têmpora. Ele murmura perto do ouvido dela: —
Eu ainda gosto mais da minha garota em seu uniforme de colegial.

Provavelmente não era para eu ouvir isso, mas escuto. E isso meio
que me faz sentir a falta da boca suja de Micah e me deixar triste com as
nossas circunstâncias atuais. Nada que Alora fez é culpa dele. Ele não fez
qualquer coisa para me machucar, exceto me dar o espaço que eu pedi a
ele. Sou uma idiota.

O PA grita novamente e Max estremece. — Você pensaria que com


o dinheiro que nossos pais doam eles consertariam isso.

— E agora, a Sra. Jayson, conselheira e professora do comitê de


boas-vindas, tem um anúncio especial para você.

— Bom dia, Rosehaven! Estou animada para anunciar os indicados


ao Rei e à Rainha do baile neste ano. Para nosso Rei: Xander Gray, Chris
Langford, Beau Danbrook, Lachlan McKinley, Greg Smythe, Micah
Robertson, Ryan Lang e Shayne Crawford. Parabéns, senhores. E para
nossa Rainha... — A Sra. Jayson faz uma pausa dramática.

254
Eu reviro meus olhos. Quem pensava que coroar duas pessoas Rei
e Rainha de um baile era uma boa ideia deveria ser fuzilado. É uma
tradição idiota.

Gritos. Cliques. A Sra. Jayson limpa a garganta audivelmente no


microfone. — Desculpe. Para nossas indicadas à Rainha, temos Alora
Berridge, Scarlett Miller, Aria Warrington, Sarah Worley, Danica Seeger,
Farrah Kendrick, Elise Tomlinson e Daphne Davis!

Scarlett bufou de tanto rir quando seu nome foi chamado, e todos
nós sorrimos, mas quando o meu também é chamado, todo o nosso grupo
congela.

A voz de Xander é um estrondo baixo. — Como diabos isso


aconteceu? — Os olhos de Scarlett se arregalam e ela bate no braço
dele. — Xander! Daphne tem tanto direito de estar lá quanto qualquer
uma daquelas garotas.

— Eu só quis dizer que não é nada mais do que um concurso de


popularidade, e Daphne, sem ofensa, mas dado como você acabou de
passar esta manhã reiterando para nós que você não quer nenhum tipo de
atenção, bem, não me parece como o tipo de garota que gostaria disso.

— Não, está bem. — Dou a ele um sorriso compreensivo. — E


concordo. É realmente muito estranho.

— Você não acha Alo...

Antes mesmo de Max poder dar a sugestão, eu bufo: — Claro que


foi ela. — Tenho a terrível sensação de que as coisas estão prestes a ir de
mal a pior. Eu não posso acreditar nisso. Indicada para a Rainha do

255
baile. Nunca pensei nisso como uma possibilidade. A bile sobe no fundo da
minha garganta. Este é meu pior pesadelo. Todo mundo me olhando. Me
separando. Me julgando. — Não posso recusar? Tipo, simplesmente
desistir?

Os olhos de Scarlett brilham. — E dar a essas vadias a


satisfação? De jeito nenhum.

— Mas eu nem quero ir. Tipo, em nada.

Ao meu lado, Max franze a testa. — Quer dizer que você me


deixará sem encontro?

— Oh. Estamos indo mesmo?

Ele encolhe os ombros. — É o nosso último ano. Eu pensei que


talvez, apenas uma vez, você pudesse querer fazer algo para trazer
algumas memórias do colégio fora à biblioteca.

Ai. Para Max dizer isso para mim, ele deve estar realmente
frustrado. — Alora estará tão ocupada aceitando sua coroa ou fazendo
beicinho que Aria achou que ela não vai incomodar você.

Ele pode estar certo. Ou não. Difícil dizer.

Scarlett se inclina para Xander, descansando a cabeça no peito


dele. — Daph, estaremos lá para você se quiser ir.

Eu aceno, a batida já começando na minha cabeça. Eu realmente


não tenho ideia do que fazer ou mesmo do que quero.

***

256
Na aula de espanhol, tenho uma completa enxaqueca. Quando
recolho minhas coisas e me aproximo da mesa da Señora Martinez no
meio da aula, posso sentir os olhos de Micah em mim o tempo todo,
enquanto o olhar de Alora queima dois buracos nas minhas costas. Não
estou em condições de continuar na escola, então consigo permissão para
sair da aula.

Depois de uma rápida parada no escritório da enfermeira, ela me


permite ir para casa antes que minha cabeça fique muito ruim para dirigir.

De alguma forma, consigo fazer isso, embora minha cabeça esteja


ameaçando explodir a qualquer minuto. Jogo minhas coisas logo atrás da
porta, paro na cozinha para tomar um pouco de Excedrin e vou direto para
cima, onde me jogo na cama. Faça parar. Eu pressiono meus dedos em
minhas têmporas e fecho meus olhos.

Quando eles abrem mais tarde, está escuro no meu quarto e posso
ouvir meus pais conversando baixinho na cozinha. Meu cérebro ainda se
rebela, mas não tanto quanto antes. Enquanto desço as escadas, ouço a
conversa deles. Sobre mim. Sim.

Mamãe sussurra: — Você acha que ela vai mesmo? Você conhece
Daphne. Ela odeia coisas assim.

— Não sei. Ela tem um encontro? Alguém a convidou? — A voz de


papai está rouca.

Inspirando profundamente, paro no meio da escada. — Não tenho


certeza.

257
— Aquele garoto Micah a teria convidado?

— Não sei. Teremos que falar com ela.

Papai resmunga: — Pela primeira vez na vida, eu meio que gostaria


que ela simplesmente fosse com aquele garoto Max.

— Daphne é uma garota inteligente. Ela tem uma boa cabeça


sobre os ombros.

— Sim, mas mesmo meninas inteligentes podem ficar um pouco


obcecadas por um pau. Lembra como você e eu éramos quando
adolescentes.

Eu me encolho, meus olhos se arregalando. Eu deveria fazer algum


barulho. Os deixar saber que estou aqui. Alguma coisa. Merda.

Mamãe ri. — Éramos dois adolescentes com tesão. Mas você era o
pior.

— Você se lembra quando fizemos isso no banheiro durante a


noite de cinema com sua família? — Papai bufa. — Aquilo foi bom.

É isso. La, la, la, la... Não quero ouvir mais nada. Eu
propositalmente pisei forte no próximo passo antes de começar a
descer. — Mamãe?

A surpresa é registrada em sua voz quando ela diz: — Estamos na


cozinha, querida.

Espero que meu rosto não traia o fato de que acabei de ouvir meus
pais discutindo como eles fizeram as coisas nojentas no banheiro dos
meus avós com todos na sala ao lado. Nunca mais conseguirei olhar para
aquele banheiro da mesma maneira.

258
Entrando na cozinha, meus pais ergueram os olhos. —
Ei. Recebemos o telefonema da enfermeira informando que você havia
voltado para casa com enxaqueca. —Papai inclina a cabeça para o lado,
me avaliando.

Mamãe dá um gole no que quer que esteja em sua caneca,


também levando um tempo para examinar meu rosto. — Você tomou algo
para isso?

Eu concordo. — Sim, um pouco Excedrin. Ainda não me sinto


muito bem.

— Você parece um pouco corada.

Não brinca. — Estou?

— Daph? — Mamãe cruza as mãos no colo, olhando rapidamente


para meu pai antes de encontrar meu olhar novamente.

— Sim?

— Também ouvimos sobre a indicação da Rainha do baile.

— Oh... — balanço minha cabeça e encolho os ombros. — Isso não


é nada.

As sobrancelhas do papai se juntam. — Por que você diz isso?

— Eu só... — De jeito nenhum direi a eles que tenho certeza que é


uma armação, cortesia de uma garota que me odeia. Eu aceno uma das
mãos desdenhosa no ar. — Não é grande coisa. Havia um monte de
pessoas nomeadas.

259
— Talvez possamos ir comprar o vestido? — Mamãe realmente
parece esperançosa. Tenho certeza de que percebeu que nunca teria a
chance de ir às compras de vestidos de baile comigo, já que geralmente
sou uma introvertida metida.

— Tenho certeza de que posso pegar algo emprestado. — Na


verdade, não tenho. Mas talvez possa encontrar algo na loja de segunda
mão nos arredores da cidade.

— Oh não, querida. Esta é uma ocasião especial.

Eu olho para papai, que apenas dá de ombros. — Pegue o que você


precisa. Nós daremos um jeito nisso.

Gesticulando por cima do ombro, eu sorrio. — Obrigada,


pai. Hum. Vou voltar para a cama.

— Você não quer jantar?

Eu balanço a cabeça.

— OK, querida. Se sente melhor.

Mas definitivamente não me sinto melhor agora. Não temos


dinheiro para um vestido chique como aquele que imagino que todas as
Rosas estarão dançando. No caminho de volta subindo as escadas, me
sinto cada vez mais um lixo.

260
Capítulo 37

Minha ressaca da enxaqueca será a minha morte. Sempre me sinto


péssima no dia seguinte, então não é surpresa.

E talvez eu também esteja colocando minha cabeça na areia com


toda a situação de Micah e Alora e todas as coisas do baile, mas decido
apenas ficar em casa hoje. Respirando fundo, saio do meu quarto e paro
no topo da escada. Eu me abaixo no degrau mais alto e me sento,
cruzando os braços em volta dos joelhos. — Mamãe? — chamo ela com
uma voz suave.

Seus passos soam na esquina e ela para no pé da escada. — O que


há de errado? — Ela corre até mim, imediatamente colocando a mão na
minha testa em um gesto que me faz sentir um pouco como se eu fosse
uma criança de novo e preciso de cuidados.

— Eu ainda me sinto um lixo. Se eu mandar um e-mail para meus


professores, você se importa se eu ficar em casa e descansar? Vou pedir
que enviem minhas tarefas.

— Você tem certeza que está bem? Não temos mais ninguém
trabalhando na livraria hoje. Somos só seu pai e eu, então eu tenho que ir.

Eu balanço minha cabeça lentamente. — Eu ficarei bem. O nível de


empolgação na escola na semana do regresso a casa é muito, e não sei se
consigo lidar com isso com meu cérebro ainda mole. — Isso é parte disso,
de qualquer maneira.

261
Ela acena com a cabeça. — OK. Não estaremos de volta antes de
fechar hoje à noite, mas provavelmente iremos alternar os intervalos para
o almoço. Posso ver você ao meio-dia.

