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FISIOLUSÍADAS
– PARTE 1
Um guia para não morrer de ataque cardíaco
By Laura Pires-Essling
Índice
CÉLULAS EXCITÁVEIS
Potencial de Membrana
Conceitos físicos
E.x. Difusão de Glucose e equilíbrio
E.x. Difusão de Iões e equilíbrio
Potencial de equilíbrio
Quando há 2 iões em movimento
Potencial de ação
Ciclo de condutâncias
Gates
Propriedades do potencial de ação
Contração Muscular
Músculo estriado
Contração dos músculos – espasmo
Tetanização – força contínua
Tipos de contração
Unidades Motoras
Organização do SNC
SN Autónomo
CARDIOVASCULAR
Ciclo cardíaco
Sístole ventricular
Diástole
Ciclo cardíaco direito
Curva de Pressão-Volume
Pós-carga
Inotropismo: Contratilidade
Fibras do Coração
Propriedades do músculo cardíaco
Sincício funcional
Atividade elétrica do músculo cardíaco
Potenciais de membrana
Células com capacidade contrátil:
Células do tipo pace-maker/ do tecido cardionector
Como é que estas diferenças são possíveis?
ECG
Sistema cardionetor
Teoria do Dipolo elétrico:
Derivações
Standards da realização do ECG:
Circulação
Função
Tipos de circulação
Leis gerais da circulação
Princípios da circulação
Fluxo
Distensibilidade vascular e funções do sistema arterial
Fatores que influenciam a circulação
Passagem de nutrientes para os capilares
Circulações especiais
Mecanismos de regulação
Barorreceptores
The Renin-Angiotensin System
Termorregulação
Elementos da termorregulação
Visualização geral
Fatores determinantes do DC
GASTROINTESTINAL
Inervação gastrointestinal
Sistema nervoso entérico
Arcos reflexos
Arcos reflexos locais
Arcos reflexos centrais extrínsecos
Hormonas gastrointestinais
Estômago
Duodeno e jejuno
Íleo e cólon
Da boca ao estômago
Secreção salivar
Secreção esofágica
Mastigação
Deglutição e motilidade esofágica
Estômago
Glândulas no estômago
Secreções gástricas
Motilidade gástrica
Regulação do esvaziamento gástrico
Pâncreas
Secreções pancreáticas
Fases da secreção pancreática
Fígado
Secreção biliar
Circulação biliar
Regulação da secreção e circulação hépato-biliar
Litíase biliar
Intestino delgado
Estrutura glandular
Secreção no intestino delgado
Motilidade do Intestino delgado
Válvula íleo-cecal
Cólon
Secreção cólica
Motilidade do cólon
Defecação
Diarreia
Causas
Tipos de diarreia (duração):
Tipos de diarreia
Vómito
Este resumo foi concebido a partir de alguns apontamentos pessoais e das descravadas
(obrigada a todos os coleguinhas que as fizeram! Usei religiosamente. Perdoem o plágio em
algumas porções que são literalmente copy and paste).
Há alguns temas que não achei tão importantes e, portanto, devido ao desespero e à falta de
paciência ficaram nas descravadas e não estão neste documento. Se alguma questão mais
específica surgir, recomento ir ler as desgravadas, que estão bastante claras ou ir ao Youtube.
Se virem a quantidade de texto e acharem muito, não temam! Alguns daqueles parágrafos
intermináveis são só coisas que vale a pena ter lido uma vez, mas não é para decorar. Aliás,
tentem perceber as coisas sem as decorar, porque às vezes é mesmo pela lógica!
Boa sorte,
Laura
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 1
Células Excitáveis
Transporte através de membranas
A membrana celular permite que o interior da célula seja fundamentalmente diferente do
exterior. Isto é fundamental para o funcionamento da célula!
• Gradientes de concentração
• Diferentes cargas elétricas → a célula normalmente é negativa
Lei de Fick
O fluxo de uma qualquer substância através de uma barreira está dependente de:
J= Fluxo (taxa de difusão)
D= Coeficiente da difusão 𝑑𝐶
A= Área da membrana 𝐽 = − 𝐷𝐴
𝑑𝑋
dC/dX= gradiente de concentração
➢ Difusão: se o soluto pode passar pela membrana
Osmose
Se o soluto não pode passar pela membrana, o solvente compensa o gradiente de
concentração.
Pressão osmótica: É uma pressão que suga água para dentro da solução mais concentrada
(sucção osmótica)
Gates na membrana
• Poro, canal (= poro + porta)
• Transportador (proteína)
▪ Mesmas propriedades que enzimas
Fontes de energia para transporte contra o gradiente de concentração
1. ATP → transporte primário
2. Gradiente de concentração criado por transporte primário → transporte secundário
3. Co transporte: Trocadores
Epitélios
— Muralhas de células com tight junctions entre elas (ver pele)
Transporte através dos epitélios
1. Via paracelular: pelas tight junctions → gradiente eletroquímico
2. Via transcelular: pelas células epiteliais → difusão facilitada ou transporte ativo
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 2
Potencial de Membrana
Conceitos físicos
Diferença de potencial elétrico = potencial elétrico = Voltagem (V)
• Separação espacial de cargas
Corrente elétrica = movimento de cargas aplicado a células vivas
Interior e exterior fundamente diferentes
• Separados por membrana bilipídica
• Também para cargas elétricas → célula normalmente negativa
Potencial de membrana: quantas cargas estão separadas através da membrana
Potencial de equilíbrio
Aquele valor do potencial de membrana, no qual não há corrente do ião:
Iião (corrente) = 0 Vmembrana = Eião
→ Sistema em equilíbrio
• Equação de Nernst dá Eião
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 3
Potencial de ação
— Produto de condutâncias que variam
Ciclo de condutâncias
Sódio Potássio
O sódio autocatalisa a abertura das
Despolarização Despolarização
suas gates. Isto levaria a um ciclo
vicioso!
