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033-01
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Manual do curso
Assistente Administrativo e de Recursos Humanos
Ficha técnica
Título do documento: Módulo III - Técnicas de Atendimento, Gestão de Reclamações e
Conflitos
Autor: Sónia Gomes
Centro de Formação: Escola do Saber
Condições de utilização
O presente manual é direcionado para o curso de Assistente Administrativo e de Recursos Humanos,
sendo o conteúdo do mesmo, propriedade da Escola do Saber.
A sua reprodução para outros fins só poderá ser realizada, mediante autorização expressa da Escola do
Saber.
O Manual está organizado de acordo com o índice e os conteúdos programáticos introduzidos, estão
adaptados tendo em conta os objetivos /competências do curso e do público-alvo. O presente documento
é uma ferramenta de suporte para apoiar a ação de formação do curso.
Objetivos
• Identificar a importância do perfil do profissional para o atendimento eficaz
• Aplicar as técnicas e procedimentos necessários ao atendimento.
• Identificar e aplicar regras para comunicar
• Desenvolver técnicas no sentido de lidar com situações no atendimento
• Evitar erros comuns na utilização do telefone
• Compreender o processo de gestão de reclamações
• Enumerar as principais causas das reclamações e aplicar as metodologias de tratamento e
resolução de reclamações
• Enumerar os tipos e as causas de conflitos
• Utilizar as competências pessoais mais eficazes para a prevenção e resolução de conflito.
Conteúdos programáticos
• Técnicas de Atendimento
o Tipos de público
o Características do profissional de atendimento
o Princípios básicos de atendimento
o Aspetos básicos da comunicação
o Aspetos comunicacionais verbais e não verbais
• Regras de atendimentos
o Códigos de comunicação
o Etapas do Atendimento Presencial
o Planeamento do atendimento telefónico
o Técnicas de atendimento telefónico
• Gestão de reclamações
o Conceito
o Tratamento da reclamação
o Atendimento da reclamação
• Gestão de Conflitos
o Tipos de Conflitos
o Causas dos conflitos
o Resolução de conflitos
Os colaboradores de uma organização não têm liberdade para escolher as pessoas com quem interagem,
pelo que é importante fazer um esforço para ter um relacionamento delicado com todos. Tal não implica
simpatizar com toda a gente, mas apenas a adoção de uma postura educada e respeitadora para com
cada pessoa com quem nos cruzamos.
Relativamente às pessoas com que poderá haver necessidade se relacionar existem dois tipos: o público
interno e público externo.
• Público Interno – encontram-se mais próximos da organização, podendo-se dizer que são públicos
que se encontram dentro da empresa – são o elemento humano das empresas e são compostos por:
o Colaboradores e organizações de trabalhadores
o Acionistas, sócios ou proprietários da empresa
o Órgãos dirigentes, etc,…
• Público Externo – encontram-se mais distantes da empresa e são normalmente constituídos por:
o Consumidores/ clientes
o Fornecedores
o Entidades governamentais
o Órgãos de comunicação social
o Comunidade e Parceiros/concorrentes
o Organizações patronais e sindicais
Público Interno
Público Externo
Consumidores/ Clientes
Todos sabemos o que se deve entender por público consumidor, uma vez que cada um de nós é
consumidor de um bem produzido ou utente de um serviço prestado.
Os consumidores da empresa são o conjunto de pessoas que adquirem os produtos ou serviços. Não
obstante, a empresa deverá analisar os consumidores de forma genérica pois os consumidores de
produtos de outras empresas poderão vir a ser consumidores dos nossos produtos.
Fornecedores
São um público com o qual uma organização deve, por várias razões, manter as melhores relações. A
importância deste público explica-se pelo facto de, depois de o público interno, serem os fornecedores
aqueles que melhor conhecem a instituição “por dentro” e, em consequência, poderem tomar uma atitude
criteriosa relativamente à organização.
Os fornecedores têm um conhecimento preciso, nomeadamente:
• Dos colaboradores e da imagem que eles têm da organização
• Da forma como a organização atua face a situações de crise
• Da posição da organização relativamente aos compromissos assumidos
• Da matéria-prima utilizada, da qual dependerá a qualidade dos produtos
• Da coincidência, ou não, entre a publicidade feita pela organização e a qualidade dos bens
produzidos ou dos serviços prestados.
Entidades governamentais
As entidades governamentais são representadas habitualmente pela Assembleia da República, pelo
Governo, compreendendo os vários Ministérios, e pelas autarquias locais e suas delegações. Dado o papel
regular que o Estado assume na nossa sociedade relativamente aos agentes económicos, sejam eles
empresas, organizações ou indivíduos, é cada vez mais premente uma comunicação dirigida a este tipo
de entidades para que cada vez mais, a sua atuação esteja de acordo com as necessidades e interesses
desses agentes.
Comunidade
A comunidade local é o conjunto das pessoas que vivem num determinado lugar escolhido pela empresa
ou organização para desenvolver a sua atividade. Tratando-se de um pequeno local ou um grande país,
a empresa deve restringir sempre o seu âmbito de atuação ao seu público mais próximo.
As atitudes do profissional de atendimento devem ser orientadas conforme o tipo de cliente e de acordo
com a sua postura (manifestação). Analise o seguinte quadro:
METÓDICO Lento a reagir, porque efetua Permita que o cliente estabeleça o ritmo,
mentalmente malabarismos com um ajustando o seu ao dele e explique-lhe o que
conjunto complexo de variáveis, pretende com detalhe, sem, contudo,
antes de se decidir. Pode ter mostrar-se exasperado ou condescendente.
necessidade de autonomia e Pratique uma escuta ativa.
controlo, necessidade de um
processo lógico e ordenado, ou ainda
de se questionar, olhar, ouvir e
inspecionar.
SILENCIOSO É difícil conseguir-se um Solicitar as opiniões ou especificar certos
comportamento firme. pontos, de forma a provocar um
Evidencia confiança ou personalidade envolvimento no diálogo.
do tipo desligado ou analítico. Utilize uma abordagem mais pessoal: discuta
tópicos irrelevantes face ao objetivo
pretendido, mas de interesse para o cliente
para “quebrar o gelo”.
