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Reforma da Administração Financeira

do Estado
• Atendendo às necessidades do meio envolvente, foi
necessária uma adaptação por parte da Administração
Pública por forma a prosseguir com o interesse público
e dar resposta aos desafios envolventes.
• A RAFE em Portugal teve início em 1990 com a
introdução da:
1. Lei n.º 8/90, de 20 de fevereiro (lei de bases da
contabilidade pública)
2. Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de julho, que finaliza a
arquitetura legislativa da reforma orçamental e de
contabilidade pública.
3. Lei nº 151/2015- Lei Enquadramento Orçamental
Reforma da Administração Financeira
do Estado
Estes e outros diplomas contribuíram para a
reforma da Administração Financeira e
orçamental estabelecendo, nomeadamente:
• Regras e princípios de disciplina de gestão
financeira nos domínios económico, financeiro,
patrimonial e orçamental;
• Um novo enquadramento jurídico financeiro,
contabilístico e orçamental;
• Uma nova sistematização em matéria de
normalização contabilística pública;
• Um regime regra de unidade de tesouraria.
Lei n.º 8/90, de 20 de Fevereiro
• A Lei de Bases da Contabilidade Pública (Lei
n.º 8/90, de 20 de Fevereiro) aprovou os
princípios orientadores da Reforma.
• Com esta Lei foram criados dois regimes
financeiros distintos: Regime de Exceção, os
serviços com autonomia
Regime Geral, os serviços administrativa e financeira
com autonomia
administrativa
desde que “ (...) se justifique para sua
adequada gestão e, cumulativamente, as
receitas próprias atinjam um mínimo de dois
terços das despesas totais
Lei n.º 8/90, de 20 de Fevereiro
Lei n.º 8/90, de 20 de Fevereiro
• A contabilidade digráfica ou partidas dobradas surge com a Lei n.º
8/90, de 20 Fevereiro e o DL n.º 155/92, de 28 Julho, mas apenas
para os serviços com autonomia administrativa e financeira
• Contabilidade de Caixa e de compromissos
• Controlo de gestão-Autonomia administrativa (ministro
competente + Ministro das finanças); Autonomia administrativa e
financeira (tribunal de contas+ órgão fiscalizador interno)
• De acordo com Cunha (2011, p.8), as principais alterações
verificadas com a publicação da LBCP foi a maior autonomia
administrativa concedida nos atos de gestão corrente dos
organismos da AC, e a possibilidade de os dirigentes dos serviços e
organismos da AC passarem a poder gerir os meios de que dispõem
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• O DL n.º155/92, de 28 de Julho, marcou uma
nova fase na reforma, com o Regime de
Administração Financeira do Estado, ao substituir
a legislação de contabilidade pública das
reformas do início do século XX,
• “ O presente diploma, que desenvolve os
princípios estabelecidos, substitui 31 diplomas
fundamentais da contabilidade pública que vão
desde a 3ª Carta de Lei, de 1908, até ao presente
“ .
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado

• A falta de uma contabilidade de


compromissos traduzia-se num dos mais
graves problemas de contabilidade pública,
por impedir uma verdadeira gestão
orçamental e um adequado controlo

Decreto Lei nº 155/92,de 28 de Julho contém as normas


legais para aplicação do regime de gestão financeira a
que se refere a Lei n.º 8/90, introduzindo algumas
alterações, de forma ou substância, no domínio da
Contabilidade Pública.
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia
administrativa
1. Os serviços e organismos dispõem de créditos inscritos
no O.E. e os seus dirigentes são competentes para, com
carácter definitivo e executório, praticarem atos
necessários à autorização de despesas e seu pagamento
no âmbito da gestão corrente.
2. escrituração da atividade financeira compreenderá:
-contabilidade de caixa;
-contabilidade de compromissos (lançamento das
obrigações constituídas, por atividades e com indicação
da respetiva rubrica de classificação económica)
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa

3. Realização das despesas

A autorização das despesas públicas fica sujeita à verificação dos seguintes


requisitos:
• conformidade legal (prévio fundamento legal);
• regularidade financeira (inscrição orçamental e adequada classificação
económica);
• economia, eficiência e eficácia (utilidade e prioridade da despesa, no
momento oportuno e pelo menor custo).