Gates
Sódio Potássio
2. Limiar de excitabilidade
• O estímulo (ou soma de estímulos) tem um valor mínimo
3. Período Refratário
• Há um período de tempo, no qual o potencial de ação não é replicável
o P.R. absoluto: nenhum estímulo produz um potencial de ação
o P.R. relativo: um estímulo superior pode produzir um potencial de ação
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 5
Sinapse elétrica
• Ligação direta
• Sem atraso, bidirecional, sem amplificação, relativamente inflexível, não exige
conversão do sinal
• 2 células ligadas por conexonas
Sinapse química
• Sinal elétrico → Sinal químico
• Com atraso, unidirecional, amplificada, modulável, exige conversão do sinal
1. Conversão de sinal elétrico em sinal químico: vesiculas pré-sinápticas e cálcio
o PA na célula pré-sináptica → abre canais de Ca2+ sensíveis à voltagem →
aumento de [Ca] intracelular → fusão das vesículas sinápticas → libertação
de neurotransmissores na fenda sináptica
2. Sinal químico: Neurotransmissores
o Neurotransmissores podem ser desativados por enzimas (e reciclados) ou por
difusão
3. Conversão do sinal químico em sinal elétrico: recetores para neurotransmissores
o Tipos de recetores
▪ Diretos/ Ionotrópicos: 1 para 1
• Inflexíveis, rápidos
• E.x. neurotransmissor liga-se a canal de Na e abre-o
▪ Indiretos/ Metabotrópicos
• E.x. neurotransmissor liga-se a recetor que aciona uma
proteína que pode ter vários efeitos (amplificação,
modificação...)
• Dura mais
Condução
O sinal é uma mudança no potencial de membrana que passa de célula para célula. O sinal
vai perdendo força
Propagação
O sinal é o potencial de ação a ser repetido em cada célula. Este é regenerado/ amplificado
em cada célula.
→ Regenerar o sinal demora mais tempo do que recebe-lo por condução: quanto menos
amplificações forem preciso, melhor e mais rápido!
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 6
Mielina
Sinal passa quase sem perdas.
Nodulo de Ranvier: Concentração de
canais de sódio que, com o sinal, fazem
disparar o potencial de ação
Problemas:
1. Mielina é uma “célula extra” que
requer energia como as outras.
2. Há espaços muito pequenos, onde para uma fibra ter mielina, tinha que ter um
diâmetro tão pequeno que não vale a pena.
Contração Muscular
Neurónio muscular → Fenda sináptica → Fibra muscular ([Ca]; Troponina; Contração)
Músculo estriado
• Conjunto de proteínas determinadas com organização específica que se repete
• Unidade: sarcómero
• Capacidade contrátil
• Actina (Hélix; também Troponina)
• Miosina (filamento espeço c/ cabeças que se vão ligar à Actina)
Tipos de contração
1. Isotónica: músculo reduz o seu comprimente (contra uma carga)
• Ex.: levantar um peso
• Quanto maior for a tensão menor é a velocidade de encurtamento → torna-
se v = 0 quando o peso não pode ser movido (Isométrico)
• A contração é tanto mais rápida quanto mais próximo do comprimento ótimo
é o comprimento inicial do músculo
Unidades Motoras
• Unidade Muscular: Fibras musculares enervadas por um único motoneurónio
• Unidade Motora: Unidade muscular + o seu motoneurónio
• Pool de motoneurónios: Conjunto de neurónios que enervam um único músculo
• Relação motoneurónio-músculo
o Controlo fino: Poucas fibras musculares por unidade motora (olhos)
o Controlo grosseiro: muitas fibras musculares por unidade motora
Os Fisiolusíadas Células Excitáveis 8
SN Autónomo
• Tronco cerebral
• Sempre 2 neurónios
• Estímulo pode ser excitatória ou
inibidora
• Simpático: “Fight or Flight” →
aumento da atividade
metabólico
• Parassimpático: Relaxamento →
aumento da atividade anabólica
!
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 10
Cardiovascular
Principais funções do sistema Cardiovascular
1. Levar nutrientes e O2 aos tecidos
2. Distribuir ação hormonal
3. Regulas H2O nos tecidos
4. Remover produtos do catabolismo e CO2 dos
tecidos
5. Libertar CO2 nos pulmões
6. Captar O2 nos pulmões
Ciclo cardíaco
– Sequência completa da contração e do
relaxamento da bomba muscular cardíaca
Sístole ventricular
Começa quando o potencial da ação transpõe
o nódulo auriculoventricular e atinge assim o
músculo ventricular. Este evento é
representado pelo complexo QRS do
eletrocardiograma.
1. Contração isovolumétrica: Tanto as
válvulas aurículoventriculares como as
sigmoideias estão fechadas. Dá-se um
aumento muito rápido da pressão pois
o ventrículo está a contrair mantendo-
se, no entanto, o volume constante.
Quando a pressão exercida no interior
do ventrículo é superior à da válvula
aórtica, esta abre (representada na
figura 1 a tracejado) e inicia-se a fase
seguinte.
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 11
2. Ejeção rápida: Com a abertura da válvula aórtica, há uma expulsão de sangue que
estava acumulado no ventrículo, de forma rápida.
3. Ejeção lenta: No final da sístole ainda há ejeção de uma pequena quantidade de
sangue por unidade de tempo do ventrículo para a aorta. Nesta fase, as pressões
ventricular esquerda e aórtica vão atingir um máximo, a pressão sistólica de
pico. O ventrículo atinge assim o seu volume mínimo, conhecidos como volume
telesistólico ou volume de reserva que é atingido no momento de encerramento da
válvula aórtica.
Diástole
– Relaxamento e enchimento
1. Protodiástole (Wigers): O ventrículo começa a relaxar com a válvula mitral ainda
encerrada e a válvula aórtica ainda aberta. A pressão começa a diminuir cair até ser
menor no ventrículo do que na aorta levando ao fecho da válvula aórtica.
2. Relaxamento isovolumétrico: Tanto as válvulas auriculoventriculares e sigmoideias
estão fechadas. A pressão no ventrículo baixa abruptamente com um volume,
novamente, constante.
3. Enchimento ventricular rápido: Quando a pressão no interior do ventrículo é menor
do que a pressão no interior da aurícula esquerda, a válvula mitral abre pelo que o
sangue acumulado na aurícula vai drenar rapidamente para o ventrículo, provocando
uma queda inicial da pressão auricular. De seguida, as pressões em ambas as
câmaras vão se elevar lentamente, à medida que a aurícula e o ventrículo continuam
a receber o retorno venoso.