O profissional eficaz é aquele que consegue alcançar os resultados que foram estabelecidos para o seu
trabalho, ou seja, consegue que a organização e o cliente concretizem os seus objetivos, quer no que diz
respeito à prestação de serviços, quer no que diz respeito à satisfação com a relação de atendimento.
A Eficácia diz respeito não só à tarefa de dar resposta à pretensão do cliente (resposta rápida e
adequada), mas também à qualidade da relação, isto é, saber criar uma relação especial, que ele lembrará
com agrado.
O profissional eficaz necessita de:
• Conhecer bem a empresa que representa e os seus objetivos;
• Conhecer bem os objetivos da sua função;
• Utilizar de modo profissional as suas características pessoais, o seu estilo pessoal;
• Saber respeitar o cliente.
O cliente mostra-se exigente na atuação dos profissionais, através, não só de “o que fazem”, mas também
de “como fazem”. Por isso, na missão de qualquer profissional de atendimento, estão contidos, em
proporções iguais, dois tipos de competência: Tecnologia e Comunicação.
Quando estamos perante um cliente podemos assumir vários Comportamentos, tais como:
Colocação da voz
A voz é parte da identidade de uma pessoa e é um fator chave na sua imagem. É, também, através da
voz clara e segura que se consegue captar a atenção do interlocutor e transmitir credibilidade, pelo que
a voz desempenha um papel primordial no bom atendimento.
Neste domínio devemos levar em conta os seguintes aspetos:
• A velocidade – Vai determinar a rapidez ou lentidão com que se fala. Falar com rapidez pode
ser percecionado como nervosismo, ansiedade e insegurança, impossibilitando uma boa captação
do exposto. Já falar devagar pode provocar tédio e transmitir distração, insegurança e timidez.
Postura correta
Um dos aspetos importantes da comunicação é a postura. Esta designa os modos de nos
movimentarmos, sendo algo que se vai adquirindo com o tempo e com os hábitos. Este sinal é em
grande parte involuntário, mas pode participar de forma importante no processo de comunicação.
Nos primeiros três segundos do primeiro impacto, é importante ter em atenção a colocação da cabeça
e tronco. Não se deve manter a curvatura dos ombros que denota cansaço ou mesmo desânimo. Por
outro lado, se estiver na posição de sentado, esta deve manter-se correta no assento, pois caso
contrário, a primeira impressão que causar será negativa.
Apresentação cuidada
A aparência de uma pessoa reflete normalmente o tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através
do vestuário, penteado, maquilhagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de falar, etc.,.
As pessoas criam uma projeção de como são e de como gostariam de ser tratadas. Assim, no que
diz respeito à aparência, o que mais chama a atenção além dos tradicionais traços de higiene pessoal,
é a expressão facial. Espera-se desta expressão nos três segundos iniciais que seja de um sorriso que
demonstre sinceridade.
No conjunto que compõe a expressão facial, devemos ter uma atenção especial no género feminino
com os cabelos, que devem estar bem cuidados e penteados e no género masculino, para além destes,
com a face, que deve estar limpa e barbeada.
Relativamente ao vestuário, o ideal é que corresponda às expectativas do interlocutor dentro dos seus
conceitos de apresentação pessoal adequados ao contexto. Um profissional deve sempre optar por peças
de vestuário que não constituam um elemento de distração e não perturbem a comunicação com os
interlocutores.
Para facilitar na definição do vestuário ideal a usar na sua atividade profissional, sempre que possível, é
importante analisar antecipadamente as características dos seus interlocutores, o ambiente e objetivos
da sua empresa e os costumes locais. Caso não seja possível, o mais adequado é usar a discrição e o
“bom senso”. Se na sua empresa tiver de usar farda ou uniforme, estes deverão estar sempre impecáveis.
A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma reação
involuntária ou um ato comunicativo propositado. Alguns psicólogos afirmam que os sinais não verbais
têm as funções específicas de regular e encadear as interações sociais e de expressar emoções e
atitudes interpessoais.
• Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a partir da sua expressão,
mas por vezes o rosto transmite espontaneamente os sentimentos.
• Movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar fixo
pode ser entendido como prova de interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça,
provocação. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode transmitir a
ideia de submissão como a de desinteresse.
• Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens.
Existem técnicas específicas de atendimento ao cliente, sendo importante ter em consideração estes
princípios básicos de atendimento ao cliente.
Estando a vida das organizações condicionada pela imagem que os seus clientes, internos e externos,
delas retêm, todos os seus colaboradores, sem exceção, passando uma parte significativa do dia a
comunicar, tornam-se efetivos agentes de relações públicas.
Para se poderem dar a conhecer, as organizações têm ao seu dispor diversos instrumentos de:
Tipo Exemplos
• Telefonemas
• Conversas informais
• Reuniões de trabalho
Comunicação oral • Contactos com instituições do mesmo ramo
• Contactos com associação setoriais
• Contactos com sindicato
• Apresentações
• Campanhas publicitárias
Comunicação
• Acolhimento de visitas (escolas, comunidade, etc.)
mista
• Participação em feiras profissionais, nacionais e estrangeiras
• Comunicados de imprensa
• Vídeos e filmes institucionais
• Eventos de lançamento de produtos
• Serviços de Apoio ao Cliente
• Palestras, seminários, workshops, conferências/congressos
• Campanhas de solidariedade social ou de preservação do ambiente
• Programas de colaboração com a comunidade
• Patrocínio e mecenato
• Missões empresariais
Estas interferências (ruído), tanto na comunicação oral, como na escrita ou não verbal, podem estar
associadas ao emissor, ao recetor ou ao canal através do qual a mensagem e o feedback são transmitidas,
como nos exemplos identificados a seguir:
• Língua
• Vocabulário (jargão, regionalismos)
• Dificuldade de verbalização
• Má dicção
• Colocação, timbre e cadência da voz
Barreiras ao nível do • Caligrafia
Emissor/Recetor • Muletas verbais ou tiques
• Estado de espírito
• Linguagem não-verbal (involuntária)
• Postura/atitude (voluntária)
• Apresentação
• Meio sociocultural
• Barulho
• Interferência
• Distorção
Barreiras ao nível do Canal • Eco
• Falta de rede
• Avaria no equipamento
• Qualidade do suporte
• Legibilidade e aspeto do suporte
Para além das várias barreiras à comunicação, será ainda necessário ter em conta as diferenças entre o
que se pretende voluntariamente transmitir, aquilo que se deixa transparecer e, finalmente, o que
efetivamente é captado, entendido e retido pelo recetor.
