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Resumo

Cinesiologia
da Caminhada

@afisioamanda
Cinesiologia da caminhada

O ato de Caminhar ou deambular é uma


necessidade básica de todos os indivíduos que
desejam se deslocar de um lugar para outro esta
portanto, é uma das atividades mais comuns, que
realizamos diariamente.

O bipedalismo é a capacidade do homem em


andar sobre os pés. A marcha é uma série de
movimentos rítmicos e alternados do tronco,
MMSS e MMII que resultam no deslocamento
anterior do centro de gravidade, tudo isso
corresponde ao Ciclo da Marcha, este ciclo se
inicia com o contato do pé do indivíduo no solo e
termina quando o mesmo pé entra em contato
com o solo novamente.

Vamos entender alguns conceitos:

@afisioamanda
Cinesiologia da caminhada

Ciclo da marcha completo:

Período (tempo) entre o momento em que o pé


toca o solo (0%) e o próximo contato do mesmo
pé com o solo (100%).

O termo Passada é usado como sinônimo de


ciclo da marcha, esta corresponde a sequência
de eventos realizados entre contatos sucessivos
do mesmo pé com o solo. O Passo é a sequência
de eventos que ocorrem nos contatos sucessivos
entre um pé e o pé oposto.

Os descritores espaciais mais básicos da marcha


incluem:

Comprimento da passada:

Corresponde a distância percorrida entre o


impacto do pé e um novo impacto do mesmo pé.
Cinesiologia da caminhada
Comprimento do passo:

Distância que vai do contato de um pé ao


contato do outro pé, durante a fase de apoio
duplo dos pés. A comparação do comprimento do
passo do pé direito com o pé esquerdo é
importante para avaliação de possíveis
assimetrias da macha entre os dois membros
inferiores.

Base da marcha ou largura do passo:

Distância entre as linhas dos passos de cada


membro ou seja entre dois contatos do mesmo
pé. Esta é em média de 8 a 10 cm.

Os descritores temporais da marcha são:

Cadência:

Corresponde ao número de passos dados em


uma unidade de tempo.
Cinesiologia da caminhada
Tempo da passada:

Diz respeito ao tempo gasto para um ciclo


completo da marcha.

Tempo do passo:

Tempo para a realização de um passo com o pé


direito ou ou com o pé esquerdo.

A velocidade da marcha combina a medição


espacial e temporal e corresponde a distância
percorrida em um determinado período de
tempo.

Entenda melhor como funciona o ciclo da


marcha nas próximas páginas, para facilitar irei
exemplificar o ciclo usando o membro inferior
direito (MID) como referência.
Ciclo da Marcha
O ciclo da marcha é dividido em duas fases:
Fase de Apoio e Fase de Balanço.

Fase de apoio:

Esta fase compreende o contato inicial do pé


com o solo. E se subdivide em :

- Apoio simples: Contato de apenas um pé com


o solo.

- Apoio duplo: Contato dos dois pés com o solo


simultaneamente.

Fase de balanço:

Esta fase compreende o momento em que o


membro referido está sem contato com o solo e
cruza o outro membro.
Ciclo da Marcha
No ciclo completo o corpo do indivíduo passa
por cada fase duas vezes.

Considerando o ciclo completo em 100%, a


primeira vez de duplo apoio dos membros ocorre
entre 0% a 10% do ciclo. Nesse momento o peso
do corpo é transferido da esquerda para o MID.
Este encontra-se em apoio simples, até atingir
50% do ciclo da marcha. Enquanto isso o MIE
está em sua fase de balanço sendo levado para
frente.

A segunda vez de ocorrência do duplo apoio


ocorre a 50% a 60% do ciclo e promove a
transferência do peso do corpo do MID para o
MIE.

Entre 60% a 100% do ciclo, o corpo encontra-se


novamente em um apoio simples, desta vez
sobre o MIE enquanto o MID está na fase de
balanço.
Ciclo da Marcha

Fase de apoio - Componentes :

Compreende os seguintes eventos:

1. Contato do calcanhar:

Refere-se ao instante em que o calcanhar entra


em contato com o solo a 0% do ciclo da marcha.

2. Aplanamento do pé:

Refere-se ao momento em que toda a superfície


plantar do pé entra em contato com o solo.