4. Enchimento ventricular lento ou diástase: O sangue continua a chegar a aurícula de
forma mais lenta, ou seja, a quantidade de sangue por unidade de tempo é menor,
dado que a diferença de pressão deixa de ser tão significativa. É uma fase
relativamente mais longa do que a anterior.
5. Sístole auricular: Iniciada pela contração auricular, próximo do final da diástole
ventricular, na sequência da despolarização das células do músculo auricular,
traduzidas pela onda P do eletrocardiograma. À medida que as células do músculo
auricular desenvolvem tensão e se encurtam, a pressão auricular aumenta e uma
quantidade adicional de sangue vai ser ejetada para o interior do ventrículo.
Volume telediastólico: É igual à soma do volume de sangue residual que existe no interior
da camera no momento da abertura da válvula auriculoventricular com o volume de sangue
que nela entrou no decurso do período de enchimento. Volume total no final da diástole.
Curva de Pressão-Volume
Analisando as suas fases principais:
• A e D correspondem à diástole
• B e C correspondem à sístole ventricular
• Canto inferior esquerdo: V. telesistólico
• Canto inferior direito: V. telediastólico
Volume de ejeção = Volume sistólico
Trabalho realizado pelo ventrículo: Área por baixo da curva
Complacência: Maior ou menor facilidade com que os ventrículos acomodam o sangue que
lhes chega das aurículas.
Fração de ejeção: Relação existente entre o volume de ejeção e o volume telediastolico da
camera ventricular. A fração de ejeção normal do coração num estado de pré-carga, pós-
carga e inotropismo normal é de cerca de 60%.
Mecanismo
Se o retorno venoso pulmonar aumentar → Ventrículo enche com uma maior quantidade
de sangue → Mecanismo de Frank Starling: um aumento da pré- carga, leva a um aumento
do comprimento do músculo e isto vai fazer com que o mesmo gere mais tensão,
permitindo um maior encurtamento. (Até um certo ponto) → Aumento do volume de
ejeção (pode acontecer ao contrário!)
• O volume telesistólico mantem-se inalterado!
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 14
Pós-carga
– Stress sobre o ventrículo pela artéria para onde vai bombear
Inotropismo: Contratilidade
– Força de contração controlado pelo SNS
Fibras do Coração
O coração é composto por 3 tipos principais de músculo cardíaco:
1. Músculo auricular
2. Músculo ventricular
3. Fibras com capacidade excitatória e condutiva especializadas (cardionetor)
A contração do músculo auricular e ventricular é semelhante à do músculo esquelético, mas
é muito mais prolongada. As fibras do tecido cardionetor tem capacidade contrátil mais
reduzida mas têm uma velocidade de condução do estímulo elétrico bastante maior
Sincício funcional
– As células cardíacas estão interligadas
1. Sincício auricular: paredes das aurículas
2. Sincício ventricular: paredes dos ventrículos
Esta divisão do músculo cardíaco em 2 sincícios funcionais permite que as aurículas se
contraiam algum tempo antes da contração dos ventrículos, promovendo o enchimento
ventricular.
Potenciais de membrana
Os iões determinantes para o potencial de membrana do músculo cardíaco são: sódio, cálcio
e potássio. Dos quais os primeiros dois vão estar mais concentrados no líquido intersticial o
e último dentro das células. No potencial de membrana é importante ter em conta as
permeabilidades (relacionada com o no de canais que estão abertos para esse ião num
determinado momento) e que o potencial de equilíbrio das células é negativo (mais próximo
de potencial de equilíbrio de K). Quando estimuladas estas células vão, portanto,
desencadear um potencial de ação.
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 16
A corrente interna rápida de sódio inicial é pequena ou mesmo ausente, logo nestas células
a fase de despolarização (fase 0) é principalmente resultante do aumento intracelular de
cálcio. Posteriormente, a membrana é repolarizada (fase 3) para o seu potencial de repouso
original, à medida que a permeabilidade ao potássio aumenta e a do sódio e cálcio
diminuem para os valores iniciais (repouso).
Efeito do SNA: A ativação dos nervos simpáticos cardíacos, aumentando o tónus simpático
cardíaco, aumenta a frequência cardíaca.
O aumento do tónus parassimpático atrasa a frequência cardíaca.
ECG
As fibras cardíacas apresentam 6 propriedades e eletrocardiografia mede 3 delas:
1. Cronotropismo, capacidade de gerar em si um impulso elétrico
2. Batmotropismo, capacidade de as células serem excitadas quando recebem este
impulso
3. Dromotropismo, capacidade das fibras de conduzir ativação elétrica de célula em
célula.
Sistema cardionetor
É constituído por:
• Nódulo sinusal (SA)
• Feixes internodais (posterior Thorel; médio Wenchenbach; anterior Bachman)
• Nódulo auriculo-ventricular (AV)
• Feixe de His (ramo direito e ramo esquerdo)
• Fibras de Purkinje
Coração é um sincício funcional o que se reflete no facto de que assim que uma célula é
estimulada por um estímulo suficiente, esse irá ser propagado para as células seguintes,
demonstrando a lei do Tudo ou Nada.
Derivações
Esta teoria foi utilizada para criar várias derivações elétricas que permitem medir a
atividade elétrica à superfície:
1. Bipolares dos membros (triângulo de Einthoven) – plano frontal
• D1: braço direito (dipolo -), braço esquerdo (dipolo +)
• D2: braço direito (dipolo -), perna esquerda (dipolo +)
• D3: braço esquerdo (dipolo -), perna esquerda (dipolo +)
2. Unipolares (central terminal de Wilson/Goldberg) – plano frontal
• aVR: right, braço direito
• aVL: left, braço esquerdo
• aVF: feet, perna esquerda
1. Ritmo
Verificar se é um ritmo sinusal (normal), quando se
inicia com a despolarização do nódulo SA. É avaliada
a partir da contagem de ondas P existentes. Mais
fácil de verificar a sua presença nas derivações D1,
D2 e aVF, onde representa uma deflexão positiva.
2. Frequência cardíaca
Mede o número de ciclos por minuto, sendo que os
valores normais se encontram entre 60 e 100 bpm.
Inferior a 60 indica uma bradicardia e superior a 100
indica uma taquicardia.