Cada palavra ou gesto que expressamos tem, portanto, impacto nas pessoas que os rodeiam, provocando
reações, voluntárias ou involuntárias, pelo que o comportamento deve ser encarado como um
instrumento que permite facilitar ou dificultar a comunicação e o relacionamento entre os seres humanos.
Comunicação verbal
A eficácia da comunicação verbal não depende unicamente do que dizemos. Depende muito da forma
como nos expressamos e da entoação que utilizamos. Para tal, além de termos uma mensagem objetiva,
precisamos para a transmitir, de o fazer através de uma expressão verbal eficaz.
A linguagem corporal é tudo o que nosso corpo comunica de forma silenciosa, por vezes consciente, por
vezes inconscientemente. Este é um aspeto muito importante em qualquer relação profissional embora,
por vezes, não lhe dediquemos toda a atenção que merece.
É, por isso, importante conhecer o que o nosso corpo diz sobre nós.
a) Postura; a posição em que nos encontramos quando iniciamos uma conversa ou uma entrevista
de trabalho podem denotar a nossa atitude: aberta ou fechada, positiva ou negativa e, assim,
condicionar e influenciar totalmente o interlocutor;
b) O olhar frontal e o sorriso sincero demonstram que somos atentos e simpáticos. Fugir com o olhar
pode indicar falta de atenção ou respeito;
c) As mãos libertas e soltas são um indicador de tranquilidade e segurança.
d) Afastar-se da pessoa com quem conversa… além de deixar má impressão no seu interlocutor,
este pode intuir algum tipo de rejeição;
e) Tocar continuamente no rosto, nas orelhas, no cabelo, piscar os olhos várias vezes ou mexer a
cabeça, como incliná-la para frente e para trás ou para os lados, pode demonstrar que se sente
inseguro (Tiques nervosos ou distúrbios- ação motora ou vocal realizada de forma repetitiva e involuntária);
f) Dicas para controlar situações de nervosismo:
• Fazer exercícios de respiração;
• Manter postura firme, mas confortável enquanto se conversa;
• Esforçar-se por sorrir porque ajuda a relaxar os músculos;
• Controlar a extensão e rapidez dos movimentos de mãos;
• Vestir e arranjar-se na globalidade tendo em mente o conceito de elegância.
As palavras e expressões provocam reações no cliente, logo a linguagem de quem atende o público dever
ser adaptada ao nível de conhecimentos do interlocutor. Podemos estar a transmitir uma ideia negativa
ou até a passar alguma mensagem incorreta a quem está à nossa volta. Existem por isso expressões a
evitar no trabalho.
Estrangeirismos
Evite o uso de palavras ou expressões estrangeiras. Lembre-se que nem todos podem ter a sua facilidade
para dominar línguas e é desnecessário criar a sensação desconfortável de exclusão num colega. Quase
todas estão traduzidas para português, mesmo as mais técnicas. Skills são competências, know how é
saber fazer…
Conversa a mais
Neste caso concreto, não se trata tanto do conteúdo, mas da quantidade. Tudo o que é demais aborrece.
Muitas palavras não são sinónimo de um discurso rico e com potencial. Antes pelo contrário. No mundo
do trabalho, dá-se mais valor a um bom ouvinte do que a um grande falador. Seja ponderado e assertivo
nos seus comentários. Vai destacar-se pela positiva.
Palavras de hesitação
Firmeza e convicção, duas características cruciais no diálogo. Quando falamos, temos de nos expressar
com clareza e objetividade. Os, “portanto”, “no entanto”, “contudo”, “entretanto” dão precisamente a
ideia oposta. Ao utilizar estas expressões é como se não tivesse a certeza do que está a dizer, o que
transmite uma imagem nada benéfica numa reunião de trabalho.
Calão/gíria
Lembre-se de onde está: no seu local de trabalho e não em casa ou entre amigos. É preciso ter um
discurso cuidado e adequado ao ambiente. De certeza que tem colegas com idades e origens diferentes,
pelo que não deve constranger ninguém com o seu vocabulário. “Fixe”, “porreiro”, “ó pá”, “bué” não
constam do dicionário de língua portuguesa.
As situações mais diversas e imprevistas podem surgir no atendimento de um visitante, desde o indivíduo
que solicita emprego até ao cliente exaltado que procede a uma reclamação, passando pelo vendedor
insistente deste ou daquele artigo. A dimensão e a política da instituição constituem fatores determinantes
no modo de receber os visitantes: uma grande organização tem quase sempre um serviço de receção
localizado à entrada, onde as pessoas, além de se identificarem, dizem com quem pretendem falar e qual
o assunto, se têm ou não reunião/entrevista marcada, etc. Metade do trabalho é, por conseguinte,
realizado na receção.
Num primeiro contacto, os dez segundos iniciais são os mais importantes, pois a primeira impressão é
facilmente memorizada, funcionando como um cartão de visita. Por este motivo, não basta assegurar a
boa apresentação e postura do atendedor; o posto de trabalho ou local de atendimento também deverá
ter um aspeto organizado e cuidado, já que será o impacto conjunto daqueles dois fatores que
determinará a imagem retida da organização pelos seus visitantes.
Como está, Sr. Almeida? É um prazer Boa tarde, o meu nome é Sílvia Nunes.
vê-lo novamente/revê-lo. Muito prazer em conhecê-lo/é um prazer
finalmente conhecê-lo!
• Não permita que o(a) interrompam quando está a atender, e evite também fazê-lo aos seus
colegas, para que o seu interlocutor não sinta que está a ser colocado para segundo plano.
• Deve desviar a sua extensão para um colega ou caixa de mensagens se estiver a receber um visitante.
Contudo, se tiver de atender o telefone, peça desculpa pela interrupção, tome nota do contacto e
retribua a chamada mais tarde, para que o seu visitante não sinta que, estando em primeiro lugar,
não lhe foi dada prioridade.
Peço-lhe imensa desculpa, Sr. Almeida – vou só tomar nota do contacto para
retribuir a chamada mais tarde.
• Se tiver de abandonar o seu interlocutor, ainda que por breves momentos, para ir buscar qualquer
coisa ou obter informação adicional junto de terceiros, peça desculpa pela interrupção e explique
o que se propõe fazer, para que o seu interlocutor não se sinta desprezado ou pouco importante.
