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1 - Abalos situacionais
Dentre os abalos situacionais, ocupam lugar de destaque as perdas, que podem ser classifica-
das como a seguir:
Proventos
Trabalho (demissão / aposentadoria)
Saúde
Status
Juventude
Recursos de apoio Amputações
Lar
Ilusões e fantasias
Beleza
Casa
Rotina (promoção, casamento, fortuna)
Pessoas
Bens
Materiais ou concretas Status
Saúde
Independência
Crenças
Fé
Espirituais ou interiores Confiança
Sonhos
Otimismo
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b) Quanto ao que causa a perda:
• Morte
• Doença (física / mental)
• Separação
• Casamento
• Trabalho
• Suicídio
• Serviço militar
• Estudo: jovem obrigado a sair da casa dos pais
• Formatura: perda dos colegas e ambiente da turma
• Mudança de cidade, estado, pais, escola, faculdade, casa, trabalho, status.
• Relacionamento Intrapessoal e Interpessoal: atitudes, comportamentos, desavenças, confli-
tos, temperamentos, divergências de valores e de ideais, interesses, etc.
As consequências e a maneira de reagir à perda são próprias de cada pessoa. Às vezes, a per-
da provoca mudanças de funções na vida, como no caso de uma pessoa que perde o cônjuge e
passa, assim, a exercer o papel de única provedora e responsável da família.
Além disso, são criados estigmas associados a essas perdas. Por exemplo: uma pessoa que
teve um membro do corpo amputado torna-se alvo de compaixão para outros, e, assim, passa a
ser estigmatizado. Desta maneira, pode ser que isso gere sentimentos de revolta, não aceitação da
perda, e desrespeito por si, o que potencializa um sentimento defensivo voltado a sua pessoa. Por
consequência, isso também poderá criar insegurança nas pessoas próximas para se aproximar
dela, com receio de feri-la ao tocar no assunto.
No geral, o sofrimento diante a perda está atrelado ao fato de sentir que se perdeu uma parte
de si. Por vezes, na dualidade do ter e do ser, acaba-se por acreditar que se é os bens adquiridos
e conquistados. O que reforça a importância do ter, a se confundir com o ser. A percepção de que
somos nossas capacidades de adquirir, construir e utilizar nossos bens se confunde com o sermos
nossos bens.
c) Os principais fatores que determinam como o indivíduo reagirá perante essa situação
de perda são:
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d) Sentimentos decorrentes da perda
Motivações Sentimento Sentimento Interfaces
Pavor, Pânico, Temor,
Medo
Insegurança, Fobia
Repugnância, Rejeição,
Aversão
Evitar a perda Intolerância
Apreensão, Insatisfação,
Ansiedade Tensão, Impaciência,
Preocupação
Reparar a perda Ira, Fúria, Indignação,
Punir o responsável Raiva
Revolta, Melindre
Tentativa de reparar uma determinada perda
ou de punir a quem julgamos ser responsável
Inveja Cobiça, Rivalidade, Ambição
por ela
Desgosto, Decepção, Aborrecimento,
Melancolia, Desapontamento, Infelici-
Tristeza
dade, Desalento, Desânimo, Pessimis-
Incapacidade de obter prazer e alegria mo
Decorrente de uma determinada perda Autodepreciação,
Culpa
Autoacusação, Autopunição
Saudade Nostalgia
Vergonha Inibição
Carência, Vazio, Privação,
Solidão
Necessidade, Desamparo
Aflição, Agonia,
Ausência de perspectivas - prazer e ale- Angústia
Estreiteza, Opressão
gria
Somatória de perdas não resolvidas Autopiedade, Inaptidão,
Inferioridade
Incapacidade
Desilusão, Decepção,
Desespero
Desengano, Desesperança
Presunção, Euforia, Posse, Grandeza,
Trasitórios - Ameaça de perda Prazer e Alegria Audácia, Orgulho, Ansiedade, Ciúme,
Vaidade, Medo
Atração, Curiosidade,
Interesse
Admiração, Coragem.
Apreço, Aceitação, Atração, Estima,
Afeição Compaixão,
Consideração
Sentimentos de abertura - Prazer Bem Estar, Satisfação
Postura confiante Otimismo, Entusiasmo, Bom Humor,
Alegria Animação,
Contentamento, Confiança
Apesar de não serem frequentes, recebemos também chamadas de crianças. Na sua totalidade,
as que nos procuram possuem problemas no ambiente doméstico. Esses problemas são senti-
dos como perdas de amor dos pais, da segurança, etc. Assim como ocorre com idosos, também
elas dificilmente são ouvidas pelos demais. Normalmente seus problemas não são considerados
importantes. O sofrimento pela perda de animais de estimação, por exemplo, é bastante intenso
nessa idade.
Podemos e devemos falar de maneira natural com as crianças, assim como fazemos com os
demais: sem complicações e sem o linguajar maternal que tenta imitar o infantil. O voluntário deve
exercitar também sua confiança na capacidade que elas possuem de realizar o ciclo da vida.
3 - Adolescentes
Geralmente, eles relatam seus sofrimentos em meio a risadas, o que deve ser tomado como
uma maneira de mascarar a timidez, visto que, para os adolescentes, é muito difícil comunicar
sentimentos e preocupações. Os problemas mais comuns relatados são: achar que os pais não os
entendem; medo de contar aos pais que deixaram de frequentar a escola para ir a outros lugares;
brigas familiares constantes ou iminente separação dos pais; pressão causada pelo fato de os
pais estarem esperando (exigindo) que eles se saiam bem em tudo, o que gera nos adolescentes
o medo de falhar e de magoar os pais.
O mundo do adolescente é muito complexo. Além das mudanças físicas, ele também enfrenta
as dos sentimentos. Por isso, é comum relatar problemas e preocupações típicas de adultos, mis-
turadas a outras aparentemente infantis.
Tudo isso deve ser levado a sério pelo voluntário, porque, por trás de uma simples briga com um
colega de escola, pode se ocultar um grande problema. O fato de o indivíduo ter chamado indica
que algo não está bem e não há qualquer razão para não se acreditar nisso. O adolescente exige o
máximo de confidência em relação aos seus problemas. Assim, se o voluntário fizer com que ele se
sinta confiante, será capaz de expor seus sentimentos e encontrar condições para resolver sozinho
aquilo que o está perturbando.
4 - Pessoas idosas
O índice de suicídio entre pessoas idosas é bastante elevado. Os motivos que levam essas
pessoas a ligarem para o CVV não são muito diferentes dos já citados, mas podemos destacar
principalmente:
• Perda de saúde (limitações causadas por doenças)
• Perda de pessoas (solidão)
• Outros recursos de apoio (trabalho, aposentadoria, proventos)
• Perda de autonomia (agressividade, violência doméstica), ser lesado ou usado financeira e
materialmente
A comunicação, por exemplo, pode estar prejudicada pela perda total ou parcial da audição,
pela vagarosidade da dicção, por confusões e perda de memória, etc. Embora possa acontecer
em qualquer etapa da vida, a solidão é comum entre as pessoas mais velhas, e a maior incidência
se dá entre aquelas que vivem em instituições para idosos. Geralmente são os indivíduos de per-
sonalidade mais difícil que acabam em tais instituições. Eles muito comumente não se relacionam
bem com seus companheiros, o que piora muito a situação.
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