Existem 3 métodos de calcular a frequência
cardíaca:
• Multiplicação por 10: tendo um traçado com 6 segundos, basta contar as ondas P
existentes e multiplicar por 10, obtendo o número de ondas P num minuto;
• Método 1500: contar quadrados pequenos entre pontos idênticos de 2 ondas P
consecutivas e dividir 1500 por esse número;
• Método Sequencial: Encontrar uma onda P situada em cima de uma linha mais
escura, atribuir às linhas mais próximas os valores: 300, 150, 100, 75,60, 50, 40,
encontrar a próxima onda P e calcular frequência com base no número da linha em
que se encontra. NOTA: se houverem entre 3 a 5 quadrados grandes entre ondas P o
doente está dentro de valores normais.
Existem situações saudáveis em que há alterações da frequência cardíaca, nomeadamente
numa situação de Arritmia Sinusal Respiratória. Esta situação é mediada pelo SNA, levando a
um aumento da FC com a inspiração e diminuição da FC com expiração.
3. Ondas e Intervalos
Analisar o eixo, a duração e a amplitude das várias ondas e intervalos, tendo em conta os
valores tidos como normais:
• Intervalo PR: entre 120 e 200 ms; superior a 200 ms pode significar um bloqueio
aurículo-ventricular. Ca. 1 quadrado grande max.
• Complexo QRS: entre 80 e 100 ms (alguns autores consideram que até 120 ms é
normal) ca. meio quadrado grande
• Intervalo QT: entre 360 e 440 ms (no sexo feminino é considerado normal até aos
460 ms) ca. 2 quadrados grandes
Circulação
Função
• Assegurar as necessidades dos tecidos
o Transportar nutrientes
• Transportar hormonas
• Transportar produtos das células para
remoção
• Transporte de calor
• Manter um ambiente apropriado
• O sistema cardiovascular é regulado de
forma a assegurar uma pressão arterial
média constante
Tipos de circulação
• Vasos de resistência: artérias e arteríolas
o Artérias:
▪ Transportar sangue
sob alta pressão
▪ Sangue flui em alta velocidade
▪ Paredes fortes
o Arteríolas:
▪ Vasos de controlo: quantidade de sangue, resistência ao fluxo
▪ Paredes musculadas
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 24
Lei da pressão
A pressão arterial média depende do débito
cardíaco e da resistência periférica total (controlada
maioritariamente pelas arteríolas). O débito
cardíaco depende da frequência cardíaca e do
volume sistólico, por isso:
𝑷𝑨𝑴 = 𝑫𝑪 × 𝑹𝑷𝑻
𝑷𝑨𝑴 = 𝑭𝑪 × 𝑽𝑺 × 𝑹𝑷𝑻
Lei do débito
A lei da velocidade diz nos que a velocidade do
sangue diminui à medida que se afasta do coração.
Chega a um mínimo nos capilares e vai aumentar
progressivamente nas veias, à medida que se aproxima do coração.
Lei do débito
A lei do debito, diz nos que para qualquer secção transversal completa do sistema
circulatório, passam iguais quantidades de sangue em intervalos de tempo iguais.
Assim, se pela raiz da aorta passam 5 L de sangue por minuto, igual quantidade estará
passando nesse período de tempo no:
• Tronco da pulmonar
• Conjunto dos capilares aórticos (sistémicos)
• Conjunto dos capilares pulmonares
Princípios da circulação
Fluxo
O fluxo sanguíneo é determinado por 2 fatores:
1. Resistência vascular ao fluxo
2. Gradiente de pressões: o sangue vai de um local de maior pressão para um de menor
pressão
Fluxo laminar
Quando o sangue flui de forma estável ao longo do vaso e o vaso é longo e uniforme, o
sentido com que o sangue flui, irá organizar-se ao longo de linhas de corrente, em que
existirão camadas de sangue equidistantes da parede do vaso. Além disso, a porção mais
central do sangue irá permanecer no centro do vaso e fluirá mais rápido (perfil parabólico).
O perfil de fluxo normal é este fluxo laminar.
Fluxo turbulento
Quando a intensidade do fluxo sanguíneo é muito elevada ou quando o sangue passa por
uma obstrução do vaso, por um ângulo fechado ou por uma superfície mais áspera, o fluxo
vai tornar se turbulento ou desordenado em vez de ser laminar. Quando ocorrem estes
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 26
redemoinhos, a resistência ao fluxo do sangue será muito maior do que no fluxo laminar
uma vez que vão provocar um grande aumento do atrito total do fluxo dentro do vaso.
Resistência ao fluxo
A resistência ao fluxo sanguíneo é dada pela resistência ou pelo seu inverso, pela
condutância do vaso. A condutância é a medida do fluxo sanguíneo que passa por um vaso.
Esta medida é expressa em mm/s por mmHg de pressão. A condutância é a recíproca exata
da resistência. A resistência vai depender maioritariamente do diâmetro/do raio do vaso
(fluxo = 4º raio do vaso), mas também ligeiramente da viscosidade do sangue e do
comprimento do vaso.
Onda de pulso
Cada batimento cardíaco faz com que uma nova onda de sangue chegue às artérias. Se não
fosse por esta elasticidade ou distensibilidade do sistema arterial, todo este novo volume de
sangue teria de fluir pelos vasos sanguíneos periféricos quase instantaneamente apenas
durante a sístole cardíaca e não ocorreria qualquer fluxo durante a diástole.
A onda de pulso na raiz da aorta é demonstrada na
imagem da esquerda. Num adulto jovem e saudável, a
pressão de pico de cada pulso, ou pressão sistólica será
de 120mmHg; por outro lado, no ponto mais baixo de
cada pulso da pressão diastólica, o valor andará na casa
dos 80mmHg. A diferença entre estas duas pressões, a
sistólica menos a diastólica, é chamada de pressão de
pulso e será de cerca de 40mmHg.
Em geral, quanto maior o débito sistólico, maior será a
quantidade de sangue que deverá ser acomodada na
árvore arterial a cada batimento, portanto, maiores
serão o aumento e a queda de pressão durante a sístole
e a diástole, resultando assim numa maior pressão de
pulso. Por sua vez, quanto menor for a complacência da árvore arterial, maior será o
aumento da pressão provocado por um dado volume de sangue bombeado em cada
batimento para as artérias.