Sr. Almeida, é só um minuto que Não estou ao corrente do seu pedido, Sr.
vou buscar o seu processo. Almeida – vou tentar obter mais informações
junto do departamento Comercial e volto já.
• Adeque a linguagem e a cadência a cada interlocutor para garantir uma melhor comunicação.
Deve assim adaptar as palavras aos conhecimentos do seu interlocutor e, por exemplo, falar mais
devagar com pessoas idosas.
• Ainda que esteja com pressa, não deverá olhar para o relógio enquanto o visitante expõe o assunto,
para que este não se sinta insignificante. Se não tem condições de atender nesse momento, peça a
um colega que o faça ou explique à pessoa a situação.
Para além do processo de comunicação e caso se trate de um visitante com marcação prévia, o
espaço reservado para a reunião ou entrevista, previamente marcada, deverá ser verificado com
antecedência (bem como a zona de receção/espera), garantindo-se que está desocupado e em ordem.
Quando o visitante chegar, este será recebido e encaminhado para o espaço destinado ao encontro,
confirmando-se primeiro a hora combinada na agenda. Em caso de atraso do anfitrião, deverão
apresentar-se desculpas e justificar a demora, tanto quanto possível de forma elegante.
Deverão acolher-se os visitantes inesperados sem dar a impressão de se não os querer receber, mas
procurando obter o maior número possível de informações. A solução ideal, se for essa a política da
organização e se a chefia (ou outro destinatário) não puder ou quiser receber essa pessoa, será a de
encontrar um outro interlocutor igualmente válido. Por conseguinte, dever-se-á, antes de mais, saber o
motivo da visita e julgar da sua oportunidade.
Quando o visitante já expôs o motivo da sua visita, poderá ou não ser recebido pela pessoa com quem
pretendia falar. Se o visitante puder ser recebido, será acompanhado à sala de espera ou espaço
reservado para o encontro. Se não puder ser recebido, existem as alternativas de se:
• Marcar uma reunião, com maior ou menor urgência, consoante o assunto a tratar e a
disponibilidade dos intervenientes;
• Tomar nota do contacto para posterior marcação;
• Encaminhar o assunto para outro interlocutor;
• Sugerir ao visitante que comece por expor o assunto por e-mail ou carta.
Quando o Administrativo/a puder resolver a situação, mas não no momento, deverá informar o visitante
do que pretende fazer e de quando o irá fazer. Se não puder resolver a situação e tiver de encaminhar
o visitante para outra pessoa, deverá chamá-la ou levar o seu interlocutor até ela, explicando
resumidamente o motivo da visita sem que este ouça, ou, se não puder isolar-se, tendo o cuidado de não
falar como se o visitante não estivesse presente.
O telefone é uma das principais formas de primeiro contacto com o público e funciona como um indicador
do modo como o interlocutor será recebido noutras circunstâncias. A comunicação telefónica é,
porventura, o tipo de comunicação mais utilizada nas relações internas e externas à empresa.
Dado que não está (ainda) habitualmente associado a imagem, o timbre da voz e a cadência do discurso
assumem, portanto, um papel primordial na comunicação, devendo a receção de chamadas processar-se
de acordo como os seguintes passos
Em primeiro lugar, para o interlocutor ser rapidamente atendido, o telefone deverá estar posicionado
perto do atendedor, acompanhado de papel e caneta, para que este possa, de imediato, começar a tomar
nota de todos os dados relevantes para o tratamento ou posterior encaminhamento do assunto.
• Não presuma que sabe adequar a forma de tratamento a cada interlocutor, pois poderá obter
exatamente o efeito contrário. Embora em Portugal exista o hábito de tratamento por grau
académico, se não souber qual é, trate o interlocutor por Senhor ou Senhora D. e nunca por você.
Na 3ª pessoa:
Em diálogo:
Mas se o senhor tem o comprovativo de
entrega, não haverá qualquer problema…
• Insista em saber o motivo de cada chamada – deve fazer uma filtragem eficaz, a não ser que se
trate de um interlocutor íntimo (familiar ou amigo) ou de um superior hierárquico da(s) sua(s)
chefia(s); tal não significa, no entanto, ser um “cão de fila” e impedir o contacto desta(s) com
terceiros.
• Se o telefonema chegar num momento pouco oportuno, dê uma explicação breve, tome nota do
nome e do número de telefone, e retribua a chamada logo que seja possível – não deve deixar o seu
interlocutor à espera ou estar pouco atento (a) porque está preocupado (a) com outra questão. No
entanto, é imperativo que efetivamente retribua a chamada.
• Não faça esperar por informação – se esta não puder ser obtida imediatamente, deverá pedir para
retribuir a chamada mais tarde e cumprir a promessa, ou certificar-se de que alguém o fará.
• Ao receber uma chamada para outra pessoa ou departamento, certifique-se primeiro de que esta
tem disponibilidade e interesse em atender o telefonema – caso contrário ficará, e deixará os
restantes, numa situação deselegante. Na hipótese de esta pessoa estar ausente ou de não querer
ou poder atender fique com a mensagem e passe-a à primeira oportunidade.
• Tenha em atenção as regras de protocolo e respeite a hierarquia na transferência de chamadas –
um superior hierárquico tem precedência face a outro que lhe esteja abaixo e um cliente tem
precedência sobre um fornecedor, não devendo esperar para ser transferidos. Certifique-se, por isso,
de que a outra pessoa para quem vai transferir a chamada está disponível e/ou já está em linha.
• Apresente desculpas credíveis e sem demasiados detalhes – apenas terá de informar que a pessoa
a quem se destina a chamada não está disponível nesse momento.
Se inventar uma desculpa como a do habitual “está em reunião”, o interlocutor pode perder a
confiança na organização. Por outro lado, se a desculpa que usar não for verdadeira, não deverá ser
demasiado pormenorizado(a) sobre os motivos que impedem a chamada de ser atendida naquele
momento.
O que serão então justificações aceitáveis? Por exemplo, as seguintes, em função das circunstâncias:
• Não prometa o que não controla – afinal, apenas pode garantir que passará a mensagem e não
que o contacto será retribuído ou que qualquer outra ação terá lugar.
