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APOSTILA DO

CURSO SOBRE ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCOS E


PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

Módulo 13:
PGR/PAE

Preparado para:

Ministério do Meio Ambiente


Secretaria de Qualidade Ambiental

DET NORSKE VERITAS


RELATÓRIO TÉCNICO
Data primeira edição: Projeto Nº:
DET NORSKE VERITAS
20/07/2006 WO53706056 REGION SOUTH
AMERICA
Aprovado por: Unidade Organizacional: Rua Sete de Setembro 111,
Luiz Fernando Seixas de Oliveira DNV Principia 12º / 14º andares - Centro
CEP: 20050-006 - Rio de Janeiro
RJ, Brasil
Cliente: Atenção a: Caixa Postal 286
Ministério do Meio Ambiente - Secretaria de Marcus Bruno Malaquias Ferreira e Rita Tel:+55 21 2517-7232
Fax:+55 21 2252 1695
Qualidade Industrial Lima de Almeida http://www.dnv.com

Apostila fornecida aos participantes dos cursos de Estudo de Análise de Riscos e Programa de Gerenciamento de Riscos
para técnicos do Ministério do Meio Ambiente, IBAMA e OEMAs.

A apostila é constituída de 14 módulos, correspondentes aos módulos de 0 a 13 do Curso. Uma relação com algumas das
referências bibliográficas mais relevantes sobre os assuntos abordados nos módulos é apresentada no Módulo 0.

Neste Módulo 13 são apresentados os seguintes tópicos:

 Objetivos  O ISRS7 da DNV


 Gerenciamento de Riscos: o Princípio do Jacaré  Sistemas Integrados de Gestão
 Por que implementar um PGR?  Lições aprendidas: O Acidente de Piper Alpha
 PGR como sistema de gestão: normas  PAE – Plano de Ações de
Emergência internacionais  Estruturação do PAE
 Sistemas de companhias internacionais  Plano de Emergência Individual – PEI
 Regulamentações de outros países  Realização de Treinamento e Simulado do PAE
 Regulamentações brasileiras relativas a PGR  Comentários Finais

Grupo de
Relatório Nº Assunto:
Apostila do Curso de Análise de Indexing terms
Risco/2006
Título Relatório: Palavras chaves: Área de serviço:
Módulo 13: Curso ISA 1
PGR/PAE APP
AQR
Risco Setor de Vendas:

Trabalho executado por:


Flávio Luiz Barros Diniz, Luiz Fernando Seixas de Não distribuir sem a permissão do cliente ou
Oliveira, Mariana Bahadian Bardy e Nilda Visco Vieira responsável da uinidade organizacional

Trabalho verificado por:


Livre distribuição dentro da DNV após 3 anos
Cássia Oliveira Cardoso, Felipe Sodré e Tobias Vieira
Alvarenga
Estritamente confidencial
Data desta edição: Rev. Nº.: Número de páginas:
03/04/2007 0 19 Distribuição irrestrita

© 2005 Det Norske Veritas Ltda.


Todos os direitos reservados. Esta publicação ou parte dela não podem ser reproduzidas ou transmitidas em qualquer forma ou qualquer
meio, incluindo fotocópias ou gravações sem o consentimento por escrito da Det Norske Veritas Ltda.
Módulo Apostila do Curso de Análise de Risco/2006
13:
Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................1

2 OBJETIVOS DO MÓDULO 13..............................................................................................................................2

3 GERENCIAMENTO DE RISCOS: O PRINCÍPIO DO JACARÉ.....................................................................3

4 POR QUE IMPLEMENTAR UM PGR?...............................................................................................................5

4.1 Definição de Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)...........................................................................5


4.2 O PGR e a Segunda Lei da Termodinâmica.....................................................................................................6

5 O PGR COMO SISTEMA DE GESTÃO: NORMAS INTERNACIONAIS......................................................7

6 sistemas de gestão de segurança de companhias internacionais...........................................................................8

7 NORMAS E regulamentações de outros países...................................................................................................12

8 Regulamentações brasileiras relativas a pgr........................................................................................................14

9 sistemas integrados de gestão.................................................................................................................................16

10 o isrs7 da dnv...........................................................................................................................................................18

11 lições aprendidas: o acidente de piper alpha........................................................................................................21

12 PAE - PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA..................................................................................................23

13 ESTRUTURAÇÃO DO PAE.................................................................................................................................25

14 PLANO DE EMERGÊNCIA INDIVIDUAL - PEI.............................................................................................27

15 REALIZAÇÃO DE TREINAMENTO E SIMULADO DO PAE......................................................................29

16 COMENTÁRIOS FINAIS.....................................................................................................................................32

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Módulo Apostila do Curso de Análise de Risco/2006
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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

1 INTRODUÇÃO

O gerenciamento dos riscos do negócio começou a fazer parte das preocupações das empresas
desde o começo da era do mercantilismo, tendo se tornado cada vez mais importante com o avanço
da industrialização, a qual trouxe um grande aumento da escala das empresas e, consequentemente,
dos riscos envolvidos nos novos empreendimentos. Não apenas o risco para o negócio em si, ou
seja, a possibilidade de grandes prejuízos, mas também para a segurança das populações expostas
aos efeitos danosos de possíveis acidentes. Mais recentemente, veio adicionar-se também a
preocupação com os possíveis efeitos deletérios para o meio ambiente em vários níveis de escala
(local, regional, mundial). No entanto, somente a partir das duas últimas décadas do Século XX é
que houve o reconhecimento, por parte das empresas e dos órgãos regulamentadores, de que o
gerenciamento de riscos em uma empresa moderna deve ser organizado como um sistema de gestão
sujeito a um ciclo de melhoria contínua ao longo da vida da empresa.
Outro tema de grande interesse para as empresas modernas e para a sociedade em geral é o
planejamento das ações de emergência em caso de acidentes nas empresas, particularmente nos
casos em que os efeitos dos acidentes possam extrapolar os limites da própria empresa e causar
danos às comunidades vizinhas ou ao meio ambiente.
Fala-se muito no desenvolvimento de um PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e um
PAE (Plano de Ação de Emergência) como se fossem duas coisas independentes. No entanto,
conforme será visto neste Módulo, o PAE pode ser considerado como um dos elementos de um
PGR.