Outra propriedade da árvore vascular arterial e que deriva também da
sua elasticidade é a transmissão da onda de pulso para as artérias
periféricas. Quando o coração ejeta sangue para a aorta durante a
sístole na fase inicial, apenas a porção proximal da aorta é inicialmente
distendida. Isto porque a inércia do sangue vai impedir o seu
movimento súbito por todo o trajeto até à periferia. Entretanto, o
aumento da pressão na aorta proximal, vai superar com muita
velocidade esta inércia e a onda de distensão vai ser transmitida
distalmente ao longo da aorta como demonstrado nesta imagem. Este
fenómeno é a transmissão da onda de pulso para as artérias
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 27
periféricas. A elasticidade das artérias, vai permitir que elas atuem como um reservatório
para cada batimento cardíaco. Elas têm um papel importante na conversão do fluxo pulsátil
de saída do coração num fluxo constante ao longo dos leitos vasculares dos órgãos
sistémicos.
É assim que nós temos uma movimentação de fluido: há filtração nas porcões dos capilares
mais próximas da arteríola, à medida que vai havendo filtração vamos tendo um aumento
da concentração do fluido dentro do vaso capilar e consequentemente um aumento da
pressão oncótica e, ao mesmo tempo, a saída de liquido vai fazer com que haja uma
diminuição da pressão hidrostática; a partir de determinada altura, vamos ter mais absorção
do que filtração.
Este movimento de líquidos entre
o capilar e o intersticio é um dos
primeiros movimentos para que
nós olhamos naquilo que é o
equilibrio entre os
compartimentos de fluidos no
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 29
Circulações especiais
Circulação coronária
1. fluxo sanguíneo coronário é influenciado por vários fatores físicos: viscosidade
sanguínea, resistência por atrito da parede dos vasos, pressão aórtica e compressão
extra-vascular pelo miocárdio ventricular esquerdo
2. O fluxo da artéria coronária esquerda está muito reduzido durante a sístole
ventricular em consequência da compressão extra-vascular e é máximo durante a
diástole, altura em que os vasos não estão submetidos a essa força
3. A regulação nervosa do fluxo sanguíneo coronário é muito menos importante que a
regulação metabólica
4. Existe uma relação direta, estreita, entre a atividade metabólica do coração e o fluxo
sanguíneo coronário.
Circulação cerebral
1. O débito sanguíneo cerebral é regulado predominantemente por fatores
metabólicos, especialmente C02, K+ e adenosina.
2. O aumento da atividade regional cerebral produzido por estímulos tais como dor,
movimentos da cabeça, leitura, fala, resolução de problemas está associada a um
aumento do fluxo sanguíneo das respetivas áreas activadas do córtex cerebral.
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 30
Mecanismos de regulação
Barorreceptores
• Baroreceptor will adapt to the long term change of blood pressure.
• If the blood pressure is elevated for a long period of time, several days or years, the
set point will transfer to the elevated mean blood pressure.
• That makes the baroreceptor system unimportant for long-term regulation of
arterial pressure
Termorregulação
Tem que haver um equilíbrio entre:
1. Necessidade de conservar calor e
2. Necessidade de dissipar calor
Elementos da termorregulação
1. Produção metabólica de calor
2. Trocas de calor por irradiação
3. Trocas de calor por convecção (ex. vento frio)
4. Trocas de calor por condução (maioritariamente quando o
corpo está em contacto direto com algo: ex. água)
5. Trocas de calor por evaporação (único método que funciona
quando o exterior está mais quente que o corpo)
Os Fisiolusíadas Cardiovascular 32
Visualização geral
Fatores
determinantes do DC
+ = proporcional
- = inversamente
proporcional
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 33
Gastrointestinal
Principais órgãos do sistema digestivo
• Boca (ou cavidade oral), orofaringe e esófago
• Estômago
• Intestino delgado, que se pode subdividir em:
1. Duodeno
2. Jejuno
3. Íleo
• Intestino grosso ou cólon, que também se pode subdividir em:
1. Cólon ascendente
2. Cólon transverso
3. Cólon descendente (+cólon sigmoideu)
4. Reto e ânus
• Órgãos acessórios: Fígado, vesícula biliar e pâncreas
O bolo alimentar que se forma entre a cavidade oral e o esôfago vai no estômago dar
origem ao quimo, que, por sua vez, entra no duodeno para dar origem ao quilo que se
transforma em fezes no final do cólon, para serem ejetadas pelo ânus.
Inervação gastrointestinal
A inervação gastrointestinal é assegurada pelo sistema
nervoso entérico, intrínseco ao próprio sistema e o sistema
nervoso autônomo, extrínseco ao sistema. Estes 2 sistemas
comunicam entre si.
Arcos reflexos
Estímulo conduzido
até gânglios pré-
vertebrais ou
tronco cerebral
Estimulação do
sistema nervoso
autónomo
Fibras eferentes
comunicão com os
plexos mientérico e
submucoso
Resposta ao nível
da mucosa ou
camada muscular
Hormonas gastrointestinais
Estômago
• Gastrina: secretada pelas células G do estômago. É secretada por estimulação de
aminoácidos e pequenos péptidos, estimulação de distinção gástrica ou estimulação
vagal. A gastrina promove o aumento da secreção ácida e o crescimento da mucosa
gástrica.
Duodeno e jejuno
• Colecistocinina (CCK): produzida pelas células I. A sua síntese é estimulada por
aminoácidos, pequenos péptidos e ácidos gordos. Ela vai promover a secreção
pancreática (de enzimas e de carbonato), a contração vesicular da vesícula biliar, o
relaxamento do esfíncter de Oddi, a inibição dos vaziamentos gástricos e promover o
crescimento do pâncreas exócrino e da vesícula.
• Secretina: A secretina é sintetizada no duodeno pelas células S. A sua libertação é
estimulada pela diminuição do pH (aumento da concentração de iões de hidrogénio)
e o aumento da concentração de ácidos gordos. A secretina vai promover a secreção
pancreática e secreção biliar bicarbonato e vai diminuir a secreção de ácido gástrico
e a função trófica da gastrina, ou seja, vai contrariar a promoção do crescimento
celular, que a gastrina promove.
