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Dislipidemia

Conceito
 Elas definem um quadro patológico, no qual estão aumentados os níveis
plasmáticos de colesterol e/ou triglicerídeos

Classificação
 Hipercolesterolemia pura ou isolada: Aumento apenas do colesterol

 Hipertrigliceridemia pura ou isolada: Aumento apenas dos TGs

 Dislipidemias mistas: Aumento do colesterol e triglicerídeos

Causas
● Primária: genética

 Secundária: causada pelo estilo de vida e outros fatores. A causa


secundária mais importante da dislipidemia nos países desenvolvidos é
estilo de vida sedentário com ingestão excessiva de calorias totais,
gordura saturada, colesterol e gordura trans. Outras causas
secundárias comuns de dislipidemia são: Diabetes melito, nefropatia
crônica, hipotireoidismo.

Manifestações clinica
 Depósito de lipídios na pele (xantomas);
 Depósito nos olhos (arco corneal e a hiperlipemia retinal);
 Depósito nas vísceras (fígado e baço).
 Pode provocar doença vascular sintomática, incluindo doença
coronariana, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica.
 Níveis elevados de triglicerídeos [> 500 mg/dL (> 5,65 mmol/L)]
podem causar pancreatite aguda.
Diagnóstico
 Hipercolesterolemia Isolada: LDL-c ≥ 160 mg/dL

 Hipertrigliceridemia Isolada: TG ≥ 150 mg/dL

 Hiperlipidemia Mista: LDL ≥ 160 mg/dL e


TG ≥ 150 mg/dL ou
Não HDL-c ≥ 190mg/ dL

 HDL-c Baixo: HDL-c < 40 mg/dL para homens e < 50mg/dL para
mulheres

Dietoterapia
Medidas no controle da hipertrigliceridemia
A concentração plasmática de TG é muito sensível a variações do peso
corporal e a alterações na composição da dieta, particularmente quanto à
qualidade e à quantidade de carboidratos e gorduras. A quantidade
recomendada destes nutrientes na dieta depende do tipo de
hipertrigliceridemia, que pode se apresentar na forma primária ou
secundária, cujas bases fisiopatológicas são distintas.

Primária grave: caracterizada pelo aumento da concentração plasmática


de quilomícrons, por diminuição da enzima lipoproteína lipase, baseia-se na
redução importante da gordura na dieta, que deve atingir, no máximo,
10% do valor calórico total.

Primária moderada: recomendam-se aproximadamente 25 a 35% das


calorias na forma de gorduras e controle da ingestão de açúcares.

Causa secundária: observada na obesidade e no diabetes, mantém-se o


controle de gorduras (30 a 35% das calorias) e a adequação no consumo
de carboidratos, com ênfase na restrição de açúcares.

Recomendações Nutricionais
LDL-c acima da
LDL-c dentro da meta e sem Limítrofe TG Elevado TG Muito elevado >
Recomendações comorbidades*
meta ou presença
150-199mg/dl (%) 200-490 mg/dL (%) 500 mg/dL (%)
de comorbidades
Perda de peso Manter Peso Saud 5-10 Até 5 5-10 5-10
Carboidrato (%VCT) 50-60 45-60 50-60 50-55 45-50
Açúcares de adição < 10 < 10 < 10 5-10 <5
Proteína (%VCT) 15 15 15 15-20 20
Gordura (%VCT) 25-35 25-35 25-35 30-35 30-35
Ácidos graxos trans Excluir da dieta
Ácidos graxos saturados (%VCT) < 10 <7 <7 <5 <5
Ácidos graxos monoinsaturados 15 15 10-20 10-20 10-20
Ácidos graxos poli-insaturados 5-10 5-10 10-20 10-20 10-20
Ácido linolênico, g/dia 1,1-1,6
EPA e DHA, g - - 0,5-1 1-2 >2
Fibras 25 g, sendo 6 g de fibra solúvel
* Comorbidades: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, sobrepeso ou obesidade, circunferência da cintura aumentada,
hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, síndrome metabólica, intolerância a glicose ou aterosclerose significativa; †
recomendação dietética na hipertrigliceridemia primária homozigótica: ver texto.145 LDL-c: colesterol da lipoproteína de baixa
densidade; VCT: valor calórico total; EPA: ácido eicosapentanoico; DHA: ácido docosahexaenoico. Fonte: SBC, DIRETRIZ
BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE, 2017.

Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli-


insaturados:

● O consumo de ácidos graxos saturados está associado a efeitos


deletérios, em razão de elevar o colesterol plasmático e por sua ação pró-
inflamatória.

● A substituição parcial de ácidos graxos saturados por poli-insaturados


reduz o risco de eventos cardiovasculares.

● A substituição de ácidos graxos saturados e carboidratos na


alimentação por ácidos graxos poli-insaturados está associada ao baixo
risco cardiovascular.

● O baixo consumo de poli-insaturados, em substituição à gordura


saturada, aumenta a mortalidade por cardiopatia isquêmica.

