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PORTO SEGURO
2022
1
EDSON PESCA DE JESUS
PORTO SEGURO
2022
2
JESUS, Edson Pesca de. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NAS ESCOLAS DO CAMPO DA COMUNIDADE DE VERA CRUZ
EM PORTO SEGURO/BA. Orientador: Dr. Sebastião Pinheiro G. de Cerqueira Neto. 2022.
Projeto de dissertação (Mestrado em Ciências e Tecnologias Ambientais) – Universidade
Federal do Sul da Bahia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Porto
Seguro, 2022.
RESUMO
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JESUS, Edson Pesca de. CHALLENGES AND PERSPECTIVES FOR
ENVIRONMENTAL EDUCATION IN FIELD SCHOOLS OF THE COMMUNITY
OF VERA CRUZ IN PORTO SEGURO/BA. Advisor: Dr. Sebastião Pinheiro G. de
Cerqueira Neto. Dissertation’s project (Master’s in Environmental Science & Technology) –
Universidade Federal do Sul da Bahia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Bahia, Porto Seguro, 2022.
ABSTRACT
4
O
1 APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA.............................................................................6
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................10
3 QUESTÃO CENTRAL E HIPÓTESE..............................................................................15
3.1 Questão central....................................................................................................................15
3.2 Hipótese..............................................................................................................................15
4 OBJETIVOS.........................................................................................................................16
4.1 Objetivo geral......................................................................................................................16
4.2 Objetivos específicos..........................................................................................................16
5 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................17
5.1 Tipo de pesquisa.................................................................................................................17
5.2 Participantes........................................................................................................................18
5.3 Área de estudo.....................................................................................................................18
5.4 Coleta de dados...................................................................................................................18
5.5 Análise de dados.................................................................................................................19
5.6 Aspectos éticos....................................................................................................................20
5.7 Critérios de Inclusão...........................................................................................................20
5.8 Critérios de Exclusão..........................................................................................................20
6 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS.................................................................21
7 ORÇAMENTOS E FONTES DE FINANCIAMENTO...................................................22
8 VIABILIDADE E LIMITAÇÕES POTENCIAIS............................................................23
9 CRONOGRAMA.................................................................................................................24
10 EQUIPE DE PESQUISA...................................................................................................25
REFERÊNCIAS......................................................................................................................26
TERMO DE ANUÊNCIA......................................................................................................28
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO........................................29
INFORMAÇÃO......................................................................................................................31
APÊNDICE B: Roteiro de entrevista semi-estruturada feita com professores
selecionados.............................................................................................................................32
5
1 APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA
6
Dessa maneira, a educação deve nortear as pessoas e as sociedades na transição para
um desenvolvimento pautado na sustentabilidade. Neste sentido, a educação tem sido
chamada a desempenhar novos ou renovados aportes teóricos e metodológicos que
contemplem as transformações da sociedade em suas diferentes dimensões, tendo em vista a
formação integral do ser humano (citar refs).
Essa premissa é notória ao se pensar no entrelaçamento das ideias em que se
fundamentam a educação ambiental e a educação do campo como sendo um caminho
importante para compreensão das dimensões que envolvem o ensino de educação ambiental
(refs). Para isso é necessário conhecer a maneira como a educação ambiental acontece nas
diferentes instituições de ensino à luz dos relatos de seus pares, professores e gestores
pedagógicos e dos registros documentados no Plano Político Pedagógico de cada escola.
A presente pesquisa será desenvolvida nos moldes da pesquisa qualitativa,
considerando dois momentos chaves, a pesquisa bibliográfica contemplando a temática da
educação ambiental e da educação do campo e dos escritos que atravessam esses dois temas.
E a pesquisa de campo realizada em 4 quatro escolas do campo de diferentes níveis de ensino,
através da entrevista semiestruturada com os professores das disciplinas afins à Educação
Ambiental, como biologia, ciências, agroecologia e geografia. E também da observação
dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) de cada escola.
Uma análise entre o histórico de construção dos projetos da Educação Ambiental
e da Educação do campo no Brasil deixariam em evidências diálogos e convergências entre
essas duas áreas. Ambas têm a sua gênese nos movimentos sociais em contestação ao modelo
de desenvolvimento vigente que alargam as injustiças e legitimam a desigualdade de direito
entre povos (refs). Ambas carecem de aprofundamento das relações entre a escola e a
Universidade.
