Você está na página 1de 6

História das Artes e do Design

 Antecedentes do Século XVIII: Início da Revolução Industrial; Novos


Processos Produtivos; Organização Social;
Antecedentes do Século XVIII (Oficina, Manufatura, Relações de Trabalho)
Idade Média (Gótico) Separação entre projeto do objeto (desenho) e processo de
produção (construção).
Renascimento Imprensa = Noções de Seriação e Multiplicação (modelo anterior ao
que seria um Atelier de Design).

Gótico  Renascimento Qual a relação com o trabalho?


Hierarquia Mestre > Aprendiz > Artesão, há divisão de tarefas.
Não há design sem divisão de tarefas e multiplicação, produção em massa (maior
qualidade e rapidez).
Desenhadores do campo artístico e artesãos muito qualificados.
A importância do Grémio (Oficina/Workshop) constituído por Divisão do Trabalho
(Mestre, Artesão, Aprendiz), Saber Oficinal, Verdade dos Materiais, Irmandade.
Barroco (Século XVIII) “Empresas” como as Reais Manufaturas de França,
financiadas pela Coroa (época de Luís XIV) e produzem unicamente para o Rei.
Oficinas especializadas, produtos feitos com matérias-primas altamente luxuosas.
Um único cliente e dono.
Artesanato Luxuoso (Tecidos, Ourivesaria, Marcenaria e Cerâmica)
Artesanato luxuoso não é Design. A regra básica do Design não é fazer uma peça
para uma única pessoa.
Iluminismo, também conhecido como Século das Luzes e Ilustração, foi um
movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa durante
o século XVIII, "O Século da Filosofia".
Incluiu uma série de ideias centradas na razão como a principal fonte de autoridade e
legitimidade e defendia ideais como liberdade, tolerância, progresso,
fraternidade, governo constitucional e separação Igreja-Estado. Em França, as
doutrinas centrais dos filósofos do Iluminismo eram a liberdade individual e
a tolerância religiosa em oposição a uma monarquia absoluta e aos dogmas fixos
da Igreja Católica Romana. O Iluminismo foi marcado por uma ênfase no método
científico e no reducionismo, juntamente com o crescente questionamento da
ortodoxia religiosa.
Racionalismo como a adaptação dos meios aos fins (resolução de problemas).
Trabalho (Alegoria das Artes), Raphael Sadeler
Minerva (Deusa dos Ofícios, Comércio, Artes e Sabedoria) e homem com um
compasso, um tratado de arquitetura e diversos instrumentos.
Trabalho como atividade física, necessária para produzir Arte, Matemática e Ciência.
Técnica passa a resolver necessidades práticas com crescimento das manufaturas
(oficinas familiares), desenvolvimento técnico (a máquina nas manufaturas), objetos de
uso deixam de ser “inferiores”.
Manufatura Têxtil Século XVIII (Oficina Doméstica Inglesa, 1750)
Divisão do Trabalho, fiar o fio na roda de fiar, enrolá-lo em bobinas, operar o Stocking
Frame (o tear retilíneo mecânico para tricotar o tecido).
Encyclopédie (1751-1772) Dicionário racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios
(17 vol. + 11 volumes, projeto de c. 40 anos).
Muitos historiadores se questionam por que este fenómeno, que originou as grandes
potências industriais do mundo moderno, teve lugar na Grã-Bretanha durante a
segunda metade do século XVIII e foi emulado pela Europa Continental e os Estados
Unidos.
Início da Revolução Industrial
Pode-se afirmar que entre 1750 e 1850, a Europa Ocidental e os Estados Unidos
realizaram a transição de uma economia rural e de uma sociedade agrária para uma
economia industrial e uma sociedade urbana. Importa destacar que a aceleração da
inovação tecnológica e a sua implementação bem-sucedida na produção de bens de
consumo, tão claramente observável nesse período, não foram a causa da Revolução
Industrial, mas sim o seu efeito.
Por que não aconteceu numa outra época e noutros locais?