Quando sentir que está a perder o controlo da chamada, use silêncios – uma pausa numa conversa
leva muitas vezes o interlocutor a justificar-se, a desabafar, a tentar preencher o vazio, por se sentir
pouco à vontade. O silêncio pode também ser usado como indicador de que nada mais há a
acrescentar, quando o interlocutor insiste em determinado ponto.
• Tome nota de mensagens completas, não deixando de anotar todos os dados relevantes – deve
sempre garantir que se possam retribuir todos os contactos. Pode usar um caderno, passando todas
as mensagens quando for a despacho e recebendo instruções sobre como proceder relativamente a
cada uma, ou, se as mensagens não forem transmitidas pessoalmente, opte por impressos de recado
telefónico ou correio eletrónico.
• Ao ausentar-se, mesmo que por períodos curtos, deve avisar a receção e/ou os colegas, onde
poderá ser localizado(a) ou fazer um reencaminhamento da sua extensão para a de um colega, para
a receção, para o telemóvel ou para outra perto do local onde esteja – deve assegurar-se de que não
se perderão quaisquer contactos ou mensagens importantes. É também essencial que, em caso de
necessidade, se saiba sempre onde está.
Para este efeito, a mensagem de acolhimento deverá conter as seguintes informações: identificação
da pessoa/serviço/organização para onde se está a ligar, bem como um pedido de indicação de nome,
contacto e assunto que o interlocutor queira ver tratado.
Na situação de louvor:
Na situação de crítica:
Talvez fosse melhor revermos o texto… Talvez seja melhor rever-se o texto…
• Concentre a conversa nos pontos essenciais, omitindo o acessório – não fazer o nosso
interlocutor perder tempo com detalhes sem importância. Por outro lado, dar demasiada
informação leva às vezes a que surjam questões ou observações inesperadas, a que não se sabe
reagir ou a que se reage sem pensar.
• Nunca discuta assuntos sobre os quais não está à vontade ou de que não tem conhecimento
razoável, ainda que queira dar uma impressão de competência, é preferível não se expor (ou à
instituição que representa) através de observações, explicações ou comentários, que possam ser
Peço-lhe desculpa, Sr. Almeida, mas não estou Peço-lhe desculpa, Sr. Almeida, mas
ao corrente dessa questão. Será preferível que não tenho essa informação. Vou
fale com o Sr. Teixeira/Vou passar a chamada tentar obtê-la e volto a ligar-lhe.
ao Sr. Teixeira
• Não esqueça que algumas chamadas têm de ser confirmadas por escrito – a memória é curta,
nem sempre estamos presentes ou disponíveis e, infelizmente, nem toda a gente age de boa-fé.
Um documento permite comprovar o que foi efetivamente dito ou combinado (ou,
eventualmente, retido), ainda que a intenção que o originou possa estar aquém daquilo que foi
reduzido a escrito.
• Não desespere se algumas pessoas falam interminavelmente ao telefone – se precisar desligar,
pode ser firme, mas gentil, na conclusão da chamada e, eventualmente, recorrer a uma desculpa
credível.
Sr. Almeida, peço-lhe desculpa, mas Sr. Almeida, vou ter de desligar
tenho mesmo de desligar, pois vou /interromper a nossa conversa, pois
ter de sair. tenho uma chamada internacional/outra
chamada em linha/uma chamada
urgente.
• Não abuse do sistema “mãos livres” – muitas vezes, os ruídos e ecos do escritório perturbam
a comunicação. Note também que é indelicado não avisar o seu interlocutor de que a chamada
está em alta voz e de que há outras pessoas presentes na sala.
3.1. Conceito
As reclamações resultam de qualquer situação que levou a um descontentamento por parte do cliente,
dado este considerar ou ter verificado que existiu:
• Mau atendimento;
• Má prestação do serviço;
• Má qualidade do serviço ou produto;
• Incompreensão quanto a uma necessidade sua não satisfeita.
Talvez seja a parte mais difícil em qualquer tipo de venda ou de prestação de serviço, mas é uma das
tarefas fundamentais e às quais se tem que dar a melhor atenção e ter o maior cuidado. Normalmente
os clientes a que se resolve uma reclamação de modo satisfatório tornam-se clientes fiéis e passam a
palavra de confiança e credibilidade a outros.
Em caso de reclamações por parte de um cliente, a primeira coisa a fazer é oferecer assistência e nunca
resistência, é manter a calma e o autocontrole de modo a levar o cliente a se acalmar, nunca reagir de
modo impulsivo ou agressivo para não desencadear qualquer reação semelhante por parte do cliente.
Depois, deve-se ouvir e deixar o cliente falar até acabar e se acalmar, sendo esta a melhor forma de
conhecer os detalhes e nos dar algum tempo para Acão. A reclamação é uma enorme oportunidade para
corrigir os erros da empresa e evitar que os mesmos problemas ocorram com outros clientes. Embora
uma pessoa possa ter um motivo válido para apresentar uma reclamação, muitas vezes poderá evitar
fazê-lo por entender que:
• Esta será recebida com hostilidade, indiferença ou suspeição;
• Esta exigirá muito trabalho e tempo na elaboração;
• Esta exigirá conhecimentos específicos (procedimentos especiais ou conhecimentos legais) para
poder ser eficaz;
• Esta levará muito tempo a receber a atenção que merece ou poderá mesmo não ser atendida;
• Ainda que esta seja atendida, poderá ser descartada a responsabilidade e/ou não ser oferecida
qualquer compensação ou até mesmo um pedido de desculpa;
• Será mais fácil desistir e procurar outra solução para o problema, que passa normalmente por
encontrar um produto ou fornecedor substitutos, nunca deixando o reclamante, no entanto, de
se lhe referir negativamente a quem queira ouvir.
Como regra, quem faz o atendimento deverá ter uma atuação que compreenda os seguintes passos:
• Colocar-se sempre no lugar do cliente;
• Procurar saber qual é a sua preocupação e como o poderá ajudar;
• Se o erro foi da organização, admitir o facto e pedir desculpa por qualquer inconveniente;
• Demonstrar que a situação tem uma solução.
Serem
“forçados”
à compra
Não é possível evitar o descontentamento por parte dos seus clientes já que muitas das vezes a origem
do descontentamento não reside no atendimento prestado mas em fatores externos, difíceis de controlar
e prever.