Os níveis de competência e limites máximos para autorizar despesas,


atribuída aos dirigentes dos serviços, são definidos em decreto
regulamentar.
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa

4. O pagamento das despesas será efetuado pelos cofres do Tesouro


mediante:
• cheque
• ordem de transferência de fundos
• crédito de conta bancária
5. Encargos plurianuais
A assunção de encargos que tenham reflexo em mais de um ano
económico deverá ser precedida de portaria conjunta do Ministro
das Finanças e do Ministro competente para o departamento a que
pertence o respetivo serviço, salvo quando resultarem da execução
de planos plurianuais legalmente aprovados (artº 25).
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa

6. Fundo de maneio
Para a realização de pequenas despesas podem ser constituídos
fundos de maneio a favor dos respetivos responsáveis.

7. Despesas de anos anteriores


Os encargos relativos a anos anteriores serão satisfeitos por conta das
verbas adequadas do orçamento que estiver em vigor no momento
em que for efetuado o seu pagamento.
O montante transitado de encargos deve estar registado nos
compromissos assumidos, não dependendo o seu pagamento de
quaisquer outras formalidades.
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa e
financeira
1. Os serviços e organismos da Administração Central só disporão de autonomia administrativa e
financeira se cumulativamente:
- o regime se justifique para a sua adequada gestão;
- as suas receitas próprias atinjam um mínimo de 2/3 das despesas.

2. Sistema de contabilidade:
-Atualmente SNC-AP

3. Património
- Bens, direitos e obrigações

4. Definição de receitas próprias


- receitas resultantes da sua atividade específica;
- rendimentos de bens próprios e produto da sua alienação;
- doações, heranças ou legados;
- comparticipações e subsídios
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia
administrativa e financeira
5. Recurso ao crédito
Estes serviços podem contrair empréstimos condicionados aos plafonds de
endividamento nas condições fixadas pela Assembleia da República e
autorizado pelo Ministro das finanças

6. Realização das despesas


A realização das despesas e seu respetivo pagamento é autorizado pelo
dirigente do serviço ou organismo em causa.

.
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa e
financeira
7. Instrumentos de gestão previsional
A gestão económica e financeira dos serviços autónomos estabelece-se segundo:
• plano de atividades;
• orçamento de tesouraria;
• demonstração de resultados;
• balanço previsional.

8. Instrumentos de controlo trimestral da gestão orçamental


Remeter ao Ministério das Finanças:
• mapa de fluxo de tesouraria (de acordo com a classificação económica das receitas e
despesas públicas);
• balancete acumulado com os movimentos trimestrais;
• elementos necessários ao controlo de execução dos programas e projetos incluídos nos
seus orçamentos
Decreto-Lei 155/92
Regime da Administração Financeira do Estado
• Enquadramento dos serviços com autonomia administrativa e financeira

9. Controlo sistemático da gestão orçamental


Os serviços com autonomia administrativa e financeira deverão dispor de um órgão
competente de fiscalização interna dos próprios serviços (auditores) e externo
(Tribunal de Contas)

10. Documentos de prestação de contas referentes a 31 de Dezembro, a remeter ao


Ministério das Finanças até 31 de Maio do ano seguinte:
- relatório de atividades do órgão de gestão;
- conta de fluxos de tesouraria;
- balanço analítico;
- demonstração de resultados líquidos;
- anexos ao balanço e à demonstração de resultados;
- parecer do órgão fiscalizador.
O Orçamento
• Conceito
“ (...) uma previsão, em regra anual, das despesas a
realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir,
incorporando a autorização concedida à
Administração Financeira para cobrar as receitas
e realizar despesas e, limitando os poderes
financeiros da Administração em cada período
anual[1] .
[1] Franco, António de Sousa (1992), Finanças Públicas e
Direito Financeiro, Vol. I,4ª Edição, Coimbra, pág. 54
Orçamento do Estado
Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)
(Lei nº151/2015)- alteração Lei n.º 41/2020,
de 18 de agosto
LEO – define as regras e os procedimentos
relativos à organização, elaboração,
apresentação, discussão, votação, alteração e
execução do Orçamento do Estado, incluindo
o da segurança social
Orçamento do Estado
Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)
(Lei nº151/2015)
Caraterísticas gerais:
• Criação da Entidade Contabilística Estado: redução da fragmentação