De acordo com Butler (2010), o processo estruturalista e sua base epistemológica
ancorado em conceitos de universalidade, constitui ideias duais que exercem uma função
delimitadora que reduz todas as coisas a representações definidas pela binaridade. Assim
sendo, as epistemologias do campo também sofrem por serem constituídas através de um viés
que, assim como vários outros aspectos de nossas sociedades, são colocados do outro lado, na
margem. Campo, configurado como algo que se opunha à cidade, era facilmente algo que
estava imerso no jogo de distinção entre o avanço e o retrocesso.
Perceber o campo em uma linha oposta à cidade é situá-lo em um lugar em que não há
avanço, não há progresso e, por conseguinte, deve ocupar o seu lugar de não civilizado, de
7
atrasado, de uma cultura inferior (ref). Os sujeitos que estão inseridos no contexto do campo,
passam a ocupar, nessa leitura a partir da ótica do sujeito universal (ref), os mesmos lugares
dos povos subalternizados, pois, se tornam sujeitos silenciados pelos mesmos mecanismos que
historicamente produziram narrativas que negam a história dos demais grupos sociais, suas
culturas, seus saberes, suas formas de organização.
Essa prerrogativa que insere o campo em lugar insalubre e que por muito tempo foi
sustentada por meio de representações estereotipadas, conferem à educação um caráter
salvacionista (LOPES, 2014), quando, na verdade, deveria se tratar do acesso a um direito
constitucional que deve ser tido como um instrumento de fortalecimento das propostas de
reconhecimento do sujeito campesino como um sujeito que também é diverso e que possui
culturas auto representativas de suas identidades, que lhes são próprias, ao passo que também
lhes são coletivas.
A ideia de um conhecimento científico que reforça a existência de um sujeito
universal, retira do sujeito campesino as possibilidades de transitarem por identidades
múltiplas. Compreender quem são esses sujeitos e como a educação está relacionada aos seus
modos de vida, os redimensionam a espaços outros, numa perspectiva de alteridade.
Abrir mão das metanarrativas científicas para compreender como se dão as relações
entre educação ambiental e educação do campo é considerado nessa discussão algo que
precisa fazer parte de uma reflexão necessária, considerando que é necessário romper com a
égide das verdades absolutas que ignoraram por muito tempo, os discursos acerca do outro,
fora dos discursos centralizadores (ref). Assim, é possível também, romper com a ideia de
uma “alta cultura”, em detrimento de uma “baixa cultura”, que era essa constituída pelos
grupos ditos marginais (ref). Para isso, faz- se importante beber da fonte dos estudos culturais,
para perceber como as identidades desses sujeitos não podem e nem devem ser concebidas
por um único prisma, mas, precisam ser observadas por meio das várias relações que eles
estabelecem, inclusive, tendo como base os sistemas culturais dos quais fazem parte (ref).
É importante deixar demarcado que os sujeitos que estão inseridos nos contextos da
educação do campo, são sujeitos que não compõem uma homogeneidade, o que nos leva a
considerar suas múltiplas experiências e o caráter abrangente de suas relações, sejam elas
nos contextos da escola, ou exterior a ela (refs).
Assim, é necessário levarmos em conta, como parte imprescindível do nosso mote de
estudos, a relação de multiplicidade que tais sujeitos possuem, de que maneira tais sujeitos
compreendem essas relações e quais as bases que as fundamentam.
8
Outro ponto central a ser discutido, é exatamente o ensino de Educação ambiental nas
escolas do campo, pois, a pesquisa em tela se desdobrará em compreender as perspectivas,
desafios e possibilidades que são constituídos como parte de um processo formativo cujos
sujeitos que o integram são dotados de subjetividades (ref). A importância dos estudos
culturais, bem como, a própria compreensão dessa identidade cultural na qual os
sujeitos estão envolvidos, se dá pela necessidade de compreender quem são esses sujeitos
para os quais a educação ambiental está direcionada no contexto da educação do campo.
Isso porque, pensar a educação ambiental por meio de uma proposta de engajamento e
mudança social, requer antes de tudo, perceber quais são os impactos desta educação da vida
de tais sujeitos, como essa educação pode ou tem contribuído para que esses sujeitos se
reconheçam como parte de um processo de desconstrução guiado pelas propostas de mudança
social, na medida em que, estabelecem uma nova ordem que se difere da ordem dominante
(ref).