Ainda assim, ocasionalmente o cliente “descontente/zangado” apresenta-se como mais um desafio ao
profissional de atendimento ao público e importa saber como “transformar” uma situação desagradável
(muitas vezes com audiência de outros clientes) numa situação favorável para a empresa.
Por último, o estabelecimento deverá sempre apresentar ao cliente o “livro de reclamações” de modo a
que o cliente tenha oportunidade de formalizar e canalizar a sua reclamação para as instâncias
competentes.
Embora, a solicitação do “Livro de Reclamações” por parte do cliente corresponda, na maioria dos casos,
a um momento de tensão entre o cliente e o estabelecimento, deverá proceder com cortesia e
profissionalismo, apresentando de imediato o “Livro de Reclamações”, sempre que este for solicitado,
sem colocar qualquer tipo de objeção ou realizar comentário menos feliz. A reclamação é um direito que
assiste ao cliente e como tal deverá ser respeitado.
O Livro de Reclamações pretende assegurar um meio célere e eficaz do consumidor/utente exercer o seu
direito de reclamação, sempre que entender que os seus direitos não foram devidamente acautelados ou
que não foram satisfeitas as expectativas no que diz respeito à qualidade do serviço e atendimento
prestado.
A generalidade dos estabelecimentos que têm atendimento ao público, são obrigados por lei a dispor de
livro de reclamações e devem ter afixado de forma bem visível um aviso dando conta da existência e
disponibilidade do Livro.
Seguidamente indicam-se vários conselhos a ter em consideração quando se atende uma reclamação.
• Se o seu interlocutor se mostrar descontrolado, leve-o imediatamente para um espaço fechado e
longe da área de receção, convide-o a sentar-se o ofereça-lhe um café/chá e/ou um copo de água,
tendo o cuidado de não o ofender ou irritar.
Sr. Amaral, venha comigo. Vamos para uma sala onde não sejamos
interrompidos. Posso oferecer-lhe, entretanto, um café ou uma água?
• Deixe que o interlocutor desabafe sem o interromper. Se não resistir ou contrariar, a reclamação
irá perdendo intensidade, o que lhe dará tempo para encontrar argumentos ou alternativas.
• Manifeste interesse, ouvindo com atenção, tomando notas e colocando perguntas abertas na fase
de apuramento da informação, no sentido de poder assegurar-se de que reuniu todos os dados
relevantes para que a reclamação possa ser apreciada convenientemente e no mais curto espaço de
tempo. Depois sumarie, para se certificar que os dados essências foram corretamente anotados.
Sr. Amaral, quero agradecer-lhe, antes de mais, ter-nos chamado a atenção para esta
situação. Conte-me então o que lhe disse o serviço de apoio ao cliente. (…) Portanto, ainda
está a aguardar que entrem em contacto consigo, como tinha ficado combinado?
De facto, Sr. Amaral, sei que/tenha informação de que tem havido algum atraso nas entregas
na última semana.
• Nunca faça promessas que não possa cumprir. Quem reclama precisa de acreditar que alguém
está a tratar do seu assunto e com a firme vontade de ser útil. Se, no entanto, sentir que lhe fazem
promessas/dão garantias para o(a) “despachar”, perderá a confiança e contará a sua reclamação a
quem a queira ouvir ou, em última instância, poderá apresentar uma queixa na DECO ou interpor
uma ação em tribunal.
Sr. Amaral, fique descansado que, no quer estiver ao meu alcance, vou ajudá-lo.
Vou, em primeiro lugar, averiguar o que se passou e transmitir toda a informação que me
deu ao responsável de departamento.
• Se a reclamação tiver razão de ser, ainda que não seja diretamente responsável por ela, apresente
imediatamente desculpas em nome da instituição. Para quem reclama, quem falhou foi a
organização, podendo nem sequer ter a noção de (ou mesmo interesse em saber) quem errou
concretamente, embora tenda a assumir que foi o atendedor ou a pessoa com quem falou.
• Evite a palavra “não” e as construções frásicas negativas, que apetece contrariar e provocam
argumentação. Tente, por conseguinte, dar a volta às frases para que não tenha de utilizar palavras
ou expressões com conotação negativa.
• Se tem um pedido a fazer, aumente a probabilidade de obter, um sim, exprimindo-se de uma forma
clara, simples e breve, destacando pontos de vista comuns e explicando-se de outro modo, caso
não tenha sido compreendido(a) da primeira vez.
• Tente também falar pausadamente, usar a palavra “nós” e salientar aspetos positivos.
Sr. Amaral, é muito importante para nós fazer um levantamento exato de tudo o que se passou.
Queremos que os nossos clientes estejam satisfeitos com os nossos serviços. Ora vejamos,
quando é que se apercebeu do lapso?
• Evite discutir, pois é essencial manter a calma, medir as palavras, controlar o tom de voz. Se vir
que não consegue falar, ouça, tentando que a pessoa esgote as suas queixas, e não se deixe provocar
pelo tom eventualmente agressivo ou por palavras menos simpáticas. Lembre-se que, na maioria das
vezes, não se trata de um ataque pessoal, mas de um desabafo.
• Evite a crítica, que humilha ou enfurece, o que poderá resultar em perda de confiança e em
agressividade crescente. Não desminta e dê ênfase ao que vai fazer para tentar ajudar a pessoa na
resolução da situação que deu origem à reclamação.
- Sr. Amaral, é essencial fazermos um levantamento exato de tudo o que se passou, para eu
poder dar entrada do relatório até ao final do dia. Vou enviar-lhe uma cópia do relatório e
entregar pessoalmente outra ao responsável de departamento.
• Tente que o seu interlocutor baixe a voz, falando baixo. Não entre na competição “de quem fala
mais alto” ou “tem a última palavra”, que não leva a nada, exceto a enervar mais o reclamante.
• Se o seu interlocutor ainda se mostrar agressivo, levante-se e fale de um plano superior, optando
por perguntas fechadas, que limitarão a intervenção deste, sem, no entanto, o impedir de falar. Por
muito que lhe custe, tem de o enfrentar, com coragem, dando-lhe tempo suficiente para se acalmar
e deixar esgotar o rol de queixas e desabafos.