• GIP (glucose-dependent insulinotropic peptide): é produzido pelas células K do
jejuno e duodeno. A sua secreção é estimulada pela glucose, aminoácidos e ácidos
gordos. A GIP vai promover a secreção pancreática de insulina e vai diminuir a
secreção de ácido gástrico.
Íleo e cólon
• GLP-1 (glucagon-like peptide 1)- é secretado pelo é íleo, mais do que pelo cólon. Vai
aumentar a secreção de insulina.
• Péptido YY
Outras hormonas que não são secretadas pelo trato gastrointestinal, mas vão afetar a sua
função
• Leptina: produzida pelo tecido adiposo. Hormonas da saciedade, diminui o apetite, a
gluconeogénese e os triacilgliceróis ectópicos, portanto, em locais que não o tecido
adiposo e ainda parece ativar o sistema nervoso simpático.
• Adiponectina: produzida pelo tecido adiposo. É uma hormona que diminui a
glicémia e diminui os níveis plasmáticos de glucose, parecendo aumentar a
sensibilidade para a insulina no tecido adiposo e no fígado.
• Visfatin: produzido pelo tecido adiposo. Parece ser uma hormona insulinomimética
Outras hormonas que não atuam diretamente no trato gastrointestinal, mas têm efeitos
metabólicos
3 principais hormonas contra-reguladoras da ação da insulina. Elas vão proporcionar o
aumento da glicémia (enquanto que a insulina propicia a diminuição da glicémia) e vão fazê-
lo por aumento das vias catabólicas de glícidos e de lípidos
• Adrenalina: catabólico a nível protéico
• Cortisol: catabólico a nível protéico
• Hormona de crescimento: não promove o catabolismo proteico, mas sim a síntese
proteica
• Hormonas tiroideias: estimulam o metabolismo oxidativo e, portanto, estimulam o
catabolismo.
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 38
• Regulação hormonal
o Hormonas peptídicas
o Regulação do volume e tipo de secreções
o Resposta à presença e tipo de nutrientes / alimentos
o + Importante para as secreções gástrica e pancreática
Da boca ao estômago
Secreção salivar
• Glândulas salivares
o Maiores:
▪ Parótida
▪ Submandibular
▪ Sublingual
o Menores:
▪ Bucal
▪ Lingual
▪ Palatina
• Saliva
o pH: 6.0-7.0
o G. parótida → serosa
o G submandibulara → serosa + muco • G sublingualàserosa + muco
o G. bucala → muco
o Secreção salivar (ver acinares complexas acima):
▪ Fase acinar
▪ Fase ductal (ductos salivares)
• Regulação neuronal da saliva
o Sentidos e apetite: estimula secreção
o Desidratação, medo e dormir: inibe secreção
o Apetite + Estímulos táteis e sensórios → Nervos glossofaríngeo (IX) e facial
(VII) → Trato solitário → Núcleo salivar superior e inferior → estimulam as
glândulas
Secreção esofágica
• Maioritariamente muco
• Esófago medial:
o Glândulas mucosas simples
o Lubrificação
• Esófago distal e proximal:
o Glândulas mucosas complexas
o Lubrificação e proteção
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 40
Mastigação
• Executada por dentes e músculos
• Nervo trigémeo (V) e tronco cerebral
• Regulado por sabor e odor → centros do paladar e olfato
• O reflexo da mastigação
• E cíclico:
o Reflexo inibitório (relax.)
o Reflexo de estiramento
o Contração reactiva (rebound contraction)
• Partição dos alimentos: digestão e proteção
• Especialmente importante com fruta e vegetais crus
Estômago
Divide-se em 3 porções:
1. Fundo
2. Corpo gástrico
3. Antro pilórico com esfíncter pilórico que abre para
o duodeno
Glândulas no estômago
Corpo e Fundo (80% das secreções):
• Glândulas mucosas (epiteliais)
• Glândulas oxínticas
Antro:
• Glândulas mucosas (epiteliais)
• Glândulas pilóricas
Secreções gástricas
A secreção gástrica principal é o HCl pelas células parietais/ oxínticas.
1. Na+ a entrar e Cl- a sair por transporte ativo, criando um gradiente elétrico para a
saída de K+. Assim, o Cl e o K são secretados.
2. Secreções de iões H+ (protões) por troca com o K+ através da bomba ATPase.
Quanto mais K+ sair no 1o passo, mais H+ serão secretados. A água fica dissociada
nestes iões e formam-se iões hidroxilo (OH) no citoplasma celular. Estes iões
hidrogénio são ativamente secretados em troca com o K+.
3. Secreção de água para os canalículos por osmose, sendo que esta secreção também
vai conter HCl (155 mEq/L) e Cloreto de potássio (15 mEq/L), ainda vai conter
quantidades residuais de NaCl. O Co2 presente na célula origina bicarbonato, que vai
sair da célula por troca com o Cl, na membrana basolateral. Assim, a célula oxíntica
produz não só HCl, que é canalizado para os canalículos, mas também bicarbonato,
que é canalizado para o fluido extracelular e eventualmente para a corrente
sanguínea. As células oxínticas também secretam pepsinogénio.
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 42
O HCl é essencial para a ativação do pepsinogénio e para a ação da pepsina (pH óptimo 1.8 a
3.5).
O factor intrínseco é co-secretado com o HCl (células parietais). Este é essencial para a
absorção de vitamina B12 no íleo.
→ Numa situação em que a parede gástrica esteja comprometida (gastrite crónica) para
além de não haver secreção de HCl, também vai ocorrer anemia perniciosa, devido à falta
de secreção de fator intrínseco e consequente comprometimento da absorção de vitamina
B12 que por sua vez, não está disponível para estimular a medula a produzir glóbulos
vermelhos.
Estímulos:
− Distensão do intestino delgado
− Aumento das valências ácidas (provenientes do suco
gástrico)
− Irritação da mucosa
− Muitos resíduos proteicos
▪ Hormonal: Despoletados pela presença de quimo do intestino mais
proximal (duodeno e jejuno).
Estímulos que aumentam a secreção de hormonas por parte
do intestino delgado:
− Acidez (proveniente do suco
gástrico)
− Aumento de resíduos lipídicos ou
proteicos
− Hiper e Hipo osmolaridade
− Irritação da mucosa
Hormonas que inibem a secreção
gástrica e que reduzem o
esvaziamento gástrico:
− Secretina (+): principalmente.