3. Apoio intermediário:

Corresponde ao momento em que o membro


inferior que está na fase de balanço passa pelo
membro inferior que está na fase de apoio.
Ciclo da Marcha
4. Apoio final:

Refere-se instante em que o calcanhar sai do


solo.

Fase de balanço - Componentes :


1. Balanço inicial:

Refere-se ao desprendimento dos dedos do


solo, uma aceleração inicial.

2. Balanço intermediário:

Corresponde ao momento em que o pé do


membro em balanço passa ao lado do pé do
membro de apoio, oscilação intermediária.

3. Balanço final:

Refere-se ao final do balanço intermediário


quando o pé toca o solo, desaceleração.
Observe na imagem abaixo as fases do ciclo da
marcha e seus componentes :

fonte: google

Para compreender melhor analise sua própria


marcha e os movimentos que seus membros
inferiores realizam durante todo o ciclo.
Ciclo da Marcha
Informações importantes:

- De acordo com o aumento na velocidade da


marcha, a % do ciclo gasto no período de duplo
apoio torna-se menor.

Exemplo: os atletas da marcha atlética que


andam rápido mantendo um único pé em contato
com o solo.

- Durante a corrida, os períodos de duplo apoio


desaparecem, sendo substituídos por períodos
em que os dois pés estão fora do chão,
simultaneamente.

Exemplo: atletas de corrida.

- Em uma caminhada com velocidade reduzida


os períodos de duplo apoio ocupam uma
porcentagem maior no ciclo. Isso ocorre porque
Ciclo da Marcha
os dois pés estão em contato com o solo,
simultaneamente, proporcionando uma maior
estabilidade.

Exemplo: marcha de idosos.

- Entre a fase de apoio final e balanço inicial


fala-se que existe uma fase de "pré -balanço" que
corresponde ao movimento de flexão plantar do
tornozelo, impulso.

Quadro dos tempos:

fase % do ciclo

fase de apoio 60%

fase de balanço 40%

fase de apoio simples 60%

fase de duplo apoio 40%


Cinemática dos MMII
Durante a marcha, o corpo se desloca
linearmente devido as rotações angulares das
articulações dos membros inferiores. Como essa
rotação angular ocorre em maior magnitude no
plano sagital, a cinemática será discutida aqui
nesse plano.

Pelve:

Os movimentos da pelve são rotações de arco


curto anteriormente e posteriormente em torno
de um eixo medial-lateral. De 0% a 10% do ciclo
no período de duplo apoio, ocorre uma pequena
quantidade de inclinação pélvica posterior. Em
seguida, a pelve começa a inclinação anterior
durante o período de apoio simples, no apoio
intermediário em 30% do ciclo, a pelve inclina-se
anteriormente. Na segunda metade da fase de
apoio, a pelve inclina-se posteriormente.
Cinemática dos MMII
Durante os balanços inicial e médio de 60% a
85% do ciclo da marcha, a pelve novamente se
inclina-se anteriormente e depois no balanço
terminal inclina-se na direção posterior. O
aumento da velocidade da marcha pode
aumentar essa inclinação pélvica.

Quadril:

O corpo se movimenta anteriormente sobre o


pé fixo e o quadril se estende. A extensão
máxima do quadril é alcançada na fase de apoio
final. Durante a fase de balanço, o quadril
flexiona-se somente o necessário para levar o
membro inferior à frente para a colocação do pé,
a flexão máxima só acontece antes do contato do
calcanhar. É necessário aproximadamente 30° de
flexão e 10° de extensão no quadril para que a
marcha normal aconteça. A amplitude de
movimento do quadril também depende da
velocidade da marcha.
Cinemática dos MMII
Joelho:

No contato inicial do calcanhar, o joelho está


ligeiramente flexionado para absorver o peso
conforme o peso do corpo é transferido para o
membro inferior. Após essa ligeira flexão, o
joelho entra em extensão completa até o final da
fase de apoio final. Neste momento o joelho
começa a se flexionar mas só atinge a flexão
máxima no início do balanço intermediário.

