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Direito Ambiental - Atualizado
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Exame de Ordem
Damásio Educacional
Sumário
TUTELA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVA............................................................................................................4
1. Introdução ..............................................................................................................................................................10
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL................................................................................................................................23
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SÚMULAS IMPORTANTES DE DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................31
1. Estatuto da Cidade..................................................................................................................................................36
3. Loteamento ............................................................................................................................................................43
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TUTELA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVA
O conceito de meio ambiente é extraído da Lei nº 6.938/81/PNMA. Contudo, a Constituição trouxe uma
classificação de meio ambiente, ampliando, inclusive, o âmbito de proteção da PNMA. Isso porque a CF/88 passou
a prever não apenas o meio ambiente natural (ar/água/flora/fauna), mas também o meio ambiente
artificial/urbano, cultural e do trabalho.
Meio ambiente natural: solo, ar, água, fauna, flora e suas interações.
Meio ambiente artificial: equipamentos urbanos, uso e ocupação do solo urbano, empreendimentos industriais
potencialmente poluidores e suas interações.
Meio ambiente cultural: bens materiais e imateriais de valor histórico, artístico, paisagístico, arqueológico,
paleontológico e turístico.
Meio ambiente do trabalho: condições que potencialmente afetam a sadia qualidade de vida do homem em seu
local de trabalho.
“Art. 3º, I, Lei nº 6.938/81 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-
se por
I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas; (...)”
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Estado Socioambiental – Art. 170, caput e inciso VI CF/88:
A ordem econômica, conforme disposto no art. 170 da CF/88, está ancorada em dois pilares
fundamentais: a Justiça Social e o respeito ao meio ambiente sustentável. Portanto, é possível afirmar que a
CF/88 prevê uma harmonização à luz do desenvolvimento sustentável, pautada nos aspectos econômico,
ambiental e social.
TRÊS PILARES
Nesse sentido:
Conforme disposto na CF, a competência legislativa é concorrente, cabendo a União editar normas gerais
e os Estados suplementar, conforme suas peculiaridades, a legislação federal. Na ausência de legislação da
federal, os Estados/DF exercerão competência legislativa plena. Além disso, vale destacar que embora o art. 24 da
CF não mencione expressamente a competência dos Municípios, prevalece o entendimento de que o referido
dispositivo deve ser lido em consonância com o disposto no art. 30, cabendo aos Municípios legislarem à luz do
interesse local, respeitadas as normas federais e estaduais.
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Competência em matéria ambiental
No que se refere à competência administrativa, a CF/88 dispõe tratar-se competência comum de todos
os entes. Todos os entes, nesse sentido, possuem o poder de polícia para fiscaliza atividades que de qualquer
modo interfiram no meio ambiente.
Observação: é competência exclusiva da União legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza (STF).
Art. 25, § 3º (Estados) e art. 30, I (Municípios) da CF/88 também tratam de competência exclusiva.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
O Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado é intimamente ligado ao Direito à Vida, gozando
também do status de Direito Fundamental.
O art. 225, caput, da Constituição Federal/88 prevê “essencial à sadia qualidade de vida”.
Existem Direitos Fundamentais fora do art. 5º da Constituição Federal/88, mas com status das normas do
art. 5º.
Tendo em vista que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental, é
constitucional limitar o uso da propriedade rural para garantir a utilização adequada dos recursos naturais e a
preservação do meio ambiente (art. 186, II da CF). Justifica, por exemplo, a instituição da Reserva Legal nos
imóveis rurais.
No que se refere à propriedade urbana, a exigência de sua adequação à função socioambiental está
prevista no art. 182, § 2º da CF – “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”.
Aquele que faz uso dos recursos ambientais deve arcar com os custos e ônus dele decorrentes para
manter a qualidade ambiental para todos, inclusive o custeio de outorgas, estudos, licenciamentos, instalação de
equipamentos preventivos etc. Além disso, o Princípio do Usuário Pagador não possui apenas viés arrecadatório,
mas também limitador para um uso racional e sem desperdício.
Pelo Princípio do poluidor-pagador, aquele que desenvolve atividade com potencial de alteração negativa
do meio ambiente deve suportar os custos para prevenção e reparação de danos ambientais, inclusive o custeio
de perícias, instalação de equipamentos preventivos, planos de recuperação de áreas degradadas etc.
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5. Princípio do provedor recebedor ou protetor recebedor
Ao invés de somente cobrar de quem polui, há uma espécie de premiação àquele que conserva ou
recupera o meio ambiente, pois está provendo importantes serviços ambientais à coletividade.
Ambos possuem um viés acautelatório, isto é, de prevenção de um dano futuro. Contudo, enquanto o
Princípio da Prevenção é direcionado a um dano futuro certo, previsível, o Princípio da Precaução é direcionado a
um dano futuro incerto, provável.
7. Princípio da Ubiquidade
Pelo Princípio da Ubiquidade estabelece-se uma ordem mundial de proteção. Em outras palavras, a
proteção do meio ambiente não possui fronteiras ou limites territoriais.
8. Princípio da Indisponibilidade
O princípio da vedação ou proibição do retrocesso é aplicado para impedir a adoção de medidas que
acarretem a redução ou a supressão dos níveis de proteção já alcançados.
Nesse sentido:
O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de preservação permanente no cálculo
do percentual de instituição da reserva legal do imóvel, não retroage para alcançar situações consolidadas antes
de sua vigência. Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir
a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. (STJ. 1ª
Turma. REsp 1.646.193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em
12/05/2020 - Informativo 673).
De olho na jurisprudência:
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ambientais específicas não publicadas (transparência passiva); e iii) direito a requerer a produção de
informação ambiental não disponível para a Administração (transparência reativa);
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da
Administração justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos: i) na
transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não publicar; ii) na
transparência passiva, de enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e iii) na
transparência ambiental reativa, da irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de
interesse público, inclusive as ambientais;
Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de
informações alusivas a suas funções institucionais.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Direito à informação ambiental e obrigação do Estado com a
transparência. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f03704cb51f02f80b09bffba15751691
>. Acesso em: 30/03/2023
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LEI Nº 6.938/1981 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
1. Introdução
A Lei nº 6.938/1981 foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, pois compatível com a CF.
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e
dá outras providências.
Institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), constituindo uma integração dos órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como das fundações
instituídas pelo Poder Público para cuidar da proteção e melhoria da qualidade ambiental no país (art. 6º).