 Escala de Valores dos Europeus (David Landes)


Explicação Económica, Política e Moral
O respeito à iniciativa privada (desenvolvimento do comércio), o racionalismo
entendido como a adaptação dos meios aos fins económicos, a ética “faustiana”
(domínio e exploração da natureza) e a inclinação para o mercantilismo
(concorrência entre estados-nação), juntamente com as características da sua
expansão colonial (colónias como empresas, mão de obra e matérias-primas).

 Mudanças Sociopolíticas (Historiadores Marxistas)


Explicação Social e Política.
O verdadeiro agente da Revolução Industrial foi a burguesia (desenvolvimento da
classe que controlava o poder político e económico). Para poder concentrar capital,
produzir, distribuir, vender e exportar livremente era necessário que a antiga
organização económica gremial desaparecesse (fim do intervencionismo do Estado e
de regulamentos que dificultavam o comércio), bem como o sistema económico
centralizado apoiado pelo antigo regime (monarquias absolutistas).
Para atingir este objetivo, a burguesia precisava de controlar os centros do poder
político e económico e lutou para derrubar as monarquias absolutistas que os
controlavam desde tempos imemoriais. A Revolução Industrial foi mais rápida nas
cidades livres e nos países que tinham monarquia parlamentar, como a Grã-Bretanha,
ou nos países que se tornaram repúblicas.

 Ética Protestante (Max Weber)


Explicação Moral e Religiosa.
Essencial para o desenvolvimento do capitalismo moderno, pois incutiu os valores da
poupança, honestidade, amor ao trabalho e produtividade. Não foi uma explicação
puramente doutrinal, mas sim os efeitos que a doutrina teve em termos de
comportamento. Com o tempo, os meios para alcançar a salvação tornaram-se os fins
e o mundo protestante mostrou uma atitude muito mais racional e eficiente em relação
à produção e aos negócios do que o mundo católico-romano.

 Mudança Energética (Wrigley)


Explicação Social e Económica.
Enquanto nos séculos anteriores o aumento da população tinha um limiar para além
do qual se entrava numa era de escassez e declínio da produção, em meados do
século XIX os economistas observaram com surpresa que o aumento exponencial da
população não tinha levado à escassez, mas, pelo contrário, a um aumento
exponencial da produção. Isso foi possível porque no final século XVIII tinha sido
viável passar de uma economia vegetal para uma economia mineral.
O combustível que substituiu a madeira foi o carvão, que em meados do século XVIII
estava a ser extraído na Grã-Bretanha em grandes quantidades utilizando o motor a
vapor de Newcomen, também designado como Máquina atmosférica Newcomen.
IMPORTANTE: Consideradas todas estas teorias é possível que, em última análise,
não tenha sido apenas a ciência, o mercantilismo, a religião, as mudanças
demográficas e energéticas ou as revoluções burguesas, que por si só propiciaram
a Primeira Revolução Industrial, mas sim um conjunto de efeitos que atuaram em
sinergia.
Século XVIII ao Século XIX: Wedgwood; Linguagem Comercial Vitoriana;
Josiah Wedgwood (Filho de Ceramistas, Empresa com 260 anos)
Fundada em 1759, constituída por saber oficinal (atelier de cerâmica), conhecimentos
de química, organização e gestão de trabalho e novas técnicas de marketing. Com
uma grande diversidade de peças (Peças decorativas Elitistas/Peças de dia-a-dia) e
preços variados.
Queen’s Ware (1765-2015) Mercado diversificado, Objeto apropriado, objetivo e
prático que “resolve o problema” para o qual foi desenhado (fórmula química do
Branco Vidrado). Pode conter decoração e pormenores ou ser lisa (mesma linha,
custos diferentes).
Inovação da Matéria-Prima com o Black Basalt (grés preto sem esmalte/brilho) que
revive o estilo Grego, Romano, Renascentista (Historicismo). Feita através da
separação de trabalhos.
Inovação da Matéria-Prima com o Jasper Ware (grés azul, lilás, rosa, verde sem
esmalte). Que remete para o Neoclássico (Historicismo). Produzida com Rigor,
Divisão de Trabalho, Qualidade, sendo por isso um processo mais demorado.
Período Vitoriano (Século XIX) Época de contradições (Progresso vs. Historicismo).
Contenção Ornamento e Ecletismo. (Defesa da Ciência, Inovação para a Mulher,
Espiritualidade)
Pela primeira vez pessoas vêm imagens na vida, o Objeto Impresso era uma
raridade, passa a ser um problema (lixo causado pelo papel). São criadas também
regras para o que podia ou não ser exposto nas ruas.
As novas estratégias de Marketing (Playbills) criam um ciclo de consumo através de
Revistas, Jornais e Posters. Novas estruturas de comunicação e emprego para quem
cria os anúncios.
Linguagem Visual Vitoriana (1820-1900) durante o reinado de Rainha Vitória (1837-
1901). Em Inglaterra, EUA e Europa o Estilo Vitoriano era constituído pela Ilustração,
Publicidade e Tipografia. Terror ao “vazio”, tudo é ornamentado. Falta de organização
editorial, com o Texto colocado letra a letra (1831).
Letter Set, Composição Gráfica Tradicional (caracteres de madeira).
Primeira letra sem serifa (Sans Serif) de William Caslon IV (1816)
Letras Fat Faces (Roman cujo contraste entre hastes largas e finas é muito
exagerado)
Letras Egípcias (Antiques com serifas retangulares, aparência pesada e mecânica)
Letras Display (decorativas com tridimensionalidades, sombreados, ornamentadas,
sedutoras, usadas em anúncios e montras)