Também importante para a
secreção pancreática
− Péptido inibitório gástrico (GIP)
− Péptido vasoactivo intestinal
(VIP)
− Somatostatina: a somatostatina
e as prostaglandinas são inibidoras
das células ECL
Entre refeições, o estômago vai ainda secretar alguns ml de secreção gástrica através de
células não oxínticas, ou seja é sobretudo uma secreção mucosa, quase sem pepsina e HCl
(período interdigestivo).
Motilidade gástrica
Funções motoras do estômago
• Armazenamento: distensão leva a aumento do volume do estômago (0.5 – 1.8 l)
• Propulsão e Mistura: leva ao quimo
o Ondas peristálticas: quando a comida entra nos estômago são
estimuladas.
▪ Ondas peristálticas contráteis fracas (ondas de mistura, supero-
inferiores): longitudinais e que empurram a comida supero-
inferiormente em periodos de 15 a 20 segundos. + intensidade do
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 44
Pâncreas
– Exócrino
Secreções pancreáticas
– Glândulas acinares complexas
• Células acinares: secretam essencialmente enzimas digestivos
• Células ductais: secreções hidroelétricas, ricas em água e bicarbonato →
importantes, uma vez que asseguram a isoosmolaridade do suco pancreático
Secreção pancreática aumenta quando o quimo atinge o duodeno, sendo que as
características das secreções variam (até certo ponto) com a composição dos alimentos,
nomeadamente, tendo em conta as proporções de lípidos, glícidos e proteínas.
Os produtos da secreção pancreática são, portanto:
• Enzimas pancreáticos: função de digestão
• Bicarbonato
Enzimas pancreáticos
NOTA: alguns glícidos, como a celulose não são passíveis de ser clivados, estes vão ser
degradados pela amílase.
NOTA: a tripsina, para além das suas atividades proteolíticas conhecidas, vai ainda
promover a ativação do quimiotripsigénio em quimiotripsina, atuando como enteroquínase
(vai ativar ela própria outras enzimas proteolíticas.
Bicarbonato
• É secretado para o lúmen do tubo por um
transporte ativo, juntamente com o sódio
(Co transporte)
• Ajuda a neutralizar a componente mais
ácida proveniente do quimo que vem do
estômago
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 46
Fígado
O fígado está ligado aos ductos
hepáticos e a vesícula ao ducto cístico.
Os ductos hepáticos e cístico
comunicam com o ducto comum ou
colédoco → ducto biliar comum vai
drenar a bílis e as secreções biliares
para a ampola de Vater/ esfíncter de
Oddi.
A circulação biliar vai do duodeno ao
íleo → no íleo ocorre a circulação portal (bílis vai ser recaptada
através da circulação portal/ interna).
A principal função hépato-biliar é a secreção biliar.
Secreção biliar
Bílis é secretada pelo fígado → canalizada pelos ductos
hepáticos → vesícula biliar → concentrada (devido à
desidratação) → libertada para o duodeno durante a digestão.
Constituintes da bílis
• Ácidos biliares:
o Ácidos biliares primários: resultam da síntese hepática sendo tipicamente
conjugados com taurina ou glicina antes da sua secreção
▪ Ácido cólico
▪ Ácido quenodesoxicólico
▪ Ácido urodesoxicólico
o Ácidos secundários: não resultam diretamente da síntese hepática, mas antes
da interação dos ácidos primários com as bactérias intestinais. Ou seja, são
formados quando chegam ao intestino e interagem com a microbiota
específica.
▪ Ácido desoxicólico
▪ Ácido litocólico
• Água
• Colesterol
• Bilirrubina (cor das fezes)
Função da bílis
Digestão e absorção de lípidos no intestino
delgado (têm problemas especiais na
digestão, porque são insolúveis em água →
bílis emulsifica e solubiliza os lípidos).
Reabsorção da bílis
É feita até 95%, o que implica que só 5% da
bílis é eliminada nas fezes. Esta reabsorção
é feita no ílio através da circulação entero-
portal.
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 48
Circulação biliar
1. Síntese da bílis pelos
hepatócitos: secretada
para os ductos ou
canalículos biliares
hepáticos (nos ductos
hepáticos, a secreção de
água e eletrólitos ocorre
por gradiente osmótico e
é estimulada pela
secretina)
2. Armazenamento na
vesícula biliar
3. Quimo atinge duodeno e
induz a secreção da CCK:
CCK vai promover a
contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddi → bílis flui para o
duodeno
4. Reabsorção da bílis através da circulação entero-potal (bílis vai pela veia porta até ao
fígado)
5. Bílis retorna ao fígado e é extraída pelos hepatócitos
Litíase biliar
Formação de cálculos biliares → quando
estes cálculos se soltam da vesicula biliar e
interrompe um dos canais (ducto cístico ou
principal), vai haver acumulação de bílis e
ácidos biliares para trás → aumenta a sua
concentração no sangue e no fígado →
lesão hepática.