2. Princípios da PNMA
Na verdade, são mecanismos utilizados para que os Princípios do Direito ambiental sejam concretizados.
Exemplos:
• Educação ambiental a todos os níveis do ensino;
• Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
• Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas.
Órgão Superior: Conselho de Governo. Possui função de assessorar o Presidente da República na formulação da
política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.
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Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com o objetivo de assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
Órgão Central: o Ministério do Meio Ambiente (a Lei nº 6.938/81 ainda fala em Secretaria do Meio Ambiente),
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
Órgãos Executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, com a finalidade de executar e fazer executar
a política e as diretrizes governamentais;
Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo
controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas
suas respectivas jurisdições.
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5. Principais Instrumentos
Conceito:
“Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso” (art. 1°,
I, da Resolução CONAMA n° 237/97).
O Licenciamento Ambiental é o exercício de poder de polícia para avaliação, permissão (ou não) e
limitação do exercício de atividade potencialmente poluidora, diante do direito difuso ao meio ambiente
saudável.
Base legal:
Art. 10 da Lei 6938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) – “A construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em
caráter supletivo (empreendimentos fronteiriços etc.), sem prejuízo de outras licenças exigíveis”. (Essas
competências foram alteradas pela Lei Complementar 140/2011).
O licenciamento ambiental é requisito legal indispensável, cuja inobservância pode caracterizar o crime do art. 60
da Lei nº 9.605/98. Vejamos:
Previsão legal: Lei Complementar 140/2011 (competências) c/c a Resoluções do CONAMA n° 237/97 (regras
gerais do Licenciamento Ambiental).
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Competência para o Licenciamento:
A LC 140/2011 estabelece a competência de cada ente federativo para o licenciamento e fiscalização dos
empreendimentos potencialmente impactantes ao meio ambiente.
1) União
Nesse sentido, compete à União, por meio do IBAMA licenciar empreendimentos (art. 7º, XIV):
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo,
aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de
9 de junho de 1999;
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),
e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;
Desse modo, os empreendimentos efetiva ou potencialmente impactantes ao meio ambiente que não sejam
de competência da União ou dos Municípios, serão licenciados pelos Estados. Portanto, a grande maioria dos
empreendimentos é licenciada em âmbito estadual.
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Compete aos Estados licenciar empreendimentos (art. 8):
3) Municípios
Atuação supletiva:
É possível a atuação em caráter supletivo quando um ente federativo não tiver capacidade de licenciar
(art. 15)
Observações:
É possível a delegação de atribuições para o licenciamento ambiental entre os entes federativos, através
de convênio, desde que o destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente (art. 5º).
O ente federativo que possui competência para licenciar determinada atividade tem o dever de fiscalizar
e adotar medidas administrativas em relação ao empreendimento que licenciou (art. 17).
Art. 17, § 2º. Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente
federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.
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LC 140/2011
De olho na jurisprudência:
Ementa Oficial
CONSTITUCIONAL. AMBIENTAL. FEDERALISMO COOPERATIVO. COMPETÊNCIA COMUM EM MATÉRIA
AMBIENTAL. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 23 CF. LEI COMPLEMENTAR Nº 140/2011. FEDERALISMO
ECOLÓGICO. DESENHO INSTITUCIONAL DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS FUNDADO NA COOPERAÇÃO.
RECONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE. DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE.
DEVERES FUNDAMENTAIS DE PROTEÇÃO COMO PARÂMETRO NORMATIVO DE CONTROLE DE VALIDADE
(ARTS. 23, PARÁGRAFO ÚNICO, 225, CAPUT, § 1º). RACIONALIDADE NO QUADRO ORGANIZATIVO DAS
COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS. EFICIÊNCIA E COORDENAÇÃO DO AGIR ADMINISTRATIVO. VALORES
CONSTITUCIONAIS. PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL DE LICENCIAMENTO E ATIVIDADES FISCALIZATÓRIAS.
EXISTÊNCIA E CAPACIDADE INSTITUCIONAL DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS COMO REQUISITO DA REGRA GERAL
DE COMPETÊNCIA INSTITUÍDA NA LEI COMPLEMENTAR. ATUAÇÃO SUPLETIVA E SUBSIDIÁRIA. TUTELA
EFETIVA E ADEQUADA DO MEIO AMBIENTE. LIMITES DA COGNIÇÃO JURISDICIONAL NO CONTROLE
CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ATRIBUÍDA AO § 4º DO ART. 14 E AO 3º DO ART. 17. PROCEDÊNCIA PARCIAL. 1. A Lei Complementar nº
140/2011 disciplina a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais
notáveis, do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora, em resposta ao dever de legislar prescrito no art. 23, III, VI e VI, da Constituição
Federal. No marco da Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938/1981, e da forma
federalista de organização do Estado constitucional e ecológico, a Lei Complementar nº 140/2011 foi a
responsável pelo desenho institucional cooperativo de atribuição das competências executivas ambientais
aos entes federados. 2. Legitimidade ativa da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista
em Meio Ambiente e Pecma (ASIBAMA). Inegável a representatividade nacional da associação requerente,
assim como a observância do requisito da pertinência temática para discutir questões versando alteração
estrutural do sistema normativo de proteção do meio ambiente, conforme descrito no art. 3º, VI, do Estatuto
Social juntado ao processo, quando do ajuizamento da presente ação. Reconhecimento da legitimidade da
associação autora na ADI 4.029 (caso Instituto Chico Mendes). 3. O Supremo Tribunal Federal, acerca do
alcance normativo do parágrafo único do art. 65 do texto constitucional, definiu interpretação jurídica no
sentido de que o retorno à Casa iniciadora apenas deve ocorrer quando a Casa revisora, em seu processo
deliberativo, aprovar modificação substancial do conteúdo do projeto de Lei. Afastado, no caso, o vício de
inconstitucionalidade formal do § 3º do art. 17. 4. Da interpretação do art. 225 da Constituição Federal,
fundamento normativo do Estado de Direito e governança ambiental, infere-se estrutura jurídica complexa
decomposta em duas direções normativas. A primeira voltada ao reconhecimento do direito fundamental ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, em uma perspectiva intergeracional. A segunda relacionada aos
deveres de proteção e responsabilidades atribuídos aos poderes constituídos, aos atores públicos e à
sociedade civil em conjunto. A preservação da ordem constitucional vigente de proteção do meio ambiente,
densificada nos seus deveres fundamentais de proteção, impõe-se, pois, como limite substantivo ao agir
legislativo e administrativo. O que significa dizer que tanto a Política Nacional do Meio Ambiente, em todas
as suas dimensões, quanto o sistema organizacional e administrativo responsável pela sua implementação, a
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exemplo do Sistema Nacional do Meio Ambiente, dos Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais, devem
traduzir os vetores normativos do constitucionalismo ecológico e do federalismo cooperativo. 5. A Lei
Complementar nº 140/2011, em face da intricada teia normativa ambiental, aí incluídos os correlatos
deveres fundamentais de tutela, logrou equacionar o sistema descentralizado de competências
administrativas em matéria ambiental com os vetores da uniformidade decisória e da racionalidade, valendo-
se para tanto da cooperação como superestrutura do diálogo interfederativo. Cumpre assinalar que referida
legislação não trata sobre os deveres de tutela ambiental de forma genérica e ampla, como disciplina o art.