Tornozelo (articulação talocrural):

Após o contato do calcanhar, o pé está


posicionado no solo pela flexãoplantar. Durante,
o apoio, ocorrem até 10° de dorsiflexão com a
tíbia movendo-se para frente sobre esse mesmo
pé. Logo após o desprendimento do calcanhar, o
tornozelo começa a flexão plantar atingindo de
15 a 20° até o final da fase de apoio final. Na
fase de balanço o tornozelo realiza novamente a
dorsiflexão.
Cinemática dos MMII
Isso permite uma posição neutra e a retirada
dos dedos do solo. Uma marcha com velocidade
média necessita aproximadamente de 10° de
dorsiflexão e 20° de flexãoplantar.

Primeira articulação tarsometatársica:

Esta articulação atua promovendo uma pequena


quantidade de flexão plantar e dorsiflexão, que
ajuda a ajustar a flexibilidade e a estabilidade do
arco longitudinal medial do pé durante a marcha.

Primeira articulação metatarsofalangeana:

Esta articulação é crucial para a marcha normal.


No contato com o calcanhar, é ligeiramente
estendida, depois fica em uma posição neutra
para permitir que o calcanhar se desprenda do
solo. Durante a parte final da fase de apoio e o
balanço inicial, as articulações flexionam-se e
retornam a uma posição quase neutra.
Cinemática dos MMII
Correlações clínicas:

O comprometimento funcional das articulações


desenvolvidas no ciclo da marcha pode levar a
alterações na marcha e consequentemente maior
demanda metabólica e muscular.

Exemplos:

- A inclinação da pelve no plano sagital ocorre


pela soma das forças passiva e ativa da cápsula
articular do quadril e dos músculos flexores e
extensores do quadril. Se devido a uma patologia
houver uma contratura em flexão do quadril, isso
provocaria uma inclinação anterior exagerada da
pelve na segunda metade da fase de apoio o que
frequentemente se associa ao desenvolvimento
de hiperlordose lombar.

- Em casos de hipomobilidade de quadril, a


pelve inclina-se anteriormente e a coluna acentua
Cinemática dos MMII
sua lordose como forma de compensar e gerar
uma extensão de quadril enquanto que uma
inclinação posterior e um achatamento da coluna
promovem uma aparente flexão de quadril.
Indivíduos com anquilose de quadril utilizam a
inclinação anterior e posterior da pelve para
compensar sua hipomobilidade no entanto todas
essas compensações biomecânicas provocam
sobrecargas na coluna lombar durante a marcha,
podendo desencadear a dor lombar.

- Uma ADM de extensão do joelho reduzida


resulta em menor funcionalidade do membro, o
que afeta a cinemática da fase de apoio e do
balanço. Durante o apoio a limitação da extensão
confere uma posição “agachada” envolvendo não
só o joelho mais o quadril e o tornozelo, essa
postura em flexão demanda uma maior atividade
dos extensores do joelho, esse funcionamento
desigual leva a um movimento exagerado do
tronco, dessa forma as demandas metabólicas do
Cinemática dos MMII

ciclo da marcha tornam-se elevadas.

- Já uma ADM reduzida de flexão do joelho na


fase de balanço interfere na retirada dos dedos e
na movimentação anterior do pé. Como forma de
compensar o quadril flexiona-se excessivamente.

- Uma limitação de movimento no tornozelo


também leva a um padrão de marcha anormal.
Uma redução de ADM para flexão plantar
diminui o impulso e com isso o comprimento do
passo também é diminuído. Por sua vez, uma
limitação de ADM para dorsiflexão causa uma
série de alterações posturais e biomecânicas.

Como podemos observar a marcha é reflexo de


uma boa atividade neuromuscular, articular e
também cognitiva, na presença de déficit em
algum desses aspectos a marcha pode se
apresentar de forma alterada.
Cinemática do tronco e da
cabeça

Durante a marcha a movimentação do tronco e


dos MMSS ajudam na manutenção do equilíbrio
e diminuição do gasto energético. Contribuindo
também para manter a cabeça em uma postura
estável, otimizando as funções visuais e
vestibulares necessárias durante a marcha.

Durante a caminhada, a translação da cabeça e


do tronco seguem a translação do centro de
gravidade do corpo, além disso o tronco gira no
plano horizontal em torno de seu eixo vertical
com a cintura escapular girando na direção
oposta à da pelve.