• Melhor definição e organização de conceitos (princípios, regras, limites, mapas, etc)

• Integração das políticas económicas e orçamentais num processo com duas fases
• 1.ª fase: Programa de estabilidade; Lei das Grandes Opções; Quadro
plurianual das despesas públicas
• 2.ª fase: proposta de lei do Orçamento do Estado
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)

• Anualidade
• Integridade (unidade e universalidade)
• Estabilidade orçamental
• Sustentabilidade das finanças públicas
• Solidariedade Recíproca
• Discriminação orçamental (regras da especificação, da não compensação
e da não consignação),
• Publicidade e
• Equidade Intergeracional
• Economia , eficiência e eficácia
• Transparência orçamental
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento
Orçamental (LEO)
• Integridade (unidade e universalidade) ‰
O orçamento apresentado será um e nele estão incluídas
todas as receitas e despesas que o Estado estima cobrar e
pagar no ano a que respeita. ‰
O Estado deve, assim, elaborar em cada período orçamental –
ano – apenas um orçamento, o qual integra as
componentes do orçamento da administração central e o
orçamento da segurança social.

Os orçamentos das regiões


autónomas e das Autarquias
Locais são Independentes
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• princípio da estabilidade orçamental
o cumprimento das regras orçamentais
numéricas estabelecidas no capítulo III da
nova Lei, o que nos leva ao equilíbrio
orçamental ou excedente orçamental
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• princípio sustentabilidade das finanças
públicas
Define-se por sustentabilidade a capacidade de
financiar todos os compromissos, assumidos
ou a assumir, com respeito pela regra de saldo
orçamental e da dívida pública, conforme
estabelecido na presente lei
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• princípio da solidariedade reciproca
Todos os subsetores, através dos respetivos serviços
e entidades, devem contribuir proporcionalmente
para a realização da estabilidade orçamental
(equilíbrio) referida no artigo 10.º e para o
cumprimento da legislação europeia no domínio
da política orçamental e das finanças públicas.
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento
Orçamental (LEO)
• princípio da equidade
a atividade financeira do setor das administrações
públicas está subordinada ao princípio da equidade na
distribuição de benefícios e custos entre gerações, de
modo a não onerar excessivamente as gerações
futuras, salvaguardando as suas legítimas expectativas
através de uma distribuição equilibrada dos custos
pelos vários orçamentos num quadro plurianual.
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento
Orçamental (LEO)
• Anualidade e plurianual
Anualidade ‰ Traduz-se no facto do Orçamento do Estado
ter um período de validade correspondente ao ano civil
o que implica uma votação anual do Orçamento pela
Assembleia da República. Estamos perante um sistema
de Orçamento de Gerência. ‰
Neste sistema, o elemento de referência é a data de
recebimento ou de pagamento (base de caixa).
Contudo, a LEO refere que os orçamentos devem ser
enquadrados na perspetiva plurianual, conforme artigo
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• da não compensação
As receitas e despesas devem ser inscritas no
orçamento de forma bruta e não líquida, o
mesmo é referir, sem qualquer compensação ou
desconto.
De outro modo, não se conheceriam as diversas
fontes de onde o Estado irá tirar os seus recursos,
nem os diversos gastos que o serviço público irá
realizar.
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento
Orçamental (LEO)
• da não consignação
Define que, para além da regra da universalidade, as
receitas públicas devem ser indiscriminadamente
destinadas à cobertura das despesas, e não quaisquer
receitas afetadas à cobertura de despesas em especial.
De referir que a Lei de Enquadramento Orçamento
admite a possibilidade de existirem receitas
consignadas a certos fins, nomeadamente,
financiamentos comunitários, PIDDAC e contratos-
programa
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
Princípio da especificação: Corresponde à
individualização de cada receita e de cada
despesa.