— Provavelmente estarei assistindo TV ou dormindo até que meus


professores possam me mandar as coisas. Você não tem que vir.

Mamãe se inclina, dando um beijo na minha bochecha. — Eu sei


que não, mas eu sou sua mãe. Vejo você por volta do meio-dia.

***

Eu provavelmente estava cochilando por cerca de uma hora


quando meu telefone vibra onde descansa no meu peito. Pegando e
abrindo com o polegar, minhas sobrancelhas levantam.

Sonho molhado da Daph: Eu sei que você disse que precisava de


espaço, mas sinto que você está me evitando totalmente.

É porque eu estou.

Sonho molhado da Daph: Onde você está? Esperei do lado de fora


da biblioteca após o primeiro período, mas você nunca saiu.

262
É injusto da minha parte continuar ignorando suas mensagens. Ele
tem pensado em mim, isso está claro.

Eu: Ei. Estou em casa.

Sonho molhado da Daph: Você está doente?

Sonho molhado da Daph: Fiquei preocupado quando você deixou


o espanhol.

Sonho molhado da Daph: Achei que talvez você não aguentasse


ficar na sala comigo.

Eu mastigo meu lábio. Não é ele, é toda a maldita


situação. Especificamente, a pequena prostituta perversa sempre
tramando novas maneiras de tornar minha vida um inferno.

Eu: Eu tive uma enxaqueca ontem. Às vezes eu não me sinto tão


bem por um tempo depois.

Sonho molhado da Daph: Desculpe, você se sente uma merda.

Eu: Obrigada.

Não sei mais o que dizer, então fico olhando para o meu telefone,
sem saber se ele terminou. Vários minutos se passam, então coloco meu
telefone para baixo e fecho meus olhos. Quando meus olhos piscam e se

263
abrem um pouco depois, eu percebo que é porque meu telefone está
vibrando.

Sonho molhado da Daph: Precisa de alguma coisa?

Sonho molhado da Daph: Eu gostaria de passar por aí. Há algo que


quero dizer a você.

Sonho molhado da Daph: Mas entendo se você não estiver


disposta.

Eu inspiro e expiro com cuidado. Ele quer me ver. Parte de mim


acha que é melhor se ele não o fizer. A maior parte de mim quer estar
envolvida em seus braços e que ele me diga que está tudo bem.

Eu: Desculpe, estava dormindo.

Eu: Você pode vir se quiser.

Sonho molhado da Daph: Ok.

Acho que faz sentido conversarmos. Tenho me sentido cada vez


mais culpada por não ter entrado em contato com ele depois dos eventos
do fim de semana. Ele não é quem cuspiu veneno em mim na festa, nem
me derrubou da escada. Mas eu o conheço e sei que ele se sente
responsável.

264
Nós estivemos separados por apenas alguns dias, mas eu sinto
falta dele mais do que eu teria sonhado ser possível.

***

Mamãe voltou para casa e me trouxe o almoço, mas não ficou


muito tempo. Estou me sentindo muito melhor, mas isso não me impediu
de ficar remexendo em minhas calças de pijama roxas, uma
camiseta velha e surrada do Império Contra-Ataca e minhas pantufas de
coelhinho rosa o dia todo. Na verdade, tem sido bom ter um dia em casa
onde não preciso me preocupar com o que as pessoas pensam de mim e
posso me concentrar em mim mesma.

Tenho planos de fazer meu dever de francês daqui a pouco e


acabo de colocar uma daquelas máscaras de lama desintoxicantes quando
a campainha toca. Eu congelo no lugar. Quem diabos pode ser? Meus
olhos vão e voltam, um leve pânico se instalando. Merda. Eu sei como fico
com uma dessas máscaras. É apenas minha sorte que alguém venha até
minha casa assim que eu aplico uma. Normalmente, ninguém estaria em
casa para atender a porta. Talvez eu possa ignorar isso.

A campainha toca novamente, então há uma batida. Quem está lá


não parece estar indo embora. Corro do meu quarto para o quarto dos
meus pais, que dá para a rua. É quase como se quem quer que seja
soubesse que estou aqui.

Ah merda.

265
O SUV de Micah está estacionado na rua. OH MEU DEUS. Quando
eu disse que ele poderia vir, não achei que ele apareceria no meio
do dia escolar - hoje. Eu corro minhas mãos sobre meu cabelo, que está
em um nó no topo da minha cabeça, e olho para baixo sobre minha roupa
de estar em casa. Outra batida soa na porta. Eu posso apenas imaginar
todos os mais de um metro e oitenta dele de pé do outro lado da minha
porta parecendo completamente comestível e aqui estou eu parecendo...

Meu telefone vibra bem na minha mão.

Sonho molhado da Daph: Daph? Você está aí?

Eu: Sim. Você tem um timing13 ruim.

Eu: Além disso, o que você está fazendo aqui? Você deveria estar
na escola.

Sonho molhado da Daph: Por que é um timing ruim?

Sonho molhado da Daph: Abra a porta.

Eu: Não.

Enfio meu telefone no bolso e desço correndo as escadas, em


seguida, espreito pela janela lateral. Ele está em seu uniforme escolar,
uma das mãos no bolso da calça, a outra olhando para o telefone. Uma
corrente passa pelo meu corpo enquanto meus olhos vagam sobre ele.

13
Sensibilidade para o momento propício de realizar ou de ocorrer algo, ou senso de oportunidade
quanto à duração de um processo, uma ação etc.

266
Estou tão ocupada babando que não me afasto da janela rápido o
suficiente. Ele me vê. — Daphne, vamos. Abra.

Mordendo meu lábio, abro a porta, me escondendo atrás dela. —


Micah, eu não quero que você me veja assim.

— Assim como?

— Ao momento ruim a que me referia. Acabei de colocar uma


máscara de lama no rosto e estou de pijama.

— Soa sexy.

— Não está sexy. Estou usando chinelos de coelho rosa.

Apesar do fato de que estou segurando a porta, Micah consegue


empurrá-la aberta. Honestamente, eu não coloquei muita resistência,
permitindo que ele me visse em toda a minha glória de máscara de lama e
chinelo de coelho rosa. Eu fico olhando para ele com olhos arregalados.

No início, ele não diz uma palavra, apenas me olha de cima a


baixo. — Ainda sexy. — Então ele abre um sorriso. — E realmente fofa pra
caralho. O que você está fazendo, tendo um dia de spa?

Encolho os ombros e começo a sorrir, mas então me lembro da


minha máscara quando minha pele puxa. — Você pode entrar com uma
condição. — Levo minha mão ao rosto, tocando minha bochecha com os
dedos, onde está começando a secar.

— Fizemos a transição das apostas para as condições?

— Mm-hmm. Claro que sim.

267
Seus lábios se torcem quando ele abre caminho para dentro. — E
qual seria a condição?

— Eu ainda tenho que deixar minha máscara secar, então você


tem que me deixar colocar uma em você também.

Micah solta uma risada. — Desculpe, o quê?

Fecho a porta atrás dele, agarro sua mão e o puxo em direção às


escadas. — Você quer ficar, certo?

Não me sinto muito bem com meu pijama e camiseta velha, mas
quando olho para trás, seus olhos estão fixos na minha bunda.

— Micah?

— Hmm?

Eu aponto para meu rosto. — Estou aqui em cima.

Ele sorri timidamente. — Desculpe. Estava distraído.

— Você quer ficar? — A garota dentro de mim que não está


acostumada a esse tipo de atenção quer que ele fique, não importa o que
ele queira falar. Eu quero que ele fique por mim. Porque ele quer estar
aqui comigo.

— Sim. Sim, eu quero, porra.

268
Capítulo 38

Dentro do meu quarto aponto para a cama, então tardiamente


percebo o que fiz, e aponto para a cadeira em seu lugar. — Você pode,
hum, sentar. Eu volto já. — Corro para o banheiro, pego a lama fresca da
máscara e volto para ele com um brilho nos olhos. — Preparado?

Ele olha o frasco em minha mão e murmura algo sob sua


respiração que soa como O que eu fiz? Balançando a cabeça em diversão,
ele encolhe os ombros para fora do blazer, em seguida, desamarra a
gravata, a puxando pela cabeça. — Acho que isso pode ficar confuso.

— Você estaria certo. Melhor tirar a camisa também. — Uau,


Daphne. Que jeito de fazer ele se despir para você. Meus olhos rastreiam
seus dedos enquanto trabalham nos botões. Ele joga a camisa em cima do
blazer, que ele pendurou na cadeira da minha escrivaninha, deixando com
uma camiseta branca justa. Minha boca saliva enquanto meu olhar desliza
sobre seu peito.

Ele balança a cabeça, fazendo uma careta enquanto se senta, não


na cadeira da escrivaninha, mas na minha cama. — Você não deixará isso
passar, hein?

Tentando manter a calma, eu rio, — Não. — Eu desatarraxo a


tampa e coloco um pouco em meus dedos. — Chamaremos isso
de meu experimento, já que você parece gostar deles.

Ele me dá um sorrisinho - um derretedor de calcinhas total...


E tento respirar normalmente, então ele não sabe o quanto me afeta.

269
Chegando mais perto, inclino seu rosto para cima, em seguida,
começo a espalhar a gosma sobre suas bochechas.

Estou no meio da aplicação quando as mãos de Micah encontram


meus quadris e me puxam para mais perto.

De pé entre suas pernas, continuo a pintar a lama fria em sua


pele. Seus olhos observam cada movimento meu, e suas mãos deslizaram
sob minha camisa para meus quadris, seus polegares traçando círculos na
pele sensível e deixando um caminho de formigamento em todos os
lugares que viajam.

Eu me esforço para respirar normalmente. Minha mente está


inundada com tudo o que aconteceu nos últimos dias. No entanto,
estando aqui, tão perto dele, nada disso parece real. Bem como pensei
outro dia, Micah parece ter um lado que mostra ao mundo e outro que ele
compartilha só comigo.

— Isso é estranho. — Seus dedos deslizam por baixo e ao redor do


cós do meu pijama.

Eu sorrio timidamente, sem saber o que ele quer dizer. — O que


parece estranho, a máscara?

Suas mãos deslizam para dentro da parte de trás da minha calça do


pijama, segurando minha bunda.

— Ou você quis dizer minha bun...

— Eu quis dizer a merda que você está colocando no meu rosto. —


Com um aperto de mãos, ele sussurra: — Eu acho que você é muito
perfeita.

270
— Eu garanto que não sou. — Termino de aplicar a máscara e
coloco o frasco na mesa de cabeceira.