225, §1º, IV, tampouco regulamenta o agir legislativo, marcado pela repartição concorrente de
competências, inclusive no tocante à normatização do licenciamento em si. 6. O modelo federativo ecológico
em matéria de competência comum material delineado pela Lei Complementar nº 140/2011 revela quadro
normativo altamente especializado e complexo, na medida em que se relaciona com teia institucional
multipolar, como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e com outras legislações ambientais,
como a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) e a Lei de Infrações penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (Lei nº 9.605/1998). O diálogo das fontes
revela-se nesse quadro como principal método interpretativo. 7. Na repartição da competência comum (23,
III, VI e VII CF), não cabe ao legislador formular disciplina normativa que exclua o exercício administrativo de
qualquer dos entes federados, mas sim que organize a cooperação federativa, assegurando a racionalidade e
a efetividade nos encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos fundamentais. Ademais, os
arranjos institucionais derivados do federalismo cooperativo facilita a realização dos valores caros ao projeto
constitucional brasileiro, como a democracia participativa, a proteção dos direitos fundamentais e a
desconcentração vertical de poderes, como fórmula responsiva aos controles social e institucional.
Precedentes. 8. O nível de ação do agir político-administrativo nos domínios das competências partilhadas,
próprio do modelo do federalismo cooperativo, deve ser medido pelo princípio da subsidiariedade. Ou seja,
na conformação dos arranjos cooperativos, a ação do ente social ou político maior no menor, justifica-se
quando comprovada a incapacidade institucional desse e demonstrada a eficácia protetiva daquele. Todavia,
a subsidiariedade apenas apresentará resultados satisfatórios caso haja forte coesão entre as ações dos
entes federados. Coesão que é exigida tanto na dimensão da alocação das competências quanto na dimensão
do controle e fiscalização das capacidades institucionais dos órgãos responsáveis pela política pública. 9. A Lei
Complementar nº 140/2011 tal como desenhada estabelece fórmulas capazes de assegurar a permanente
cooperação entre os órgãos administrativos ambientais, a partir da articulação entre as dimensões estáticas e
dinâmicas das competências comuns atribuídas aos entes federados. Desse modo, respeitada a moldura
constitucional quanto às bases do pacto federativo em competência comum administrativa e quanto aos
deveres de proteção adequada e suficiente do meio ambiente, salvo as prescrições dos arts. 14, § 4º, e 17, §
3º, que não passam no teste de validade constitucional. 10. No § 4º do art. 14, o legislador foi insuficiente em
sua regulamentação frente aos deveres de tutela, uma vez que não disciplinou qualquer consequência para a
hipótese da omissão ou mora imotivada e desproporcional do órgão ambiental diante de pedido de
renovação de licença ambiental. Até mesmo porque para a hipótese de omissão do agir administrativo no
processo de licenciamento, o legislador ofereceu, como afirmado acima, resposta adequada consistente na
atuação supletiva de outro ente federado, prevista no art. 15. Desse modo, mesmo resultado normativo deve
incidir para a omissão ou mora imotivada e desproporcional do órgão ambiental diante de pedido de
renovação de licença ambiental, disciplinado no referido § 4º do art. 14. 11. Um dos princípios fundamentais
do funcionamento do sistema legal de tutela do meio ambiente é o da atuação supletiva do órgão federal,
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seja em matéria de licenciamento seja em matéria de controle e fiscalização das atividades ou
empreendimentos potencialmente poluidores ou degradantes do meio ambiente. No exercício da
cooperação administrativa, portanto, cabe atuação suplementar. Ainda que não conflitiva. Da União com a
dos órgãos estadual e municipal. As potenciais omissões e falhas no exercício da atividade fiscalizatória do
poder de polícia ambiental por parte dos órgãos que integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) não são irrelevantes e devem ser levadas em consideração para constituição da regra de
competência fiscalizatória. Diante das características concretas que qualificam a maioria dos danos e ilícitos
ambientais de impactos significativos, mostra-se irrazoável e insuficiente regra que estabeleça competência
estática do órgão licenciador para a lavratura final do auto de infração. O critério da prevalência de auto de
infração do órgão licenciador prescrito no § 3º do art. 17 não oferece resposta aos deveres fundamentais de
proteção, nas situações de omissão ou falha da atuação daquele órgão na atividade fiscalizatória e
sancionatória, por insuficiência ou inadequação da medida adotada para prevenir ou reparar situação de
ilícito ou dano ambiental. 12. O juízo de constitucionalidade não autoriza afirmação no sentido de que a
escolha legislativa é a melhor, por apresentar os melhores resultados em termos de gestão, eficiência e
efetividade ambiental, mas que está nos limites da moldura constitucional da conformação decisória. Daí
porque se exige dos poderes com funções precípuas legislativas e normativas o permanente ajuste da
legislação às particularidades e aos conflitos sociais. 13. A título de obter dictum faço apelo ao legislador para
a implementação de estudo regulatório retrospectivo acerca da Lei Complementar nº 140/2011, em diálogo
com todos os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente, como método de
vigilância legislativa e posterior avaliação para possíveis rearranjos institucionais. Sempre direcionado ao
compromisso com a normatividade constitucional ambiental e federativa. Ademais, faço também o apelo ao
legislador para o adimplemento constitucional de legislar sobre a proteção e uso da Floresta Amazônia (art.
225, § 4º), região que carece de efetiva e especial regulamentação, em particular das atividades
fiscalizadoras, frente às características dos crimes e ilícitos ambientais na região da Amazônia Legal. 14.