Uma limitação no movimentação do tronco


aumenta o gasto de energia durante a marcha.
Cinemática dos MMSS
Ombro

No contato do calcanhar no solo, o ombro está


totalmente em extensão. Progressivamente ele
gira para frente a fim de alcançar 10 ° de flexão
aos 50% do ciclo da marcha. Na segunda metade
do ciclo como o quadril ipsilateral move-se à
frente para a flexão, os ombros se estendem para
retornar aos 25° de extensão até o próximo
contato do calcanhar.

Esse balanço do braço durante a marcha tem


como função equilibrar as forças de rotação do
tronco, estabilizando o movimento do corpo em
torno de um eixo vertical e reduzindo o gasto de
energia.

Cotovelo

Inicialmente no contato do calcanhar o cotovelo


está em cerca de 20° de flexão á medida que o
Cinemática dos MMSS

ombro flete nos primeiros 50% do ciclo da


marcha, o cotovelo também flexiona em torno de
45°. Na segunda metade do ciclo, ao mesmo
tempo que o ombro se estende, o cotovelo se
estende para retornar aos 20° de flexão inicial.

Sabe-se que uma restrição no movimento do


braço aumenta o deslocamento vertical do
centro de gravidade. Vamos entender melhor
como funciona esse deslocamento, adiante.

Deslocamento do centro de gravidade:

O Centro de gravidade (CG) do corpo se localiza


anteriormente à segunda vértebra sacral. O
deslocamento mais notável do corpo durante a
marcha é na direção anterior, no entanto o CG
também se movimenta nas direções vertical e
lateral.
Ciclo da marcha

- No sentido vertical, o CG se move para cima e


para baixo, ritmicamente, formando uma curva
sinusoidal. O ponto mais baixo do CG é no apoio
duplo e mais alto no apoio intermediário. Essa
movimentação do CG é melhor compreendido se
visualizar o indivíduo lateralmente.

- No sentido lateral, a pelve se desloca


lateralmente para o lado do pé de apoio na fase
de apoio intermediário. A localização máxima do
CG à direita ocorre no meio da fase de apoio no
MID e a localização máxima do CG à esquerda
acontece na metade da fase de apoio do MIE.

Resumindo, após o contato do calcanhar direito,


o CG se move para frente, para cima e em
direção ao pé direito até 30% do ciclo da marcha.
No apoio intermediário o CG alcança sua posição
mais alta e lateral à direita.
Ciclo da marcha

Logo após, o CG continua em frente, mas


começa a se mover em um sentido descendente
e para o lado esquerdo do corpo. Com o MIE na
fase de balanço, o corpo depende dele para fazer
o contato seguro com o solo, aceitando a carga e
evitando a queda. Na fase de duplo apoio,
quando o MIE também toca o solo, o CG se
localiza entre os pés e alcança sua posição mais
baixa.

Em pouco menos de 80% do ciclo da marcha, o


CG está novamente em seu ponto mais alto,
porém lateralizado a esquerda. Pouco depois do
apoio intermediário do MIE, o CG desloca-se
para baixo e para o lado direito do corpo.

Dessa forma o ciclo da marcha é concluído e


reiniciado quando o calcanhar direito entra em
contato com o solo novamente.
Considerações sobre a energia
cinética e potencial na marcha
Apesar de parecer que ao caminhar estamos em
uma velocidade constante, não é o que acontece,
o nosso corpo acelera e desacelera conforme os
passos, isso ocorre da seguinte forma : quando o
membro inferior de apoio está à frente do CG do
corpo, o corpo fica mais lento enquanto que
quando o membro inferior de apoio está por trás
do CG do corpo, o corpo acelera.

A energia cinética está associada a velocidade de


um corpo em movimento, durante a marcha a
energia cinética mínima está presente no apoio
intermediário que corresponde a 30% e 80% do
ciclo e a energia cinética máxima é atingida no
duplo apoio entre 5% e 55% do ciclo.

Este tipo de energia é complementado pela


energia potencial.
Considerações sobre a energia
cinética e potencial na marcha
A energia potencial se relaciona à posição em que
um corpo se encontra. A máxima é alcançada quando
o CG atinge seu ponto mais alto entre 30% e 80% do
ciclo da marcha, já a energia potencial mínima ocorre
na fase de duplo apoio entre 5% e 55% do ciclo.

