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Miocardiopatia dilatada: Fisiopatologia

Laiza Hellen Dantas Batista

A cardiomiopatia dilatada em cães (CMD), é uma doença cardíaca


crônica que acontece quando o músculo cardíaco está fino e enfraquecido,
prejudicando o processo de contração. E em cães corresponde hoje a uma das
principais doenças relacionadas ao coração, principalmente em cães mais
idosos. É comum que as raças caninas mais afetadas sejam as de grande
porte ou gigante, mas a CMD também afeta os animais menores e na maioria
das raças, os machos são mais afetados do que as fêmeas.

Cardiomiopatia é um termo amplo usado para descrever uma variedade


de problemas que resultam da doença do miocárdio ou músculo cardíaco.
Quando a cardiomiopatia se desenvolve como uma maneira de compensar
outras doenças subjacentes, como hipertensão ou doenças valvares, é
chamada cardiomiopatia secundária. Quando se desenvolve por si só, é
chamada cardiomiopatia primária.

Agora, o tipo mais comum é a cardiomiopatia dilatada que pode fazer


com que as quatro câmaras do coração se dilatem ou aumentem.
Especificamente, novos sarcômeros, ou unidades musculares, são adicionados
em série, e as câmaras aumentam, o que deixa as paredes relativamente finas
em comparação com o tamanho grande da câmara, com menos músculo para
contração. Em outras palavras, eles têm contrações realmente fracas, o que
significa que menos sangue é bombeado para fora a cada contração. Isso
também significa que há um volume sistólico mais baixo e, se o coração falhar
em bombear tanto sangue para o corpo do ventrículo esquerdo e para os
pulmões do ventrículo direito, os animais desenvolvem insuficiência cardíaca
congestiva biventricular.

Além disso, quando as câmaras ficam maiores, elas tendem a esticar as


válvulas que separam os átrios e os ventrículos. Quando são esticadas, as
válvulas não podem fechar completamente, então começam a regurgitar o
sangue de volta aos átrios. Isso é chamado de regurgitação da válvula mitral no
lado esquerdo e regurgitação da válvula tricúspide no lado direito. Outra
complicação pode ser arritmias, porque esticar as paredes musculares pode
irritar as células do sistema de condução, que estão dentro dessas paredes.

Às vezes, um raio-X pode ser útil no diagnóstico de cardiomiopatia


dilatada, para se observar o aumento do volume do coração e alterações em
vasos sanguíneos, entretanto o exame mais preciso para o diagnostico da
CMD é o ecocardiograma, que é considerado uma ultrassonografia do coração.
Com o auxílio de um equipamento de ultrassom veterinário é possível observar
a dilação e o aumento das câmaras do coração que causam a diminuição da
atividade cardíaca. O exame também permite observar anormalidades da
válvula cardíaca.

Já a ultrassonografia com o recurso Doppler pode ser usada para


estabelecer a gravidade das anormalidades valvulares, com base nas
alterações do fluxo sanguíneo através do coração. Por fim, o eletrocardiograma
pode identificar ritmos anormais ou alterações no gráfico normal.

No que diz respeito às causas, a cardiomiopatia dilatada primária


geralmente é idiopática, o que significa que não há uma causa claramente
identificável. Alguns casos, no entanto, podem ser rastreados até mutações
genéticas específicas ou condições genéticas e em alguns casos, pode ser
causada por uma infecção.

Na maioria dos casos, a cardiomiopatia dilatada em cães não apresenta


cura ou regressão significativa da condição. No entanto, os médicos
veterinários podem monitorar a progressão da doença e indicar medicamentos
adequados para melhorar a qualidade de vida dos animais. Por exemplo, a
furosemida é uma droga bastante utilizada para reduzir o acúmulo de líquido
que acompanha este tipo de patologia.

A L-carnitina é um composto que representa um papel importante no


metabolismo do ácido graxo e na neutralização das toxinas potenciais das
células, pois na mitocôndria, facilita o transporte dos ácidos graxos de cadeia
longa que entram no ciclo da betaoxidação e são convertidos em
acetilcoenzima A, para posterior entrada no ciclo de Krebs e na cadeia
respiratória, com produção de energia, ou seja possui ações cardioprotetoras
frente à hipóxia e ao estresse oxidativo, diminuindo a produção de radicais
livres e o consequente dano mitocondrial, melhorando a reparação das
membranas celulares lesadas, reduzindo o processo de apoptose e
influenciando no remodelamento cardíaco. A deficiência de Carnitina no
coração tem se provado potencialmente reversível em pelo menos uma família
de Boxers com cardiomiopatia dilatada. Embora o diagnóstico de deficiência de
carnitina no coração seja difícil de obter e a eficácia da suplementação com L-
carnitina para todos os cães com cardiomiopatia dilatada seja desconhecida,
não há indícios de que possa fazer mal. Assim a suplementação com L-
carnitina pode ser utilizada em todos os cães com cardiomiopatia dilatada.

A taurina é outra substância que pode exercer um papel importante no


tratamento da cardiomiopatia dilatada. A deficiência de taurina foi identificada,
nos anos 80, como os fatores mais importantes associado com a
cardiomiopatia em gatos e as correções na fórmula das rações felinas para
eliminar a deficiência de taurina resultaram na eliminação quase total da
cardiomiopatia dilatada como uma das principais doenças cardíacas em gatos.

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