 Valores do Vitoriano: Estéticos, Sociais, Políticos e Económicos;


Crescimento Urbano e Modo de Vida Moderno
O engarrafamento de cavalos e de carruagens que atravessam a ponte de Londres.
Os ingleses lideravam o mundo do desenvolvimento das linhas ferroviárias e dos
navios a vapor. Crescimento do comércio internacional e do interesse da classe
média por bens de consumo.
A publicidade aparece a promover novos produtos ingleses. Imagens a cores (1840).
Passagem de uma vida lenta, agrária e rural para uma vida na cidade (vidas
aceleradas), com metro, cinema, publicidade, etc. (nas estações, ruas, etc.)
Conflitos entre Burguesia e o Povo/Papel da Mulher
Clero e nobreza perdem o poder. Burguesia é a classe dos novos-ricos. Povo é a
grande força de trabalho, embora os operários sejam desvalorizados (Degradação
Social)
Mass Media são dominados pelo papel no século XIX.
Muita mortalidade devido às poucas condições de vida (higiene, alimentação)
Jornais e Livros denunciam as Desigualdades Sociais, através da imprensa ilustrada
(muita gente não sabe ler).
“Na pátria do comfortable, o material da vida é considerado como um imenso vestido,
essencialmente mudável e submetido aos caprichos da fashion. Os ricos trocam cada
ano os seus cavalos, os seus coches, os seus móveis...”. Crítica ao consumo inglês,
por trocarem de vida como se fosse uma peça de roupa.
A Mulher pertence ao lar. Total devoção à família (a domesticidade pertence à
Mulher). Aparecimento do Feminismo (luta pelo direito ao Voto e pelas mesmas
profissões que os Homens).
Vitoriano Paradoxal devido aos contrastes de interesses entre Burguesia e Povo.
Conflitos entre o Ser Humano e a Industrialização
Progressos (1876) com o aparecimento do telégrafo, imprensa, locomotiva e navio a
vapor.
Polvo no Vitoriano (Victor Hugo em 1866, Jules Verne em 1870) símbolo da
Revolução Industrial.
“Monstro da Industrialização” espalha os seus tentáculos. Confronto do Homem com a
Máquina.
Valores Morais e estéticos do Neogótico
“Não desperdice, não deseje”.
Augustos Pugin (Arquiteto e Teórico Inglês, 1812-1852) acreditava que "construir em
gótico" não correspondia à aplicação de traços de estilo, mas convertia-se num dever
relativamente a uma sociedade enferma. (Historicista ou Progressista)
Em 1843, antes de começar a escrever "A Christmas Carol", Charles Dickens visitou
a cidade industrializada de Manchester, e ficou chocado com as condições de vida dos
mais pobres (falta de higiene e alimento que originava doenças).
A queda dos valores éticos e o ecletismo vitorianos correspondiam, também, a um
declínio moral e social presente em Inglaterra. Era necessária uma sociedade com
qualidade para que a Arte produzida fosse de qualidade.
Qual a relação do operário vitoriano com o trabalho que executava?
Grémio Gótico tardio, onde o artesão se identifica com o trabalho. No século XV, os
artistas encontram um mercado artesanal nas cidades. Adquirem prestígio social e
organizam-se em associações que desenvolvem o trabalho oficial coletivo.