Os momentos da energia potencial máxima são


inversamente proporcionais aos tempos da energia
cinética mínima, ou seja, no momento em que a
energia cinética é perdida, a energia potencial é
adquirida e vice-versa. A atuação dessas forças
contribui para a diminuição do custo metabólico, mas
a energia necessária para a deambulação depende
das forças geradas pelos músculos dos membros
inferiores.

O gasto de energia durante a marcha depende da


velocidade em que ela está sendo feita. Na marcha
anormal esse custo aumenta e por este motivo os
indivíduos tendem a caminhar lentamente, afim de
compensar isso e manter o gasto em um nível
aeróbico confortável para ele.
Atuação Muscular
Como discutido antes os músculos desempenham
um importante papel, gerando as forças necessárias
para o deslocamento do corpo durante a marcha.
Assim como os outros elementos cinesiológicos da
marcha, a ativação dos músculos é repetida durante
cada passada. Este conhecimento permite que os
desvios da marcha sejam melhor compreendidos e
tratados.

Músculos do tronco :

- Eretores da espinha

O primeiro período de atuação desses músculos


vai de um pouco antes do contato do calcanhar até
20% do ciclo da marcha. O segundo período situa-
se em 45% a 70% do ciclo da marcha, o que
corresponde ao contato do calcanhar oposto. Estes
dois disparos controlam a cada passo o momento
angular do tronco para a frente em relação aos
quadris logo após o contato do calcanhar (uma
força freando).
Atuação Muscular
- Reto do abdome

Este músculo exerce uma pequena atividade


durante todo o ciclo da marcha. Porém essa
atividade aumenta entre 20% a 40% e entre 70% a
90% do ciclo da marcha e tem como função
estabilizar a pelve e a coluna lombar e
proporcionar um ponto de fixação mais estável
para os flexores do quadril.

Músculos do quadril :

- Extensores do quadril

No contato do calcanhar, o glúteo máximo é


ativado para estender o quadril e prevenir uma
anteriorizada brusca do tronco e permanece ativo
até o apoio intermediário para suportar o peso do
corpo e produzir a extensão do quadril. Durante a
fase de balanço, o glúteo máximo fica em grande
parte inativo até o balanço terminal, quando a uma
pequena ativação para desacelerar a flexão do
quadril e iniciar a sua extensão.
Atuação Muscular
Já os isquiotibiais estão ativos durante os
primeiros 10% do ciclo para atuação semelhante ao
glúteo máximo, estender o quadril e apoiar o peso
do corpo.

- Flexores do quadril

Apesar de a flexão do quadril continuar no


balanço terminal, os flexores estão ativos apenas
nos primeiros 50% da fase de balanço, na segunda
metade da fase de balanço a flexão é resultado do
impulso da coxa para frente no balanço inicial. A
função dos flexores é avançar o membro inferior
para frente durante o balanço preparando-o para o
próximo passo e levantar o membro inferior para
permitir a retirada dos dedos do pé durante o
balanço.

- Abdutores do quadril:

Os abdutores estabilizam a pelve no plano frontal


diferente dos extensores e flexores atuam no plano
Atuação Muscular
sagital. O glúteo médio torna-se ativo no final da
fase de balanço em preparação para o contato do
calcanhar. Os glúteos médio e mínimo, são mais
ativos durante os primeiros 40% do ciclo da marcha
principalmente durante o apoio simples do membro.
A função dos abdutores é controlar a ligeira descida
da pelve contralateral ao lado do membro em
balanço e depois iniciar uma abdução do quadril que
ocorre no apoio tardio.

- Adutores e rotadores do quadril

O primeiro disparo desses músculos serve para


estabilizar o quadril por meio da coativação com os
extensores e os abdutores. Possivelmente os
adutores auxiliem na extensão do quadril. O
segundo disparo acontece depois do apoio final e
serve para iniciar a flexão do quadril.
Resumidamente, os adutores atuam para estender o
quadril quando ele está em flexão (durante o contato
do calcanhar) e um para flexionar o quadril quando
ele está em extensão
Atuação Muscular
(no momento do apoio final). Os rotadores internos
do quadril estão ativos durante a maior parte da fase
de apoio, eles movem o lado contralateral da pelve
para frente no plano horizontal e ajudam no avanço
do membro no balanço. Os rotadores externos do
quadril, são mais ativos durante o início do apoio e
em conjunto com os rotadores internos controlam o
alinhamento do quadril no plano horizontal. Em
particular, eles controlam a rotação pélvica, enquanto
o membro inferior está fixo no chão e atuam na
rápida mudança de direção durante a caminhada ou
a corrida.