Improcedência dos pedidos de declaração de inconstitucionalidade dos arts. 4º, V e VI, 7º, XIII, XIV, "h", XV e
parágrafo único, 8º, XIII e XIV, 9º, XIII e XIV, 14 § 3º, 15, 17, caput e §§ 2º, 20 e 21, Lei Complementar nº
140/2011 e, por arrastamento, da integralidade da legislação. 15. Procedência parcial da ação direta para
conferir interpretação conforme à Constituição Federal: (I) ao § 4º do art. 14 da Lei Complementar nº
140/2011 para estabelecer que a omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na
manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação de licenças ambientais instaura a competência
supletiva dos demais entes federados nas ações administrativas de licenciamento e na autorização
ambiental, como previsto no art. 15 e (II) ao § 3º do art. 17 da Lei Complementar nº 140/2011, esclarecendo
que a prevalência do auto de infração lavrado pelo órgão originalmente competente para o licenciamento ou
autorização ambiental não exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que comprovada
omissão ou insuficiência na tutela fiscalizatória. (STF; ADI 4.757; DF; Tribunal Pleno; Relª Min. Rosa Weber;
Julg. 13/12/2022; DJE 17/03/2023)
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Análise da constitucionalidade da LC 140/2011. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6cb993c8fa82ad11ff71fad64d213a72>.
Acesso em: 30/03/2023
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Modalidades de licenciamento:
a) Licenciamento Simplificado: voltado às atividades de pequeno impacto ambiental, exigindo-se, para tanto,
autorização do Conselho. Ex.: No âmbito da União → Conama.
Os Estados poderão alterar os prazos das licenças acima? Sim, desde que para menos (tem que ser
sempre mais protetivo).
É possível renovação da licença? Sim, desde que seja requerida 120 dias antes do vencimento. Não sendo
analisado o requerimento no prazo, o empreendedor terá direito a prorrogação até que haja manifestação.
Portanto, não há que se falar em aprovação tácita.
De olho na jurisprudência:
É inconstitucional norma estadual que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional norma estadual que cria dispensa do licenciamento
ambiental para atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dc1d3cb9517bda57aacd65f5b1986c6
e>. Acesso em: 30/03/2023
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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) / RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)
O EIA tem previsão constitucional. Conforme disposto na CF/88, todo empreendimento que causar
significativa degradação ambiental deve adotar o EIA/RIMA.
Se a atividade for de baixo ou médio impacto, cada órgão ambiental verificará em sua legislação o estudo
necessário. Ex.: O Estado de São Paulo possui três estudos conforme o impacto (pequeno/médio/significativo).
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ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (ETEP’S)
Previsão Constitucional:
Criação e alteração:
Para criação das ETEP’s não é necessário lei (pode ser, mas não há obrigatoriedade). Conforme disposto
no art. 225, § 1º, III da CF/88, basta ato do Poder Público, como um Decreto.
Unidades de conservação - LEI nº 9.985/00, institui o Sistema Nacional das Unidades de Conservação.
É um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (art. 2º, I da Lei nº
9.985/00).
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Grupos ou categorias de UC’s:
• UC de uso sustentável;
• UC de proteção integral.
Possuem a finalidade preservar a natureza, mantendo seus ecossistemas livres de alterações causadas por
interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.
• Estação ecológica (Art. 9º): Preservação e estudo de áreas representativas de ecossistemas. É proibida a
visitação, em regra, salvo de caráter educacional de acordo com regras da UC. Áreas Públicas.
• Reserva biológica (art. 10): Preservação da biota. Em regra, proibida visitação, salvo de caráter
educacional de acordo com regras da UC. Áreas Públicas.
• Parque nacional (art. 11): Visa a preservação e estudo de áreas de relevância ecológica e beleza cênica,
educação, recreação e turismo. Permite visitação, de acordo com regras do Plano de Manejo. Áreas
Públicas.
• Monumento natural (art. 12): Preservação de sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.
Permite visitação, conforme regras do Plano de Manejo. Pode ter áreas privadas em Monumentos
Naturais, desde que sua utilização seja compatível com os objetivos da UC.
• Refúgio da vida silvestre (art. 13): Preservação de ambientes para espécies específicas de flora ou fauna.
Permite visitação, de acordo com regras do Plano de Manejo. Pode ter áreas privadas em Monumentos
Naturais, desde que sua utilização seja compatível com os objetivos da UC.
São Unidades de Conservação que possuem o objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com a
exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos
ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável (uso sustentável).
Admite o uso direto e uso indireto sustentável dos seus atributos naturais.
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É dividida em sete categorias:
• Área de Proteção Ambiental (APA – art. 15): área extensa, com considerável ocupação humana, dotada
de atributos naturais ou culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas.
• Área de Relevante Interesse Ecológico (art. 16): área de pequena extensão, com pouca ocupação
humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional
dotada de atributos naturais ou culturais importantes para a qualidade de vida. e o bem-estar das
populações humanas. O objetivo é manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e
regular o uso admissível pelos particulares. Possui áreas públicas e privadas e pode estabelecer restrições
para utilização.
• Floresta Nacional (art. 17): o objetivo é conservar a cobertura florestal predominantemente nativa,
permitindo o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com foco em
métodos para a exploração sustentável. Permite visitação. Áreas Públicas.
• Reserva Extrativista (art. 18): área utilizada por populações extrativistas tradicionais. O objetivo de
proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, permitindo extrativismo, agricultura de
subsistência e criação de animais de pequeno porte, desde que de forma sustentável. Permite visitação.
São públicas, mas com concessão do uso às populações tradicionais.
• Reserva de Fauna (art. 19): área natural com populações animais de espécies nativas. Admite visitação.
Permite a comercialização de produtos das pesquisas (vedada a caça). São áreas públicas.
• Reserva de Desenvolvimento Sustentável (art. 20): área natural que abriga populações tradicionais com
sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais. Objetivo é preservar a natureza e, ao mesmo
tempo, assegurar reprodução e melhoria da exploração dos recursos naturais das populações tradicionais
e suas técnicas de manejo (que não só extraem, mas podem plantar espécies cultiváveis, desde que com
plano de manejo). Dentro da RDS serão definidas zonas de proteção integral, de uso sustentável e de
amortecimento e corredores ecológicos. Permite visitação. São públicas, mas com concessão do uso às
populações tradicionais.