As receitas são
As despesas inscritas são
especificadas por
estruturadas por classificação
classificador económico
orgânica, funcional e económico
e fonte de
financiamento
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• princípio da Economia, eficiência e eficácia
A economia, a eficiência e a eficácia consistem na
utilização do mínimo de recursos que assegurem
os adequados padrões de qualidade do serviço
público; na promoção do acréscimo de
produtividade pelo alcance de resultados
semelhantes com menor despesa; na utilização
dos recursos mais adequados para atingir o
resultado que se pretende alcançar.
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento Orçamental
(LEO)
• transparência orçamental

Este princípio implica a disponibilização de informação sobre a


implementação e a execução dos programas, objetivos da política
orçamental, orçamentos e contas do setor das administrações
públicas, por subsetor.
A informação disponibilizada deve ser fiável, completa, atualizada,
compreensível e comparável internacionalmente, de modo a
permitir avaliar com precisão a posição financeira do setor das
administrações públicas e os custos e benefícios das suas
atividades, incluindo as suas consequências económicas e sociais,
presentes e futuras.
Art.º 73º - Dever de divulgação: Informação sobre programas
orçamentais disponível em sitio da internet;
• Art.º 74º - Dever de informação: da entidades para o MF
• Art.º 75º - Dever especial de informação ao controlo político:
Informação mensal sobre execução orçamental
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de
Enquadramento Orçamental (LEO)
• Publicidade
A regra da publicidade não se encontrava
prevista na anterior LEO, porém, já era
obrigatório a publicação do Orçamento do
Estado em Diário da República, após a sua
aprovação pela Assembleia da República sob
pena da sua ineficácia jurídica
Orçamento do Estado
Princípios e regras previstos na Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)

Regras Orçamentais:
• Regra do Saldo estrutural (corresponde à variação do saldo orçamental
definido de acordo com o Sistema Europeu de Contas Nacionais e
Regionais)
• Excedentes orçamentais- são usados para amortizar a dívida pública ou
constituir uma reserva)
• Desvio significativo-pode não ser considerado significativo desde que não
coloque em risco a sustentabilidade orçamental a médio prazo. Se for
significativo são ativados os mecanismos de correção
• Mecanismos de correção do desvio
• Situações excecionais (recessão económica profunda ou catástrofes
naturais)
• Limite da dívida pública (artº 25)
a situação orçamental das suas AP´s deverá ser equilibrada ou excedentária,
através de um Objetivo de Médio Prazo (OMP)
Processo Orçamental

Fonte:http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html
Elaboração do O Orçamento

Fonte: http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html

https://www.parlamento.pt/Orcament
oEstado/Paginas/oe-sobre.aspx
Aprovação do Orçamento
Execução do orçamento- RECEITA
Execução do orçamento
DESPESA

Compromisso-
é a assunção
perante terceiros Obrigação-
Cabimento da é um
Pagamentos
visa assegurar a responsabilidade compromisso
são exfluxos de
existência de por um possível orçamental que se
caixa
dotação passivo, em constitui em
contrapartida do contas a pagar
fornecimento de
bens e serviços

Autorização
Fatura pagamento/cheque
Documento
Nota de encomenda/
interno
assinatura de contrato
Exercício 3
Operação
(cabimento/Compromisso/Obrigação/Pagamento/Nenhum/Liquidação/Cobrança

Receção dos bens/Entrega Fatura


Autorização do diretor para pagamento
Prestação de um serviço por terceiros
Verificação das dotações disponíveis para as despesas
Listagem do conjunto de obrigações para pagar
Envio da nota de encomenda ao fornecedor
Entrega do cheque ao fornecedor
Receção do equipamento informático
Necessidade de adquirir de canetas
Registo das faturas relativamente a propinas
Recebimento das propinas dos alunos
Estrutura do Orçamento de Estado
Contabilidade, relato, controlo e
transparência
Exercício 4.1
Suponha que lhe foi solicitado para elaborar o orçamento para o ano de
200N. Mediante as despesas/receitas abaixo descritas, elabore o
orçamento que lhe foi pedido (Instituição pública sujeita à aplicação do
SNC-AP).