— Eu gosto de você assim, no entanto. — Ele limpa a garganta. —


Acho que agora que ambos temos essas coisas em nossos rostos, talvez
seja um bom momento para discutir algumas coisas.

Eu corro minha mão limpa ao lado de seu pescoço e deslizo meus


dedos atrás de sua cabeça, amando a sensação do cabelo curto contra
minha pele.

Lentamente, eu aceno. — OK.

— Primeiro... E parece apropriado com minhas mãos em


sua bunda... eu amo seu corpo. Quando você fica excitada, seus mamilos
ficam tão tensos que tudo o que posso fazer é chupá-los. Eu amo colocar
sua bunda em minhas mãos. — Ele passa os dentes sobre o lábio inferior
enquanto olha calmamente nos meus olhos e aperta minhas nádegas
novamente. — E sua boceta... — Ele geme, o som reverberando em seu
peito. — Bem, é o material de que meus sonhos são feitos.

Eu arrasto uma respiração instável.

— Eu amo o seu cheiro. A maneira como você prova. Como sua


pele é macia. Eu amo isso pra caralho. E só queria ter certeza de que você
sabia disso. — Ele desliza as mãos ainda mais para baixo, e minha calça do
pijama afundam no chão. Seu toque é como mágica, aquelas mãos
grandes e ásperas deslizam levemente sobre a parte externa das minhas
coxas e sob a minha camisa até à minha barriga, então ao redor das
minhas costas. Saindo do meu pijama, chuto as pantufas de coelho antes
de colocar um joelho na cama de cada lado de seus quadris. Ele geme,

271
envolvendo os braços nas minhas costas. Seus lábios beliscam ao longo da
minha mandíbula, logo abaixo da máscara, em seguida, roçam
cuidadosamente em minha boca. Uma onda de desejo corre através de
mim, sacudindo minha espinha. Meu corpo inteiro dói, querendo ele.

Quando sua mão passa sob minha camisa e encontra meu seio nu,
sou tomada pela luxúria. Nossos olhares se conectam e, antes mesmo de
saber o que está acontecendo, caímos juntos. Nossas línguas provando,
acariciando e lambendo enquanto devastamos um ao outro.

O pau de Micah está duro como uma rocha entre as minhas


pernas, e não posso parar o movimento dos meus quadris enquanto
deslizo sobre ele. Ele começa a nos empurrar para trás na cama, mas
então para, praguejando. — Quão rápido podemos tirar essas máscaras?

Eu pressiono meus lábios, tentando não rir. — Rápido. — pulo de


seu colo e levo nós dois para o banheiro no corredor, onde lavamos
a gosma semi-seca de nossos rostos.

Nossa pele rosada de tanto esfregar, ficamos parados olhando um


para o outro, o peito subindo e descendo no ritmo. Seus dedos
mergulham em meu cabelo em cada lado da minha cabeça, e ele inclina
meu rosto para cima. Sua boca deliciosa se inclina avidamente sobre a
minha, a língua varrendo para dentro. Minha frequência cardíaca dispara
quando ele me levanta no balcão do banheiro, pisando entre minhas
pernas. Ele muda o ângulo do nosso beijo, indo mais fundo. É tão
profundo que estou com medo de me perder. A urgência apaixonada
atinge uma corda em mim, e eu me entrego a ela, deixando Micah me
levar por um caminho perverso.

272
Em um enlouquecido emaranhado de membros, tiramos
nossas camisetas antes que nossas bocas voltem a se unir. A sensação
adicional de meus seios nus esfregando contra seu peito chicoteia a
tempestade crescente dentro de mim a níveis de furacão, soprando e
girando em meu sistema.

Minhas pernas envolvem seus quadris, e ele imediatamente


esfrega seu pau duro contra mim. Eu vou derreter. Ou queimar. Ou
morrer. Alguma coisa.

Sua voz está rouca perto do meu ouvido. — Eu quero estar dentro
de você. Eu quero sua boceta apertada apertando meu pau pra caralho.

Eu choramingo quando ele me levanta do balcão e lentamente


caminha de volta para o meu quarto.

Depois que ele me deita, ele tira os sapatos e se livra das meias,
em seguida, sobe em cima de mim, encaixando seus quadris entre minhas
pernas. O tamanho dele, que antes ficava tão intimidada, agora me faz
latejar de desejo. Ele diz que quer estar dentro de mim e eu também
quero.

Minha pobre mente está sofrendo com esse ataque físico,


minhas sinapses não estão disparando corretamente, e sei que deveria
dizer algo a ele, mas não sei como. Ele me beija vorazmente, e todo
pensamento coerente desaparece no espaço.

A maneira como seus lábios estão quentes na minha pele.

A maneira como suas mãos deslizam sobre meu corpo, me


tocando em todos os lugares. A maneira como seu pau esfrega

273
insistentemente entre minhas pernas, me fazendo mais úmida do que
nunca.

O calor flui por mim enquanto seus lábios roçam meu


estômago. Ele para quando alcança o cós da minha calcinha, então se
inclina para trás sobre os joelhos e lentamente, de forma agonizante, a
puxa. Estou hipnotizada vendo suas grandes mãos removendo e não
tenho a chance de dizer uma palavra antes que ele mergulhe entre minhas
pernas. Sua língua se lança para fora, lambendo minha pele sensível, e usa
seus lábios como se estivesse com fome de mim. Ele geme: — Eu poderia
fazer isso para sempre. Você é linda pra caralho. Toda rosa e molhada
para mim. — Sua língua desliza dentro de mim e, eu juro, é como se
estivesse beijando minha boceta em francês. Eu estremeço, embalada
pelo desejo fundido. Ele estende a mão, acariciando um dos meus seios,
sacudindo o polegar sobre o meu mamilo antes de beliscar. Forte.

E, oh Deus, eu adoro isso. Meu corpo aperta e uma explosão de


prazer brilha através de mim. Ele cantarola de satisfação, sua língua
passando rapidamente pelo meu clitóris, torcendo o orgasmo para fora de
mim. Não consigo me controlar , meus quadris ondulam, esfregando
minha carne inchada contra sua boca. Normalmente, deixar me levar
assim me assustaria, mas de alguma forma, aqui com Micah, eu não estou
com medo. É ele quem manda, e estou bem com isso. Na verdade, eu
anseio por isso.

De repente, eu percebo que estive maluca. Micah está tirando sua


calça social e cueca boxer de uma só vez, apenas parando para puxar uma
camisinha do bolso.

274
Engulo, sem saber o que fazer comigo mesma. Meus olhos estão
loucamente arregalados, observando como seu pau se projeta para fora
de seu corpo, lindo, longo e grosso, com uma gota de umidade na
ponta. — Você carrega isso o tempo todo? — Pergunto, apontando para o
preservativo.

— Não necessariamente. Ainda bem que tinha um hoje, no


entanto. — Ele me dá outro sorrisinho enquanto rasga o pacote.

Estou nua. Ele está nu. O sangue corre em meus ouvidos. Eu tenho
que dizer algo. Porque com certeza, ele saberá. — Hum, Micah? — Minha
voz está rouca.

Ele rola a camisinha, se abaixando para mim, seu grande corpo


cobrindo o meu como um cobertor quente e pesado.

— Hum. Eu... — Como posso dizer isso? Ele me envolve em seus


braços e seus lábios deslizam pela minha garganta. Com um gemido, ele
leva meu mamilo em sua boca e minhas costas se arqueiam em
resposta. Seu pau está bem ali na minha abertura, a ponta cutucando seu
caminho. Não consigo me concentrar. Ele desliza para dentro
provavelmente menos de uma polegada e todo o ar sai correndo dos
meus pulmões. — Micah.

Ele chega entre nós, deslizando os dedos pelas minhas dobras lisas,
me provocando, depois esfregando círculos ao redor do meu clitóris. —
Mm, tão molhada pra caralho.

Eu gemo, incapaz de parar quando me toca assim. Oh Deus, é tão


bom.

275
Ele se pega em sua mão, arrastando a coroa de seu pênis pela
minha excitação. Pra cima. Pra baixo. Pra cima. Pra baixo. Ele desliza
parcialmente para dentro novamente.

— Micah! — Empurro seus ombros, minhas unhas cravando em


sua pele.

Isso chama sua atenção. Ele para o que está fazendo, me lançando
um olhar questionador. Sua testa franze. — Estou te machucando? Eu te
quero pra caralho, Daph. Eu preciso de você, porra.

Eu respiro fundo e olho para ele, vergonha correndo por mim. —


Eu nunca... O que estou tentando dizer é... Esta é a minha primeira vez.

Por um momento, o que acabei de revelar a ele não foi


registro. Ele mergulha os lábios perto da minha orelha, mordiscando meu
lóbulo e gemendo de prazer. No momento em que o atinge, ele fica
perfeitamente imóvel. — Espere o quê?

— Você é o meu primeiro. — Engulo e pisco para ele enquanto ele


recua, examinando minhas feições.

O olhar atordoado em seu rosto seria cômico se nós dois não


estivéssemos nus e eu não me sentisse tão exposta e envergonhada com a
minha admissão. Eu odeio sentir que isso é algo para se
envergonhar. Como se fosse a esquisita porque nunca fiz sexo.

Ele fecha os olhos pelo que parece pelo menos um minuto antes
de os abrir novamente, olhando para mim com curiosidade. — Mas eu
pensei...

276
— O quê? — Minhas bochechas esquentam até eu ter certeza de
que estão em um tom fantástico de vermelho.

Ele range os dentes. — Eu acho que pensei quando você teve


aquele orgasmo outro dia, e você disse que era o seu primeiro, que você
tinha ficado com um filho da puta na cama que não demorou muito com
você.

Ele abaixa a cabeça por um segundo, então a balança, olhando


para mim. — Nós não temos que fazer isso. Não se você não quiser. — Sua
mandíbula se contrai, todos os músculos de seu corpo rígidos.

Eu sussurro: — Você me quer, Micah?

Ele inclina a cabeça, os olhos semicerrados, como se estivesse


tentando decidir qual é a resposta certa. — Você sabe que quero. Eu
queria você desde aquele dia na sala de aula, quando você me deixou
brincar com seu mamilo. — Ele limpa a garganta e olha profundamente
nos meus olhos. — Eu acho que você me queria também.

— Meu corpo reagiu a você, sim. E ainda sinto aquela... Conexão.


— Coloco minha mão sobre seu coração. — Mas agora eu sinto que
conheço você de verdade. E eu gosto de você. Muito.

