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Mecanismos das arritmias:

As arritmias são desvios na frequência, regularidade ou origem do impulso cardíaco e/ou na


propagação do impulso. Podem ser inócuas ou perigosas e levar a problemas sérios como
insuficiência cardíaca, desfalecimento ou morte inesperada. Medicamentos anestésicos
também podem causar perturbações no ritmo.
No ritmo sinusal, o impulso cardíaco começa no nódulo sinusal e se espalha pelos átrios até o
nódulo atrioventricular, passando pelo feixe de His e pelas fibras de Purkinje nos ventrículos.
Qualquer desvio dessa ativação cardíaca normal que produz o ritmo sinusal, seja na origem
ou na transmissão do impulso elétrico cardíaco, resulta em uma arritmia. Essa arritmia será
categorizada de acordo com a alteração que está causando na ativação (SANTILLI, 2020).

Distúrbios na formação do impulso:


Os distúrbios na formação de impulsos podem incluir o automatismo das células marca-passo
do coração, o desenvolvimento de automaticidade em células que normalmente não a
possuem e a atividade provocada devido às oscilações do potencial de membrana em repouso
(ISSA et al., 2009).
Os impulsos são gerados normalmente no nó sinusal, pois é a área que apresenta
despolarização espontânea com maior frequência. No automatismo celular normal, o
potencial de ação que desencadeia o potencial elétrico e os impulsos cardíacos possui cinco
fases. A fase 0 é a subida do potencial de ação que corresponde à despolarização, ocorrendo
devido ao grande aumento da permeabilidade ao Na+. Esses íons entram rapidamente na
célula. A fase 1 é o início da repolarização rápida precoce associada ao aumento do Na+
intracelular e à entrada passiva de Cl-. Há diminuição da permeabilidade ao Na+ nessa fase.
Na fase 2, há uma estabilização relativa, também descrita como platô do potencial de ação.
Corresponde à repolarização lenta devido à entrada de Ca++ e Na+ na célula e à diminuição
da permeabilidade ao K+. A fase 3 representa a repolarização rápida associada à saída de K+
da célula. A fase 4 ou fase de repouso elétrico ocorre quando o potencial atinge -90 mV
novamente e há ação da bomba de Na+ e K+ realizando a troca iônica, com expulsão ativa de
Na+ e entrada de K (GUYTON; HALL, 2016)
Podemos citar como uma das arritmias o flutter atrial, também chamado de taquicardia atrial
por macro reentrada, ocorre devido à reentrada em grande escala. Esse mecanismo de
reentrada foi discutido anteriormente, quando falamos dos distúrbios de condução. No
eletrocardiograma, caracteriza-se por ter frequências atriais elevadas (maiores do que 300
batimentos por minuto), ausência de ondas P e presença de ondas F características dessa
arritmia. Entre as causas mais comuns estão as cardiopatias que cursam com aumento atrial
como cardiomiopatia dilatada, doença valvar degenerativa crônica de mitral e displasia de
valvas atrioventriculares (FILIPPI, 2011).

Disturbios na condução de impulso:

Alterações no sistema de condução podem ocorrer devido a mudanças no tônus autonômico


ou em estruturas anatômicas (como isquemia do miocárdio e áreas de fibrose) e estão
associadas a falhas na geração do impulso do nó sinusal ou a anormalidades na condução
através do tecido de condução especializado, como o nó AV, o feixe de His e o sistema de
Purkinje. Essas falhas geralmente resultam em arritmias em que o ritmo cardíaco é lento,
comumente conhecidas como bradiarritmias. Entre essas arritmias estão o arresto sinusal,
parada e/ou bloqueio sinusal, síndrome do nó sinusal doente, parada atrial, bloqueio
atrioventricular (BAV) e bloqueios de ramo direito e esquerdo (BRD e BRE
respectivamente).
Sob condições normais, após a despolarização sequencial dos átrios e ventrículos, as regiões
ativadas entram em período refratário e o impulso se extingue. No entanto, em condições
adversas, o impulso propagado pode persistir no tecido por tempo suficiente (nos casos de
diminuição da velocidade de condução, prolongamento da via ou ainda retornar ao tecido),
enquanto a região está no período refratário (figura 19), tendo assim a capacidade de reativá-
lo. Esse fenômeno é chamado de reentrada e pode ser dividido em: anatômica, funcional,
anisotrópica ou por reflexão (SANTILLI, 2020).
Com arritmias de condução podemos citas os bloqueios atrioventriculares os quais são
distúrbios que afetam a condução do impulso elétrico do coração. Esses bloqueios são
classificados em três categorias diferentes, que variam desde uma diminuição na velocidade
de condução do impulso até o bloqueio completo da condução do impulso elétrico (MILLER
et al., 2013).
O bloqueio atrioventricular de primeiro grau é considerado um bloqueio parcial e é
caracterizado por um atraso na condução do impulso elétrico pelo nodo atrioventricular ou
pelo feixe de His. Isso resulta em um prolongamento do intervalo PR, como pode ser
observado na figura 26. Esse tipo de bloqueio é comum em processos inflamatórios e
degenerativos do coração, mas também pode ocorrer devido ao aumento do tônus vagal e a
distúrbios eletrolíticos (ISSA et al., 2009).

Referências bibliográficas:
ISSA, Z. et al. Clinical Arrhythmology and Electrophysiology: A Companion to Braunwald’s
Heart Disease. Philadelphia: Saunders/Elsevier, 2009.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016.
SANTILLI, D. Arritmias Cardíacas: Diagnóstico e Tratamento. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2020.
TEXTOS BÁSICOS DE MEDICINA - Guyton y Hall - Tratado de Fisiología médica - 13° ed.
2016.pdf - Google Drive
SciELO - Brasil - Diretrizes para Avaliação e Tratamento de Pacientes com Arritmias Cardíacas
Diretrizes para Avaliação e Tratamento de Pacientes com Arritmias Cardíacas
Arritmias: resumo completo! - Sanar Medicina

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