• Não deixe que o reclamante, por mais razão que tenha, o(a) desrespeite. Faça-lhe ver,
calmamente, que é uma firme intenção colaborar, mas que tal só será possível se compreender bem
aquilo que lhe está a ser explicado. Mesmo que o seu interlocutor tenha razão, não lhe poderá permitir
excessos de linguagem ou gestos, enfrentando-o com firmeza, olhos nos olhos, mas poderá talvez
ser também oportuno introduzir uma interrupção, que servirá de distração.
• Se o seu interlocutor, ainda assim, continuar agressivo e ofensivo, diga-lhe que será talvez melhor,
para poder perceber bem o que se passa, que continuem a conversar noutra ocasião.
o Em última instância, terá mesmo de adiar a conversa, tentando fazer ver, de forma suave,
que toda a razão do mundo não justifica um comportamento desrespeitoso.
o Ainda que o visitante não saia, a interrupção irá, provavelmente, criar uma distração e
proporcionar a oportunidade para mudar o tom da conversa.
Sr. Amaral, a situação que descreve é de facto muito aborrecida e imagino como se esteja
a sentir.
No entanto, para poder efetivamente ajudá-lo, necessito que me transmita com clareza
todos os detalhes importantes para a resolução desta questão.
Julgo que será melhor marcarmos uma reunião para amanhã, logo de manhã, com o
responsável do departamento de expedição, que estará certamente em melhor posição
para ajudar (levanta-se e dirige-se à porta, abrindo-a e ficando à espera que o visitante
saia).
• Acompanhe o assunto até à sua resolução, ainda que este não seja da sua responsabilidade, para
que, se voltar a ser interpelado(a), não seja apanhado(a) desprevenido(a). É importante que quem
reclama guarde da pessoa que o atendeu a impressão de que, mesmo nada tendo a ver, diretamente,
com a questão em si, esta é gentil, paciente, interessada e que pode sempre contar com ela em
qualquer circunstância.
Um dos desafios que se coloca às organizações no momento em que vivemos prende-se com a gestão
de conflitos e a satisfação dos trabalhadores. Estes temas permitem às organizações garantir um nível
de competitividade face ao mercado cada vez mais exigente. A sobrevivência e evolução das empresas
estão cada vez mais dependentes da sua capacidade de adotar e aperfeiçoar condutas marcadas pela
seriedade, humildade, justiça e pela preservação da integridade e dos direitos das pessoas. É
fundamental gerir conflitos de forma a produzir bons resultados em vez de um ambiente de trabalho
hostil e pouco produtivo, pouco motivador ou mesmo improdutivo.
Um ambiente conflituoso de trabalho pode ser seriamente desmotivador para a maioria das pessoas nele
envolvidas e para as que se encontram ao seu redor. Esse ambiente também dificulta o desempenho de
alto rendimento, que tende a exigir um esforço maior de equipas comprometidas com a missão, a visão
e os valores da organização.
Atualmente, os profissionais vivem sob uma tensão contínua, uma vez que para além das suas habituais
responsabilidades, a elevada competitividade obriga os funcionários a lutas constantes, com o objetivo
de vencer os seus próprios limites levando a um desgaste permanente afetando não só as suas relações,
mas também o ambiente laboral.
O conflito pode ter origem nos vários pontos de vista dos indivíduos, na diversidade de interesses, de
valores, de experiências, de necessidades e expetativas, nas diferentes maneiras de pensar ou agir de
cada um dos envolvidos e está presente nas relações humanas e nas relações de trabalho. Tem origem
nos diversos pontos de vista entre as pessoas, na sua diversidade dos interesses, nos valores e nas várias
formas de pensar ou agir de cada um dos envolvidos.
O crescimento e continuidade das empresas estão cada vez mais dependentes da capacidade de adotar
e melhorar os comportamentos marcados pela humildade, pela justiça e pela proteção da honestidade e
dos direitos das pessoas. É essencial gerir os conflitos de forma a produzir resultados positivos em vez
de um ambiente adverso e pouco produtivo, pouco motivador ou muitas vezes improdutivo.
A existência do conflito pode ser prejudicial quando acarreta hostilidade, violência, raiva e ódio. Este tipo
de comportamento pode prejudicar não só as relações interpessoais entre os envolvidos, mas também o
bom funcionamento da organização. Por outro lado, um conflito, quando bem gerido, deixa de ser
prejudicial e pode até promover o crescimento e desenvolvimento de uma organização.
Os conflitos podem ser categorizados em três formas fundamentais, baseadas nos interesses que temos
em causa.
Conflitos de objetivos – As partes em conflito têm objetivos que são basicamente incompatíveis,
estando cada uma delas a ameaçar os objetivos da outra. A resolução deste tipo de conflito implica a
reconciliação das ambições das partes em confronto.
Conflitos de julgamento – As partes diferem sobre assuntos factuais e empíricos, por exemplo, uma
das partes acha que a conclusão da outra está incorreta. Aqui, as partes podem concordar nos objetivos,
mas discordar quanto ao modo de os atingir. A resolução envolve informação conjunta e introspeção para
se poder tirar uma conclusão que vá ao encontro dos padrões de precisão de ambas as partes.
Conflitos de normativos – Uma das partes avalia a outra, baseada na forma como ambas se deveriam
comportar, por outras palavras, comportamento “correto”. Este tipo de conflito mexe com as nossas
noções de justiça, equidade e valores morais.
Os conflitos no trabalho surgem quando uma pessoa está sujeita a pressões ou expectativas muito
elevadas ou inconsistentes ou ainda quando há um choque de personalidades. Pontos de vista diferentes,
maneiras de fazer distintas, má gestão de equipas ou outros fatores internos ou externos podem gerar
conflitos.
Quando surge um conflito no trabalho, ele enquadra-se, normalmente, numa das seguintes categorias:
• Conflitos Pessoais - Este é o tipo de conflito que diz respeito unicamente a uma pessoa. Pode
ser o nosso chefe, um colega ou outro membro da empresa.
• Conflitos Interpessoais - Este é o tipo de conflito que envolve várias pessoas da empresa e é
o tipo de conflito mais frequente.
• Conflitos com outros trabalhos - Este tipo de conflito surge quando existem outros trabalhos
ou tarefas dentro ou fora da organização, que não possibilitam que o trabalho seja efetuado
devidamente.