Músculos do joelho:

- Quadríceps

O maior disparo de atividade do quadríceps


ocorre logo após o contato do calcanhar, para
controlar a flexão do joelho que ocorre nos
primeiros 10% do ciclo da marcha e para aceitação
de peso do membro inferior.
Atuação Muscular
Concentricamente o quadríceps atua para estender
o joelho e suportar o peso do corpo durante o apoio
intermediário. A função básica do reto femoral na
marcha ocorre na passagem da fase de apoio para a
fase de balanço, e auxilia no início e no controle da
flexão do quadril, os vastos estão ativos no contato
do calcanhar e tem como função amortecer o
choque.

- Flexores do joelho

Os isquiotibiais ficam mais ativo um pouco antes


e imediatamente após o contato do calcanhar.
Antes do contato do calcanhar, eles tem a função
de desacelerar a extensão do joelho para preparar
a colocação do pé no solo. Durante os 10% iniciais
do apoio eles auxiliam na extensão do quadril e
asseguram a estabilidade do joelho. A maior parte
da flexão do joelho durante o apoio final e fase de
balanço da marcha é realizada passivamente como
resultado da flexão do quadril e de uma pequena
ativação do gastrocnêmio.
Atuação Muscular
Músculos do tornozelo e pé

- Tibial anterior

Este músculo tem dois períodos de atividade.


Primeiro no contato do calcanhar, com uma forte
ativação excêntrica desacelerando a flexão plantar
passiva do tornozelo, gerada pelo peso do corpo
sobre a parte posterior do calcâneo. Se essa
ativação não ocorrer o torque de flexão plantar
resulta no desvio de marcha chamado de “pé
caído”. O segundo período de ativação ocorre
durante a fase de balanço, produzindo uma
dorsiflexão suficiente para retirar os dedos dos pés
do solo. Uma extrema fraqueza desse músculo e
de outros dorsiflexores do tornozelo resulta em
uma “queda do pé” durante a fase de balanço.

- Tibial posterior

Esse músculo está ativo praticamente durante


toda a fase de apoio. E desencadeia a pronação do
Atuação Muscular
pé logo após o contato do calcanhar até cerca de
35% do ciclo da marcha e supina o pé entre 35% e
55% ou seja do apoio intermediário até o apoio final.

- Extensor dos dedos e extensor longo do hálux

A função desses músculos é semelhante ao do tibial


anterior, desacelerar a flexão plantar do tornozelo no
contato do calcanhar. Porém nesses músculos, falta a
linha de força para desacelerar a pronação do pé
durante a parte inicial da fase de apoio. Durante o
balanço, os extensores dos dedos auxiliam a
dorsiflexão do tornozelo e estendem os dedos para
garantir que sejam retirados do solo. Uma pequena
atividade desses músculos ocorre durante o impulso
para dar estabilidade ao tornozelo através da
coativação com os flexores plantares do tornozelo.

- Flexores plantares do tornozelo

O grupo muscular tríceps sural fica ativo durante a


maior parte da fase de apoio, exceto nos primeiros
10% do ciclo da marcha.
Atuação Muscular
Nesse momento a flexão plantar do pé é
controlada por uma ação excêntrica dos
dorsiflexores do tornozelo. Entre cerca de 10%
do ciclo da marcha até o desprendimento do
calcanhar que corresponde a 30% a 40% do ciclo,
os flexores plantares do tornozelo são ativados
excentricamente para controlar o movimento de
dorsiflexão do tornozelo.

O maior disparo de atividade desses músculos


ocorre perto do desprendimento do calcanhar e
diminui próximo do apoio final. Durante este
período, o encurtamento dos músculos cria um
torque de flexão plantar que participa na
propulsão anterior do corpo (impulso). O
gastrocnêmio também gera um pequeno nível de
atividade no balanço inicial, possivelmente para
ajudar a flexão do joelho.