Desse modo, é importante que se possa produzir alguns deslocamentos que permitam
com que os três pontos chaves dessa discussão sejam compreendidos de maneira ampla,
embora, dentro de um recorte de espaço/tempo, uma vez que a presente pesquisa será
elaborada a partir dos contextos específicos de quatro escolas. Aqui, sujeitos, educação do
campo e educação ambiental, são elementos que se entrelaçam no intuito de se destacar
os desafios que envolvem essas relações (refs). Por isso, a necessidade da busca por
compreensão e conhecimento sobre quem são esses sujeitos, compreendendo que a concepção
de identidade a ser estudada é plural e múltipla, fatos que acentuam os desafios da educação
ambiental no contexto da educação do campo.
9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com efeito, a educação ambiental é algo a ser apropriado, de modo que deve ser
pensada através da reflexão de seus conceitos e também fundamentos. Educação do Campo é
um conceito em movimento como todos os conceitos, mas ainda mais porque busca apreender
um fenômeno em fase de constituição histórica; por sua vez a discussão conceitual também
participa deste movimento da realidade (LOUREIRO, 2004).
10
O ano de 1997 foi um marco para a educação do campo devido à realização do I
Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária. Na ocasião, foi lançado o desafio
de pensar a educação pública a partir do mundo do campo, com suas particularidades de
tempo e espaço, além da maneira como o homem do campo vê o mundo e o meio ambiente,
respeitando sua forma de viver (PARANÁ, 2010). Todavia, somente no ano de 2010, por
meio do Decreto Federal nº 7.352, foi legalmente oficializada a definição de escola do campo.
Como dispõe o inciso II do parágrafo 1º, artigo 1º, a escola do campo é a instituição
“situada em área rural, conforme definida pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) ou aquela situada em área urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do campo” (BRASIL, 2010).
A partir dessa nova visão de educação do campo, as práticas pedagógicas
deveriam priorizar ações que preparem os estudantes para a inserção no mundo real,
cheio de conflitos e questões sociais a serem pensadas por meio do desenvolvimento do
sentido de pertença ao local onde estivessem inseridos (ref). Assim, o sujeito deveria ser
preparado para adaptações que o tornassem capaz de compreender profundamente a
sua realidade (ref).
Nesse contexto, no artigo 2º da Resolução nº 1/2002, do Conselho Nacional de
Educação/CNE – Câmara de Educação Básica, a identidade da escola do campo pode ser
definida pela sua vinculação às questões da realidade local. Sendo assim, deve embasar -
se nos saberes acumulados e na temporalidade, na memória coletiva que sinaliza futuros,
nos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis na sociedade e nos movimentos
sociais em defesa de projetos que promovam as soluções exigidas por essas questões à
qualidade social da vida coletiva no país (BRASIL, 2002).
Um dos maiores desafios das escolas campesinas é contribuir para restabelecer o
sentimento de pertença dos sujeitos, para que se reconheçam como integrantes de uma
localidade e reconstruam a sua identidade com o campo, com o local em que vivem (Silva,
2015). A escola na modalidade de ensino de Educação do Campo é definida pela “[...]
vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e
saberes próprios dos estudantes” (BRASIL, 2002, p. 37).
Para Peiper, Behling e Domingues (2014) quando um sujeito se sente pertencente a
determinado grupo, comunidade, ou lugar, é possível agir de forma a intervir nos fatos e
acontecimentos que modificam a sua história, dando a sensação de participação de algo maior
que o próprio ser. O sentimento de pertencimento, neste contexto, se relaciona com a noção
efetiva de participação, de forma que o indivíduo se sinta sujeito ativo das atividades do
11
cotidiano, desenvolvendo a corresponsabilidade pelo que for construído coletivamente.
A fundamentação basal da Educação do Campo exige que ela seja
pensada/articulada sempre na tríade: Campo - Política Pública - Educação. É a relação, na
maioria das vezes tensa, entre estes termos que constitui a novidade histórica do fenômeno
que batizamos de Educação do Campo.
Stuart Hall, 2006, em sua obra “Identidade Cultural na pós-modernidade”, nos
aponta como essa relação de sujeito e identidade tem se tornado algo cada vez mais
questionador.
O sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável,
está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias
identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.
Correspondentemente, as identidades que compunham as paisagens sociais “lá
fora” e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as “necessidades”
objetivas da cultura, estão entrando em colapso, como resultado de mudanças
estruturais e institucionais. O próprio processo de identificação, através do qual
nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório,
variável e problemático (HALL, 2006, pág. 12).