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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

2 OBJETIVOS DO MÓDULO 13
Os objetivos deste módulo consistem em apresentar os conceitos necessários para o
entendimento de um sistema moderno de gestão de segurança e meio ambiente, indicar algumas das
boas práticas de gestão utilizadas internacionalmente por empresas e órgãos de controle de saúde,
segurança e meio ambiente, discutir a situação atual no Brasil, bem como apresentar os principais
conceitos para o desenvolvimento e implementação de planos de ações de emergência baseados em
resultados de avaliações de riscos.

Neste Módulo 13 são apresentados os seguintes tópicos:

Gerenciamento de Riscos: o Princípio do Jacaré


Por que implementar um PGR?
PGR como sistema de gestão: normas internacionais
Sistemas de gestão de segurança de companhias internacionais
Regulamentações de outros países
Regulamentações brasileiras relativas a PGR
Sistemas Integrados de Gestão
O ISRS7 da DNV
Lições aprendidas: O Acidente de Piper Alpha
PAE – Plano de Ações de Emergência
Estruturação do PAE
Plano de Emergência Individual – PEI
Realização de Treinamento e Simulado do PAE
Comentários Finais

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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

3 GERENCIAMENTO DE RISCOS: O PRINCÍPIO DO JACARÉ


O Princípio do Jacaré, mostrado nos quadros abaixo, foi desenvolvido pela DNV com o intui-
to de apresentar de forma pictórica os conceitos básicos do gerenciamento de risco:
Identificação do perigo (o grande jacaré que você acabou de receber de presente de um
“amigo”)
Avaliação do risco (avaliação da chance e da magnitude dos danos)
Controle dos riscos através de medidas de salvaguarda, de redução de risco ou de
substituição do perigo (através da busca de alternativas)
Preparação para emergência (através de medidas preparatórias para o caso de algum aci-
dente.

Princípio do Jacaré

2.o Risco
Avalie

1. Identifique o Perigo:
3. Controle o Perigo

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Princípio do Jacaré

4. Encontre uma alternativa


5. Reduza o Risco

6. Esteja sempre pre para


para o inesperado

Princípio do Jacaré

7. Se nada der resultado…

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4 POR QUE IMPLEMENTAR UM PGR?

4.1 Definição de Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)


Toda pessoa responsável pela saúde e segurança em uma empresa deveria se preocupar em
responder às questões indicadas no quadro abaixo.

O conhecimento dos perigos e a avaliação dos riscos decorrentes dos perigos é fundamental
para se poder gerenciar os riscos de uma empresa: não se pode gerenciar o que não se conhece.
Também, o gerenciamento requer que se tenha um balizamento para a redução dos riscos, ou seja,
algum critério de aceitabilidade de riscos, seja qualitativo ou quantitativo. O fato é que não se pode
pensar em eliminar todos os riscos, pois isso consumiria todos os recursos da empresa, levando-a
certamente à falência. O gerenciamento impõe a utilização do conceito de priorização: tendo em
vista que os recursos são finitos, quais os riscos mais importantes, ou seja, quais os que tenho que
resolver imediatamente e quais os que tenho mais tempo para atacar? Quais os que não vou reduzir
mais? Em outras palavras, o gerenciamento de riscos deve ser feito continuamente, pois não há
como se eliminar todos os perigos impostos pela atividade industrial.

Introdução ao PGR
Por que fazer um Programa de Gerenciamento de Riscos?

Avaliação dos Análise e


riscos e Sei quais são os Dá para eu correr
aceitabilidade
perigos que esse risco? Posso
priorização conviver com esse
representam os
maiores riscos ? nível de risco?

Identificação de
perigos Se preciso reduzir o
Conheço realmente risco, por onde
os perigos devo começar?
existentes na
minha instalação ? Gerenciamento
de riscos

O que tenho que


fazer agora e o
que posso deixar
para depois?

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Módulo Apostila do Curso de Análise de Risco/2006
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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

4.2 O PGR e a Segunda Lei da Termodinâmica


Por que as empresas precisam ter um Programa de Gerenciamento de Riscos ou, melhor
dizendo, um Sistema de Gestão de Segurança?
Porque mesmo que o risco atual tenha sido avaliado e considerado aceitável, ou seja, abaixo
do limite de aceitabilidade da empresa, se nada for feito, em alguns anos o risco terá aumentado e
possivelmente ultrapassado o limite aceitável. Isso pode ser considerado um efeito normal da 2ª Lei
da Termodinâmica, a qual diz que “as coisas tendem a se degradar com o tempo”, ou seja, a
entropia sempre aumenta, fazendo com que tudo tenda para o caos (estado mínimo de energia).
Portanto, para que o caos não se estabeleça e para que o risco seja mantido em um nível
aceitável, o sistema precisa receber energia. Essa energia organizacional é provida pelo Sistema de
Gestão de Segurança (ou PGR).