— Você confia em mim, Daph?

Eu aceno, nunca quebrando o contato visual. — Confio.

277
Capítulo 39

— Ok. — Ele abaixa a cabeça no meu peito, lambendo lentamente


sobre a minha clavícula e, em seguida, exalando. Seu hálito quente na
minha pele me faz estremecer de antecipação. Arrasta sua nuca sobre o
lado do meu seio antes de puxar meu mamilo em sua boca. A maneira
como sua língua gira sobre ele enquanto chupa me deixa tonta. Ele o solta
com um estalo e, ao passar para o outro seio, solta o ar: — Daph, farei
você se sentir tão bem. Eu prometo.

Micah atormenta meu outro seio ao mesmo tempo em que se


abaixa, deslizando um dedo dentro de mim. Ele adiciona pressão do
polegar ao meu clitóris, então um segundo dedo se junta ao primeiro. Sua
respiração é irregular enquanto seus lábios me exploram, abrindo uma
trilha sobre meu abdômen, mordiscando meu quadril, enquanto ele
trabalha seus dedos lentamente dentro e fora de mim. Eu suspiro com o
prazer que encontro em seu toque, meu corpo se contorcendo sob ele. Ele
se ajoelha, beijando uma coxa, depois a outra. Sou inundada por tantas
emoções que não consigo entender o que estou pensando, mas com
certeza sei que me sinto bem. Ele me faz sentir tão, tão bem.

Ele muda para trás na cama novamente, substituindo o polegar no


meu clitóris pela língua. Ele desliza sobre mim, circulando e girando
enquanto eu o vejo se deliciar em mim. Seus olhos são ferozes, ardendo
de luxúria.

278
— Oh Deus. Oh. Micah. — Meu corpo está tenso. — Eu quero você
dentro de mim.

Ele balança a cabeça, achatando a língua e passando sobre mim. —


Eu quero fazer você gozar de novo primeiro. Eu quero você desesperada
por mim. — Ele cobre meu sexo com sua boca, chupando, lambendo e me
arrebatando enquanto seus dedos continuam a trabalhar sua magia
dentro de mim. Muito lentamente, a tensão enrolada baixa em meu
abdômen se desdobra. Eu tremo, gritando seu nome enquanto meu corpo
encontra o nirvana mais uma vez.

Eu mal parei de pulsar quando Micah entra em mim. Ele se move


lentamente, centímetro a centímetro, se segurando para que possa ver
meu rosto. Passei de solta, consumida e contente a tensa em um piscar de
olhos. — Micah... — Minha respiração sibila fora de mim quando a
sensação de ser esticada além de qualquer coisa que eu já conheci me
oprime.

— Coloque suas pernas ao meu redor. — Ele murmura e eu coloco,


ele deslizando ainda mais para dentro.

Minha mandíbula trava e meus dedos agarram seus ombros


enquanto me preparo para o que quer que esteja por vir. Com a voz
trêmula, pergunto: — Você está totalmente dentro?

Ele dá um beijo na minha boca, uma pequena risada saindo de


seus lábios. Ele olha para baixo em nossos corpos. — Quase na metade.

Meus olhos se arregalam e meus calcanhares cavam em seu


traseiro. — Sério?

279
Ele acena com a cabeça, me beijando novamente, lentamente,
profundamente. — Tente relaxar. — Sua língua mergulha na minha boca,
e tenho certeza de que é para me distrair, porque a próxima coisa que eu
sei é que estou ardendo por ele, e o desejo é tão forte que inclino os
quadris para lhe dar melhor acesso. — Daph, você é apertada pra caralho.
— Ele geme enquanto se empurra todo para dentro.

Há uma queimadura crua e uma pontada de dor quando ele se


acomoda totalmente. Uma respiração irregular gagueja em meus
lábios. Honestamente eu não sei como ele se encaixa dentro de mim. Ele é
maior do que eu imaginava.

Ele beija minha testa. — Você está bem?

Eu aceno rápido. Muito rápido.

— Se estiver muito ruim, podemos parar. — Ele pega meu queixo


com os dedos, direcionando meu olhar para ele. — Respire.

Pisco algumas vezes, olhando para as profundezas ardentes de


seus olhos. Eu respiro fundo pelo nariz, solto em rajadas curtas pelos
meus lábios trêmulos. — Estou bem.

Ele cobre minha boca com a dele, me beijando sem sentido. Seus
beijos são tão entorpecentes que não noto a princípio quando ele começa
a se mover, mas logo, ele está bombeando suavemente seu pau para
dentro e para fora de mim. Uau. Estou fazendo sexo. Minha mente
gira. Não tenho ideia de como sei o que fazer, mas logo estou
encontrando Micah impulso por impulso e a dor quase acabou, sendo
substituída por algo próximo ao prazer.

280
— Porra. Eu não posso aguentar mais. Vou gozar. — Seus quadris
rolam enquanto ele se aproxima de seu clímax. Ele está olhando bem nos
meus olhos quando fica tenso, então estremece dentro de mim.

Alguns segundos depois, ele lentamente puxa e beija a ponta do


meu nariz. Sua voz é baixa. — Eu volto já. — Ele sai da cama e sai do meu
quarto, completamente nu.

Puta merda. Micah está andando pela minha casa sem roupas. E,
oh meu Deus, a vista é incrível. Não tive a chance de realmente apreciar
seu corpo antes, mas ele é lindo. Todo músculo esculpido e delicioso. Meu
corpo lateja e meus mamilos se contraem. O efeito que ele tem sobre mim
é pecaminoso. Ele acabou de tirar minha virgindade e... Eu estaria
totalmente pronta para fazer isso de novo.

Ouvindo a descarga do banheiro, eu me arrasto para debaixo das


cobertas para esperar por ele, ainda não estou pronta para sair nua. Eu
puxo o lençol até meu queixo.

Micah caminha de volta para o quarto, completamente confiante


com seu corpo - eu não estou com inveja - e tenho uma visão frontal
completa. Meus olhos se arregalam quando são atraídos para seu pau
parcialmente ereto. Puta merda. Isso estava dentro de mim.

Ele pega o telefone do bolso da calça, olhando a hora antes de


colocá-lo de volta na mesa, e desliza para baixo das cobertas, me puxando
para perto de seu lado. Eu descanso minha cabeça em seu peito, e quando
fico confortável, eu corro minha mão sobre seu abdômen, traçando
padrões distraídos sobre sua pele.

281
Seus lábios roçam o cabelo no topo da minha cabeça enquanto ele
sussurra: — Desculpe. Eu fiquei um pouco distraído. Eu tinha outra coisa
que queria te perguntar.

— Certo. Houve um primeiro, mas não deixamos você chegar ao


segundo.

— Daph, com quem você vai ao baile?

Ele está jogando com calma, mas tenho certeza de que já sabe. Eu
pressiono meus lábios. — Max. — Encolho os ombros. — Eu ia desistir até
à coisa toda da indicação da Rainha do baile. Tenho certeza de que ele
prefere ir com outra pessoa. O baile é ridículo. Como acabei sendo
nomeada de qualquer maneira? Tão idiota, — Eu digo suavemente.

— Não é, na verdade. Eu votaria em você sempre.

Eu bufo um pouco. — Eu acho que você tem que dizer isso.

— Eu não tenho que dizer nada. Você é sexy, inteligente e gentil. E


tão linda. — Ele estende a mão e tira uma mecha de cabelo dos meus
olhos.

— Micah, acabamos de fazer sexo. Isso é tudo que eu quis


dizer. Você está deitado na minha cama, me segurando. Você deveria
dizer que votaria em mim.

— Sim, nós fizemos. E sim, estou. — Ele faz uma pausa. — E ainda
quis dizer isso. Eu votaria em você, sem dúvida. — Ele passa a mão nas
minhas costas. — Se eu fosse gay, você ainda dançaria comigo, certo?

Eu levanto minha cabeça, olhando para ele. — Sim, claro. Você


está realmente bem comigo indo com Max?

282
— Absolutamente. Ele é seu amigo. E não quero fazer você passar
por mais nenhuma merda com Alora. Ela está ficando ridícula pra caralho.

Respiro fundo e solto com uma risada. — Certo. OK. Acho que vou
com Max e podemos fazer o que quisermos quando estivermos lá. Max
não vai se importar. Eu só preciso arranjar o vestido.

Ele franze a testa. — O que você quer dizer?

Eu deixo cair minha cabeça em seu peito novamente. — Meus pais


realmente não têm dinheiro para nada extra agora. Mas darei um jeito. Eu
ainda tenho alguns dias.

Seu peito sobe e desce continuamente sob minha bochecha. —


Posso perguntar mais uma coisa? — Ele se mexe um pouco, depois xinga,
percebendo que está na beira da cama.

Eu rio internamente, pensando em como é engraçado que nossa


primeira vez foi na minha minúscula cama de solteiro. Divertida, eu sorrio.

Ele limpa a garganta. — Se você não precisasse para suas


inscrições da faculdade, você teria me ensinado? — Ele hesita por alguns
segundos e eu me contorço, desconfortável com o que está
acontecendo. — O que quero dizer é que, outro dia, quando estávamos
falando sobre você ser minha Garota Espiritual, você mencionou a
necessidade de fazer isso, ao invés de querer. E sei que você foi meio
ferrada em dar aulas particulares, mas você fez isso de qualquer maneira,
mesmo que eles não estejam pagando para você fazer isso. — Ele passa a
mão por este cabelo. — Porra. Não sei se estou fazendo sentido.

283
Minhas sobrancelhas franzem e minhas bochechas ficam rosadas
quando encontro seu olhar. Eu não quero mentir para ele. — Eu admito
que pensei em sair dessa... No começo. Isso foi antes de eu precisar para a
inscrição...

— Você não tem que explicar. Eu queria dizer que sinto muito por
ter sido um idiota sobre isso no início. — Ele suspira, me segurando mais
perto. — Eu queria ter certeza de que você sabia que entendo agora quão
importante essas coisas são para você.

— Sim. Estou chegando lá. Eu... — Minha voz falha. — Consigo. —

Micah me puxa com mais segurança para ele. — Vai ficar tudo
bem. Você conseguirá a bolsa de estudo. Você é tão inteligente. Como não
poderiam lhe deram uma?

Eu assinto. — Isso nem sempre é suficiente.

— Bem, deveria ser. Como eu disse, você ficará bem. Você é


inteligente pra caralho.

