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diagnostico-do-abortamento/
Para dizer que a mulher está passando por uma ameaça de abortamento, é preciso ter uma
gravidez tópica, com embrião com batimento cardíaco presente. Isso significa que na
ameaça de abortamento a gestação é viável.
Para dizer que o abortamento é inevitável é preciso preencher os critérios de gravidez
interrompida, ou seja, não viável. Junto com o achado ultrassonográfico a mulher apresenta
dor e sangramento.
Abortamento completo é aquele em que, onde se via gestação e após sangramento, não há
mais evidência de gestação, e o Beta-HCG que era alto e caiu.
Abortamento incompleto é também uma gravidez não viável. Os critérios de gravidez
interrompida foram cumpridos e está normalmente associado à uma eliminação parcial do
conteúdo da gestação.
Abortamento infectado é quando existe uma infecção clínica, e é também uma gravidez não
viável.
Abortamento retido é aquela gravidez não viável, visível na ultrassonografia.
Em relação à conduta, é importante juntar a história clínica da mulher, com o exame físico,
ultrassom e Beta-HCG.
É importante definir se esta mulher está hemodinamicamente estável ou não. Se há sinais de
choque, como por exemplo choque hipovolêmico. Nesse caso, ela precisa de cirurgia
imediata. Se há abortamento incompleto, há necessidade de esvaziamento da cavidade
uterina por AMIU ou curetagem. Se há suspeita de gestação ectópica a mulher precisa ir
para reparação cirúrgica por laparotomia.
Quando a mulher está assintomática, é necessário cuidado redobrado no diagnóstico da
gravidez não viável. No caso de mulher com instabilidade hemodinâmica é importante não
hesitar e intervir.
É preciso ter cuidado com o nível de Beta-HCG, pois ele nem sempre será determinante
para indicar um procedimento cirúrgico.
Abaixo a gravação do Encontro na íntegra.
O Encontro com o Especialista é uma webconferência realizada quinzenalmente com
especialistas de diversas áreas. Para participar é necessário se inscrever no evento, assim
você poderá enviar dúvidas que serão respondidas ao vivo!
Fique atento à agenda de Encontros com o Especialista. Inscreva-se já!
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4. Tenho dificuldade de abordar esse tema com a minha equipe. Cada um já tem um
pré-julgamento sobre o assunto e isso varia o atendimento. Que respaldo clínico e legal
eu tenho para dizer o que é ou não uma boa prática?
O caminho é cuidar e acolher sempre.
Pré-julgamentos não melhoram o atendimento.
A mulher que está se apresentando para um atendimento de emergência está com dor,
sangrando, está em uma situação de abortamento. Ela deve ser acolhida e o nosso papel
enquanto profissional de saúde é cuidar. Cuidar no sentido amplo da palavra. Isso não
significa simplesmente resolver o problema clínico. Não é só enxergar aquela mulher como
uma doença, um problema. O cuidado deve estar acima de tudo.
Quanto melhor conseguirmos fazer isso, mais a mulher vai conversar, se abrir. E teremos
uma história clínica de melhor qualidade, com mais informações. A mulher vai se sentir
mais segura e o papel do profissional de saúde é esse.
Em muitas situações as mulheres chegam procurando a emergência com medo e
desconfiadas. Se conseguimos deixá-la à vontade, se sentindo respeitada, elas vão conversar
mais e assim, somente nessa situação, ela consegue falar se o aborto realmente foi
provocado e se houve algum tipo de manipulação. Essa informação ajuda o profissional a
determinar qual será a conduta a ser adotada.
6. Em geral os casos de abortamento têm mais tempo de espera que os casos de parto,
no atendimento nos serviços. Isso pode ter impacto nos resultados para a viabilidade
da gravidez?
Os serviços de emergência de qualidade devem fazer Classificação de Risco, pois é uma
boa prática. A Classificação de Risco é um atendimento feito por uma enfermeira treinada e
que através de uma rápida história e aferição dos sinais vitais vai classificar a mulher em
relação à urgência do atendimento. Isso vale para todas as mulheres que procuram o serviço
de emergência.
Por exemplo, uma mulher que rompeu a bolsa em uma gravidez a termo, está perdendo
líquido, não está sentindo dor e tem seus sinais vitais normais, vai ser classificada em um
grau de urgência menor. Por outro lado, uma mulher que está em uma situação de
abortamento, sangrando muito, deve ser atendida primeiro. Já uma mulher em fase ativa de
trabalho de parto tem maior urgência em ser atendida se comparada à uma mulher que tem
um sangramento em pequena quantidade, ou dor fraca. A Classificação de Risco vai
identificar a gravidade, independente da doença de base ou do diagnóstico da mulher.
Aquela que está sangrando muito vai ser atendida primeiro, sempre. A que está com muita
dor vai ser atendida na frente sim, antes daquela que está em início de trabalho de parto ou
que só rompeu a bolsa. A urgência que temos no atendimento está relacionada à gravidade
clínica que a mulher apresenta naquele momento, independente do diagnóstico clínico que
ela tem, abortamento ou parto.
Não há medidas eficazes de preservação da gravidez que está em uma situação de ameaça
de abortamento, então se a mulher esperou para ser atendida, 30 minutos a mais ou a menos
não faz diferença. A mulher que está em uma ameaça de abortamento, ou seja, apresentando
sangramento e tem embrião com batimento cardíaco e se for visto algum hematoma na
ultrassonografia, não temos muito a oferecer: somente repouso e afastamento do trabalho.