Programa de Gerenciamento de Riscos

Por que são necessários?


• Risco atual é aceitável,
e daqui a 5 anos?

• Se nada for feito:


2ª Lei da Termodinâmica

Conclusão:
• Necessário colocar energia no sistema
• Vigilância contínua
• Essa idéia deve estar inserida no processo de produção

PGR pretende cumprir esta missão

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5 O PGR COMO SISTEMA DE GESTÃO: NORMAS INTERNACIONAIS


Embora o termo PGR, consagrado nas regulamentações existentes, esteja sendo usado nesta
apostila, é preciso ficar claro que a referência mais correta é a de um Sistema de Gestão de
Segurança, ou seja, algo perene e inserido no processo produtivo da empresa e não apenas um
programa ou um plano, para o qual pode-se pensar em início e fim. Outra observação importante é
que o termo “segurança” usado acima, na realidade, é um substituto mais curto para a designação de
“saúde, segurança e meio ambiente”. O mais correto seria a denominação “Sistema Integrado de
Gestão de Saúde, Segurança e Meio Ambiente”. Em alguns casos, esse sistema integrado pode
também incluir a Gestão da Qualidade, o qual seria então denominado um “Sistema Integrado de
Gestão de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade”. A grande vantagem do sistema
integrado é a possibilidade de utilização de vários elementos comuns à gestão de cada um dos itens,
o que evita a duplicação de procedimentos da empresa (veja a Seção 10 deste Módulo).

Existem diversas normas internacionais que tratam da questão dos sistemas de gestão, dentre
as quais, as mais conhecidas são as da ISO (para qualidade e meio ambiente) e a da OHSAS para as
questões de saúde e segurança.

Programa de Gerenciamento de Riscos

Normas internacionais de sistema de gestão (ISO)

• Qualidade:
ISO 9000:2000

• Meio Ambiente:
ISO 14001

• Saúde Ocup. e Higiene:


BS 8800, OHSAS 18000

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6 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA DE COMPANHIAS


INTERNACIONAIS
Praticamente todas as grandes corporações multinacionais que lidam com produtos considera-
dos perigosos já estabeleceram seus sistemas de gestão de segurança ou seus sistemas de integrados
de gestão de saúde, segurança e meio ambiente. Todos eles estão estruturados com base em
“elementos de gestão” (também referidos como diretrizes estratégicas, processos de gestão, e
outros), os quais constituem a espinha dorsal do sistema. A grande maioria das empresas costuma
fazer uma apresentação geral dos seus sistemas de gestão sob a forma de documentos que contém as
diretrizes essenciais dos elementos do sistema, tipicamente condensadas sob a forma de objetivos e
expectativas de cada elemento.

Nos quadros abaixo estão indicados os documentos de apresentação do sistema para algumas
empresas importantes dos setores químico e petroquímico, bem como os elementos de gestão dos
vários sistemas citados. Pode-se ver que existe uma certa variedade nos nomes dos elementos dos
sistemas das várias empresas, bem como, no número de elementos de cada sistema, mas uma
análise mais profunda indica que existe grande similaridade entre todos, havendo variação apenas
na ênfase dada a um ou outro tópico, ou a inclusão de algumas particularidades da cultura de cada
empresa.

Programa de Gerenciamento de Riscos

Sistemas de Gestão de empresas internacionais

BP AMOCO
Getting HSE BGI
Right HSE Management
System
BAYER CONOCO
HSE Management Process for
Expectation continuous
safety
improvement

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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

Sistema da Exxon Mobil

■ Comprometimento da Liderança e Atribuição de Responsabilidades


■ Avaliação e Gerenciamento de Riscos
■ Projeto e Construção das Instalações
■ Informação e Documentação
■ Pessoal e Treinamento
■ Operação e Manutenção
■ Gerenciamento de Modificações
■ Serviços de Terceiros
■ Análise e Investigação de Acidentes
■ Conscientização da Comunidade e Preparação para Emergências
■ Avaliação e Melhoria da Integridade Operacional

Sistema da BP
■ Liderança e Responsabilidades
■ Avaliação e Gerenciamento de Riscos
■ Pessoal, Treinamento e Comportamento
■ Trabalho com Contratados
■ Projeto e Construção das Instalações
■ Operação e Manutenção
■ Gerenciamento de Modificações
■ Informação e Documentação
■ Clientes e Produtos
■ Conscientização da Comunidade e Acionistas
■ Gerenciamento de Crises e Emergências
■ Análise e Prevenção de Incidentes
■ Avaliação, Garantias e Melhorias

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Sistema da ConocoPhillips

■ Comprometimento e Liderança
■ Planejamento de Segurança e Saúde Ocupacional
■ Manuais e Procedimentos
■ Medição
■ Saúde Ocupacional
■ Participação dos Empregados
■ Prevenção de Acidentes Causados por Comportamento
■ Regras e Responsabilidades
■ Treinamento
■ Auditoria
■ Contratadas
■ Registro e Investigação de Incidentes
■ Preparação para Emergências
■ Integridade Mecânica e Operacional

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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

Sistema da SONANGOL
12
Liderança,Identificação de ResponsabilidadePerigos, Avaliação
14e Gestãoe Gestão de Auditoria e Riscos 3
Medição Planeamento e Programas de SSAQ

13 4
Análise e Investigação de Incidentes e Conformidade com Regulamentos
Acidentes Normas e
Padrões