 Debates sobre o Objeto Industrial: Exposição Universal (1851)


A Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações
Grande Exposição Universal realizada em 1851, no Palácio de Cristal em Londres,
foi a principal demonstração pública do gosto vitoriano (Campo de Batalha para os
Valores Progressistas). Projetado por Joseph Paxton (Arquiteto).
Durante 160 dias, cerca de 6 milhões de visitantes (37 500 por dia) de todas as
classes sociais.
Edifício para a exposição devia representar o Progresso, a Técnica, o Poder
Industrial e Económico Inglês (enorme espaço expositivo efémero).
Era adequado ao propósito, estrutura de ferro, vidro e madeira (construção modelar,
unidades montadas no Hyde Park).
Categorias do Objeto (Valores da Exposição), Exposição Pragmática e Progressista
(engenharia), Ligação à Técnica e à Inovação Tecnológica (novos produtos), edifício
temporário (projeto radical e novo).
Constrangimentos do Projeto, tais como o uso manual, a anatomia do Ser Humano,
o peso, os materiais, etc. (projeto adequado ao problema ex. caixa de ovos).
Demonstração Pública do Gosto Vitoriano (Campo de Batalha para os Valores
Progressistas) Sala Medieval com Arte e Objetos decorativos Neogóticos.
Stand Americano, USA (novo mundo) sem tradição, sem objetos decorativos
luxuosos. Show Business onde mostravam os objetos em funcionamento (armas),
prático e progressista. Oposto ao Historicismo.
Arte e Técnica em harmonia? Inovação Industrial adequada ao propósito (locomotiva
e máquina de impressão); Historicismo e Objetos Ecléticos (Sala Medieval, animais
empalhados, cadeira de estado e faixa, taça em prata).
Paradoxo com os Valores Historicistas e Progressistas.
Lição de Gosto equilibrada? Não. Final do Evento (Arte, Artesanato Luxuoso,
Artesanato Quotidiano, Objeto Industrial Quotidiano)
Quais as diferenças? Qual o Processo de Produção? Gosto pela aparência da
Sociedade Vitoriana, criação de materiais que imitam outros a baixo custo por parte da
Indústria (Betumes modelados e pintados que imitam madeira).
Falta de qualidade no Objeto Industrial devido aos problemas sociais da
industrialização (desvalorização do artesão)
John Ruskin (1853), “The Nature of Gothic” critica o Racionalismo Greco-Romano
(perfeição, repetição) e a mentalidade Moderna Inglesa (maneira Grega), bem como a
degradação do trabalhador industrial e a invenção civilizada da divisão do trabalho.
Defende a parte pensante do trabalhador (aprendizagem, errar permite inovar) e o
valor individual do artesão medieval (“esculpiu diabretes, monstros informes”, a sua
liberdade), Homem que pensa é também mão-de-obra.
Quer que o Ser Humano tenha um emprego que adore (simbolize a felicidade), o
salário é secundário.
Promove o Gótico.

Você também pode gostar