- Fibulares

Esses músculos estão ativos a cerca de 5% do


ciclo da marcha até o apoio final.
Atuação Muscular
Além de flexores, esses músculos são eversores
e ajudam a combater a inversão causada pela
ativação do tibial posterior e outros músculos
posteriores profundos. O fibular longo também
auxilia na cinemática do pé segurando o primeiro
raio rigidamente no solo, fornecendo uma base
sólida de apoio para a ação do pé como uma
alavanca rígida durante a segunda metade da
fase de apoio da marcha.

- Músculos intrínsecos do pé

Esses músculos são ativados do apoio


intermediário até o apoio final, estabilizam o
antepé e levantam o arco longitudinal medial,
proporcionando, uma alavanca rígida para a
flexão plantar do tornozelo durante a segunda
metade da fase de apoio.

E também podem ajudar a controlar a extensão


dos dedos entre o desprendimento do calcanhar
e dos dedos para dar início ao balanço.
Cinética
A cinética compreende o estudo das forças
envolvidas na marcha, embora elas não sejam
visualmente perceptíveis, compreendê-las é
fundamental para se detectar movimentos
alterados e/ou patológicos.

Forças do pé e de Reação do Solo

Na marcha sempre que o indivíduo dá um passo


são aplicadas forças sob a superfície do pé. As
forças aplicadas ao solo pelos pés são chamadas
de forças do pé, já as forças aplicadas ao pé pelo
solo são chamadas de forças de reação do solo.
Essas forças possuem uma igual magnitude, mas
direção oposta. A descrição das forças de reação
do solo são expressas ao longo de três eixos
ortogonais: vertical, anteroposterior e medial-
lateral. A soma das três forças dá um único vetor
de força resultante entre o pé e o solo e leva à
uma representação em forma de “borboleta”
para um passo simples. Observe a imagem :
Cinética

- Forças verticais :

Essas forças são dirigidas perpendicularmente à


superfície de apoio. No apoio inicial e durante o
desprendimento do calcanhar essas forças são
maiores do que o peso do corpo, isso é
necessário para desacelerar o movimento
descendente do corpo e depois acelerá-lo para
cima. No apoio intermediário, essa força é menor
do que o peso do corpo como resultado de uma
relativa “retirada de peso” devido ao momento
ascendente do corpo, durante a fase inicial do
apoio. Esta flutuação na força é o resultado da
aceleração vertical do CG do corpo.
Cinética
- Forças anteroposteriores :

Essas forças são aplicadas paralelamente à


superfície de apoio. No contato com o calcanhar,
a força de reação do solo está na direção
posterior ou seja, o pé aplica uma força
anteriormente ao solo para retardar a progressão
do corpo para frente. Como a magnitude da
força de reação do solo no sentido horizontal
aumenta nos passos mais longos e na velocidade
rápida de caminhada, é necessário um atrito
suficiente entre o pé e o solo para evitar que o
pé escorregue para frente.

Na segunda metade da fase de apoio, a força de


reação do solo é dirigida anteriormente, com o
pé aplicando posteriormente uma força dirigida
ao solo para impulsionar o corpo para frente. A
magnitude da força de propulsão depende da
velocidade da caminhada e das tentativas para
acelerar.
Cinética
Um atrito inadequado entre o pé e o solo faz
com que o pé deslize para trás sem impulsionar o
corpo para frente. Isso explica a dificuldade
sentida quando se acelera rapidamente a marcha
ao caminhar sobre uma superfície escorregadia.
O pico da força anteroposterior de reação do
solo geralmente corresponde a cerca de 20% do
peso corporal.

Como as forças são de magnitude igual, mas de


sentido oposto, fornecem o equilíbrio para o
corpo quando o peso é transferido de um
membro inferior ao outro no duplo apoio.
Desacelerar exige uma força de frenagem maior
que a força de propulsão, e acelerar exige o
contrário.