12
Consciencialização da Comunidade, Preparação e
Resposta a 5
Cultura e Comportamento
Emergências PROGRESSA-Q

11
Documentação, Comunicação e Gestão do 6
Conhecimento Pessoal, Formação e Reconhecimento

10
7
Contrólo das
9 Projecto, Teste
Operações 8 e Construcção
Integridade de Activos e GestãoCompras
de e Serviços
Mudanças Contratados

Sistema da PETROBRAS
Liderança e Responsabilidade
Conformidade Legal
Avaliação e Gestão de Riscos
Novos Empreendimentos
Operação e Manutenção
Gestão de Mudanças
Aquisição de Bens e Serviços
Capacitação, Educação e Conscientização
Gestão de Informação
Comunicação
Contingência
Relacionamento com a Comunidade
Análise de Acidentes e Incidentes
Gestão de Produtos
Processo de Melhoria Contínua

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7 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES DE OUTROS PAÍSES


Os quadros a seguir mostram as estruturas dos sistemas de gestão de segurança requeridos por
instituições regulamentadoras e industriais dos Estados Unidos, a saber: o API (American
Petroleum Institute), a EPA (Environmental Protection Agency) e a OSHA (Occupational Health
and Safety Administration). A norma do API não é uma exigência legal mas uma prática
recomendada da instituição para os seus membros, enquanto as regulamentações da EPA e OSHA
são instrumentos legais que obrigam as empresas sob as respectivas autoridades das duas agências
governamentais a implementar o sistema conforme indicado nos quadros. Existe grande
sobreposição dos dois sistemas (EPA e OSHA), mas também algumas diferenças. De um modo
geral esses dois sistemas se complementam, com o da EPA dando ênfase aos perigos que podem
trazer danos às comunidades vizinhas e o da OSHA enfatizando os perigos que podem trazer danos
à saúde e à vida dos trabalhadores da empresa.

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

■ Elementos do Sistema de Gerenciamento de Riscos do API 750:


1. Informação sobre segurança de processo
2. Análise de riscos do processo
3. Gerenciamento de modificações
4. Procedimentos operacionais
5. Práticas seguras de trabalho
6. Treinamento
7. Garantia da qualidade e integridade mecânica de equipamentos críticos
8. Revisão de segurança pré-operacional
9. Resposta e controle de emergências
10. Investigação de incidentes relacionados ao processo
11. Auditoria dos sistemas de gerenciamento de riscos de processo

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Elementos da OSHA 1910.119


1. Informação
2. Análise dos perigos de processo
3. Procedimentos operacionais
4. Treinamento
5. Contratadas
6. Revisão de segurança pré-operacional
7. Integridade mecânica
8. Permissão de trabalho a quente
9. Gerenciamento de modificações
10. Investigação de incidentes
11. Planejamento de emergência
12. Auditoria
13. Participação dos empregados
14. Confidencialidade

EPA RMP 40 CFR Part 68


1. Informações sobre segurança de processo
2. Análise de riscos de processo
3. Procedimentos operacionais
4. Treinamento
5. Integridade mecânica
6. Gerenciamento de mudanças
7. Revisão de segurança de pré-partida
8. Auditoria de Segurança
9. Investigação de incidentes
10. Participação dos empregados
11. Permissão para trabalho a quente
12. Contratadas
13. Planejamento de resposta a emergências

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8 REGULAMENTAÇÕES BRASILEIRAS RELATIVAS A PGR


No Brasil, as regulamentações relativas ao processo de licenciamento ambiental de
instalações que lidam com produtos perigosos já requerem que tais instalações apresentem a
estrutura dos seus PGRs (Programas de Gerenciamento de Riscos) como requisitos para a concessão
da licença de operação. Nos quadros abaixo encontram-se apresentadas as estruturas dos PGRs
requeridos por cada um dos órgãos estaduais de controle ambiental: FEEMA-RJ, FEPAM-RS,
CETESB-SP e CRA-BA. Também o IBAMA requer a apresentação de um PGR, sendo a sua
estrutura igual àquela da CETESB-SP.

FEEMA e FEPAM

1. Alocação de responsabilidades
2. Informações de segurança de processo
3. Análise de Riscos
4. Procedimentos operacionais
5. Treinamento
6. Gerenciamento de modificações
7. Garantia de integridade e confiabilidade os
equipamentos críticos e dos sistemas de proteção
8. Planejamento de emergência

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CETESB / IBAMA

1. Informações de segurança de processo


2. Revisão dos riscos de processo
3. Gerenciamento de modificações
4. Manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos
5. Procedimentos operacionais
6. Capacitação de recursos humanos
7. Investigação de incidentes
8. Plano de Ação de Emergência (PAE) / Plano de
Emergência Individual (PEI)
9. Auditorias

CRA – COFIC/PGR do APPOLO 2

1. Informações Básicas do Processo


2. Dados de Meio Ambiente, Saúde e Segurança
3. Equipamentos
4. Análise de Riscos
5. Procedimentos Operacionais
6. Treinamento
7. Contratados
8. Integridade e Manutenção Mecânica
9. Auditorias e Investigação de Incidentes
10. Gerenciamento de Mudanças
11. Procedimentos de Emergência / Planos de Evacuação e Resposta a
Emergências

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9 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO


De um modo geral, um Sistema Integrado de Gestão incorpora elementos de:

Gestão da saúde ocupacional


Gestão da segurança de processo, de atividades e de produtos
Gestão ambiental
Gestão da qualidade

A gestão da saúde ocupacional visa:


 proporcionar um ambiente de trabalho saudável para todos os trabalhadores da
empresa;
 garantir o cumprimento de todas as exigências legais pertinentes ao tema da saúde
ocupacional;
 dar homogeneidade e consistência às práticas de saúde ocupacional de todas as
empresas de uma corporação.
A gestão da segurança de processos abrange a prevenção e o
controle decorrentes de falhas no processo produtivo. Na indústria de
óleo e gás, petroquímica e química, a segurança de processo trata dos
acidentes envolvendo liberações de produtos decorrentes de vazamentos e
rupturas nos componentes do sistema de processo que possam levar a
incêndios, explosões e formação de nuvens tóxicas.