Por exemplo, quando quer finalizar um projeto com tempo e qualidade e não o consegue fazer
porque antes de chegar a si tem de passar por outras pessoas que se atrasam ou não cumprem
a sua parte devidamente.
Caso encaremos o conflito como um benefício e não como um perigo, é importante reconhecer o seu
poder como provocador de situações e gerador de novos eventos.
• Vistos pelo seu lado positivo, os conflitos podem ajudar a resolver problemas, medir a força dos
argumentos e a motivar.
Os conflitos podem ser ainda classificados como conflitos subjacentes ao “Individuo” ou “Função”
Tipos de conflitos (Individuo):
• Individuo-individuo, expressa-se por um choque de personalidades, pela hostilidade, pela não
colaboração no local de trabalho ou até pela conspiração.
• Individuo-função, manifesta-se pelo desempenho deficiente, por elevada tensão e ansiedade, por
elevada taxa de rotação, de absentismo ou de sinistralidade.
• Individuo-grupo, revela-se pelo isolamento do indivíduo face ao grupo, pela falta de sintonia com
o mesmo, pelo relacionamento à margem deste.
• Individuo-organização, exprime-se na indiferença face aos objetivos organizacionais ou através
da greve.
• Individuo-ambiente, revela-se no absentismo, no alheamento e apatia do indivíduo, no
distanciamento.
Um conflito não é necessariamente uma discussão. Pode ser simplesmente algum incómodo ou um
ambiente de trabalho desconfortável. De qualquer forma, mesmo esses pequenos detalhes podem ser
responsáveis por uma diminuição na produtividade do trabalhador. Saber as causas dos conflitos mais
frequentes ajudará qualquer empresa a evitá-los e a melhorar a comunicação entre os colaboradores.
2. Diferença de Estilos
Cada trabalhador tem um estilo particular de realizar o seu trabalho, que vai depender tanto da sua tarefa
específica como da sua personalidade. Quando funcionários com estilos muito diferentes coincidem na
mesma equipa de trabalho, muitas vezes surgem problemas.
A forma de não originar esta situação é conhecer as características de cada trabalhador, por exemplo,
através de um teste de personalidade, e atribuir as diferentes funções tendo em conta as características.
3. Diferentes Perceções
Tal como acontece com os estilos, cada trabalhador tem um ponto de vista diferente sobre tudo o que o
rodeia. Por terem diferentes perceções, é fácil partilharem interpretações distintas e daí podem surgir
conflitos. A forma de não originar esta situação é trabalhar a comunicação e fornecer informações muito
claras à equipa de trabalho.
4. Metas diferentes
As metas implantadas por um departamento podem entrar em conflito com as metas de outro
departamento. Isso significa dizer que existe tensão e diferença entre os objetivos e metas das diversas
unidades.
5. Pressões
Este tipo de conflito parte dos anteriores, mas acrescenta-lhes uma certa urgência. Quando o prazo se
aproxima e, para terminar o seu trabalho, um funcionário precisa de outro departamento que, naquele
momento, está ocupado com outra tarefa, surgem conflitos de pressão.
A forma de resolvê-los é alterando os prazos, mas podem ser evitados se as prioridades forem definidas
corretamente.
6. Funções
Às vezes, os funcionários recebem tarefas que pouco têm a ver com as suas responsabilidades normais.
Nessas situações, eles podem sentir que a tarefa em questão deve ser desempenhada por outro colega;
ou, até, esses outros funcionários podem sentir que o seu papel profissional está a ser ameaçado.
Nestes casos, é importante que haja um bom motivo para escolher o colaborador em questão e ser muito
claro no momento da atribuição.
7. Valores pessoais
Cada pessoa tem os seus valores, e por vezes, podem entrar em conflito com os de outros trabalhadores
e até mesmo com as da própria empresa.
É um assunto muito delicado, porque a ética e os valores devem ser sempre respeitados. Isso significa
que a forma de solucionar o problema remonta ao momento da contratação. Uma boa seleção de pessoal
será fundamental.
Caso a seleção já tenha sido feita, a forma de evitar a geração de um conflito desse tipo é garantir que
o líder da equipa conhece a ética de cada um dos seus trabalhadores e, assim, evitar atribuir-lhes tarefas
com as quais não se sintam confortáveis.
8. Políticas imprevisíveis
Uma empresa deve ter políticas muito claras, compreensíveis e consistentes. Por outras palavras, essas
políticas devem ser as mesmas em todos os momentos e para todos os funcionários — e eles devem
entendê-las perfeitamente. Isto não significa que as políticas não podem mudar, uma vez que todos os
negócios evoluem; mas, se assim for, as alterações devem ser comunicadas de forma clara e eficaz.
Desta forma, situações desconfortáveis e desagradáveis serão evitadas.
Em última análise, os conflitos no trabalho são mais frequentes do que os trabalhadores e gestores
gostariam, mas a maioria dos conflitos podem ser evitadas. Conhecendo estas oito causas e agindo de
maneira a mitigá-las, as empresas podem aumentar a sua produtividade e, ao mesmo tempo, facilitar o
trabalho de todos.
É sempre melhor evitar problemas do que ter de recorrer à resolução de litígios. Portanto, vamos citar
uma série de dicas, que podem ser aplicadas para minimizar os mal-entendidos na empresa:
• Comunicação adequada: Os funcionários devem sempre ter indicações claras e completas das
tarefas que devem realizar. Isto inclui os prazos e as forma de desenvolver as tarefas. É muito
importante que a comunicação seja baseada no respeito e na educação mútua.
• Definir a política da empresa: Os funcionários devem saber, em todos os momentos, quem está
na liderança ou qual é o organograma da empresa. Também devem ter conhecimento dos objetivos
e responsabilidades que lhes são exigidos, bem como saber quais são os canais de comunicação.
• Identificar os responsáveis: Para ajudar a prevenir esses problemas, é essencial nomear uma ou
mais pessoas responsáveis por prevenir essas discussões. Estas pessoas devem estar encarregues de
detetar os possíveis mal-entendidos que podem surgir para que possam agir com antecedência.
• Empatia e negociação: É importante garantir que os funcionários compreendam que todos temos
personalidades e necessidades diferentes. Portanto, é essencial conscientizá-los de que se devem
colocar no lugar do outro para entendê-lo e poder chegar a acordos, para o bem da empresa e dos
envolvidos.