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Podcast
Disciplina: Princípios básicos do processo terapêutico em
Terapia Cognitivo-Comportamental
Título do tema: Avaliação inicial do paciente e primeira sessão
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso

Olá, ouvinte! No podcast de hoje iremos conversar sobre os desafios na


prescrição de tarefas de casa e quais soluções para aumentar o engajamento
dos nossos pacientes.

Correndo o risco de dar uma notícia pouco animadora, é importante destacar


que a não realização da tarefa de casa tende a ser um comportamento comum
a muitos pacientes. Fato esse que tende a frustrar os terapeutas,
especialmente os iniciantes.

Contudo vários fatores influenciam nessa tendência, e como terapeutas


cognitivos comportamentais, devemos identificá-las e então procurar soluções
para lidar com elas. Imagino que ao ouvir o termo tarefa de casa, você possa
ter pensamentos e emoções não tão animadores, certo? Por muitos anos,
especialmente na infância, entendemos as tarefas de casa como atividades
aversivas, ligadas a escola e que tomava conta de muito do nosso tempo livre,
quando gostaríamos de estar brincando ou vendo nossa programação favorita.
Com os pacientes, essa relação pode ser semelhante e influenciar diretamente
na sua motivação a realização dessas atividades.

Ainda, esquecimento, rotina intensa e dificuldade de concentração são outros


fatores do paciente que podem estar influenciando na dificuldade de aderência
aos exercícios extrasessão. Da mesma forma, o terapeuta, pode não preparar
bem o paciente para a tarefa, sugerir atividades muito desafiadoras ou que
fazem pouco sentido, o que leva consequentemente ao distanciamento do
paciente.

Após identificar o pouco engajamento do paciente, o primeiro passo para


superar esse desafio é compreender que uma tarefa não realizada, também
traz conteúdos importantes para serem discutidos. É nesse momento, que
podemos discutir as dificuldades, motivações e ajustes personalizados que
podem fazer a diferença para as tarefas futuras. A colaboração entre paciente
e terapeuta é fundamental, sendo que as sugestões trazidas pelo paciente
precisam de destaque.

Outra dica é ensaiar a tarefa antes da sessão e, então, demonstrar para o


paciente. Este também é um jeito de esclarecer e apresentar a tarefa
diretamente na prática, ajudando inclusive em uma estimação mais acurada do
tempo necessário.
Ainda, embora tenham muitas tarefas de casa padronizadas, o terapeuta pode
e deve usar a criatividade para propor atividades que sejam significativas,
desafiadoras e até mesmo, prazerosas. Estabelecer uma rotina de
autocuidado, por exemplo, pode ser uma das atividades da semana, para
pacientes com altos níveis de estresse e excesso de atividades.

Até mesmo as reações negativas a expressão “tarefa de casa”, descrita no


início, também podem ser minimizadas, quando o terapeuta opta por termos
alternativos, como experimentos de autoajuda, atividades e exercícios.

É importante também, que o terapeuta valorize a tarefa, sempre questionando


sobre ela na sessão seguinte. Quando a atividade é esquecida, aumentam as
chances da desistência futura, o que pode demonstrar ao paciente, que ela não
é suficientemente útil para ocupar o tempo da terapia.

Assim, seguindo essas dicas, você ficará mais próximo de engajar os pacientes
em tarefas de casa futuras. Ah, e não esqueça: enquanto terapeutas, estamos
com o paciente apenas 50 minutos em meio as suas inúmeras horas e
experiências da semana. Levar a terapia para fora da clínica, torna o processo
mais significativo para o paciente e traz informações valiosas ao terapeuta.
Assim, caso o paciente não engajar nas tarefas, por diferentes motivos, vale a
pena tentar mais uma vez.

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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