Descrição Valor

Aquisição de 20 computadores, para as salas de informática - Despesa 6 000 €

Utilização da Internet - Comunicações - Despesa 12 000 €

Aquisição de livros 500 000 €

Assistência técnica das fotocopiadoras - Despesa 200 000 €

Encargos de instalações - Despesa 294 000 €

Venda de livros 250 000 €

Venda de impressos 300 000 €

Transferências de capital – Administração central- Estado-receitas 462 000 €


Exercício 4.2
Suponha que lhe foi solicitado para elaborar o orçamento para o ano de
200N. Mediante as despesas/receitas abaixo descritas, elabore o
orçamento que lhe foi pedido (Instituição pública sujeita à aplicação do
SNC-AP).
Descrição Valor
Propinas 100.000
Vencimentos Pessoal dos quadros- C. individual trabalho 200.000
Transferências Correntes- receita-AC-Estado 100.000
Subsídio Férias 16.000
Receita de Aluguer de espaços e equipamentos 50.000
Contribuições segurança social (despesa) 69.000
Venda de edifícios 150.000
Estudos, pareceres e projetos (despesa) 10.000
Contrato de assistência técnica com a empresa AA 8.000
Transferências de capital – receitas – Adm. Central 100.000
Indemnização relativa sinistros (capital)- receita 33.000
Aquisição de três viaturas por locação financeira 180.000
eletricidade 50.000
A possibilidade legal de assumir despesas para além do valor da
receita arrecadada, sem um controlo efetivo que não sejam as
dotações orçamentais previstas, é a principal razão de desequilíbrio
orçamental e a principal origem da dívidas a curto prazo, criando não
só constrangimentos de tesouraria como problemas financeiros
estruturais.
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
Finalidade:
Com finalidades preventivas e reguladoras, destacam-se os
seguintes objetivos na LCPA:
· Limitar a dívida atual de vários organismos públicos,
impedindo ou dificultando que se assumam compromissos
quando não existem salvaguardas de seu pagamento a
curto prazo;
· Diminuir o prazo de pagamento a fornecedores;
· Controlar os compromissos plurianuais;
· Responsabilizar e sancionar os dirigentes, gestores e
responsáveis pela contabilidade, pela não cumprimento da
lei, designadamente se assumirem compromissos sem
fundo disponível e aumentarem os pagamentos em atraso.
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
• Objeto (Art.º 1.º da Lei n.º 8/2012)
Estabelece as regras aplicáveis:
- À assunção de compromissos; e
- aos pagamentos em atraso das entidades públicas.
• Âmbito (Art.º 2.º da Lei n.º 8/2012)
-serviços e entidades dos subsetores da administração
central, regional, local e da segurança social, que não
tenham natureza e forma de empresa, de fundação ou
de associação públicas.
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
• Âmbito de aplicação temporal (Art.º 14 e 17.º da Lei
n.º 8/2012)
A Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso
(LCPA) aplica-se à assunção de compromissos e aos
pagamentos em atraso constituídos após o dia 22 de
Fevereiro de 2012.
Os procedimentos necessários à aplicação da LCPA e à
operacionalização da prestação de informação
constante do artigo 10.º são regulados por decreto-lei.

Decreto-Lei n.º 127/2012 de 21 de Junho


A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
COMPROMISSOS
• Definições (Art.º 3.º da Lei n.º 8/2012)
As obrigações de efetuar pagamentos a terceiros em
contrapartida do fornecimento de bens e serviços ou da
satisfação de outras condições.

Os compromissos consideram-se assumidos quando é


executada uma ação formal pela entidade, nomeadamente:
- Emissão de ordem de compra;
- Nota de encomenda ou documento equivalente;
- Assinatura de um contrato, acordo ou protocolo; ou
- Ter um carácter permanente decorrente de lei ou contrato
(ex. salários, rendas, eletricidade ou pagamentos de
prestações diversas).
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
COMPROMISSOS
• Requisitos para a Assunção de compromissos (art.º
5.º da Lei n.º 8/2012)
Nenhum compromisso pode ser assumido sem que
tenham sido cumpridas cumulativamente as seguintes
condições:
✓ Excedam os fundos disponíveis,
✓ Seja registado no sistema informático de apoio à
execução orçamental;
✓ Seja emitido um número de compromisso válido e
sequencial que é refletido na ordem de compra, nota
de encomenda ou documento equivalente
✓ conformidade legal da despesa
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
COMPROMISSOS
• FUNDO DE MANEIO (art. 10.º do DL 127/2012)
Os pagamentos efetuados pelo fundo de maneio são objeto de
compromisso pelo seu valor integral aquando da sua constituição e
reconstituição, a qual deve ter carácter mensal e registo da despesa
em rubrica de classificação económica adequada.

