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Estrutura das sessões com crianças e

adolescentes - TCC

Profª: Tamara Passos


Disciplina: Estrutura das
sessões e do processo
clínico

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
A estrutura

A estrutura da sessão é um modelo geral que conduz o


processo terapêutico da TCC em que os componentes são
as “coisas que você faz” na sessão

Segundo Friedberg Robert D. (2004) os seis componentes


característicos da estrutura de sessão de terapia cognitiva
são relacionados e formam uma abordagem de
tratamento coerente. Embora sua estrutura envolva um
ordem lógica de passos sequenciais, ela está longe de ser
um processo de marca cadenciada. Quando aplicada com
flexibilidade, a estrutura da sessão evolui para uma
abordagem clinica moldada individualmente.
A estrutura da sessão frequentemente dá à criança uma
sensação de previsibilidade e consequentemente, pode
sentir-se “mais segura” no tratamento (J. S. Beck, 1995).

Ao participar ativamente no estabelecimento da agenda,


nas atribuições da tarefe de casa e fornecendo feedback, a
criança sente-se com poder para tomar decisões
relevantes e até fica mais à vontade para revelar e
examinar seus pensamentos e sentimentos.
Registro do humor ou do sintoma
• Auxilia a criança a refletir sobre seu próprio estado de humor
e classificá-lo em uma escala.
• Os relatos e observações dos pais podem ser considerado,
entretanto a criança pode ser melhor relator de seus próprio
estados emocionais.
• O registro do humor também inclui recapitular a sessão
anterior ou comprar o humor atual da criança com sua
classificação em sessões anteriores.
• Criança menores podem apresentar mais dificuldades em
identificar o humor.
• Os adolescentes podem apresentar maior habilidade na
identificação do humor, mas alguns podem não ser tão
conhecedores do processo.
• Muitas crianças agrupam todo afeto negativo sob um rótulo
“ruim” ou todo afeto positivo sob um rótulo “bom”,
diferenciar os vários estados negativos é importante.
Revisão da tarefa de casa

• As atribuições da tarefa de casa permitem que a criança


pratique habilidades importantes para diminuir
sintomas e melhorar o humor.
• Crianças menores têm intervalos de atenção mais
curtos que as mais velhas, portanto devemos revisar a
tarefa de casa de maneira mais “divertida” e sempre
reforçar a realização da tarefa.
• As crianças podem fazer relação do termo “tarefa de
casa” com a escola. Pode-se propor outro títulos como:
“projetos semanais”, “exercícios de ajuda” etc.
• Importante discutir a diferença entre a tarefa da escola
e da terapia ( Ex: não ter certo e errado nas respostas).
Estabelecimento de agenda

• Envolve a listagem de itens e o grau de prioridade.


• A colaboração recíproca é fundamental no estabelecimento
da agenda. Se o terapeuta e a criança não estiverem
trabalhando colaborativamente, é menos provável que
ocorra progresso.
• O estabelecimento da agenda é uma tarefa desconhecida
para crianças e adolescentes, portanto, explicar-lhe o
processo é uma estratégia terapêutica adequada (J.S. Beck,
1995).
• Adolescentes gostam de testar limites e podem ter
dificuldades e resistência à estruturação, o terapeuta precisa
estar atendo e manter a consistência. Estabelecer fronteiras
firmes e limites passa a mensagem de que o terapeuta vai
continuar até o fim e isso fortalece a confiança.
Estabelecimento de agenda
Perguntas que podem ajudar:
• Quais os prós e os contra de estabelecer uma agenda?
• O que se ganha estabelecendo uma agenda?
• O que ganha não estabelecendo uma agenda?
• O que se perde estabelecendo uma agenda?
• O que se perde não estabelecendo uma agenda?
• O que significa estabelecer uma agenda?
• Qual o perigo de estabelecer uma agenda?
Estabelecimento de agenda
Exemplo:
Terapeuta: O que você gostaria de colocar na agenda para conversar hoje?
Paciente: Você me preguntou isso da última vez. Desta vez, você decide.
Terapeuta: Bem, estou mais interessada em falar sobre as coisas que são
importantes para você.
Paciente: Então você é a entendida. Você me diz o que é importante
conversar.
Terapeuta: Na verdade, você é a entendida sobre você. É sua escolha se
vamos conversar sobre as coisas que são importantes pra você e que a
incomodam. Se você escolher fazermos isso juntas, então juntas talvez
possamos imaginar formas de ajudar a tornar as coisas mais fáceis pra
você.
Paciente: Tá certo! Como vamos fazer isso?
Terapeuta: Bem, primeiro precisamos definir quais as coisas para as quais
você quer mais ajuda hoje.
Paciente: Meu maior problema esta semana é que meus pais estão
sempre me dizendo o que fazer.
Terapeuta: Certo. Porque você não coloca isso em nossa agenda? Que
outros problemas deveríamos conversar hoje e tentar resolver?
Conteúdo da sessão
• Os itens específicos da agenda são tratados durante
essa parte da sessão.
• O conteúdo é trabalhado usando-se uma variedade de
técnicas como empatia, dialogo socrático, técnicas de
registo, de resolução de problemas, experiência
comportamental etc.
• A escolha de palavras e do tamanho das frases pode ter
um impacto significativo sobre o entendimento de
crianças pequenas. As instruções precisam ser dadas
com a oportunidade de verificar o entendimento da
criança.
Conteúdo da sessão