Meus lábios escovam seu peitoral enquanto sussurro, — Micah, o


que aconteceria se não melhorássemos suas notas? Você acha que isso
significaria que perderia ofertas para jogar futebol em algum lugar?

Ele encolhe os ombros. — Não importa. Acho que escolheria uma


faculdade qualquer, se não estiver jogando bola. Tenho um fundo
fiduciário do meu avô. Ou talvez apenas diria foda-se. Não sei. Não discuti
isso com meus pais. Provavelmente os irritaria se eu fosse trabalhar em
uma garagem ou algo assim. Gosto de mexer em carros. Talvez eu peça

284
um emprego ao tio de Scarlett. — Ele limpa a garganta, inclinando a
cabeça como se estivesse considerando isso.

Eu me levanto no cotovelo, olhando em seus olhos. — Não que


haja algo de errado com isso, mas eu pensei que você amava futebol. Você
é tão talentoso. Você não quer jogar no nível universitário? Achei que esse
era o objetivo de lhe dar aulas particulares, ajudá-lo a fazer isso.

Ele suspira profundamente, mas não me responde.

É quando me ocorre. A ideia que começou a flutuar na periferia da


minha mente estava certa sobre o dinheiro. Eu me apoio no cotovelo,
olhando em seus olhos. — Diga se eu estiver errada. Tudo o que
você faz, festas selvagens, bagunçar suas notas, quase ser expulso
da equipe, tem sido uma forma de tentar fazer com que prestem atenção
em você. — Pisco algumas vezes e o cutuco. E sussurro: — Você está
testando-os. Provando a si mesmo que eles não se importam.

Ele respira fundo, seu olhar de aço se conectando ao meu. Ele está
com dor. E não sei como ninguém mais percebe.

— Micah... Eu só... Que porra é essa? Seus pais não veem o que
você está fazendo? Ou por quê? Eles não se importam nem um pouco?

— Eles não querem. Não importa o que eu faça, eles não


veem. Minhas notas podem cair, posso estragar tudo ou posso fazer tudo
certo. De qualquer maneira, não se importam. Não dão a mínima para
mim.

Oh garoto. Meu coração aperta no meu peito.

285
— Eu não quero falar sobre isso. — Ele me afasta dele, em seguida,
desce da cama, colocando um travesseiro sob a cabeça. — Venha aqui.

Minhas sobrancelhas se juntam antes que ele me agarre pela


cintura, me acomodando em seu rosto. Eu suspiro, olhando para ele entre
os joelhos. — Eu...

— Não fale mais. — Ele agarra minha bunda e me puxa para baixo,
forçando meus joelhos a deslizarem para fora até que minha boceta se
espalhe e paire apenas sobre sua boca. Uma onda de prazer me atinge
como uma onda enquanto ele respira, um estrondo soando em seu
peito. — Foda-se, sim. — Ele passa a língua em mim com movimentos
enlouquecedores ousados até que sou forçada a agarrar a cabeceira da
cama para me apoiar.

Meus membros doem, mas não posso negar.

Ele geme contra mim. — Eu amo comer sua boceta, porra. — Ele é
feroz na maneira como me devora, usando a língua, os lábios e até os
dentes para me fazer voar alto.

Não demora muito para que esteja à beira de novo, com o corpo
tremendo. — Porra, goze para mim, Daph, — Ele vocifera contra a minha
abertura antes de lançar sua língua dentro de mim.

Explosões cintilantes correm pelo meu corpo e tudo que posso


fazer é gemer. — Oh Deus. Micah. Micah…

Ele não quer mais falar. E estou basicamente bem com isso, pelo
menos por agora, enquanto sua boca em mim faz nós dois esquecermos
todo o resto.

286
Capítulo 40

Estou morta, morta pra caralho, com a maneira que ele está me
beijando. É como se estivesse fodendo minha boca com a língua. Bem
aqui, no meio do corredor entre as aulas. Porra. Minha. Boca. Ele vira e
pressiona minhas costas contra o armário atrás de mim.

— Cacete. Tem certeza de que não quer levá-la ao baile amanhã,


Grande Homem? — Max se inclina contra o armário ao lado de onde
Micah ainda tem sua língua pela metade na minha garganta. Eu dou um
tapinha no peito de Micah, e ele geme, se afastando de mim. Meu rosto
fica vermelho. Não tenho certeza se algum dia me acostumarei a beijar
Micah na escola. Desde que dormimos juntos na terça à tarde, ele tem
estado insaciável, colocando as mãos e a boca em mim sempre que pode.

Claro, o pior é que antes de fazer isso, percebi que sempre dá uma
olhada em volta para ver quem está por perto. Meu palpite é que não
quer fazer isso na frente de Alora, mas seja para poupar os sentimentos
dela ou para me proteger, não tenho cem por cento de
certeza. Honestamente, não tenho certeza de tudo, exceto da capacidade
de Micah de me fazer perder a maldita cabeça no meio do
corredor. Nunca me senti assim por ninguém. Nunca.

Eu balanço minha cabeça, carrancuda para Max. — Eu pensei que


tínhamos decidido ir juntos? Não abandonarei você dois dias antes.

— Bem, claro, mas... — Ele encontra o olhar de Micah atrás de


mim.

287
Micah puxa meu corpo para mais perto dele, seu queixo
descansando no topo da minha cabeça. — Eu não gostaria de roubar seu
par, Max. É legal. Mas ela prometeu dançar comigo. — Ele limpa a
garganta. — Eu quase esqueci. — Ele me solta e se vira para seu
armário. Ele gira o botão e, assim que o abre, tira uma camisa dobrada da
prateleira. — O Treinador convocou um longo treino extra esta noite,
então as aulas particulares estão suspensas, mas...

Eu franzo a testa, notando o olhar estranho em seu rosto. — O


quê? O que é?

Max olha maravilhado, como se fôssemos personagens de seu


novo reality show favorito.

— Amanhã é o Dia Espiritual.

Meus olhos fazem aquela coisa estranha de vaivém enquanto


tento descobrir o que ele quer dizer.

— Percebi que você ainda não se arrumou para a Semana Espírita.


— Ele pressiona a camisa em minhas mãos. — Mas esperava que você
usasse isso amanhã.

— Oh. — Ergo minhas sobrancelhas.

— Significaria muito para mim.

Um sussurro de um sorriso aparece em meus lábios. —


OK. Obrigada. — Minha voz falha antes que eu possa dizer qualquer outra
coisa.

Micah estampa um beijo em meus lábios. — Eu tenho que ir para a


sala de estudos. Você usará?

288
Eu aceno, trazendo até ao meu rosto e inalando. Tem o cheiro
dele.

Enquanto ele caminha para trás, com os olhos ainda em mim,


Micah diz: — Há algo preso por dentro. Certifique-se de olhar.

***

Só quando estou em frente a Scarlett em nossa mesa na sala de


arte, a vendo começar sua argila, é que percebo o que Micah estava se
referindo, na verdade, um envelope afixado na etiqueta.

— Qual é o problema? Micah quer que você vista a camisa dele? —


Ela mal faz uma pausa. — Xander me deu uma dele também. Será como se
estivéssemos fazendo o dia dos gêmeos, com apenas alguns dias de
atraso.

Eu aceno em resposta, mas me concentro no envelope na minha


frente. Olhando por cima do ombro, vejo a Sra. Simpson ajudando Kira
Thompson, cuja argila parece plana como uma panqueca, em vez de como
deveria. — Puxe para cima e para trás, depois empurre para a frente e
para baixo. Continue fazendo isso. Opa, não, não gosto disso. Aqui, me
deixe mostrar.

Com nossa professora claramente ocupada, abro a aba e tiro o


bilhete dobrado. Normalmente não sou do tipo que ignora minha tarefa,
mas saber que este envelope estava lá esperando por mim é muito

289
tentador. É muito grosso. Quando o desdobro, há várias notas de cem
dólares novinhas em folha dentro. Cinco delas, para ser exato.

Eu fico toda quente, como quando estou prestes a ter um ataque


de pânico, e minhas mãos tremem.

Meus olhos voam para Scarlett a tempo de ver seus lábios se


separarem. Ela expira, — Uau. Quanto tem aí?

— Hum. — Engulo em seco, olhando para a nota. Eu baixo minha


voz. — São quinhentos dólares.

Os lindos olhos azuis de Scarlett se arregalam e depois


suavizam. — Oh meu Deus. Diga que não.

Mas acho que sim, eu sei que sim, antes mesmo de ler o bilhete.

Daph,

Você será a garota mais linda do baile, não importa o que


aconteça, mas não quero que você se estresse com o custo disso. Use para
comprar o que achar necessário para tornar a noite especial para você.

Foi por isso que menti e disse que não poderia ter aulas
particulares hoje. Pegue Scarlett depois que seu treino acabar e vá fazer
compras.

Micah

— Se você acha que ele pretende pagar pelo meu vestido de baile,
isso seria um sim.

290
— E você vai aceitar isso? — Ela levanta uma sobrancelha.

— Você me conhece muito bem depois de alguns meses, não é?

— Conheço. — Ela pausa o amassar que está fazendo para


remover as bolhas de sua argila e coloca o caroço na mesa. — E sei que
provavelmente come o seu orgulho aceitar isso. Mas com a maneira como
esses Rosas esnobes agem, você não quer aparecer parecendo nada
menos do que perfeita. Se ajudar, Xander insistiu em pagar pelo
meu. Também me ajudou a escolher. — Seus olhos brilham.

— O que é esse olhar?

— Podemos ter nos divertido um pouco no provador. E quase fui


expulsa.

Eu cubro minha boca com a mão. — Oh meu Deus. Você fode o


tempo todo? — Minha voz fica mais baixa. Eu olho ao redor, esperando
que ninguém me ouça.

Ela encolhe os ombros com um sorriso. — Nós nos divertimos um


com o outro. — Ela pega seu pedaço de argila e dá um tapinha nele
enquanto balança as sobrancelhas para mim. — Muita diversão às vezes.

Eu mordo meu lábio, pensando em Micah ocupando a maior parte


da minha pequena cama de solteiro enquanto tínhamos ficado ali nus
juntos e de repente, me sinto muito quente. Em um esforço para me
distrair da linha de pensamento, digo: — Bem, você e eu não nos
divertiremos tanto juntas, mas você ainda irá comigo? Preciso de uma
parceira de compras para não sair com algo horrível.

— Sim. Encontro você no River Rock Plaza às seis?

291
— Esteja preparada.