Stuart Hall baseia-se numa perspectiva identitária que não está vinculada ao modelo
do sujeito universal, construído para se encaixar ou não no que fora enquadrado pela
pretensa cultura do ocidente, mas, dispõe-nos de um sujeito cuja identidade é amplamente
cultural e que isso o permite ser representado ou se auto-representar de maneira variada, com
identidades que são plurais e que não poderão mais ser definidas a partir de um olhar
unificador.
Portanto, é possível pensarmos que esse sujeito que tem como parte de seu processo
formativo a educação do campo e a quem a educação ambiental, dentro deste contexto, se
destina, não é apenas esse sujeito, mas apenas uma parte desse sujeito, que é múltiplo, estará
impresso nessas percepções (HALL, 2006).
É possível então, afirmar, que a Educação do campo por si só, já faz parte de um
projeto contra-hegemônico que vem sendo proposto pelos diversos movimentos sociais, para
tanto, proponho através desses estudos, estabelecer uma relação da educação ambiental,
aplicada e vivenciada no contexto da educação do campo, de modo a ser percebida como parte
de um processo societário. Assim, compreender o sentido com o qual essa educação ambiental
se configura nesses espaços, é uma maneira de identificar em seus processos quais são as
perspectivas, desafios e possibilidades que ela apresenta e como é possível que ela seja
também parte desse projeto contra- hegemônico.
Deve-se trazer ao cotidiano da Educação do Campo a visão de conjunto,
permitindo que a escola seja um espaço de convivência e trocas culturais. E,
posteriormente, apreender valores positivos presentes no dia a dia do ambiente
12
rural, como solidariedade, afetividade, respeito à natureza. A educação
ambiental, devido a o seu caráter crítico e dialógico pode – e deve – ser usada
como um elemento fundamental na educação do campo, contribuindo para
que os estudantes transformem a si mesmos, seu meio e suas relações sociais
de forma mais sustentável e harmoniosa. As escolas do campo devem primar
por um tipo de educação que prepare os estudantes, não como um sujeito que
se adapta, mas que se insere no mundo e o transforma; enquanto sujeito
capaz de compreender profundamente sua realidade [...]Os saberes
historicamente construídos são a base para qualquer mudança de percepção
e ação; e sua compreensão e interiorização será mais significativa quando
contiver elementos próprios da realidade objetiva dos estudantes e não for
uma padronização de conhecimentos alheios às necessidades dos estudantes.
Neste sentido, a Educação Ambiental no campo conferiria ao ensino seu
caráter de processo permanente que humaniza e qualifica o homem e suas
relações com o meio (ALVES; MELO; SANTOS. 2017, pág. 88).
De acordo com Caldart (2003), a escola do campo tem um real significado, que é
inserir o sujeito do campo nas diversas discussões sobre seu território, ajudando-o a se
reconhecer e se valorizar como sujeito social campesino que pode contribuir com a sociedade,
valorizando suas lutas, seus saberes, sua história, sua cultura e assim, o tornar um sujeito
pensante. Mas ainda estamos longes de garantir uma educação do campo digna para todos os
campesinos, em sua grande maioria, as escolas do campo passam por grandes dificuldades de
ensino e estruturais.
Assim, ao inserirmos a educação ambiental na escola do campo, compreendemos
que em primeiro lugar deve-se levar em consideração a especificidade dos povos que
habitam o campo, pois sua relação com a natureza é muito próxima e sua cultura muito
forte, pois “há o reconhecimento pela sociedade de que o espaço rural possui
características suficientes para se diferenciar do meio urbano e existe uma memória
social relativa às diferenças entre as sociedades urbana e rural” (MOTA; SCHMITZ,
2002 apud HESPANHOL, 2013, p 108).
Tais diferenças não podem ser vistas como elementos promotores das desigualdades,
antes devem ser reconhecidas como fatores que agregam valor ao pluralismo de ideias e
saberes que envolvem o sujeito do campo, servindo também como eixo de ligação entre essas
duas áreas de educação, a educação do campo e a educação ambiental. Uma escola do campo
não é, afinal, um tipo diferente de escola, mas sim é a escola reconhecendo e ajudando a
fortalecer os povos do campo como sujeitos sociais, que também podem ajudar no processo
de humanização do conjunto da sociedade, com suas lutas, sua história, seu trabalho, seus
saberes, sua cultura, seu jeito. Também pelos desafios da sua relação com o conjunto da
sociedade. (CALDART, 2003).