• DESPESAS URGENTES E INADIÁVEIS (art. 9.º do DL 127/2012) -


Nas despesas urgentes e inadiáveis, devidamente fundamentadas,
do mesmo tipo ou natureza cujo valor, isolada ou conjuntamente,
não exceda o montante de 5.000 euros, por mês, a assunção do
compromisso é efetuada até às 48 horas posteriores à realização da
despesa. - Nas situações em que estejam em causa o interesse
público ou a preservação da vida humana, a assunção do
compromisso é efetuada no prazo de 10 dias após a realização da
despesa.
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
COMPROMISSOS
• Compromissos plurianuais (Art.º 6.º da Lei n.º 8/2012;
Art. 12.º do Decreto-Lei n.º 127/2012)
A assunção de compromissos plurianuais,
independentemente da sua forma jurídica, está
sujeita a autorização prévia

Violação das regras relativas a assunção de compromissos


Os titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela
contabilidade que assumam compromissos em violação do previsto na lei
8/2012 incorrem em responsabilidade civil, criminal, disciplinar
e financeira, sancionatória e ou reitegratória
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
PAGAMENTOS
Definições (Art.º 3.º da Lei n.º 8/2012 e n.º 2 do art. 4.º
do DL 127/2012)
Pagamentos em atraso: As contas a pagar que permaneçam
nessa situação mais de 90 dias posteriormente à data de
vencimento acordada ou especificada na fatura, contrato, ou
documentos equivalentes.
Pagamentos em atraso, Exclusões:
- Os pagamentos objeto de impugnação judicial até que sobre
eles seja proferida decisão final e executória;
- As situações de impossibilidade de cumprimento por ato
imputável ao credor; e
- Os montantes objeto de acordos de pagamento desde que o
pagamento seja efetuado dentro dos prazos acordados.
A Lei dos Compromissos e dos
Pagamentos em Atraso (LCPA)
Prestação de Informação (Artigo 10.º)
• Para efeitos de aplicação da presente lei, as
entidades devem fornecer toda a informação
sobre os compromissos e pagamentos em
atraso.
Reforma
• Reformar o Estado não significa destrui-lo, pelo contrário. A
reforma jamais poderia significar uma desorganização do
sistema administrativo e do sistema político, muito menos,
levar a uma diminuição da capacidade de regulação do
Estado.
• Reformar o Estado significa uma mudança, abandonar as
visões do passado adaptando-se aos desafios de um
mundo contemporâneo. (Pereira & Spink, 2005)

Objetivo:
Consiste em melhorar o status dos serviços públicos através da
eficiência, eficácia, responsabilidade, o qual é um processo
incremental e evolucionário (Araújo J. F., 2000)
Reforma
• A evolução da contabilidade pública em Portugal foi
impulsionada pelo resto dos países vizinhos e
principalmente por aqueles que eram mais industrializados.
• As maiores alterações verificaram-se a partir da década de
90, até este período a nossa contabilidade era pouco
desenvolvida e quase não sofria alterações, tratando-se de
uma contabilidade meramente orçamental com pouca
evolução.
• Foi a partir de 1990 que as grande alterações se fizeram
sentir na CP portuguesa. Começando pela lei das bases da
contabilidade pública e acabando no mais recente sistema
contabilístico, SNC-AP, passando ainda pelo recém
reformado POCP..
Reforma
• Reforma orçamental, de 1928, que aprova o
modelo de Orçamento Geral do Estado
• Contabilidade Pública: era contabilidade
orçamental (receitas e despesas) em partida
simples , base de caixa
• qualquer pessoa que soubesse ler e escrever
podia fazer contabilidade
Reforma
• Este regime (Contabilidade Pública = Contabilidade
Orçamental) vigorou durante um longo período e só
começou a ser questionado com a entrada de Portugal na
União Europeia em 1986:
• Lei n.º 8/90, designada por Lei de Bases de Contabilidade
Pública (aprovou os princípios orientadores da reforma)
• Decreto-Lei n.º 155/92- regime da Administração
financeira do Estado: os organismos com autonomia
financeira (regime excecional) utilizavam o regime de
contabilidade de acréscimo e o modo de registo digráfico
com base no POC; organismos sem autonomia financeira
(regime geral), só contabilidade orçamental no regime de
caixa modificada; contabilidade de compromissos; unidade
de tesouraria
Reforma
• O Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP),
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 232/97, obrigava
todos os organismos da Administração Central,
Regional e Local a implementar, de imediato, um
sistema integrado de contabilidade orçamental,
patrimonial e analítica, em método digráfico

