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Resenha 5, Da Denotação

João Victor Ferreira de Almeida

A teoria da denotação e os Puzzels Lógicos no On Denoting


1. O que são frases denotativas e conhecimento denotativo?
A teoria russeliana tem por finalidade lidar com as frases denotativas. Frases
denotativas são aquelas frases como esta: “um homem”, “aquele homem”, “a única
estrela do sistema solar”, “o atual rei da França”, “todos os homens”. As frases
denotativas podem ser de 3 tipos: (1) denotar de forma determinada, como “atual
presidente do Brasil”; (2) ser denotativa, mas não denotar nada, como “atual primeiro-
ministro do Brasil”; (3) denotar ambiguamente, “um deputado”. Por (2) fica claro que
uma frase denotativa o é em virtude de sua forma. Segundo Russel, a questão é de
notável dificuldade, e as teorias presentes são passíveis de refutação formal. Esta é a sua
motivação para escrever o artigo.
Além da óbvia importância lógica da teoria, a teoria também tem relevância na
teoria do conhecimento, porque há dois tipos de conhecimento: o conhecimento por
familiaridade, perceptual, como o conhecimento de que o Sol é amarelo, ou lógico
através do pensamento, como o de leis lógicas como o PNC; e o conhecimento por
denotação, como o conhecimento que temos de outras mentes e da matéria, com os
quais não temos familiaridade. Temos familiaridade com o comportamento de outras
pessoas, mas não com suas mentes, estas sabemos por meio de denotação, como “esta
pessoa está alegre”; temos familiaridade com sense data, mas não com a matéria, que é
conhecida por meio frases denotativas, como “a água é composta por H2O”. Parece que
uma leitura caridosa do Russel é a de que o conhecimento por denotação é tanto aquele
que conhecemos por frases denotativas numa comunidade linguísitica, como o
conhecimento de que “Hanói é a capital do Vietnam” para nós, como conhecimentos
adquiridos por inferências, como o conhecimento da matéria e da mente de outras
pessoas.

2. A teoria da denotação
A teoria, sintetizada ao máximo, nos diz que expressões denotativas, como “o
atual presidente do Brasil”, não tem sentido em si mesmas, mas somente como partes
de uma proposição. Esta afirmação poderá parecer trivial, mas ela está se contrapondo
diretamente, por exemplo, à teoria meinongiana de que expressões denotativas como
“o quadrado redondo” têm significado em si mesmas.
A variável, por exemplo, P(x), onde x é a variável, será tomada como primitiva,
isto é, sem definição.

P(x) define uma função proposicional. Quantificadores como “todos”, “alguns”,


“nenhum” podem ser parafraseadas como se segue:
P (todo) significa P(x) é sempre verdadeiro
P (nenhum) significa P(x) é falso é sempre verdadeiro
P (algum) significa é falso que P(x) é falso é sempre verdadeiro

Assim, ’P(x) é sempre verdadeira’ é primitiva, e as outras derivadas a partir dela.


As paráfrases de todos, alguns e nenhum são fundamentais à teoria russeliana. A
quantificação, tal como expressada acima, é sempre parte da verdadeira forma lógica
das frases denotativas, mesmo quando não estão explícitas. “Eu encontrei um homem”,
será parafraseado como se segue: “encontrei x, e x é humano não é sempre falso”. Uma
frase como “todo homem é mortal”, sendo na verdade hipotética, se parafraseia assim:
“se x é homem, x é mortal é sempre verdadeira”. As expressões denotativas “todo
homem” e “um homem” mostram-se, assim, sem significado fora dos contextos dessas
proposições.
3. Os puzzles
Uma teoria da denotação deve conseguir lidar com alguns puzzles envolvendo a
denotação. Russel considera que a capacidade de lidar com os puzzles está para teorias
em lógico, mais ou menos dados empíricos estão para teoria das ciências empíricas.
Os puzzels aos quais uma teoria da denotação deve responder, são 3:
(1) Pode haver identidade entre a e b, de modo que tudo o que vale para a vale para
b, e ainda assim, a identidade ser informativa. Por exemplo, Russel é idêntico ao
autor de On Denoting, mas alguém que quer saber se a identidade é válida não
parece estar interessado na lei da identidade. Certamente admitiria de pronto
que Russel é idêntico a Russel, mas pode realmente pode estar interessado em
saber se Russel é o autor de On Denoting.

(2) De acordo com o terceiro excluído, frases denotativas, como “o atual rei do
França é careca”, deve ser falsa ou verdadeira, sem uma terceira opção. Mas se
fizermos uma lista de todas as coisas que são carecas e outra das que não são
carecas, o rei não estará presente em nenhuma delas.

(3) Ser sujeito de uma proposição, prima facie, parece implicar existência. Mas
podemos afirmar que um sujeito de uma proposição é não existência. O que
implicaria a contradição de se estar afirmando a existênciae a não existência.

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