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Cardiomiopatia dilatada:

Relato de caso:
Um canino sem raça definida (SRD), com 9 anos de idade e peso de aproximadamente 8 kg,
foi atendido na Clínica Bichos e Amigos em Piracicaba, São Paulo.
O tutor relatou que o animal tem apresentado emagrecimento progressivo por conta da perda
de apetite, cansaço fácil, tosse noturna.
O animal apresentava sintomas preocupantes, incluindo mucosas cianóticas, taquipneia
(respiração rápida), taquicardia (batimentos cardíacos acelerados) e sopro sistólico de baixa
intensidade na região da valva mitral. Durante a ausculta pulmonar, foram ouvidos ruídos
descontínuos finos, indicando a presença de edema pulmonar (acúmulo de líquido nos
pulmões).
Exames complementares:
Para auxiliar no diagnóstico do canino, foram realizados exames complementares, incluindo
eletrocardiograma, radiografia e ecocardiograma. O eletrocardiograma apresentou resultados
normais. No entanto, a radiografia nas projeções latero-laterais e ventro-dorsal revelou
alterações na região pulmonar, indicando a presença de edema pulmonar (acúmulo de líquido
nos pulmões), hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado), aumento do diâmetro da veia
cava caudal e cardiomegalia generalizada (aumento do tamanho do coração). O
ecodopplercardiograma mostrou dilatação das câmaras ventriculares, diminuição da espessura
das paredes ventriculares e presença de sopro sistólico na valva mitral (fluxo anormal de sangue
através da valva mitral).
Tratamento:
Após a consulta ter sido realizada e todos os exames terem sido verificados, foi receitado para
o paciente levar para casa o medicamento Benazepril na dosagem de 4mg para ser tomado uma
vez ao dia (SID), Furosemida na dosagem de 10mg para ser tomado duas vezes ao dia (BID) e
Pimobendan na dosagem de 2mg para ser tomado duas vezes ao dia (BID).
Cardiomiopatia dilatada:
A Cardiomiopatia Dilatada (CMD) é uma patologia crônica e progressiva que afeta
principalmente cães de raças grandes ou gigantes. É mais prevalente em machos do que em
fêmeas. A idade média de incidência desta doença é de quatro a seis anos. No entanto, casos já
foram relatados em animais com idade entre seis meses e 14,5 anos. As raças mais suscetíveis
à CMD incluem Doberman, Irish Wolfhound, Dogue Alemão, Boxer, São Bernardo, Afghan
Hound e Old English Sheepdog
A gravidade da Cardiomiopatia Dilatada (CMD) é evidenciada pelos efeitos prejudiciais da
insuficiência cardíaca congestiva e pela alta taxa de mortalidade associada às arritmias. A
fibrilação atrial é a arritmia mais comum em cães com CMD, levando à taquicardia,
degeneração miocárdica e morte. Além disso, é importante destacar que existem cães que não
apresentam sinais de disfunção miocárdica e são assintomáticos, mas ainda assim podem
morrer subitamente.
Fisiopatologia:
A etiologia da Cardiomiopatia Dilatada (CMD) é multifatorial. Isso significa que existem
várias causas possíveis para a doença, incluindo fatores genéticos e causas secundárias.
Algumas dessas causas secundárias podem ser doenças miocárdicas nutricionais, infecciosas,
inflamatórias, isquêmicas e induzidas por drogas ou toxinas. Anormalidades imunológicas,
alterações bioquímicas e distúrbios metabólicos, como hipotireoidismo (o mais comum em
cães), também podem contribuir para o desenvolvimento da CMD. É importante notar que os
hormônios tireoidianos têm efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos (BEIER et al., 2015).
A cardiomiopatia dilatada (CMD) é caracterizada pelo comprometimento do miocárdio,
resultando em diminuição da contratilidade ventricular (disfunção sistólica). Isso leva a uma
diminuição no bombeamento sistólico e no débito cardíaco, resultando em dilatação do
miocárdio (NELSON; COUTO, 2015).
Quando o débito cardíaco diminui, o miocárdio se dilata e o volume sistólico final aumenta.
Isso significa que a cada ciclo cardíaco, um volume menor de sangue é ejetado do coração.
Para compensar esse menor volume de sangue ejetado, ocorre um remodelamento ventricular
que leva a uma hipertrofia excêntrica. Essa hipertrofia excêntrica permite que o coração se
adapte à sobrecarga sanguínea em resposta aos mecanismos compensatórios neuro-humorais e
endócrinos. Esses mecanismos levam basicamente à vasoconstrição e retenção de sódio e água
pela ativação do sistema renina angiotensina aldosterona-SRAA (JERICÓ et al, 2017).
Embora os mecanismos compensatórios tragam benefícios a curto prazo, permitindo que o
volume ejetado do coração volte ao normal temporariamente, a longo prazo eles acabam
levando à insuficiência cardíaca. Isso ocorre devido à retenção de líquido e aumento da
resistência perivascular, fazendo com que o coração se dilate até seu limite e resultando na
redução progressiva da contratilidade cardíaca. Com a continuação dos mecanismos
compensatórios, a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo aumenta, gerando um edema
pulmonar e podendo evoluir para ascite caso o lado direito também esteja afetado (LOBO et
al., 2002). Em outras palavras, os mecanismos compensatórios podem ser úteis no início, mas
com o tempo eles podem levar a problemas mais graves e prejudicar a saúde do coração.
Existem evidências de que a CMD idiopática em cães pode ter uma base genética. Isso é
especialmente verdadeiro para raças de grande porte como Dobermann Pinscher, São Bernardo,
Deehounds Escoceses, Boxers, Terra-nova, Dálmatas e Dogue Alemães. Na maioria dos casos,
os machos são os mais afetados por esta condição (NELSON; COUTO, 2015). Isso sugere que
a genética pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da CMD idiopática em
cães.
Prognóstico:
O prognóstico é reservado pois a CMD ocasiona alterações morfológicas levando o indivíduo
a insuficiência cardíaca congestiva juntamente com arritmias piorando o quadro do animal.

Referências bibliográficas:
SciELO - Brasil - Cardiomiopatia dilatada em cão: relato de caso Cardiomiopatia dilatada em cão: relato
de caso
Microsoft Word - BU_furosemida_PdS (bula.gratis)

Furosemida - Vet Smart

Benazepril - Guia de Bulas

Benazepril - Vet Smart

Wmk7q6BouciEu65_2020-1-29-17-25-38.pdf (revista.inf.br)

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