• Reserva Particular de Patrimônio Nacional (RPPN – art. 21): área Privada, gravada com perpetuidade,
com o objetivo de conservar a diversidade biológica. A RPPN é instituída por Termo de Compromisso,
averbada no Registro e só permite pesquisa e visitação.
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Exame de Ordem
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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Disposições gerais
Quadro-resumo:
RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE PENAL
ADMINISTRATIVA
• Objetiva [reparação integral]; • Subjetiva; • Subjetiva
• Não prescreve; • Há prescrição; • Há prescrição
• Transmite. • Não transmite. • Não transmite.
Obs.: A responsabilidade pelo dano
transmite a 3º. A natureza da
obrigação é real e propter rem.
1. Responsabilidade Civil
Solidária: todo poluidor (PF/PJ) é responsável. O Litisconsórcio é facultativo. Não cabe denunciação da lide nem
chamamento ao processo (CDC).
Sempre que houver um dano ambiental consequentemente haverá dano moral coletivo? Não. Só cabe
diante de ofensa que afronte valores maiores da coletividade.
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Aplicação do Princípio da reparação integral (Princípio do poluidor-pagador).
Quanto ao nexo de causalidade, qual teoria adotada? Teoria do risco integral, não sendo admitidas as
excludentes de fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.
De olho na jurisprudência:
A responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e solidária; nos casos em que o Poder Público
concorre para o prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de execução subsidiária (ou com
ordem de preferência)
Ementa Oficial
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR DANO AMBIENTAL.
CONSTRUÇÃO DE MORADIAS EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. CIÊNCIA DO MUNICÍPIO. INÉRCIA
POR MAIS DE SEIS ANOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR OMISSÃO. AGRAVO CONHECIDO PARA DAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
I - Na origem, o Ministério Público do Estado de São Paulo ajuizou ação civil pública em desfavor de
particulares e do Município de Bertioga, tendo por causa de pedir degradação ambiental ocorrida no
endereço indicado. Narrou o autor que, em razão de omissão do Município de Bertioga no exercício do
poder de polícia, os requeridos realizaram construção supressora de vegetação nativa em área de
preservação permanente de restinga no bioma Mata Atlântica.
II - O Juízo de primeira instância julgou procedentes em parte os pedidos iniciais para condenar os
causadores diretos do dano e também o Município, em razão de sua omissão, em obrigações de fazer e não
fazer.
III - O Tribunal a quo, julgando o recurso de apelação interposto, reformou parcialmente a sentença
afastando a responsabilidade do Município apelante.
IV - O caso não atrai a incidência do óbice contido no Enunciado Sumular n. 7/STJ, porque a questão
debatida no recurso especial é estritamente jurídica, acerca dos limites da responsabilidade civil ambiental
do Estado por omissão, incumbindo a este Superior Tribunal de Justiça uniformizar a interpretação de lei
federal.
V - No caso, para excluir a responsabilidade da Municipalidade, o Tribunal de origem considerou, em suma,
o fato de que o ente público não seria garantidor universal de condutas lesivas ao meio ambiente e que a
autuação teve início no âmbito estadual. Esses argumentos acolhidos pelo Tribunal de origem não são,
contudo, aptos, por si sós, a afastar a responsabilidade do Município pela omissão.
Conforme constou do acórdão recorrido, a Municipalidade teve ciência acerca dos fatos e por mais de seis
anos permaneceu inerte, o que atraiu a violação do dever específico de agir.
VI - O Estado é solidário, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei n.
6.938/1981, por danos ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar, nos casos
em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o
seu agravamento, consolidação ou perpetuação. Em casos tais em que o Poder Público concorre para o
prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de execução subsidiária (ou com ordem de
preferência).
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VII - Precedentes: AREsp n. 1.728.895/DF, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
16/3/2021, DJe de 17/12/2021;
AgInt no REsp n. 1.205.174/PR, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 28/9/2020, DJe
de 1/10/2020; REsp n. 1.787.952/RJ, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
15/10/2019, DJe de 11/9/2020; EDcl no AREsp n. 1.233.356/SP, relator Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, julgado em 19/6/2018, DJe de 27/6/2018.
VIII - Agravo conhecido para dar provimento ao recurso especial, a fim de restabelecer a sentença
condenatória. (AREsp n. 1.756.656/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em
18/10/2022, DJe de 21/10/2022.)
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e solidária; nos
casos em que o Poder Público concorre para o prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de
execução subsidiária (ou com ordem de preferência). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1f89885d556929e98d3ef9b86448f95
1>. Acesso em: 30/03/2023
ATENÇÃO!!!
O cumprimento da obrigação de reparar integralmente o dano ambiental (in natura ou pecuniariamente)
não afasta a obrigação de indenizar os danos ambientais interinos
Ementa Oficial
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RECURSO ESPECIAL. DANO
INTERCORRENTE (INTERINO, TRANSITÓRIO, TEMPORÁRIO, INTERMEDIÁRIO, PROVISÓRIO). INDENIZAÇÃO
PECUNIÁRIA. POSSIBILIDADE. ESPÉCIE DE DANO DISTINTA DO DANO RESIDUAL (PERMANENTE, DEFINITIVO,
PERENE). VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO. REENVIO DO FEITO À ORIGEM.
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8. O acolhimento do vício de fundamentação prejudica o exame da matéria de fundo.
9. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido, para determinar o reenvio do feito à
origem, para saneamento da omissão ora afirmada.
(REsp n. 1.845.200/SC, relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 16/8/2022, DJe de
6/9/2022.)
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O cumprimento da obrigação de reparar integralmente o dano
ambiental (in natura ou pecuniariamente) não afasta a obrigação de indenizar os danos ambientais
interinos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58d123e75dac4f3e9fb6c4d20ca6f517
>. Acesso em: 30/03/2023
2. Responsabilidade Administrativa
Responsabilidade subjetiva (devendo ser analisada a presença do dolo). Não aplicação da teoria do risco
integral (aplicável somente à responsabilidade civil ambiental).
Previsão: a CF consagra a tríplice responsabilidade + Lei 9605 (lei dos crimes ambientais).
AIA: O Auto de Infração Ambiental é ato administrativo e, por isso, goza de presunção de legalidade. Logo, o ônus
da prova recai sobre o infrator.
Natureza da obrigação: pessoal, não transmite a terceiros. O direito sancionador (penal ou administrativo) jamais
transmite a terceiros.