A gestão da segurança de atividades refere-se à questão da


segurança ocupacional nas tarefas realizadas diariamente pelos
trabalhadores da empresa, tanto nas tarefas operacionais como nas tarefas
de manutenção. Se bem que parte dos acidentes ocorridos na realização
das tarefas podem levar a acidentes de processo, uma parte significativa
pode causar apenas danos às pessoas diretamente envolvidas na
realização das tarefas. A gestão da segurança de atividades envolve itens
como, o controle do uso adequado de equipamentos de proteção
individual, a adoção de práticas de trabalho seguro e a utilização do
enfoque comportamental.

A gestão da segurança dos produtos envolve a prevenção de acidentes com produtos da


companhia afetando seus usuários ou causando danos ambientais. Envolve itens como:

 o projeto de produtos mais seguros (para pessoas e meio ambiente);

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Módulo Apostila do Curso de Análise de Risco/2006
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 a comunicação de informações de segurança aos clientes e


usuários (por exemplo, fichas de informações de segurança dos
produtos),
 a preocupação com o controle do ciclo de vida dos produtos (por
exemplo, o controle do descarte final de resíduos do uso dos
produtos).
A gestão ambiental envolve um conjunto de processos e práticas que possibilitam a uma
organização a reduzir os seus impactos ambientais e aumentar a sua eficiência operacional.
Incorpora os seguintes itens:
Levantamento de Aspectos e Impactos:
 Refere-se à identificação dos elementos das atividades que
podem interagir com o meio ambiente (aspectos) e as
respectivas mudanças causadas no meio ambiente
(impactos)

Controle de impactos ambientais:


 Relaciona-se ao controle de impactos ambientais
decorrentes das atividades realizadas nas várias
instalações da empresa

Prevenção e controle de acidentes ambientais


 Refere-se à criação de mecanismos para a prevenção de
acidentes ambientais, bem como para o controle das emergências decorrentes
de ocorrências de tais acidentes
A gestão da qualidade abrange as políticas e procedimentos necessários para o controle e a
melhoria contínua dos vários processos da empresa que em última instância conduzem à melhoria
do desempenho do negócio da empresa. A sua implementação visa garantir a satisfação das
exigências e expectativas dos clientes da empresa.

A garantia da qualidade é um esforço multi-funcional cobrindo muitos aspectos da operação


da empresa. Trata-se de um processo contínuo envolvendo:

 A identificação e documentação das necessidades, exigências e expectativas dos clientes;


 O desenvolvimento, a fabricação e a entrega de produtos e serviços que atendam às
necessidades, exigências e expectativas dos clientes;
 A realimentação do cliente para avaliação do desempenho da companhia; e
 As ações relativas às informações de realimentação dos clientes visando melhorar o
desempenho da companhia.

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10 O ISRS7 DA DNV
A estrutura de sistema de gestão de segurança proposta pelo Sistema de Classificação
Internacional de Segurança da DNV, também conhecido pela sigla ISRS (International Safety
Rating System) encontra-se atualmente implementada em mais de 1.000 corporações internacionais
(em um total de mais de 4.000 sites) ao redor do mundo. Concebido ao final da década de 70 por
Frank Bird, conhecido pioneiro da área de gestão de segurança, o ISRS foi até desenvolvido e
oferecido internacionalmente através do International Loss Control Institute (ILCI), também criado
por Frank Bird e alguns associados e sediado em Atlanta nos Estados Unidos.
Em 1992, a DNV adquiriu o ILCI, passando a ter o controle internacional do desenvolvimento
e implementação do ISRS. Já em 1994, foi produzida a versão 6 do sistema, conhecida como
ISRS6, incorporando também a experiência da DNV como entidade certificadora de sistemas de
gestão com acreditação internacional e uma das empresas líderes desse setor. O ISRS6 tem sido
implementado pela DNV desde então com grande sucesso. Conforme indicado no quadro abaixo,
várias versões do sistema foram sendo criadas pela DNV visando atender às novas necessidades
surgidas ao longo do tempo, tais como, as de controle ambiental e de qualidade. Também foram
desenvolvidas versões para pequenas empresas (“Small Sites”).

