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Terapia Cognitivo-
Comportamental
O TRATAMENTO
CONTINUA EM CASA
Edivana Aguiar
Muitos tipos de tarefa de casa são prescritos por terapeutas, incluindo registros de
sintomas, diários autorreflexivos e atividades estruturadas específicas, como ex-
posição, resolução de problemas, prevenção de respostas, entre outras. Essas po-
dem ser divididas nas três categorias principais a seguir: (1) psicoeducacional, (2)
de autoavaliação e (3) específicas.
[1] Beck JS. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre (RS): Artmed; 2014.
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incluindo monitoramento de humor usando registros de pensamentos, ensinam
os pacientes a reconhecer a interconexão entre seus sentimentos, pensamentos e
comportamentos.
Crianças e adolescentes passam boa parte do tempo lidando com aparelhos digi-
tais (notebooks, smartphones, tablets etc.) acessando os mais variados conteúdos na
internet. E embora existam grandes quantidades de informações relacionadas à
saúde na internet, a maioria das informações não são de fontes com bases cien-
tíficas. Os aplicativos e homepages podem aprimorar a psicoeducação, fornecendo
informações claras e concisas, vinculadas aos tópicos abordados na terapia.
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convencional baseado em escrita no papel, ferramentas on-line podem suportar
autoavaliações imediatas, solicitando ao usuário que registre dados de autorrelato
sobre o estado atual do paciente. Enquanto as informações coletadas retrospecti-
vamente usando registros em papel podem ser adversamente afetadas por vieses
de memória, as ferramentas on-line permitem ao paciente documentar seus pen-
samentos e sentimentos à medida que ocorrem, resultando em maior precisão dos
dados. Esses recursos de autoavaliação são encontrados em muitos aplicativos e
demais ferramentas on-line que mostraram melhorar significativamente os sinto-
mas de dor crônica, transtornos alimentares, TAG e TOC.
As ferramentas on-line podem ser muito úteis nas tarefas de casa, por exemplo,
novos formatos de aplicativos de realidade virtual para criar ambientes imersi-
vos, podem ser experimentados como uma ferramenta para facilitar a exposição
no tratamento de transtornos de ansiedade com feedback principalmente positivo.
Aplicativos que fornecem elementos de biofeedback (como o monitoramento da
frequência cardíaca). Os chamados “jogos sérios” (serious games) também são pro-
missores na melhora dos sintomas em certos transtornos.
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específicas. Por exemplo, a exposição à imagens de aranhas é um método de tra-
tamento específico para fobia específica. A tarefa de casa é estrategicamente ela-
borada pelo terapeuta para corrigir e/ou diminuir os sintomas do transtorno do
paciente. O objetivo desses exercícios é permitir que os pacientes pratiquem e re-
forcem as habilidades aprendidas nas sessões de terapia na vida real.
A questão do não cumprimento da tarefa de casa é uma das razões mais citadas
para a falha na TCC e continua sendo um problema persistente na prática clínica.
Muitas barreiras são percebidas ao cumprimento da tarefa de casa, como os fatores
internos e externos. Os fatores internos se originam das questões internas do pró-
prio paciente, enquanto os externos são criados por influências externas. Fatores
internos que foram identificados incluem falta de motivação para mudar a situa-
ção ao vivenciar sentimentos ou emoções negativos, a incapacidade de identificar
pensamentos automáticos, desconsideração da importância ou relevância da tare-
fa de casa e a necessidade de ver resultados imediatos.
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A necessidade do paciente de ver a melhora sintomática imediata é um dos impe-
dimentos para o cumprimento da tarefa de casa, uma vez que a percepção de pro-
gresso lento pode ser extremamente desmotivadora para o paciente. Para resolver
essa questão, é importante que os terapeutas trabalhem as intervenções psicoedu-
cacionais do transtorno, bem como enfatizá-las.
As tarefas de casa devem ser relevantes para os objetivos centrais da terapia, para
o foco da sessão, agradável para o terapeuta e o paciente, apropriado ao contexto
sociocultural, praticado na sessão para melhorar a habilidade, factível, começar
pequeno, ter um raciocínio claro, incluir instruções por escrito e incluir um plano
de backup com os possíveis obstáculos da tarefa de casa.
Além disso, o terapeuta que fornece a tarefa de casa precisa ser colaborativo, re-
forçar todo o comportamento pró-tarefa de casa e sua conclusão bem-sucedida e
ainda oferecer um feedback a cada tarefa cumprida em cada sessão.
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provavelmente em maior risco de não adesão futura. É hipotetizado que adoles-
centes inicialmente resistentes ou não aderentes podem se beneficiar mais com o
uso adicional de estratégias de aumento de adesão pelo terapeuta.[2]
EXEMPLO PRÁTICO[3]
Estudo de caso: Grupos de crianças e adolescentes com o diagnóstico de transtorno de
ansiedade
[2] Tang W, Kreindler D. Supporting homework compliance in cognitive behavioural therapy: essential features
of mobile apps, JMIR Ment Health 2017;4(2):e20. doi: 10.2196/mental.5283.
[3] Arendt K, Thastum M, Hougaard E. Homework adherence and cognitive behaviour treatment outcome for
children and adolescents with anxiety disorders. behavioural and cognitive psychotherapy, 2016;44:225–235. First
published on-line 30 July 2015 DOI:10.1017/S1352465815000429.
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Cada grupo era liderado por um terapeuta e consistia de seis a sete jovens em três grupos
de idade: grupo1 (7-9 anos), grupo 2 (10-12), ou grupo 3 (13-16 anos), e o grupo de pais. Três
meses após o final do tratamento, os participantes receberam uma sessão de reforço de
uma hora em grupo.
O não cumprimento da
1) Trabalho de casa: Enfatizando a conclusão
tarefa de casa: fatores
psicoeducação. da tarefa de casa.
internos e externos.
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REFERÊNCIAS