292
Capítulo 41

Estou totalmente feliz por ter feito planos para cumprir minhas
obrigações de Garota Espiritual ontem depois da escola, enquanto
esperava por Scarlett antes de nossa viagem de compras. De jeito nenhum
eu teria tempo de chegar à escola cedo esta manhã. Eu passei muito
tempo no chuveiro, correndo minhas mãos pelo meu corpo e imaginando
o que Micah vê e sente quando ele me toca. E não sou tão boa em me
safar quanto ele, então fiquei sob o jato do chuveiro por um longo, longo
tempo, fingindo que os dedos em meu clitóris eram dele. Minhas pernas
ficaram tão fracas que estou surpresa por ter permanecido de pé quando
minha liberação me atingiu. E, puta merda,minha mãe bateu na porta
quando estava voltando a mim mesma e perguntou com uma voz
cautelosa se eu estava bem ou tendo algum tipo de problema. Não
percebi por vários minutos depois que eu assegurei a ela que estava bem,
que provavelmente eu estava gemendo bem alto.

Oopa.

Depois do banho esta manhã e da minha bem-sucedida viagem de


compras ontem com Scarlett, estou me sentindo muito bem. Consegui
encontrar um lindo vestido verde que não só parecia certo quando eu o
colocava, mas tenho certeza que Micah vai gostar também.

Ainda me incomoda um pouco que usei o dinheiro dele, mas assim


que tive algum tempo para pensar sobre isso, soube que Scarlett estava
certa. Se fosse aparecer com refugo do brechó, todo mundo iria

293
notar. Não. Não posso fazer. Minha mãe pareceu aliviada quando eu disse
a ela que consegui encontrar algo para vestir, acho que ela presume que
peguei emprestado.

Amanhã à noite, farei minha melhor personificação de uma Rosa e


espero conseguir fazer isso, passando assim despercebida.

Eu puxo meu cabelo comprido em um rabo de cavalo, seguro o


elástico e me dou uma olhada no espelho. Eu coloquei um par de jeans
skinny e um top. Puxando a camisa de Micah sobre a minha cabeça, eu
sorrio, embora esteja absolutamente me afogando nela. É como um
vestido em mim. Mas é de Micah. Número doze.

No último segundo, pego um tubo de brilho labial e aliso sobre os


lábios. Lá. Eu respiro fundo e me acalmo. Preparada.

Desço as escadas toda enfeitada para o Dia Espiritual. Meus pais


não têm ideia que estou usando a camisa de Micah hoje, e se soubessem
o que tenho feito com ele, morreriam na hora.

A cozinha cheira a muffins de mirtilo frescos, e encontro papai


sentado à mesa, muffin em uma das mãos e o telefone na outra. Quando
ele põe os olhos em mim, suas sobrancelhas avançam em direção ao
couro cabeludo. — O que é isso? — Ele limpa a garganta e se senta um
pouco, examinando minha roupa.

— O que é o quê? — Mamãe entra na sala, surpresa iluminando


seus olhos. — Oh, uau.

— Não é nada. Apenas uma camisa. É o Dia Espiritual.

294
Ela ri. — 'Apenas uma camisa.' Eu não estou acreditando
nisso. Quem é o número doze?

Meus pais provavelmente não estão cientes de como meu rosto


fica quando minto, porque Daphne não faz isso, então provavelmente
poderia me safar de mentiras, exceto pelo grande ROBERTSON em negrito
estampado em meus ombros nas costas de a camisa. — Micah.

Papai pigarreia. — Esse é o garoto que estava aqui naquele dia em


que você teve que lavar seu carro.

Eu confirmo, — Sim, — Estalando o m para dar ênfase.

Em vez de me perguntar, seu olhar desliza para mamãe. — O que


significa quando uma menina veste uma camisa de futebol de menino?

— Normalmente, isso significa que eles estão namorando. — Ela


franze a testa. — Achei que você fosse ao baile de boas-vindas com Max.
— Sai mais como uma pergunta.

Papai resmunga baixinho. — Por favor, que seja Max.

— Eu estou indo com Max. — mastigo o interior da minha


bochecha por alguns segundos antes de finalmente deixar escapar: — Mas
Micah me pediu para vestir a camisa dele, então eu vou.

Mamãe inclina a cabeça. — Oh, ok, então. É bom apoiar os


jogadores.

— Isso foi o que eu ouvi. — Empurro meu polegar por cima do


ombro. — Eu tenho que ir.

Papai me passa uma banana, sua voz estrondosa. — Coma alguma


coisa, sim?

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Eu dou a ele um encolher de ombros. — Sim. Obrigada.

Deslizando para o banco do motorista do meu carro, jogo minha


bolsa e a banana no banco do passageiro antes de decolar. Estou com os
nervos à flor da pele até Rosehaven. Eu murmuro baixinho. —
Comer? Como diabos posso comer? — Estou prestes a entrar na
academia, reivindicada por Micah e sua camisa gigante, para todos verem.

Quando chego ao estacionamento, agarro a gola e a puxo embaixo


do nariz, inalando. Definitivamente ainda cheira como ele, meio picante,
cítrico e viril ao mesmo tempo. Eu solto o tecido e solto todo o meu fôlego
em um sopro. Inalando. Deixando sair. Estou calma. Tudo está
bem. Acabei de entrar na escola com a camisa de Micah. Nada
demais. Meu coração não está acelerado, está indo em uma velocidade
alucinante. Logo eu não estarei na mesma galáxia, quanto mais na mesma
escola, então não importa o que estou vestindo. É assim que parece, de
qualquer maneira. Eu pressiono minha palma sobre meu coração,
desejando que ele diminua a velocidade. Não tive essa sorte. Ele
desaparece sem mim.

***

Encontro Scarlett, Max, Xander, Beau e Micah todos fora da sala de


aula da Sra. Harden mais uma vez, saindo antes do primeiro período
começar. Colocando meu lábio inferior entre os dentes, eu me aproximo
silenciosamente. Os olhos de Micah se iluminam quando me vê, e franzo o
nariz, envergonhada.

296
— Bela camisa, Doçura! — Beau ergue o punho para dar um
solavanco, e cruzo a distância até ele para devolver, embora me sinta uma
grande idiota fazendo isso. Scarlett me puxa para perto dela. Ela está
usando a camisa de Xander, mas também tem o número dele escrito em
sua bochecha. Ela segura um lápis rechonchudo de algum tipo. — Você
quer?

Atrás de mim, a voz de Micah range, — Faça isso. — Ele coloca as


mãos nos meus quadris e todos olham enquanto Scarlett rabisca # 12 na
minha bochecha. Estou tentando tanto não sorrir, estou com medo de
parecer louca. Porque isso é divertido. E nunca vi isso por mim mesma em
um milhão de anos. Que realmente gostaria de algo assim, que me
encaixaria com um grupo de meus colegas de alguma forma diferente de
usar um uniforme.

Max sorri largamente enquanto olha para mim e depois para


Micah. — Vocês ficam muito bem juntos. Vou perguntar mais uma vez...

Levanto minha mão. — Não, você não está. Eu estou indo com
você. Já está tudo pronto.

— Bem, bem. — Ele encolhe os ombros. O sinal de alerta de cinco


minutos toca, e os alunos começam a se apressar pelo corredor.

Xander, Scarlett, Max e Beau se afastam e entram na aula de


inglês, mas Micah parece relutante em me deixar ir. Eu procuro suas
feições. Tenho uma sensação estranha no fundo do meu estômago. —
Algo está errado? — Ele aperta os lábios, olhando para mim enquanto
segura minha bochecha. — Nah. Apenas dia de jogo BS. — Ele olha pelo

297
corredor para os alunos restantes antes de abaixar o rosto para o meu,
pegando meus lábios em um beijo lascivo.

Sou imediatamente sugada para dentro dele, e minha visão se


desintegra. Tudo o que vejo é ele. Com cada golpe perverso de sua língua,
ele toma um pequeno pedaço do meu coração. Quando ele se afasta, um
som que soa muito como um gemido me escapa.

Eu levo esse sentimento selvagem e livre comigo enquanto nos


separamos. Não posso deixar de pensar que talvez isso realmente
funcione entre nós, se formos capazes de dar uma chance.

O resto do dia passa como um borrão. Houve alguns sussurros


entre os outros adolescentes na minha classe AP Calc quando votamos
para Rei e Rainha do baile, mas ignorei com sucesso. E votei em Scarlett, o
que deixou meu coração feliz.

A única coisa que me fez pensar foi quando notei Alora usando a
camisa de Shayne. Foi uma fração de segundo, não mais do que isso,
e decidi que não era algo com que me preocupar. Se ela está usando a
camisa dele, talvez estejamos realmente livres de problemas.

Talvez ele a leve ao baile amanhã à noite.

Talvez ela esteja pronta para aceitar que Micah


mudou comigo. Talvez as coisas estejam finalmente se acalmando.

298
Capítulo 42

Eu já deveria saber. A vida nunca é tão fácil, e as pessoas,


especialmente alguém como Alora, não são confiáveis.

Max, Scarlett e eu decidimos pular a fanfarra do desfile do baile


depois da escola e, em vez disso, optamos pela entrega de pizza na casa
de Max. Eu peguei a minha, mais nervosa do que com fome, enquanto
assistia Max e Scarlett engolir a deles. Quando finalmente aparecemos no
jogo, a multidão está louca e meio fora de controle. Estou surpresa com a
quantidade de pessoas que compareceram a este jogo em comparação
com o que participei na semana passada. Então, novamente, acho que é o
jogo do baile, e só porque optei por não ser sugada no passado, não
significa que isso não seja completamente normal.

Enquanto observo as pessoas nas arquibancadas, alguém joga uma


bola de praia no ar. É quase mais divertido assistir a bola caindo na cabeça
de pessoas alheias do que assistir ao jogo. Dou uma risadinha, observando
o caos da multidão por mais alguns segundos antes de mudar meu foco
para o campo.

Sempre fui uma observadora de pessoas. O que mais há para fazer


quando você está do lado de fora, olhando para dentro? A pessoa comum
é interessante o suficiente para assistir, mas os jogadores de futebol são
uma fera totalmente diferente, especialmente para mim por causa de
minhas experiências anteriores com eles. Muitos deles são Rosas com
dinheiro, posição social e esse poder ridículo que a maioria dos outros

299
não tem, bem, eles são definitivamente diferentes de Espinhos. Eu sei que
existem aqueles que pensam que estão tão acima do resto de nós que
podem se safar com qualquer coisa. E pode ser muito difícil dizer qual é
qual pela observação casual.