O dano ambiental não prescreve, mas a infração administrativa prescreve. A Administração tem 5 anos
para lavrar auto a partir da ocorrência da infração ou do dia que ela cessar.
Há prescrição intercorrente, notadamente nos casos em que o processo ficar parado por mais de 3 anos.
Caso a infração configure ao mesmo tempo infração administrativa e crime, deverá ser aplicado o prazo
prescricional do CP.
Ocorrendo a Prescrição estatal (administrativa ou penal), isso não afastará o dever de reparação, já que o
dano não prescreve.
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Exame de Ordem
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Súmula 467, STJ: Findo o processo administrativo o poder público terá 5 anos para executar a multa ambiental. Se
não o fizer, prescreve.
De olho na jurisprudência
Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é necessário que se
comprove que o bem era utilizado de forma específica, exclusiva ou habitual na prática de ilícitos
ambientais
Ementa Oficial
DIREITO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
SUBMISSÃO À REGRA PREVISTA NO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ.
APREENSÃO DE VEÍCULO UTILIZADO NA PRÁTICA DE INFRAÇÃO AMBIENTAL.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE USO ESPECÍFICO E EXCLUSIVO COM ESSA FINALIDADE. FIXAÇÃO DE
TESE REPETITIVA.
1. Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região que
manteve a sentença de procedência do pedido de veículo apreendido na prática de infração ambiental.
2. Entendeu a Corte de origem a retenção é justificável somente nos casos em que a posse em si do veículo
constitui ilícito, o que não é a hipótese dos autos.
3. Ocorre que essa não é a interpretação mais adequada da norma, que não prevê tal condição para a sua
aplicação, conforme entendimento recentemente adotado na Segunda Turma no julgamento do REsp
1.820.640/PE (Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, DJe de 09/10/2019).
4. Nesse julgado, observou-se que "[a] efetividade da política de preservação do meio ambiente,
especialmente no momento em que a comunidade internacional lança os olhos sobre o papel das autoridades
públicas brasileiras no exercício de tal mister, atrai para o Judiciário o dever de interpretar a legislação à luz de
tal realidade, recrudescendo a proteção ambiental e a correspondente atividade fiscalizatória"; assim,
"[m]erece ser superada a orientação jurisprudencial desta Corte Superior que condiciona a apreensão de
veículos utilizados na prática de infração ambiental à comprovação de que os bens sejam específica e
exclusivamente empregados na atividade ilícita".
5. Em conclusão, restou assentado que "[o]s arts. 25 e 72, IV, da Lei n. 9.605/1998 estabelecem como efeito
imediato da infração a apreensão dos bens e instrumentos utilizados na prática do ilícito ambiental", por isso
"[a] exigência de requisito não expressamente previsto na legislação de regência para a aplicação dessas
sanções compromete a eficácia dissuasória inerente à medida, consistindo em incentivo, sob a perspectiva da
teoria econômica do crime, às condutas lesivas ao meio ambiente".
6. Com efeito, a apreensão definitiva do veículo impede a sua reutilização na prática de infração ambiental -
além de desestimular a participação de outros agentes nessa mesma prática, caso cientificados dos inerentes
e relevantes riscos dessa atividade, em especial os de ordem patrimonial -, dando maior eficácia à legislação
que dispõe as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
7. Assim, é de ser fixada a seguinte tese: "A apreensão do instrumento utilizado na infração ambiental,
fundada na atual redação do § 4º do art. 25 da Lei 9.605/1998, independe do uso específico, exclusivo ou
habitual para a empreitada infracional" .
8. Recurso especial provido para julgar improcedente o pedido de restituição do veículo apreendido. Acórdão
sujeito ao regime previsto no art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, c/c o art. 256-N e seguintes do RISTJ.
(REsp 1814944/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/02/2021,
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DJe 24/02/2021)
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração
ambiental não é necessário que se comprove que o bem era utilizado de forma específica, exclusiva ou
habitual na prática de ilícitos ambientais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/eba237eccc24353ccaa4d62013556ac6>.
Acesso em: 30/03/2023
3. Responsabilidade Penal
Competência: em regra, os crimes ambientais são de competência da Justiça Estadual. No entanto, se houver a
presença de uma das hipóteses do art. 109 da CF, a competência será da Justiça Federal.
Aplica-se o Princípio da insignificância? Em regra, não. Todavia, em determinados casos o STJ tem
admitido.
São prescritíveis.
Requisitos cumulativos para punição da PJ: conduta praticada por Representante Legal, contratual ou órgão
colegiado da Pessoa Jurídica + em benefício da Pessoa Jurídica.
Aplica-se a teoria da dupla imputação? Em outras palavras, para punição da PJ é necessário apontar a
presença concomitante da PF? Não. O STF há muito entende não ser aplicável, tendo em vista que esse requisito
não é exigido pela CF. É também o entendimento do STJ. Vejamos:
Ementa Oficial
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA
JURÍDICA POR CRIME AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE À PESSOA FÍSICA E
À PESSOA JURÍDICA.
1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, " O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a
responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física
em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla
imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 6/8/2013, acórdão
eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public. 30/10/2014).
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Exame de Ordem
Damásio Educacional
2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes
desta Corte.
3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício para a prática de condutas
espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis pela sua condução.
4. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015)
Peculiaridades:
• Substituição de PPL por PRD: pena inferior a 4 anos (No Código Penal é diferente: igual ou inferior a 4
anos).
• A lei prevê atenuantes e agravantes específicas.
• SURSIS: pena não superior a 3 anos.
• Possibilidade de liquidação forçada da PJ que foi criada predominantemente para praticar crimes
ambientais. O patrimônio da empresa será considerado instrumento do crime e será perdido.
• Transação: condicionada a reparação do dano.
• Suspensão condicional do processo: a extinção da punibilidade está condicionada à reparação do dano.
