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Recurso de Direito Internacional

QUESTÃO NÚMERO: 20 (PROVA TIPO 3 – AMARELA)

GABARITO PRELIMINAR: B

COMENTÁRIO:

A questão n. 20 da Prova Tipo 3, da disciplina de Direito Internacional, deve


ser anulada, pelos fundamentos a seguir expostos.

A resposta dada como correta é o item “b” com a seguinte redação: “Se
consensual o divórcio, a sentença estrangeira que o decreta produz efeitos
no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de
Justiça”.

De fato, a redação do artigo 961, § 5º, do CPC/2015, dispõe que “a sentença


estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça”.
Ocorre que o entendimento do Conselho Nacional de Justiça sobre esse
dispositivo é que está dispensada a homologação apenas quando se tratar
de divórcio consensual denominado puro ou simples, consoante disposto
no Provimento/CNJ n. 53, de 16 de maio de 2016.

De acordo com o esse Provimento, o qual se encontra plenamente vigente,


o divórcio consensual qualificado – aquele que envolve disposição sobre
guarda de filhos, alimentos e/ou partilha de bens – dependerá de prévia
homologação pelo STJ, consoante disposto no artigo 1º, § 3º.

Assim, em razão de a questão não apresentar alternativa correta, deve ser


anulada, pois não considerou em sua resposta o Provimento/CNJ n. 53, de
16 de maio de 2016.

Esclarece-se que no XXIV Exame de Ordem, uma questão similar foi


cobrada envolvendo os personagens Henrique e Ruth. No entanto, nessa
questão do XXIV Exame de Ordem, o casal não possuía bens, tampouco
filhos tratando-se, portanto, de um divórcio consensual puro sendo
possível, por conseguinte, a homologação pelo STJ da sentença
estrangeira de divórcio para que produzisse efeitos no Brasil.

É imprescindível que no Exame de Ordem o examinador atente-se ao


entendimento dos Tribunais superiores e do Conselho Nacional de Justiça
quanto à aplicabilidade da norma, sob pena de considerar unicamente a
literalidade do dispositivo que não coaduna com a prática a ser enfrentada
pelo examinando no desempenho futura de suas funções advocatícias.
Desse modo, conquanto a literalidade do dispositivo, no caso concreto,
não será possível a execução da sentença alienígena no Brasil, conforme
descrito na Questão 20, pois o casal apresenta bens a partilhar (divórcio
consensual qualificado) e, por essa razão, será necessária a homologação
da referida sentença.

Vale ainda mencionar, que o casal Thomas e Marta possui imóvel situado
no Brasil, o que determina, de acordo com o artigo 23 III do CPC, que a
competência para a ação de divórcio e partilha desse bem é EXCLUSIVA da
jurisdição brasileira.
Recurso de Direito do Consumidor
QUESTÃO NÚMERO: 45 (PROVA TIPO 3 – AMARELA)

GABARITO PRELIMINAR: A

Enunciado:

José havia comprado um notebook para sua filha, mas ficou


desempregado, não tendo como arcar com o pagamento das parcelas do
financiamento. Foi então que vendeu para a amiga Margarida o notebook
ainda na caixa lacrada, acompanhado de nota fiscal e contrato de venda,
que indicavam a compra realizada cinco dias antes. Cerca de dez meses
depois, o produto apresentou problemas de funcionamento. Ao receber o
bem da assistência técnica que havia sido procurada imediatamente,
Margarida foi informada do conserto referente à “placa-mãe”.

Na semana seguinte, houve recorrência de mau funcionamento da


máquina. Indignada, Margarida ajuizou ação em face da fabricante,
buscando a devolução do produto e a restituição do valor desembolsado
para a compra, além de reparação por danos extrapatrimoniais. A então ré,
por sua vez, alegou, em juízo, a ilegitimidade passiva, a prescrição e,
subsidiariamente, a decadência. A respeito disso, assinale a afirmativa
correta.

Assertiva correta segundo a banca:


“A decadência alegada deve ser afastada, uma vez que o prazo
correspondente se iniciou quando se evidenciou o defeito e,
posteriormente, a partir do prazo decadencial de garantia pelo serviço da
assistência técnica, e não na data da compra do produto.”

Vício de Produto e Fato de Produto: O termo “defeito” é utilizado,


tecnicamente, para designar o fato de produto, que possui prazo
PRESCRICIONAL. Contudo, no assertivo gabarito ela está relacionada a
vício de produto, que tem prazo DECADENCIAL. Dessa forma, o examinando
descartaria a assertiva imediatamente, vez que ao falar de defeito (fato de
produto), teria que estar relacionado com prazo prescricional. Essa
inadequação na terminologia correta contamina toda possibilidade de
avaliação do item, que utilizou palavras pertencentes a outro instituto.

Garantia e Decadência: Não obstante, na mesma assertiva está


mencionado “prazo decadencial de garantia”. Todavia, com a devida vênia,
é outra confusão no item.

Prazos decadenciais determinam o tempo que o consumidor possui para


reclamar por seus direitos, que estão previstos no art. 26 do CDC.

O que é diferente de tempo de garantia, que pode ser legal e/ou contratual,
e trata do período que o consumidor tem para se manifestar acerca do
vício.

Ao confundir prazos decadenciais com garantia, a assertiva apresenta


outra imprecisão, o que a torna ainda mais inválida do ponto de vista
avaliativo e, por isso, merece ser anulada.
Recurso de Direito do Trabalho
QUESTÃO NÚMERO: 79 (PROVA TIPO 3 – AMARELA)

GABARITO PRELIMINAR: A

A questão número 79, da prova tipo 3 apresentou como gabarito a


alternativa “a”, contudo, com a devida vênia, entendo que as datas e
procedimentos constantes no enunciado apresentam imprecisões e
tornam a alternativa nula.

Rosimeri trabalhou em uma sociedade empresária de produtos químicos


de 1990 a 1992. Em 2022, ajuizou reclamação trabalhista contra o ex-
empregador, requerendo a entrega do Perfil Profissiográfico Previdenciário
(PPP) para que pudesse requerer aposentadoria especial junto ao INSS.
Devidamente citada, sociedade empresária suscitou em defesa prescrição
total (extintiva).

A assertiva dada como correta foi a seguinte: “Não há prescrição a declarar,


porque a ação tem por objeto anotação para fins de prova junto à
Previdência Social”.

Contudo, o comando da questão destacou que a empregada exerceu suas


atividades laborais entre 1990 a 1992. Portanto, durante período em que
não se exigia PPP para obtenção de aposentadoria.

Tal formalidade somente passou a ser cobrada em 01.01.2004, data fixada


através da IN INSS/DC 96/2003.

Assim, não poderia ser possível ingressar com ação visando a entrega do
PPP, com finalidade de obtenção de aposentadoria, tal como exigido pela
questão, pois seria inepta a proposição por falta de interesse processual.

Dessa forma, entendo não haver alternativa correta e o vício ser insanável,
devendo a questão ser anulada e a respectiva pontuação atribuída a nota
final do recorrente.

Pede deferimento.

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