Meus pensamentos se voltam para o jogo onde o ataque acabou


de entrar em campo, então Xander e Micah estão ambos lá fora. Scarlett
agarra minha mão e corre para um local próximo à cerca de onde teremos
uma visão melhor para assistir o jogo. Ainda não tenho ideia de como eles
sabem onde se alinhar ou quais jogadas fazem ou mesmo como se
lembram de todas, mas tenho que admitir, gosto de assistir Micah de
uniforme. Ele é sexy como o inferno.

— Oh merda, você olharia para isso? — A voz de Alora irrita meus


nervos enquanto ela, Farrah e Danica se aproximam do outro lado da
cerca, onde as líderes de torcida se reuniram. Parece que ela está
arrancando a pele das minhas costas com cada palavra. Ela mantém
distância, e juro que ela tem que falar alto para que todos por perto
ouçam. — Olhe como você nada com a camisa de Micah, Duplo D. Talvez
um dia você crie alguns peitos e os preencha com ele. Ele sempre gostou
mais do que um punhado.

Aquela vadia pisca para mim, e me controlo para não estender a


mão e cutucá-la no olho.

Do lado de Alora, Farrah bufa alto e Danica morde o lábio,


observando minha reação, que, não vou negar, deve estar beirando a
assassina. Estou fumegando com a obviedade de sua crueldade. Bem

300
quando acho que estou no controle das coisas, ela aparece de novo e me
ataca.

— Cale a boca, Alora. Estou avisando, — Max se encaixa.

Eu olho por cima do ombro para suas palavras afiadas. Não tinha
percebido que Max tinha nos seguido até aqui, mas de repente estou
muito feliz que ele veio.

— Tanto faz. — Ela se vira para mim. — Divirta-se no baile de


amanhã com seu namorado gay pra caralho, Daphne.

Scarlett avança em direção à cerca, mas Max agarra seu ombro em


advertência. — Não faça isso. Ela não vale a pena.

Estou vendo através de uma névoa vermelha e raivosa, mas faço


todos os esforços para me controlar. — Obrigada. Ele é mais divertido do
que a maioria dos caras que conheço. Definitivamente melhor do que
aquele idiota do Shayne cuja camisa você estava usando hoje. Belo
encontro.

Ela pisca para mim. — Por que você não me deixa ser o juiz
do meu encontro. Eu deixarei você saber como foi. Ouvi dizer que ele
também gosta de você.

Um arrepio rola por mim enquanto ela e as outras vadias da


torcida voltam para seu lugar na frente das arquibancadas para a multidão
enquanto o jogo avança.

— Desculpem, pessoal. Não consigo sair de sua mira.

301
Max revira os olhos. — Amanhã é o Boas-Vindas e ela não vai
conseguir o que quer. Qual a melhor razão que ela precisa para ser um pé
no saco?

— Sim. Esse shortinho sob sua saia de torcida com certeza. —


Scarlett me olha de lado e depois começa a rir. — Sinto muito. Eu não
posso deixar de rir de como ela está desesperada ultimamente.

— Você realmente acha que é tudo... Falsa confiança? — Mordisco


meu lábio.

Max sorri. — Sem dúvida. Foi negado o que ela quer, então está
tentando fazer você pensar que está bem com isso. Se você acha que
a pseudo-calma dos últimos dias era o novo normal, receio que esteja
enganada. O baile de boas-vindas deve ser um espetáculo do caralho.

Todos nós olhamos para onde as líderes de torcida correram pelo


campo, agitando seus pompons em uma tentativa de energizar a
multidão. Os olhos de Alora procuram Micah, que não está olhando para
ela porque está olhando por cima do ombro em nossa direção. Eu levanto
minha mão para acenar, mas assim que o faço, ele gira de volta para o
campo.

No intervalo, Rosehaven lidera o River Rock 14-3, e a banda


marcial acaba de entrar em campo para sua apresentação. Eu puxo meu
telefone do bolso quando o sinto vibrar. O aceno que Micah me deu
enquanto o time corria de volta para o vestiário parecia um pouco sem
brilho e quando verifico minhas mensagens, eu entendo o porquê.

302
Sonho molhado da Daph: Não estou me sentindo tão bem, então
não acho que vou festejar esta noite.

Eu: O que há de errado?

Sonho molhado da Daph: Eu simplesmente me sinto mal. O


estômago não está bem ou algo assim.

Eu: Uh-oh.

Eu: Você jogou muito bem esta noite, aliás.

Sonho molhado da Daph: Espero poder aguentar e terminar.

Sonho molhado da Daph: Você se importa se eu te encontrar no


baile?

Eu: De jeito nenhum. Descanse um pouco. Me mande mensagem


mais tarde?

Sonho molhado da Daph: Claro.

303
Capítulo 43

Mas ele não envia um texto após o jogo. E, ridiculamente, isso me


incomoda tanto que não consigo me concentrar no livro que estou lendo
e, finalmente, o jogo de lado. Não quero ser aquela garota, então não
mando mensagem para ele como quero, também.

Quando ele ainda está em silêncio na manhã de sábado, eu crio


coragem para ligar para ele, mas vai direto para o correio de voz.

A realidade é que Micah é um menino crescido e provavelmente


pode cuidar de si mesmo, mas suas palavras no outro dia continuam
voltando para mim, ninguém se importa, não importa o que
faça. Finalmente incapaz de me impedir, escrevo algumas mensagens
rápidas para ele.

Eu: Micah? Você está bem?

Eu: Você ainda está doente?

Depois de cinco minutos agonizantes, os pontos sinalizando que


ele está digitando começam a pular para cima e para baixo.

Sonho molhado da Daph: Estou bem. Devo ter comido algo

estragado.

304
Aguardo alguns minutos, esperando que ele elabore ou diga algo
sobre nos encontrarmos esta noite, mas não há nada. Devo estar na
escola para decorar, então coloco meu telefone no bolso e espero que não
esteja se sentindo exatamente como ele mesmo. Se não aparecer no baile
esta noite, ficarei triste, mas prefiro que fique em casa se não estiver com
vontade. Não é como se eu fosse oficialmente namorada dele, e não é
como se estivéssemos indo ao baile juntos. Ainda assim, eu esperava vê-lo
lá, para que pudesse ver o lindo vestido que comprei graças a ele.

Meu coração afunda um pouco. Realmente espero que esteja


bem. Eu me lembro da maneira como ele me segurou enquanto Scarlett
pintava o número dele no meu rosto... Eu me sentia segura. Amada?

Estou pensando demais nisso? Porcaria. Provavelmente. E agora


me sinto egoísta por estar pensando em mim em vez dele. Isso é
exatamente o que as garotas que não têm experiência em namoro fazem
a si mesmas. É aqui que todo o drama dos relacionamentos do colégio se
desenvolvem. Eu vejo agora. Deus, me escute tentando
me psicanalisar para me sentir melhor.

No final, tudo que posso fazer é torcer para que ele esteja bem e
tentar me concentrar em terminar meu compromisso com o comitê do
baile. Isso me anima. Graças a Deus essa merda está quase acabando.

***

305
Acabei de pendurar um número insano de estrelas no teto do
refeitório, que na verdade foi transformado em algo bastante bonito,
quando meu telefone toca. Vendo que é Scarlett, passo meu polegar
sobre a tela e atendo. — Ei. E aí?

— Você parece sem fôlego.

— Bem, eu tenho subido e descido esta escada decorando para o


baile por horas agora. Terminei há cerca de um minuto.

— Oh bom. Pequena mudança de planos. Você pode me encontrar


na minha casa mais tarde? Xander e Max têm uma surpresa para nós.

Minhas sobrancelhas levantam. — Oh sim?

— Sim, e tia Liz disse para dizer a sua mãe para não se preocupar,
ela vai compartilhar fotos. Se estiver tudo bem, quero dizer. Se ela
realmente quiser vir e tirar fotos, ela pode.

— Na verdade, eles estão presos na livraria porque tiveram que


deixar seu caixa sair.

— Ai.

— Sim. De qualquer forma, me vestirei e irei. A que horas você me


quer lá?

— Seis, então posso fazer sua maquiagem para você.

Aperto meus olhos fechados. — Mesmo?

— Claro que sim. Faremos algo para realçar esses seus olhos
verdes. Vou te transformar em um show de fumaça. Como iss soa?

Eu gemo um pouco ao telefone. — Bom, eu acho.

306
— Vamos, garota. Você sabe que quer ter uma boa aparência. Não
apenas para Micah, também.

— Você tem razão. Eu quero. — Solto um suspiro. Não digo isso


em voz alta, mas não quero dar a ninguém a oportunidade de dizer nada
sobre mim. Eu quero que esta noite seja perfeita.

***

Sentada no quarto de Scarlett em sua cadeira algumas horas


depois, resisto à vontade de me olhar no espelho. Acontece que, embora
ela não use uma tonelada de maquiagem no dia a dia, ela é muito adepta
da aplicação.

— Quase pronta. Eu quero colocar outra camada de rímel.

— Mesmo?

— Confie em Scarlett. — Ela mexe as sobrancelhas e aponta um


pincel de blush para mim. — Você está linda, essa cor é tão natural em
suas bochechas que parece que você apenas... Você sabe. — Ela me dá um
sorriso brincalhão.

— Como eu…?

— Eles também podem chamar essa cor de Orgasm Flush ou algo


parecido.

307
— Oh. — Meus olhos se arregalam e um rubor real invade minhas
bochechas. Limpo minhas mãos suadas nos babados fofos da saia do meu
vestido.

Ela para, pousando o pincel de maquiagem. — Daphne... — Ela


afunda os dentes no lábio enquanto me olha. — Você e Micah...?

Encontro seu olhar firme e minha frequência cardíaca acelera. Ela


inclina a cabeça para o lado, seus olhos ficando grandes.

— Sim, — Eu deixo escapar, em seguida, engulo em seco, fechando


os olhos com força.

— Oh, uau. — Seu choque com a minha explosão é claro quando


olho para ela com um olho. — Essa foi a sua primeira vez?

Em seu tom gentil, eu aceno, abrindo os dois olhos.

Ela dá um tapinha no meu joelho e vem para mim com a varinha


de rímel novamente. Depois de alguns golpes, ela pergunta baixinho: —
Foi bom?

— Quero dizer, sim. Doeu um pouco, mas foi... — Expiro com os


lábios franzidos. — Foi incrível. Aconteceu na terça.

— Isso é bom. Quer dizer, eu não esperaria nada menos de alguém


como Micah, considerando que ele esteve com...

Ela suga uma respiração afiada. — Eu não deveria ter dito nada.