Experiência da DNV em Sistemas de Gestão

ISSSRS 1ISSSRS 2ISSSRS 3

IQRS 1 IQRS 2IQRS 3

Key:
ISRS – International Safety Rating System ISSSRS – International Small Site Safety Rating S
ICSRS 1ICSRS 2 ICSRS 3
IQRS – International Quality Rating System ICSRS – International Contractor Safety Rating S

DNV Standards IMSRS 1


IERS - International Environment Rating System
IMSRS – International Marine Safety Rating System
IERS 1IERS 2IERS 3 Prosper – Integrated Health, Safety and Environment and Quality Rating System IBRS – Inte

Prosper 1 Prosper 2

IBRS 1
ISRS 1 ISRS 2 ISRS 3 ISRS 4 ISRS 5 ISRS 6

ISRS 7

Over 60 customised client protocols developed

1978 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

OHSAS 18001
Malcom Baldridge BS 8800

ISO 9001 ISO 14001 ISO 9000: 2000


International Standards
EFQM
Respons

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A partir de 2004, em resposta a demandas de vários clientes internacionais, a DNV começou a


desenvolver uma versão 7 do sistema, denominada ISRS7. Trata-se de uma versão inteiramente
nova do sistema, totalmente atualizada em relação aos modernos conceitos de um sistema integrado
de gestão, contemplando todos os elementos da gestão da saúde, segurança, meio ambiente e
qualidade, bem como os aspectos fundamentais de gestão do desempenho operacional e de
responsabilidade social das empresas. Assim, o ISRS7 inclui os requisitos das seguintes normas
internacionais:

■ ISO 9001:2000 – Gerenciamento de Qualidade

■ ISO 14001:2004 – Gerenciamento Ambiental

■ OHSAS 18001:1999 – Gerenciamento de Saúde e Segurança

■ PAS 55:2004 – Gerenciamento de Ativos

■ Global Reporting Iniciative 2002 – Responsabilidade Social Corporativa

Dentre os principais benefícios da implementação do isrs7, pode-se citar:

Controle sistemático e eficaz dos riscos da empresa

Apoio avançado a decisões de gerenciamento

Desempenho aprimorado de segurança, ambiente e gerenciamento do negócio

Habilidade de atender e exceder os requisitos reguladores

Processos de trabalho otimizados, usando as melhores práticas da indústria

Definição de metas quantitativas

Demonstração de conformidade com critérios internos e externos

Melhoria do comportamento e do desempenho do pessoal

Melhoria contínua através de um sistema integrado de gerenciamento

O ISRS7 está estruturado em torno de 15 processos, caracterizados de acordo com o ciclo de


gestão de melhoria contínua, conforme indicado no quadro abaixo.

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13:
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Elementos de Gestão do isrs7

1. Liderança

Planejamento
Avaliação de Riscos
Recursos Humanos
Garantia de Conformidade
Gerenciamento de Projetos
Melhoria
Contínua

Estratégia e Política
Treinamento e Competência
Comunicação e Promoção Revisão Gerencial
Controle dos Riscos
Gerenciamento de Ativos
Gestão de Contratadas e Compras
Preparação e Controle de Emergências Planejamento

Monitoramento e Medição

Implementação e
Operação

Aprendendo com Ocorrências


Monitoramento do Risco

15. Análise dos Resultados e Revisão

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11 LIÇÕES APRENDIDAS: O ACIDENTE DE PIPER ALPHA


No dia 6 de julho de 1988, houve um vazamento de condensado de gás natural na Plataforma
de Piper Alpha, que ao entrar em ignição resultou em uma grande explosão. Esta por sua vez causou
danos a tubulações de óleo dando origem a vários incêndios secundários, cujo calor intenso causou
a ruptura de um grande tubulação de chegada de gás (“riser” de
gás). A súbita liberação de uma grande massa de gás causou uma
nova explosão que engolfou toda a plataforma. Tudo isso levou
apenas 22 minutos. A escala do desastre foi realmente enorme e
causo a morte de 167 pessoas, das quais duas eram membros das
equipes de socorro e resgate e 165 eram trabalhadores da
plataforma. Houve apenas 62 sobreviventes dentre os 227 pessoas
que estavam a bordo da plataforma no momento do acidente.

Piper Alpha era uma grande plataforma fixa de produção de petróleo operada pela Occidental
Petroleum, uma companhia americana. Estava situada no Mar do Norte a cerca de 220 a nordeste de
Aberdeen, Escócia, em uma lâmina d’água de 140 metros de profundidade. Era conectada por um
oleoduto e um gasoduto ao terminal Flotta, em Orkney, Escócia e através de gasodutos a outras
duas instalações, Tartan e Claymore.

Foi instaurado um inquérito público para se


determinar as causas do acidente presidido por Lord
Cullen, do qual resultou um importante relatório
conhecido como “Lord Cullen Report”. As inves-
tigações do acidente mostraram que o vazamento
ocorreu devido principalmente a uma erro de
comunicação na passagem de turno que não indicou
claramente que uma válvula de segurança associada
a uma das duas bombas redundantes de condensado,
que havia sido retirada para manutenção, ainda
estava manutenção e, portanto, não havia sido
recolocada na sua posição em condições de ser
usada. O flange onde estava a válvula havia sido
apertado mas não o suficiente para conter a pressão de operação mas apenas para manter a válvula
na sua posição. Em princípio, a bomba associada estava em manutenção e, portanto, fora de uso,
não se esperando que ela viesse a ser pressurizada. Na noite do acidente, após a passagem do turno
em que o pessoal da manutenção encerrou o seu trabalho para recomeçá-lo no dia seguinte, o
condensado estava sendo bombeado pela outra bomba redundante. Quando esta sofreu uma falha e
parou de operar, o pessoal da operação entendeu que a manutenção da primeira bomba havia
terminado (aparentemente tudo estava em seu lugar) e deu partida na bomba cuja válvula de

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Flávio Diniz, Luiz Fernando Oliveira, Mariana Bardy e Nilda

segurança ainda estava em manutenção. Com a pressurização, o


flange mal-apertado cedeu, propiciando a liberação de grande
quantidade de condensado de gás natural.