- Forças mediais e laterais

A magnitude da força de reação do solo na


direção medial-lateral é menos de 5% do peso do
corpo e mais variável entre os indivíduos.
Cinética
Como na força anteroposterior, a magnitude e a
direção desta força depende principalmente da
relação entre a posição do CG do corpo e do pé.
Nos 5% iniciais do ciclo da marcha, é produzida
uma pequena força de cisalhamento dirigida
lateralmente para parar a pequena velocidade
lateromedial do pé, no momento do contato do
calcanhar. Durante o resto da fase de apoio, o CG
do corpo está localizado medial ao pé, causando
uma força dirigida lateralmente para o solo pelo pé
e uma força de reação do solo dirigida
medialmente, que desaceleram o movimento lateral
do CG e o aceleram medialmente em direção ao
membro inferior contralateral, que está em balanço
e se prepara para fazer o próximo contato com o pé
no solo.
Cinética
Trajetória do Centro de Pressão:

A trajetória do centro de pressão sob o pé através


do apoio segue um padrão reprodutível. O termo
pressão é usado para descrever a força de reação
do solo relacionada à sua área específica de
aplicação. No contato do calcanhar, o CP está
lateralmente ao ponto médio do calcanhar e se
move progressivamente para a região lateral do
mediopé no apoio intermediário e depois para a
região medial do antepé durante o desprendimento
do calcanhar e dos dedos. Observe a imagem :
Cinética
Potência e Torque Articulares

Na marcha as forças de reação do solo aplicadas


sob o pé geram um torque externo sobre as
articulações dos membros inferiores. Durante a
resposta à carga no membro direito, a linha de ação
da força de reação do solo localiza-se atrás do
tornozelo e do joelho e anteriormente ao quadril.
Como consequência, as forças de reação do solo no
contato do calcanhar produzem a flexão plantar do
tornozelo, a flexão do joelho e a flexão do quadril.

Para impedir o colapso do membro inferior, esses


torques externos são resistidos por torques internos.
Quando o torque interno excede o torque externo,
acontecerá a contração dinâmica concêntrica, pois
haverá um movimento de aproximação das
extremidades do músculo. Porém, quando o torque
externo excede o torque interno, a resultante será
uma contração dinâmica excêntrica.
Cinética
O torque interno é criado pela ativação dos
dorsiflexores do tornozelo, extensores do joelho
e do quadril ou seja por atividade muscular e
podem ser criados por forças passivas geradas
pela deformação e recolhimento dos tecidos
conjuntivos (a cápsula, os tendões e os
ligamentos).

A potência descreve a taxa de trabalho realizada


pelos músculos e a deformação passiva dos
tecidos conjuntivos e corresponde ao produto do
torque interno e da velocidade angular da
articulação.

Se essa potência apresentar um valor positivo


indica a geração de potência, ou seja houve
ativação muscular concêntrica e liberação de
energia dos tecidos conjuntivos previamente
alongados. Já um valor negativo, ao contrário,
indica a absorção de potência, ou seja houve
ativação muscular excêntrica e o alongamento
passivo dos tecidos conjuntivos.
Cinética
Forças nas Articulações e nos Tendões

Durante a marcha as superfícies articulares, os


ligamentos e os tendões são submetidos à grande
tensão, compressão ou forças de cisalhamento. O
conhecimento da ocorrência dessas forças é
importante para criar estratégias que minimizem as
ações musculares sobre articulações dolorosas ou
degeneradas, da mesma forma para saber como
essas forças são afetadas na ocorrência da marcha
patológica.

Lembre-se que tanto os músculos que cruzam


como aqueles que não cruzam a articulação são os
maiores contribuintes para as forças de compressão
das articulações das extremidades inferiores
durante o caminhar, algumas estratégias eficazes
para reduzir essas ações musculares, são: o uso de
uma bengala na mão contralateral ou a redução da
velocidade de caminhada, podem ser fundamentais
para aliviar as forças sobre uma articulação
dolorosa. Observe o quadro na página seguinte :
Cinética
Articulação e tipo de força

- Tornozelo:

Articulação talocrural (pico de compressão)


Articulação talocrural (pico de cisalhamento anterior e
posterior)
Tendão do calcâneo (pico de tensão)
Dorsiflexores do tornozelo (pico de tensão)
Fáscia plantar (pico de tensão)

- Joelho:

Articulação tibiofemoral (pico de compressão)


Articulação patelofemoral (pico de compressão)
Ligamento cruzado anterior (pico de tensão)
Ligamento cruzado posterior (pico de tensão)
Tendão patelar (pico de tensão)
Isquiotibiais (pico de tensão)

- Quadril:

Quadril (pico de compressão)


Adutor magno (pico de tensão)
Glúteo médio (pico de tensão)
Obrigada!
Bons estudos!!!

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