Contudo em alguns serviços integrados a


contabilidade patrimonial não chegou a
implementar-se e apenas têm contabilidade
orçamental
Reforma
Até 1974 A contabilidade pública era meramente
orçamental
• Preocupação com as despesas públicas,
cumprimento do orçamento e da lei
• Unigrafia
• Sistema de base de caixa modificado
De 1974 a 1989 Com a entrada na CEE verificaram-se
grandes mudanças no setor público e
passaram a existir cada vez mais
estímulos de inovação por parte dos
restantes países membros
• Foi criado o primeiro programa oficial
de contabilidade
• Criação do inventário geral do
património do Estado
• Foi implementada a classificação
económica das receitas e das despesas
públicas
Reforma
De 1990 a 1992 Criação da Lei das Bases da
Contabilidade Pública • Criação da Lei de
Enquadramento Orçamental • Criação do
Regime de Administração e Financeira do
Estado
De 1993 a 1996 “Queda” da RAFE por falhas no
cumprimento de objetivos e não resposta
a determinadas funções • Baseado no
POC de 1989 foram criados e aprovados
planos setoriais adaptados à
administração pública • Criação de uma
estrutura de missão para levar a cabo o
desenvolvimento do POCP
De 1997 a 2015 Aprovação e implementação do POCP e
dos seus planos setoriais
A partir de 2015 Aprovação e implementação do SNC-AP
A nova reforma da Contabilidade no
Setor Público a nível internacional
Apesar do processo de reforma da contabilidade do Setor
Público ter sido iniciado na década de 90, a verdade é
que nos últimos anos temos assistido a uma maior
pressão institucional no sentido de harmonização
internacional da Contabilidade Pública devido à grave
crise financeira que Portugal está a ultrapassar (Gomes
et al., 2016).
O Governo português sentiu a necessidade de reformular
os seus sistemas de informação financeira, em
conformidade com os requisitos internacionais, em
prol influência do FMI, uma vez que depende de
financiamento externo.
A nova reforma da Contabilidade no
Setor Público a nível internacional
Neste contexto, o Governo decidiu em 2012, proceder à
reestruturação da contabilidade do Setor Público,
através da elaboração de um novo modelo
contabilístico, aplicável às Administrações Públicas,
com três grandes objetivos (OCC, 2015):
• redução da fragmentação contabilística, passando a
existir um único modelo contabilístico para as
Administrações Públicas;
• alinhamento do normativo nacional com as normas
internacionais de Contabilidade Pública (IPSAS);
• e obtenção de informação útil para efeitos de gestão
orçamental
Bibliografia
• Carvalho, J., Silveira, O., Caiado, P. and Simões, V. (2017). Contabilidade Orçamental Pública de
acordo com o SNC-AP. 1st ed. Lisboa: Área Editora, s.a.
• Carvalho, Domingos Viriato Pereira. (2009, Maio) A Aplicação do Plano Oficial de Contabilidade
Pública no Exercito: O Caso Especifico da Avaliação e Gestão do Património. Lisboa. Academia
Militar
• Caiado, António C. Pires, Pinto, Ana Calado (2001). Manual do Plano Oficial de Contabilidade
Pública. Lisboa. Areas Editora, SA.
• Decreto - Lei 26/2002 de 14 de fevereiro
• Lei n.º 8/90, de 20 de fevereiro (lei de bases da contabilidade pública)
• Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de julho, que finaliza a arquitetura legislativa da reforma orçamental
e de contabilidade pública.
• Lei nº 151/2015- Lei Enquadramento Orçamental
• Lei n.º 8/2012 de 21 de fevereiro
• Decreto-Lei n.º 127/2012 de 21 de junho

A elaboração desta sebenta foi também, possível dada a consulta de material de apoio, na área de
contabilidade pública, do Professor Doutor Nuno Adriano Baptista Ribeiro (Professor do Instituto
Politécnico de Bragança)

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