No Relatório de Lord Cullen foram feitas 106 recomendações


para a melhoria das condições de segurança das plataformas offshore
do Reino Unido, dentre as quais pode-se mencionar:

■ a) Melhoria nos sistemas de gestão de ordens de serviço;

■ b) Instalação de sistemas de bloqueio de emergência em


oleodutos e gasodutos submarinos;

■ d) Melhorias nos sistemas de evacuação e escape;

■ e) Análise de riscos de incêndio e explosão.

Dentre todas, a que teve maior impacto em relação à segurança das instalações offshore foi a
exigência de que todas as companhias operadoras implementassem sistemas de gestão de segurança
em suas plataformas e que submetessem periodicamente um relatório intitulado “Safety Case
Report”. Os sistemas de gestão de segurança adotados pelas operadoras são semelhantes em
abrangência aos indicados anteriormente neste Módulo.

As recomendações do Relatório Cullen foram aceitas pelo HSE do Reino Unido e implemen-
tadas nas regulamentações publicadas em 1992 e denominadas “Safety Case Regulations”. Regras
semelhantes foram também adotadas pelas autoridades norueguesas do setor offshore (Petroleum
Safety Authority da Noruega).

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12 PAE - PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA

O Plano de Ação de Emergência (PAE) é um elemento fundamental e comum do PGR e


consiste em um documento, ou conjunto de documentos, que contém as informações e descreve as
ações que possibilitam a minimização dos impactos decorrentes da materialização dos perigos
identificados em uma instalação, através da mobilização de recursos materiais e humanos
adequados de resposta.

Elemento PAE

Um elemento comum aos


Programas de Gerenciamento de
Riscos é o Plano de Ação de
Emergência (PAE)

A elaboração de um Plano de Ação de Emergência implica na necessidade de identificar,


previamente, as situações de emergência que podem ocorrer nas instalações em estudo e os alcances
dos danos associados a estas situações. Por isso, torna-se preciso realizar uma análise de riscos com
este objetivo. Esta análise consiste em aplicar a técnica de Análise Preliminar de Perigos (APP) para
identificação dos cenários acidentais. Os cenários da APP classificados com gravidade séria e
crítica são, então, agrupados de acordo com as ações e os recursos necessários para o atendimento,
resultando, assim, nas situações de emergência que serão objeto do Plano. Uma Análise de
Vulnerabilidade também deve ser realizada no sentido de determinar os alcances dos danos
associados. A DNV utiliza o programa PHAST para realizar estes cálculos.

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MÓDULOS ANTERIORES: ETAPAS DO TRABALHO

1ª Etapa:
Identificação dos -Análise Preliminar de
Perigos Cenários de Acidente (APP)

E 2ª Etapa: Vulnerabilidade
T (Determinação da Área de - Uso de Software
A Específicos Abrangência dos Acidentes)
P
A 3ª Etapa: - Estrutura
S Básica/Recursos Elaboração do Plano de - Procedimentos
Ação de Emergência (PAE)
- PEI

4ª Etapa:
Realização de Treinamento & - Processo de
Melhoria Simulado Contínua

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

Situação de Emergência – cenários classificados como de gravidade


séria e crítica na APP, agrupados de acordo com as ações e recursos
necessários para seu atendimento.

Raio da
Área
Número da Situação Perigo Cenários da APP Vulnerável
Substância
de Emergência Associada
(m)

Liberação de Produto Perigoso 18, 42, 44, 45 e 184 39


5 Óleo Diesel
Classe 3 (líquidos inflamáveis)

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13 ESTRUTURAÇÃO DO PAE

Normalmente, um Plano de Ação de Emergência possui dois tipos básicos de documento: a


estrutura básica e os procedimentos. Na estrutura básica estão, no mínimo, as informações das
instalações abrangidas, os produtos envolvidos, o organograma de emergência bem como a
definição das atribuições e responsabilidade de cada função, integrante da equipe de emergência.

PAE – Estrutura Básica

ESTRUTURA BÁSICA

Situações de Emergência
Instalações Abrangidas

Fluxo de Comunicação de Emergência

Organograma de Emergência

Atribuições e Responsabilidades

Os recursos materiais e humanos necessários e disponíveis para o atendimento, sejam eles


internos ou externos a empresa, devem estar listados bem como os contatos apresentados de forma
clara. A comunicação rápida e eficaz é fundamental para o sucesso do atendimento, portanto, deve
fazer parte do plano o fluxo e os recursos de comunicação existente. Estas informações podem ser
apresentadas na estrutura básica ou nos procedimentos.

FLUXO DE COMUNICAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Emergência na Área de Operação Portuária

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PAE – RECURSOS E CONTATOS

■ Apresentação dos recursos (internos e externos) para atendimento


à emergência

■ Apresentação dos contatos dos integrantes

da equipe de atendimento à emergência (normalmente em anexos)

Slide 72

Os procedimentos consistem nas ações a serem adotadas pelos participantes da equipe de


emergência, durante a ocorrência de cada situação de emergência. Estas ações visam descrever a
comunicação, o acionamento, a identificação dos produtos envolvidos, a coordenação da
emergência, o isolamento de área, entre outras ações com objetivo de evitar ou minimizar os danos.

PAE – PROCEDIMENTOS PARA ATENDIMENTO AS


SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

ítens considerados

 Comunicação e Acionamento de Emergência;

 Identificação do Produto liberado durante a operação, manuseio ou transporte;

 Coordenação das ações de controle da emergência;

 Controle e Destinação de Resíduos durante a emergência;

 Isolamento de áreas;

 Abandono de área;

 Outros.