— Tudo bem. Eu sabia no que estava me metendo com ele. —


Pressiono meus lábios. — Mas não consegui me conter. E estávamos bem
no início, melhor do que bem, na verdade, mas... — Levanto minhas

308
mãos. — Acho que estou apenas frustrada por não poder ir com ele esta
noite. — Aperto meu lábio entre os dentes. — Não diga a Max.

Ela acena com a mão. — Não é como se Max não conhecesse o


negócio. — Com uma risada, ela dá um passo para trás para examinar seu
trabalho na minha maquiagem, apertando os olhos enquanto ela olha
para mim de ângulos diferentes. — E não há nenhuma maneira de Micah
não gostar do que verá esta noite. Talvez este seja o ponto de viragem.

— O que você quer dizer?

— Como quando o grandalhão decide criar algumas bolas e


mandar Alora se foder, de uma vez por todas.

— Suas bolas estão bem.

Scarlett engasga, rindo. — Cuidado, ou eu lhe darei um novo


apelido.

Eu levanto minhas sobrancelhas, brincando. — Desembucha.

— Danadinha, Daphne Danadinha.

Nós nos dissolvemos em gargalhadas assim que a campainha toca,


nos interrompendo. Trocamos um olhar animado.

— Sapato. — Scarlett me ajuda a calçar um par de saltos de tiras e


a prendê-los. — Você está maravilhosa demais.

Eu sorrio para ela, me levantando da cadeira. — Você


também. Obrigada. — Lá embaixo, ouvimos a porta abrir e o tio de
Scarlett cumprimenta os caras. Ele nos chama do fundo da escada. —
Garotas? Max e Xander estão aqui.

309
Scarlett desce correndo as escadas e vai direto para os braços de
Xander. Ele a segura perto, então pega suas mãos, a fazendo dar um passo
para trás, os olhos vagando por ela. — Você está linda, Red. — Ele acena
com a cabeça em aprovação enquanto ela a solta e se vira para ele. Ele
desliza a ponta do polegar sobre o lábio inferior. — Seriamente gostosa.
— Ele olha para cima para encontrar seu tio olhando carrancudo para
ele. — Desculpe, senhor. Sua sobrinha está linda.

E ela está. Ela escolheu um vestido azul cobalto que mostra suas
curvas e faz seus olhos saltarem. Eu posso dizer pelo olhar quente e
faminto nos olhos de Xander que eles vão se divertir muito esta noite.

Meus olhos mudam para Max enquanto ele incha o peito, posando
para mim. — O que você acha? Seu encontro está à altura?

Eu sorrio. — Sempre.

— Graças a Deus, porque eu estava meio com medo de não fazer


isso quando coloquei os olhos em você. Você parece estelar demais,
querida. — Ele me envolve em um abraço, colocando sua cabeça perto da
minha orelha. Ele sussurra: — Micah vai perder a porra da cabeça. Você
está prestes a dar a ele material suficiente para mantê-lo sob controle
pelos próximos vinte anos.

Eu empurro minha cabeça para trás, rindo. — Max! Juro por Deus,
as coisas que saem dessa boca.

Ele passa os dentes pelo lábio inferior, sorrindo. — Você chama de


filtro nenhum. Eu chamo isso de verdade. E você sempre pode contar
comigo para isso.

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— Eu sei. E agradeço.

A tia de Scarlett aparece não apenas com seu telefone, mas


também com uma câmera sofisticada com todos os sinos e apitos, e ela
declara que precisa fazer todas as poses certas. Nós cedemos, a deixando
tirar quantas fotos quiser de cada um de nós individualmente, ambos os
casais, apenas as meninas, apenas os rapazes e todos juntos. Estamos nos
divertindo muito com ela, o que nunca teria sonhado que pudesse estar,
mas aí está. Meu único arrependimento é que não terei fotos com Micah,
a menos que tiremos algumas no baile. Meu coração doeu um pouco com
esse pensamento, e depois apertou com mais força. Eu puxo meu telefone
do bolso super legal escondido dentro dos babados da minha saia e
mando uma mensagem rápida para ele.

Eu: Te vejo em breve? Estamos saindo da Scarlett agora.

Expiro com dificuldade depois de alguns segundos. Nada. Ele deve


estar se preparando.

— Ei, você está bem?

— Mm-hmm. Estava apenas enviando uma mensagem de texto


para Micah.

Max franze as sobrancelhas. — Oh sim? Você quer que eu envie


uma foto sua para ele?

Eu balanço minha cabeça rapidamente. — Não.

— Por que não?

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— Não sei.

Ele me cutuca. — Com certeza.

— Quieto. Estou nervosa. Isso não parece comigo.

— Daph. Você tem o direito de sentir como quer, mas você está
fantástica, então não se preocupe. Você disse que ele queria ir para a pista
de dança com você, certo? — Max faz alguns pequenos movimentos de
dança para me fazer rir, o que eu faço.

— Sim. Sim, ele disse. — Coloco um sorriso brilhante no rosto e


decido fazer o melhor das coisas. Esta será uma grande noite.

Depois que a tia Liz de Scarlett tira tantas fotos com flash, estou
convencida de que verei luzes nos próximos três dias, saímos para
encontrar Xander e Max que alugaram uma limusine para nós. Mais fotos
são tiradas e, finalmente, é hora de ir. Scarlett e eu entramos, seguidas
por Max e Xander.

A conversa é animada e antes que perceba, chegamos. Quando


chegamos, descobrimos que não somos os únicos com uma limusine. Na
verdade, são tantas limusines que não sei como vamos encontrar a nossa
no final da noite. Apenas mais um daqueles problemas da elite como o
inferno das Rosa, eu suponho.

Quando Max e eu entramos no refeitório pelas largas portas


duplas, sorrio para mim mesma. Todo o trabalho árduo do comitê valeu a
pena. É impressionante, ainda mais bonito esta noite do que quando eu
parti esta tarde. As luzes cintilantes espalhadas pela sala banham o espaço

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com uma luz suave. É mágico. É um sonho. Por que sempre pensei que
assistir a um baile como este seria chato não há explicação.

Max coloca a mão na parte inferior das minhas costas enquanto


fazemos um lento circuito na sala. — Isso é lindo. Como vocês fizeram
isso? — Ele aponta para o tecido ondulado que foi pendurado no teto e
nas paredes para transformar completamente o lugar onde almoçamos
quase todos os dias em algo saído de um conto de fadas.

Dou de ombros com um sorriso. — Foi muito fácil, na verdade. Há


uma engenhoca de lustre no centro e ímãs e todo esse tecido drapeado e
ganchos e... — Eu rio. — Não é realmente difícil de configurar, é apenas
difícil explicar como o fizemos.

Max ri atirando para mim sua melhor cara de louco. — Não quero
mais saber como foi feito. É bom, no entanto. Bem feito.

Por mais de uma hora, passamos um tempo com Scarlett e Xander


nas mesas de petiscos e depois na pista de dança. Não sou uma grande
dançarina, mas Max pode se mexer, então todos olham para ele em vez
de mim, o que me cai bem. Na verdade, Max é o par perfeito para uma
garota como eu. Ele me mantém entretida e feliz.

A única pessoa com quem ficaria mais feliz é Micah, mas ele está
longe de ser visto. Meus olhos vagam pela sala. Quando vejo Xander e
Scarlett ao lado da pista de dança fazendo uma pausa, puxo a manga de
Max e aponto. Nós vamos nos juntar a eles.

— Se divertindo? — Xander examina a multidão atrás de nós antes


de olhar para mim em busca de minha resposta.

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— Sim. Só estava me perguntando se você sabia onde Micah está.

Ele balança a cabeça com pesar. — Eu gostaria de saber. Ele me


dispensou quando perguntei se queria entrar na limusine conosco. Disse
que já estava fazendo algo com Beau.

Eu franzo a testa, observando Beau do outro lado da pista de


dança, tentando o seu melhor para tocar alguma música de Miley Cyrus
tocando nos alto-falantes. — Mas ele também não está com Beau.

Xander acena com a cabeça, me lançando um olhar


desconfortável. — Eu sei.

Uma sensação de afundamento me atinge bem no estômago e,


tentando me fortalecer, olho Xander nos olhos. — Você sabe de algo que
não está me dizendo?

Quando Xander olha para seus pés, Max envolve um braço em


volta das minhas costas. — Olha, Xander, nós deixamos você no
meio. Mas onde diabos está o seu amigo?

Scarlett pisca para Xander enquanto agarra a manga do paletó


dele. — O que você sabe?

Ele desliza a mão sobre o queixo. — Eu sei que ele mentiu para
mim sobre quaisquer que fossem seus planos esta noite. É isso. Ele nunca
mentiu para mim antes em sua vida, então...

Só então, um estrondo baixo se move pela sala, uma onda literal


de som. Como um grupo, nos voltamos para ver o que está acontecendo.

Na entrada, meus olhos são imediatamente atraídos para Micah,


que está sexy em um terno feito sob medida que abraça seu corpo

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musculoso. Ele tem um sorriso arrogante no rosto e acena para um monte
de gente ao entrar na sala.

Meus olhos caem para o lado dele. Ao lado dele, Alora está
pendurada em seu braço, seu peito esmagado contra seu bíceps enquanto
ela olha para ele e ri de algo que ele diz.

Ele olha em nossa direção antes de parar no meio da sala, pegar a


cabeça dela entre as mãos e abaixar a boca para a dela, a devorando
absolutamente ali mesmo, na frente de toda a escola.

Meu corpo estremece.

Com a garganta cheia de lágrimas, eu me liberto do aperto de Max,


me viro e corro para fora da sala. Passando pelas garotas com vestidos
coloridos, pelos caras com seus ternos caros. Passei pelo gliter e pelo
brilho do que eu pensei que seria uma noite incrível e saí para o corredor.

Paro do lado de fora da sala, com falta de ar. Meu coração está
quebrado.

Estou devastada.

Minhas entranhas estão em carne viva.

Por que pensei que ele me queria? Eu dei meu coração a ele. Meu
corpo. Oh Deus, por que confiei nele?

Continua…

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CARO LEITOR

Bem-vindo de volta à Academia de Rosehaven.


Esta é uma nova série adulta do ensino médio e contém situações que
alguns leitores podem achar ofensivas.
Ruthless Rose é o primeiro livro do dueto de Micah e Daphne e termina em
um gancho.

A Autora
Leila James

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Próximo Livro

Ruined Rose

2ª parte da história de Micah e Daphne

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