De olho na jurisprudência:
O princípio da intranscendência da pena também se aplica para pessoas jurídicas;assim, se uma empresa
que está respondendo processo por crime ambiental for incorporada, sem nenhum indício de fraude,
haverá extinção da punibilidade
Ementa Oficial
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE POLUIÇÃO (ART. 54, § 2º, V, DA LEI
9.605/1998). CONDUTA PRATICADA POR SOCIEDADE EMPRESÁRIA POSTERIORMENTE INCORPORADA POR
OUTRA. EXTINÇÃO DA INCORPORADA. ART. 1.118 DO CC. PRETENSÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA
INCORPORADORA. DESCABIMENTO. PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA. APLICAÇÃO ANALÓGICA
DO ART. 107, I, DO CP. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE MANTIDA. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
1. A conduta descrita na denúncia foi supostamente praticada pela sociedade empresária AGRÍCOLA
JANDELLE S.A., posteriormente incorporada por SEARA ALIMENTOS LTDA. 2. A incorporação gera a extinção
da sociedade incorporada, transmitindo-se à incorporadora os direitos e obrigações que cabiam à primeira.
Inteligência dos arts. 1.116 e 1.118 do CC, bem como do art. 227 da Lei 6.404/1976.
3. A pretensão punitiva estatal não se enquadra no conceito jurídico-dogmático de obrigação patrimonial
transmissível, tampouco se confunde com o direito à reparação civil dos danos causados ao meio ambiente.
Logo, não há norma que autorize a transferência da responsabilidade penal à incorporadora.
4. O princípio da intranscendência da pena, previsto no art. 5º, XLV, da CR/1988, tem aplicação às pessoas
jurídicas. Afinal, se o direito penal brasileiro optou por permitir a responsabilização criminal dos entes
coletivos, mesmo com suas peculiaridades decorrentes da ausência de um corpo biológico, não pode negar-
lhes a aplicação de garantias fundamentais utilizando-se dessas mesmas peculiaridades como argumento.
5. Extinta legalmente a pessoa jurídica ré - sem nenhum indício de fraude, como expressamente afirmou o
acórdão recorrido -, aplica-se analogicamente o art. 107, I, do CP, com a consequente extinção de sua
punibilidade.
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Exame de Ordem
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6. Este julgamento tratou de situação em que a ação penal foi extinta pouco após o recebimento da
denúncia, muito antes da prolação da sentença. Ocorrendo fraude na incorporação (ou, mesmo sem fraude,
a realização da incorporação como forma de escapar ao cumprimento de uma pena aplicada em sentença
definitiva), haverá evidente distinção em face do precedente ora firmado, com a aplicação de consequência
jurídica diversa. É possível pensar, em tais casos, na desconsideração ou ineficácia da incorporação em face
do Poder Público, a fim de garantir o cumprimento da pena.
7. Diversamente, a responsabilidade civil pelos danos causados ao meio ambiente ou a terceiros, bem como
os efeitos extrapenais de uma sentença condenatória eventualmente já proferida quando realizada a
incorporação, são transmissíveis à incorporadora.
8. Recurso especial desprovido.
(REsp n. 1.977.172/PR, relator Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, julgado em 24/8/2022, DJe de
20/9/2022.)
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Exame de Ordem
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SÚMULAS IMPORTANTES DE DIREITO AMBIENTAL
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Exame de Ordem
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TUTELA DA ÁGUA - LEI Nº 9.433/1997 (POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - PNRH)
Competência:
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Exame de Ordem
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Outorga:
• Quem concede outorga? Ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do
Distrito Federal.
• Outorga é licença ou autorização? Autorização, podendo ser revogada a qualquer tempo.
• Pode delegar? Sim. O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
• Pode ser suspensa? Sim. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou
totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, entre outras, nas seguintes circunstâncias: não
cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausência de uso por três anos consecutivos;
necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de
condições climáticas adversas etc.
• Prazo outorga → Não excedente a 35 anos, renovável.
• A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu
uso.
Independem de outorga:
Art. 12 (...)
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais,
distribuídos no meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
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Exame de Ordem
Damásio Educacional
RESÍDUOS SÓLIDOS - LEI Nº 12.305/10
São as várias etapas até a disposição final ambientalmente adequada do produto (em aterros e não em lixões). O
art. 3º, IV assim estabelece:
(...)
Logística reversa:
Conjunto de meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial para reaproveitamento ou outra destinação final ambientalmente adequada. Estão sujeitos
obrigatoriamente à logística reversa: agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, lubrificantes, produtos eletrônicos e
lâmpadas fluorescentes.
Princípios:
• Prevenção, Precaução;
• Poluidor-pagador;
• Desenvolvimento sustentável;
• Ecoeficiência (aplicar a sustentabilidade na produção sem que o produto fique mais caro);
• Responsabilidade compartilhada.
Objetivos:
• Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos;
• Ao contratar, o governo deve priorizar produtos reciclados (licitação sustentável, “licitação verde”).
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Exame de Ordem
Damásio Educacional
Instrumentos:
Observação: O que acontece se o Município não elaborar? A elaboração do plano é condição necessária para que
os Municípios recebam recursos da União. O Ministério Público poderá ajuizar uma ação visando a condenação
do Município, compelindo-o a elaborar o plano. Vale ressaltar que as empresas também estão obrigadas a
elaborar Plano de resíduos sólidos, notadamente quando lidarem com resíduos perigosos. Ex.: Mineração.
• Coleta seletiva
• Logística reversa
Observação: Alguns produtos, em razão de suas características, estão sujeitos obrigatoriamente à logística
reversa. Há, ainda, um decreto federal que prevê a logística reversa para medicamentos vencidos.
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Exame de Ordem
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DIREITO URBANÍSTICO
1. Estatuto da Cidade
O artigo 21, inciso XX da Constituição Federal estabelece que compete à União instituir diretrizes para o
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos. Tal instituição foi feita
pelo Estatuto da Cidade.
Ainda, o artigo 30, VIII da Constituição Federal estabelece que compete aos Municípios promover, no que
couber, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano. Esse planejamento é feito através de instrumentos que constam do Estatuto da Cidade,
sendo o principal o plano diretor.
Base legal:
O Estatuto da Cidade é a lei que trouxe as diretrizes para o desenvolvimento urbano.
A política de desenvolvimento urbano tem a sua função social cumprida quando o Município a executa
conforme as diretrizes gerais do Estatuto da Cidade.
Já a propriedade urbana cumprirá sua função social quando atender às exigências fundamentais fixadas
no plano diretor.
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Exame de Ordem
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Diretrizes gerais:
• Garantia do Direito a cidades sustentáveis;
• Gestão democrática por meio da participação popular. Ex.: Promoção de audiências públicas; Iniciativa
popular de PL; Gestão orçamentária participativa - debates, audiências e consultas são obrigatórias na
elaboração das leis orçamentárias (PP, LDO e LOA);
• Planejamento e desenvolvimento das cidades;
• Cooperação entre os governos e a iniciativa privada;
• Oferta de equipamentos urbanos;
• Ordenação e controle do uso do solo;
• Regularização fundiária;
• Garantia de acessibilidade.