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14 PLANO DE EMERGÊNCIA INDIVIDUAL - PEI

Cabe lembrar, que para o caso específico de resposta aos incidentes de poluição por óleo no
mar, originados em portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas bem
como suas instalações de apoio existe o Plano de Emergência Individual (PEI), previsto na lei 9.966
e com detalhamento dos itens necessários conforme Resolução CONAMA 293, de 12/12/2001.

Plano de Emergência Individual (PEI)

• Prevista na Lei 9.966, de 28 de


abril de 2000
• A Resolução CONAMA No. 293, de
12 de dezembro de 2001
estabelece o conteúdo mínimo
para elaboração do PEI

A Resolução CONAMA 293/2001 prevê como conteúdo mínimo do PEI os seguintes itens:

 Cenários Acidentais;

 Estrutura Organizacional;

 Análise de Vulnerabilidade;

 Equipamentos e Materiais de Resposta e

 Procedimentos Operacionais de Resposta

A Análise de Vulnerabilidade realizada para o PEI consiste em definir o cenário mais crítico
para instalação envolvida, coletar os dados, realizar modelagem hidrodinâmica e de transporte de
óleo para obtenção do mapa de vulnerabilidade. As manchas de óleo obtidas são em geral plotadas
em mapa que mostra também as áreas sensíveis que podem ser atingidas.

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Plano de Emergência Individual (PEI)

Mapa de
Sensibilidade

Como conteúdo mínimo são requisitados também os seguintes procedimentos de resposta


previstos para controle e limpeza de derramamento de óleo para cada cenário acidental considerado:

 Procedimentos para Interrupção da Descarga de Óleo;


 Procedimentos para Contenção do Derramamento de Óleo;
 Procedimentos para Proteção das Áreas Vulneráveis;
 Procedimentos para Monitoramento da Mancha de Óleo Derramado;
 Procedimentos para Recolhimento do Óleo Derramado;
 Procedimentos para Dispersão Mecânica e Química do Óleo Derramado;
 Procedimentos pra Limpeza da Área Atingida;
 Procedimentos para Coleta e Disposição dos Resíduos Gerados;
 Procedimentos para Deslocamento dos Recursos;
 Procedimentos para Obtenção e Atualização de Informações Relevantes;
 Procedimentos para Registro das Ações de Resposta;
 Procedimentos para Proteção de Populações;
 Procedimentos para Proteção da Fauna.

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15 REALIZAÇÃO DE TREINAMENTO E SIMULADO DO PAE


A última etapa de trabalho realizada durante os serviços de elaboração de planos de ação de
emergência pela DNV consiste no treinamento inicial do plano e na realização de simulado. Estes
objetivam principalmente:
• Consolidar a Estrutura Básica e os Procedimentos previstos no Plano;
• Testar o conhecimento das ações por parte de todos os participantes do simulado;
• Avaliar o nível de integração entre as equipes;
• Realizar eventuais ajustes nos documentos que se mostrarem necessários.

ETAPAS DO TRABALHO
1ª Etapa:
Identificação dos Cenários de Acidente -Análise Preliminar de Perigos
(APP)

E 2ª Etapa: Vulnerabilidade
(Determinação da Área de Abrangência dos- Acidentes)
Uso de Software Específicos
T

A 3ª Etapa: Elaboração do Plano de - Estrutura Básica/Recursos


Ação de Emergência (PAE) Procedimentos
P PEI

A
4ª Etapa:
Realização de Treinamento - Processo de Melhoria
S & Contínua

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SSIIMMUULLAADDOO

Requisitos de Sucesso para um


Plano de Ação e Emergência

Sempre atualizar e praticar o PlanoInspecionar e colocar em prática os


de Emergência
equipamentos de emergência

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Finalmente, vale ressaltar que para o bom funcionamento do Plano de Ação de Emergência é
fundamental que ele seja gerenciado, no sentido de garantir sua constante manutenção, atualização e
adequação em caso de mudanças, sejam elas relacionadas às instalações, aos produtos, à estrutura
organizacional, às atribuições e responsabilidades, aos recursos, aos procedimentos ou qualquer
outro item relevante.

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16 COMENTÁRIOS FINAIS
Neste módulo foram apresentados os conceitos necessários para o entendimento de um
sistema moderno de gestão integrada de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade. Foram
também indicadas algumas das boas práticas de gestão utilizadas internacionalmente por empresas e
órgãos de controle de saúde, segurança e meio ambiente no exterior e no Brasil.

Foi discutida a situação atual no Brasil no que se refere a exigências de apresentação de PGR
para o processo de licenciamento ambiental de instalações que lidam como produtos perigosos.
Nesta discussão foi levantado o fato de que, embora os órgãos de controle ambiental estejam
solicitando a apresentação do PGR, mas não fazem nenhum tipo de auditoria para verificar a real
implementação do sistema nas empresas licenciadas. Os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente
(OEMAs) que estão requerendo sistematicamente a apresentação de PGR são: FEEMA-RJ,
CETESB-SP, FEPAM-RS e CRA-BA. O IBAMA também tem exigido apresentação de PGR nas
instalações cujo processo de licenciamento ambiental fique sob sua jurisdição. Outro fator discutido
foi que, na realidade, o PGR não é uma ferramenta de gestão de um “site” mas sim um sistema de
gestão de segurança de uma empresa, cuja implementação deve ser consistente em todos os “sites”
da empresa, sejam eles novos ou já existentes.

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