Um dos entraves ao avanço da luta popular pela educação básica do campo é
cultural: as populações do campo incorporam em si uma visão que é um verdadeiro círculo
13
vicioso: sair do campo para continuar a ter escola, e ter escola para poder sair do campo. Ou
seja, uma situação social de exclusão, que é um dos desdobramentos perversos da opção de
subdesenvolvimento do país feita pelas elites brasileiras, acaba se tornando uma espécie de
bloqueio cultural que impede o seu enfrentamento efetivo por quem de direito (CALDART,
2003). As pessoas passam a crer que para permanecer no campo e trabalhar na roça, não
preciso de Ensino de qualidade.
As práticas em Educação Ambiental em espaços rurais devem estar pautadas no
entendimento da problemática ambiental no contexto das relações naturais e sociais, indo para
além de um ecossistema natural, para um espaço de relações socioambientais historicamente
constituídos (CHMITT, 2017). A Educação pensada no contexto da Escola do Campo
desperta a necessidade de uma Educação Ambiental que desenvolva o processo reflexão ação-
reflexão, isto é, uma práxis onde a Educação Ambiental é baseada na ética, como a proposta
por Carvalho (2014), convocando-o a reconhecer a alteridade, a integridade e o direito à
existência não apenas com vistas ao uso do ambiente, mas como lugar de convivência.
Desta forma, a Educação Ambiental na Escola do Campo pressupõe a necessidade
de conhecermos os saberes da prática ou da experiência dos professores, de entender como
eles produzem o contexto de seu trabalho pedagógico, e responder quais conteúdos
específicos relacionados aos saberes dos povos do campo estão contemplados na Educação
Ambiental praticada nessas escolas (CHMITT, 2017). Conhecer quem são os sujeitos para os
quais essa educação ambiental foi direcionada e quais são os fatores que estão influenciando
diretamente o fazer pedagógico no ensino de educação ambiental no contexto das escolas do
campo.
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3 QUESTÃO CENTRAL E HIPÓTESE
3.1 Questão central
3.2 Hipótese
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4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
16
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Tipo de pesquisa
17
5.2 Participantes
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pesquisa será levada aos gestores a fim de obter a autorização e a colaboração no
desenvolvimento da pesquisa. Nessa fase serão obtidas as cópias do PPP de cada escola que
serão usados na etapa documental da propensa pesquisa.
Na fase planejamento da pesquisa será construído um questionário semiestruturado
que servirá como instrumento de coleta de dados durante a fase exploratória da pesquisa. Tal
questionário constará em anexo ao final.
No decorrer da fase exploratória, ocorrerá o encontro com cada um dos professores
e coordenadores pedagógicos das escolas pesquisadas para apresentação da proposta de
pesquisa e as observações a luz de um bate-papo descontraído. A coleta de dados acontecerá
ao longo das 8 visitas as escolas do campo em horário de atividade complementar (A/C) dos
professores e coordenadores, devendo considerar, dentro do possível, a abordagem de
acordo com as disciplinas ou área de estudo. Nessa fase será apresentado um questionário
semiestruturado para que os professores respondam da maneira mais tranquila possível.
Em uma pesquisa qualitativa, não há a necessidade do processo de amostragem
probabilística, nem mesmo um grande número de entrevistados (GIL, 2010;
APOLLINÁRIO, 2006; MALHOTRA, 2006.). Desta forma a amostra selecionada é do tipo
não probabilístico e foi definida de acordo com a proximidade do entrevistado com o
fenômeno pesquisado, não utilizando, portanto, nenhum procedimento estatístico específico,
embora o pesquisador tenha tido o cuidado de que a amostra selecionada era seja
representativa em relação ao fenómeno estudado, a saber, educação ambiental no âmbito da
escola do campo.
Para esta pesquisa, optou-se pelo tratamento e análise dos dados qualitativos por
meio da análise de conteúdo. De acordo com BARDIN (1977), a análise de conteúdo é:
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/ recepção destas mensagens (BARDIN, 1977,
p. 42).