● O consumo de gorduras saturadas deve ser limitado, porém o mais


importante é sua substituição parcial por insaturadas − principalmente
por poli-insaturadas, que estão associadas a diminuição de CT e LDL-c,
como também estão relacionadas à diminuição de eventos e morte
cardiovasculares.
● A substituição por gorduras monoinsaturadas, como azeite de oliva e
frutas oleaginosas, pode estar associada à redução do risco
cardiovascular, porém as evidências são menos robustas do que em
relação às poli-insaturadas.

● Os ácidos graxos saturados da dieta relacionam-se com a elevação da


trigliceridemia, por aumentarem a lipogênese hepática e a secreção de
VLDL

● Dentre os ácidos graxos poli-insaturados, os da série ômega 3 são


reconhecidos pela atividade cardioprotetora. O consumo de ômega 3
proveniente de fontes animais fornece os ácidos graxos EPA e DHA, mais
associados à proteção cardiovascular. O ácido Alfalinolenico (ALA)
também exerce ação cardioprotetora. As diferentes fontes de ômega 3,
por meio da diminuição da lipogênese hepática e da LPL, contribuem de
forma significativa com a redução de triglicerídeos.

Ácidos graxos trans


Os ácidos graxos trans devem ser excluídos da dieta por aumentarem a
concentração plasmática de LDL-c e induzirem intensa lesão
aterosclerótica.

Colesterol alimentar
Recente metanálise mostrou que o colesterol alimentar exerce pouca
influência na mortalidade cardiovascular.

Controle do peso corporal


A perda de peso pode resultar na redução de 20% da concentração
plasmática de TG. Além do controle de calorias na dieta (défice de 500 a
1.000 Kcal),

Redução de açúcares e de carboidratos


Estudos mostram que o consumo superior a 50 g de frutose ao dia eleva o
TG pós-prandial. A elevada ingestão de carboidratos aumenta a glicemia,
o que promove o aumento da insulinemia; esta, por sua vez, ativa os
fatores de transcrição que promovem a síntese de ácidos graxos e TG.

Ácidos graxos ômega 3


● EPA e DHA têm sido investigados quanto ao seu potencial na redução do
risco cardiovascular. Os mecanismos propostos para os benefícios
cardiovasculares incluem redução de marcadores inflamatórios e da
agregação plaquetária, melhora da função endotelial, redução da pressão
arterial e redução da trigliceridemia.

● Em prevenção primária de indivíduos com alto risco, o consumo de


peixes que resultem na ingestão diária de 500 mg de EPA + DHA está
relacionado à redução de 39% do risco de DCV fatal e de 46% do risco de
DAC fatal.

● Estudos recentes não comprovam benefício da suplementação de EPA e


DHA na redução de eventos cardiovasculares maiores, como infarto
agudo do miocárdio, AVC e morte por DCV.

● A suplementação de ômega 3 (EPA e DHA) entre 2 a 4 g ao dia, pode


reduzir a concentração plasmática de TG em até 25 a 30%.

● Alguns estudos mostram que a suplementação com ômega 3 pode


aumentar discretamente a concentração plasmática de HDL-c.

Fitosteróis
● O consumo de fitoesteróis reduz a absorção de colesterol,
principalmente por comprometimento da solubilização intraluminal
(micelas).

● A suplementação de 2 g ao dia de fitoesteróis reduziu o CT e o LDL-c


em 8,2% e 9,3%. Pode haver redução de TG de 6 a 20%.
● Estão indicados para indivíduos com colesterol elevado e que estejam
sob risco cardiovascular baixo ou intermediário, que não se qualifiquem
para tratamento farmacológico.

Proteína de soja
O consumo diário de uma a duas porções de alimentos fonte de proteína
de soja, totalizando 15 a 30 g de proteína, está associado à redução de
5% de LDL-c, ao aumento de 3% de HDL-c e à redução de 11% na
concentração de TG.

Fibras solúveis

● A ação das fibras na redução do colesterol está relacionada ao consumo


de fibras solúveis, que formam um gel que se liga aos ácidos biliares no
lúmen intestinal, aumentando sua excreção nas fezes e diminuindo sua
reabsorção. Essa redução induz a síntese de novos ácidos biliares,
diminuindo o colesterol disponível para incorporação em lipoproteínas.

● As fibras solúveis e o amido resistente são fermentados por bactérias


presentes no intestino grosso, produzindo ácidos graxos de cadeia curta,
que auxiliam na redução dos níveis de colesterol

● Em contraste, o consumo de fibras insolúveis não mostra efeitos na


redução do colesterol e do risco cardiovascular.

● Psyllium é a fibra solúvel mais estudada na redução do colesterol. Uma


revisão de estudos indica que doses de 7 a 15 g ao dia estão associadas
com redução do LDL-c e redução de CT. O Psyllium parece não afetar
significativamente os níveis de HDL-c e TG. Vale ressaltar que é no
farelo de aveia que encontramos os maiores teores de fibras solúveis
(betaglucanas). Sugere-se o consumo de aproximadamente 3 g ao dia de
betaglucanas.

● A ingestão recomendada mínima de fibras por dia é de 25 g, a fim de


proteger contra DCV e câncer.

Probióticos
Ausência de seu efeito ou redução muito modesta de concentração
plasmática de LDL-c.

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