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 49
Intestino delgado
Estrutura glandular
• Vilosidades: presentes em todo o intestino delgado
o Grande aumento de área → aumentar a absorção de água e nutrientes
• Glândulas de Brunner: região mais proximal do duodeno
o Submucosa
o Secreção de muco alcalino → proteção do componente ácido do quimo
o Estímulos:
▪ Irritação da mucosa
▪ Presença de determinados nutrientes no quimo
▪ SN parassimpático e secretina
o Inibição pelo SN simpático
• Criptas de Lieberkuhn: entre as vilosidades do intestino delgado
o Células calciformes (goblet cells): muco
o Enterócitos:
▪ Água e eletrólitos
▪ Enzimas digestivos
o Muito alcalino → função protetora e altamente favorável à absorção
intestinal
o Função secretora e de absorção
Contrações de mistura
• Contrações de segmentação
• Estimuladas pela distensão intestinal
• Concêntricas e ritmadas (8-9 por minuto)
• Segmentação do intestino:
o Fragmentação do quimo
o Maximizar a possibilidade de misturar os
fragmentos com as secreções intestinais
o Facilitar o processo de digestão e
absorção
• Regulação: SN entérico
Contrações de propulsão
• Ondas peristálticas fracas
• Ca. 1 cm por minuto → 3-5 horas do piloro até à válvula ileocecal
• Distribuição do quimo pela superfície mucosa
• Misturar os fragmentos com as secreções intestinais
• Estímulo:
o Reflexo neuronal:
▪ Reflexo gastroentérico → desencadeado pela distensão gástrica →
SNE
▪ Reflexo gastro-ilíaco → presença do quimo no íleo distal ou junto à
válvula ileocecal
o Mecanismos hormonais: várias
• Inibição por glucagina e secretina
Válvula íleo-cecal
• Abre quando há maior pressão no íleo do que no
cego (cólon)
• Esfíncter íleo-cecal
o Ajuda a prevenir o refluxo
o Regulado pelo íleo
• Regulação neuronal (SNE + SNA)
o Reflexo ceco-esfincteriano: cego distendido
→ manter esfíncter contraído
o Reflexo ceco-ileal: cego distendido →
redução do peristaltismo ileal
o Reflexo gastro-ilíaco: ingestão → aumento da
velocidade de esvaziamento ileal →
passagem rápida do conteúdo para o cego
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 51
Cólon
Cego → cólon ascendente → cólon transverso → cólon descendente → colon sigmoide →
reto com a ampola retal → canal anal com o esfíncter externo e interno
Secreção cólica
• Não existem vilosidades
• Grande quantidade de criptas de
Lieberkuhn:
o Muco como principal
secreção
• Células epiteliais minoritárias:
bicarbonato
• Estas secreções → função:
coesão fecal
Motilidade do cólon
Funções da motilidade
1. Absorção de água e eletrólitos (metade proximal)
2. Armazenamento (metade distal)
Haustrações
1. Constrições circulares intensas
o 2-3 cm de intestino contraem em simultâneo
o Formam-se uma espécie de sacos (forma característica das haustras)
2. Contrações longitudinais promovidas pela teniae coli
o Quando combinadas com as constrições circulares → haustras vão se
movimentando lentamente para a frente
• Propulsão lenta do quimo e das fezes → propulsão, envolvimento, movimentos de
mistura e exposição do quimo à mucosa
Movimentos de massa
• Propulsão
• Material fecal numa zona do cólon → distensão/ irritação → anéis musculares
constritivos vão perder as haustras e contrair como uma unidade --< propulsionam o
material para diante
• Não ocorrem muitas vezes durante o dia (~3 vezes)
• Estímulo:
o Reflexo gastro-cólico e duodeno-cólico: distensão do estômago ou duodeno
→ este é SNA + SNE
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 52
Defecação
Estruturas importantes:
• Reto
• Ânus
• Esfíncter interno (involuntário)
• Esfíncter externo (voluntário → nervos pudendos)
Reflexos defecatórios
1. Reflexo reto-esfínterico
o Puramente intrínseco
o Aumento da pressão na ampola retal → contração da parede
o Defecação só ocorre com o relaxamento voluntário do esfíncter externo
o Se a ampola retal encher >25% → urgência defecatória → pode ser suficiente
para desencadear uma defecação
o Reflexo fraco → precisa do reflexo parassimpático par o desencadear
2. Reflexo parassimpático
o Aumento da pressão na ampola retal → estimular os nervos eferentes
(nervos pélvicos) → promover o peristaltismo
o Relaxamento do esfíncter anal interno → promover outros efeitos → auxílio
da defecação
Glícidos
Intestino → degradados em glícidos mais simples →
atingimos os monossacarídeos → absorção a nível
intestinal → corrente sanguínea
• Glucose: co transportador de sódio (SGLT1)
• Frutose: co transportador de sódio (GLUT5)
Proteínas
Degradadas no estômago por pepsina em
aminoácidos ou oligopeptidos → continuam a ser degradados no intestino delgado por
tripsina → até formarem aminoácidos simples (pouco muito di-peptidos ou tri-peptidos) →
absorvidos pelas células epiteliais (→ péptidos em aminoácidos) → incorporados na
corrente sanguínea
• Transportados a favor de gradiente de sódio ou co
transporte de sódio
Os Fisiolusíadas Gastrointestinal 53
Lípidos
• Não são hidrossolúveis
• Triglicéridos digeridos por saliva, secreções
gástricas, secreções pancreáticas (lípase)
passam a monogliceridos e ácidos gordos,
glicerol e ácidos gordos livres
• Ésteres de colesterol degradados por hidrólase
• Fosfolípidos degradados por fosfolipases em
ácidos gordos lisos
→ interagem com ácidos biliares → promovem a
emulsificação → solubilizam os ácidos gordos livres
do colesterol, dos fosfolípidos → micelas →
absorvidos por intestino → “Chylomicron” →
circulação sanguínea
Diarreia
• Conteúdo fecal > 200g/dia
• > 3 dejeções/dia
Causas
1. + Motilidade
2. + Secreção intestinal
3. – Absorção intestinal
4. Pseudodiarreia e incontinência fecal
Tipos de diarreia
1. Diarreia osmótica: Substâncias osmoticamente activas e não absorvíveis no lúmen
intestinal
a. E.x. intolerância à Lactose
b. Esta diarreia melhora com jejum
2. Diarreia secretora: Perturbação do transporte hidroelectrolítico na mucosa intestinal
a. + Secreção de fluídos e eletrólitos e – absorção
b. Não melhora com jejum
3. Diarreia inflamatória: Lesão/ destruição da mucosa intestinal leva a má absorção
a. Inflamação leva a + motilidade
b. Sinais inflamatórios sistémicos
4. Diarreia funcional: + motilidade (alterações na motilidade)
5. Diarreias factícias: não são reais → fingidas
Vómito
• Estímulos periféricos (do tracto GI):
o Irritação, distensão, excitabilidade GI
o Faringe, esófago, estômago, duodeno
o Aferentes: Fibras SNS e SNP (vagais)
• Outros estímulos (sem origem GI)
o Medo, dor
o Odores ou estímulos desagradáveis
o Movimento/ cinetose (sistema vestibular no ouvido interno ou cerebeloso)
o Aumento da pressão intracraniana
o Drogas/fármacos (e.x. opioides)
• Áreas quimiorrecetoras estimuladoras (“trigger zone”) no 4º ventrículo (SNC)
• Centros de vómito (medula e ponte)