• O conteúdo da sessão também é influenciado pelo nível


de motivação.
• Uma forma de aumenta a responsividade de uma
criança é ser um terapeuta animado e envolvido,
usando acessórios, historias, desenhos coloridos e
atividades manuais para aumentar a atratividade das
tarefas terapêuticas.
Conteúdo da sessão

• A criatividade e a flexibilidade permitem que o


terapeuta negocie efetivamente o conteúdo da sessão
com adolescentes.
• Incorporar interesses dos adolescentes ao conteúdo da
sessão aumenta a motivação.
• Dar ao adolescente algum senso de controle ou de
escolha no tratamento aumenta sua sensação e sua
motivação.
Tarefa de casa

• Importante observar que a tarefa de casa resulta do


conteúdo da sessão.
• Desenvolver recursos ou materiais que facilitem a
execução da tarefa de casa e consequentemente o
retorno da mesma a sessão seguinte.
• Trabalhar com o responsável a importância que
também se responsabilizar pela realização e/ou retorno
da tarefa.
Exemplos de tarefas de casa

• Avaliação comportamental.
• Monitoramento de pensamentos automáticos.
• Monitoramento de sentimentos.
• Avaliação e respostas do PA.
• Solução de problemas.
• Habilidades comportamentais.
• Experimentos comportamentais.
• Pesquisa.
• Preparação para a próxima sessão.
Evocando feedback

• O terapeuta deveria evocar o feedback no mínimo ao


final de cada sessão.
• Evocando o feedback, evita-se que as percepções
errôneas, as insatisfações ou as distorções do paciente
em relação ao tratamento, ao terapeuta ou a
relacionamento continuem ocorrendo e impedindo o
progresso.
• Algumas crianças podem ser relutantes em dar
feedbacks.
Perguntar feitas no início da sessão

• O que passou na sua cabeça sobre a sessão da semana


passada?
• Que pensamentos e sentimentos sobre a sessão da
semana passada você gostaria de compartilhar comigo?
• Que coisas sobre a ultima sessão foram deixadas de
lado?
• Como foi pra você a sessão da semana passada?
• De que coisas você gostou na ultima sessão?
• De que coisas você não gostou?
Perguntar feitas no fim da sessão

• O que foi útil em nosso trabalho hoje?


• O que não foi útil em nosso trabalho de hoje?
• O que foi divertido?
• O que não foi divertido?
• O que fiz hoje que incomodou você ?
• O que fizemos hoje que não pareceu certo para você?
* Desafios do próprio terapeuta em
receber feedbacks.
• Quando tem duvidas das próprias habilidades teme que
o feedback negativo apenas valide seus medos de que
estava fazendo alguma coisa errada.
• Não ter certeza sobre o que fazer com o feedback
recebido.
• E se for algo que não pode ser mudado?
• Como reagir com um feedback negativo?
• Como equilibrar a validação da percepção e da
experiência da criança com a contestação de quaisquer
distorções cognitivas embutidas em seu feedback?
• Para enfrentar esses medo o terapeuta pode lançar
mão de um lista com de dados par testar seus medo.
Atividade
Referências Bibliográficas

BECK, Aaron; RUSH, John.; SHAW, Brian; EMERY, Gary. Terapia


Cognitiva da Depressão. Porto Alegre: Artmed, 1997.
FRIEDBERG, Robert D. A prática clínica de terapia cognitiva com
crianças e adolescentes / Robert D. Friedberg e Jessica M.
McClure; trad. Cristina Monteiro. Porto alegre: Artmed, 2004.
FRIEDBERG, Robert D. Técnicas da terapia cognitiva para crianças
e adolescentes: ferramentas para aprimorar a prática / Robert D.
Friedberg, Jessica M. McClure, Jolene Hillwig Garcia; trad.
Marcelo Figueiredo Duarte; revisão técnica: Ricardo Wainer. Porto
alegre: Artmed, 2011.
Manual prático de terapia Cognitivo-comportamental
/Margareth da Silva Oliveira, Ilana Andretta, (organizadoras). São
Paulo: Casa do psicólogo, 2011.

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