• Parcelamento,
edificação ou
utilização
compulsórios;
• Usucapião especial
de imóvel urbano;
• Outorga onerosa
do direito de
construir e de
alteração de uso;
• Referendo popular
e plebiscito;
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Principais Instrumentos da Política Urbana:
a) Plano Diretor:
• Tem previsão na Constituição e no Estatuto da Cidade. É o principal instrumento da política urbana.
• O plano diretor é urbano ou municipal? É municipal, englobando a Zona Urbana e a Zona Rural.
• Prazo para elaborar o plano diretor: 5 anos a partir do fato gerador (uma das hipóteses do art. 41).
• Qual é o status do Plano Diretor? É o principal instrumento da política urbana, porque ele vincula o Plano
plurianual, LDO e LO.
• O que acontece se ele não for realizado? O prefeito responderá por Improbidade.
Observação: Após a elaboração e aprovação, a lei deve ser revista a cada 10 anos, sob pena do prefeito
responder por improbidade.
Observação: Art. 41, 2º - No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um
plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
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Exame de Ordem
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b) EIV – Estudo de Impacto de vizinhança:
• É um estudo ambiental, assim como o EIA, embora um não substitua o outro. Não está previsto na CF.
• O Estatuto exige a edição de lei Municipal específica estabelecendo quando o EIV será necessário.
• É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário:
▪ Do solo urbano não edificado;
▪ Subutilizado ou [utilização inferior ao coeficiente de aproveitamento];
▪ Não utilizado que promova seu adequado aproveitamento [não tem qualquer utilização];
Obs.1: Se após os 5 anos não for dada função social à propriedade o Município terá duas opções: manter o IPTU
na alíquota máxima atingida OU promover a desapropriação sanção.
Obs.: CF: Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados
o valor real da indenização e os juros legais.
Essa desapropriação urbanística só pode ser realizada pelos Municípios e DF.
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Lembrando! O plano diretor é obrigatório para cidades onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os
instrumentos previstos no §4º do art. 182 da Constituição Federal.
Requisitos:
• Área urbana ou edificação de até 250m2;
• 5 anos, sem interrupção;
• Utilização para sua moradia ou de sua família;
• Não proprietário de outro imóvel.
Obs1.: O Estatuto prevê que não haverá pagamento de custas. STJ: Se tiver recurso, paga!
Obs2.: É possível usucapião especial de um apartamento urbano? STF: Sim. A lei fala em área urbana ou edificação
de até 250 m2.
Requisitos:
• Núcleos urbanos informais;
• Existentes sem oposição há mais de 5 anos;
• Área total dividida pelo número de possuidores não ultrapassar 250m2 por possuidor;
• Não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Obs.: O que é núcleo urbano informal? É o assentamento urbano com característica e finalidade urbanística sem
título (pode estar na ZU ou ZR).
• Se não for possível determinar o espaço que cada um ocupa, o juiz, na sentença, atribuirá fração ideal a
cada possuidor;
• Se houver espaços definidos e houver acordo entre os condôminos haverá registro de frações
diferenciadas.
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• Quem pode pleitear a usucapião coletiva?
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário OU superveniente;
II – os possuidores, em estado de composse;
III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com
personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados.
3) Direito de superfície
Requisitos:
• Concessão à terceiro do direito de usar o solo, subsolo e espaço aéreo correspondente;
• Tempo: determinado ou indeterminado;
• Por escritura pública;
• Registro no Cartório de Registro de Imóveis;
• Concessão gratuita ou onerosa.
▪ O direito pode ser transferido à terceiro.
▪ Morte do beneficiário: transmite aos herdeiros.
▪ Venda: Superficiário tem direito de preferência.
▪ Superficiário é responsável pelos tributos.
Atenção! Não confundir o direito de superfície do Estatuto da Cidade com aquele previsto no Código Civil.
4) Direito de preempção
Prefeito edita lei Municipal dizendo que exercerá o Direito de preempção em determinado terreno, área.
É um direito de preferência que o Município tem para o dia em que o proprietário decidir vender aquele terreno.
Os Municípios, em geral, devem constar no Plano Diretor qual é o limite mínimo e máximo de construção.
É o chamado “coeficiente de aproveitamento”.
Se o Município precisar de recursos para obras urbanísticas é possível a edição de lei municipal
permitindo a “outorga onerosa”.
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6) Operação urbana consorciada
Ordenação Urbanística do solo / Previsão Constitucional: Art. 30, VIII e Art. 182, caput, CF/88.
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Regência – LPSU Lei 6.766/79.
Espécies:
• Desmembramento - Art.2, §2º, LPSU.
• Loteamento - Art. 2º, §1º, LPSU.
Modalidades de loteamento:
• Típico - Art. 2º, §1º, LPSU;
• Loteamento de acesso controlado - Art.2º, §8º, LPSU.
3. Loteamento
Projeto – Planos: arruamento e loteamento Art. 9º, LPSU, O município que aprova, o projeto das obras deve ser
executado no prazo de máximo de 4 (quatro) anos, passado o prazo caduca a aprovação.
Plano de loteamento:
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§7º - O lote poderá ser constituído sob a forma de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária integrante
de condomínio de lotes.
Requisitos específicos:
• Proporcionalidade – Art. 4º, I LPSU, áreas de uso coletivas (observando art.25 do Código Florestal – Lei
12.651/12)
• Dimensões do lote – Art. 4º, II LPSU
• Observância da faixa non aedificandi – Art.4º, III, III-A e III-B LPSU (observar art.4º, I Cód. Florestal)
articulação das vias do loteamento com as vias adjacentes Art.4º, IV LPSU.
Importante! Aprovado o projeto, as áreas de uso coletivo não poderão ser mais alteradas.
OBS.: A partir da aprovação do projeto de loteamento, o prazo é de 180 dias para apresentar para registro no
cartório de registro de imóveis. Ultrapassado o prazo: caduca ou perde a aprovação.
Art. 22, LPSU – Uma vez registrado, as áreas de uso coletivo passam a ser área do Município.
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“Art. 22. Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o
domínio do Município as vias e praças, os espaços livres e as áreas
destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos,
constantes do projeto e do memorial descritivo.”
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