Holisti (1968) define a análise de conteúdo como sendo qualquer técnica para fazer
inferências de forma sistemática e objetiva para identificar características especificadas ou
mensagens. A técnica foi originalmente utilizada para a análise de provas documentais, mas
seu uso foi e ampliado e pode ser utilizado para analisar outros tipos de dados, tais como os
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obtidos a partir de entrevistas, material de mídia, dentre outros.
Para CAVANAGH (1997) apud ELO e KINGÄS (2008), a análise de conteúdo
permite ao pesquisador testar questões teóricas para melhorar a compreensão dos dados. Por
meio da análise de conteúdo, é possível destilar palavras em categorias menores. Assume-se
que, quando classificados na mesma categoria, palavras, frases e outros elementos do texto
possuem o mesmo significado.
A análise de conteúdo pode ser realizada tendo como base a ocorrência e frequência
de dostermos (método de dedução frequencial) ou análise por categorias temáticas. Com a
finalidade de otimizar a análise de dados da pesquisa em foco será utilizado um software
denominado QDA Miner é um software de análise qualitativa de dados que permite realizar a
codificação de textos, anotações, recuperação e análise de coleções de documentos e imagens,
podendo ser utilizado para analisar entrevistas, documentos legais, artigos de jornal,
discursos, livros desenhos, fotografias, pinturas e outros tipos de documentos visuais.
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6 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
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7 ORÇAMENTOS E FONTES DE FINANCIAMENTO
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8 VIABILIDADE E LIMITAÇÕES POTENCIAIS
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9 CRONOGRAMA
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10 EQUIPE DE PESQUISA
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REFERÊNCIAS
CRIBB, Sandra Lucia de Souza Pinto; CRIBB, André Yves. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PARA O CAMPO: UM SABER
NECESSÁRIO. acesso em: 25 de junho de 2021.
27
GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental crítica. Identidades da educação ambiental
brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, p. 25-34, 2004.
HALL, Stuart. Popular culture and the state. The anthropology of the state: A reader, v.
9, p. 360, 2006.
LÍRIO, Elton John de. et. al. Agricultura sustentável: uma ferramenta para educação
ambiental no campo. Revista Educação Ambiental em Ação. n. 46, fev. 2014. Disponível
em: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1695. Acesso em: 01 de abr. 2020.
MOLINA, Mônica Castagna. JESUS, Sônia Meire Santos Azevedo de. Contribuições para a
construção de um Projeto de Educação do Campo. Articulação Nacional "Por Uma
Educação do Campo”. Brasília, 2004.
REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
REZENDE, Cristina Nogueira Vianna (et al). Percepção ambiental e a prática docente nas
escolas do meio rural do município de Itapetinga-BA. Revista Eletrônica do Mestrado em
Educação Ambiental -REMEA, Rio Grande, v. 23, p. 493-514, dez. 2009. Disponível em:
https://periodicos.furg.br/remea/article/view/4573. Acesso em: 11 de abr. de 2020.
28
TERMO DE ANUÊNCIA
Declaramos para os devidos fins que estamos de acordo com a execução do projeto
de pesquisa intitulado “Desafios e perspectivas da Educação Ambiental nas Escolas do
Campo da comunidade de Vera Cruz em Porto Seguro/Ba.”, sob a coordenação e a
responsabilidade do mestrando EDSON PESCA DE JESUS do Programa de Pós-graduação
em Ciências e Tecnologias Ambientais do Instituto Federal de Educação da Bahia (IFBA) e
da Universidade Federal do Sul da Bahia (USFB), o qual terá o apoio pedagógico desta
Instituição.
29
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO I
NSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DA BAHIA (IFBA)
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS – CEP/IFBA
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INFORMAÇÃO
Data: / /
32
APÊNDICE B: Roteiro de entrevista semi-estruturada feita com professores
selecionados
IDADE:
SEXO:
ESCOLARIDADE:
ESTADO CIVIL:
TEMPO DE SERVIÇO
ESCOSLA EM QUE
TRABALHA
DISCIPLINA EM QUE
ATUA:
PERGUNTAS
1) Descreva os momentos em que a Educação Ambiental faz-se presente nas suas aulas.
2) Para você, qual é o principal desafio encontrado nas aulas de EA?
3) O fato de a escola ser uma escola do campo torna-se um desafio à educação
ambiental?
4) A estrutura da escola permite o uso de metodologias práticas nas aulas de educação
ambiental?
5) Em quais atividades você encontra maiores dificuldades?
6) Quais as perspectivas para o ensino de Educação Ambiental na escola em que você
trabalha?
33