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Meio Interno 1
Para que o sinal passe ao longo da membrana é preciso que ela possua
condutância, que é a habilidade relativa de uma carga ir de um ponto a outro. Essa
condutância depende do número de partículas disponíveis para carregar a carga
elétrica e a facilidade que elas têm de viajar pelo espaço. Então, é necessário que
a membrana tenha canais iônicos em uma quantidade que não permita a dispersão
da corrente elétrica, ou seja, quanto maior for a condutância de uma membrana, mais
longe o potencial de ação percorre.
Em contrapartida, a resistência é movimento oposto à condutância, sendo
definida como a dificuldade relativa de uma carga elétrica em migrar por esse espaço.
mais concentrado para o menos concentrado, porém, nesse caso, as partículas estão
sendo reorganizadas.
O polo negativo atrai as cargas positivas e o positivo atrai as cargas
negativas, e, nesse momento, há um fluxo direcional com um sentido de corrente
elétrica e a criação de um dipolo. Esse dipolo é responsável por criar a diferença de
voltagem, sendo possível medi-la através da voltagem gerada pela pilha.
EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO
o Equação de Nernst → equação do potencial de equilíbrio para um determinado
íon
• Cada íon possui o seu potencial de equilíbrio e uma direção
Isabelle Marques e Luísa Mourad - 2020
•O potencial de equilíbrio (E) é uma razão entre uma constante (dos gases),
a temperatura (Kelvin) a valência de um íon (positiva ou negativa) e outra
constante (Faraday)
▪ Tudo isso é multiplicado por uma razão na base logarítmica de
concentração de um íon e a concentração externa desse mesmo íon
o Equação de Goldman → calcula a voltagem da membrana
• Realiza uma média ponderada dos potenciais de equilíbrio dos íons
• O resultado da voltagem da membrana em repouso é de -65 mV (sentido
da corrente elétrica para o exterior da membrana o que torna o interior mais
negativo que o exterior)
CANAIS IÔNICOS
o Importância da hidratação de um íon:
Os íons são capazes de passar por determinados canais, mas podem não
conseguir passar por outros, pois os canais possuem filtros de seletividade, que
atraem basicamente 2 tipos de íons: positivos ou negativos. Para isso, há um filtro de
seletividade de carga (se negativo, atrai positivo e vice versa). Além disso, o tamanho
do íon que irá passar por esses canais também é um fator relevante. Sódio e potássio
são íons que fazem parte da mesma família da tabela periódica (IA), logo, possuem
valência +1, que faz com que o filtro de carga não seja diferente, ou seja, atrai tanto
sódio quanto potássio (sem seletividade) e o que faz diferença é o tamanho do íon.
Como o sódio é menor do que o potássio, a tendência é que o canal iônico de sódio
seja menor do que o de potássio, porém, isso não é o que acontece na prática, porque
ambos estão em solução aquosa (diluídos em água) e as moléculas de água se
atraem a esses íons, formando uma camada de solvatação ou hidratação do íon.
Essa camada de hidratação é maior conforme menor for o íon, ou seja, quando a
água se liga ao sódio, ela se liga bem próximo ao núcleo do sódio e permite que
outras moléculas de água se liguem. Assim, a camada de hidratação do sódio é maior
que do potássio. Quando o sódio passa através do seu canal iônico, ele passa
hidratado, enquanto que o potássio perde mais água e, por isso, o canal iônico de
sódio é maior do que o de potássio, podendo permitir, também, a passagem de
potássio. Por isso, quando houver, no repouso, apenas canais de potássio aberto, é
muito provável que o sódio não seja capaz de passar.
Isabelle Marques e Luísa Mourad - 2020
Assim, na célula em repouso, é preciso atingir uma voltagem para que o canal
de sódio voltagem dependente possa abrir. Para isso, é preciso que entre algum íon
positivo. No músculo, por exemplo, isso ocorre com a abertura dos canais
dependentes de ligantes dos receptores nicotínicos. A abertura de canal de sódio
desses receptores faz com que a célula sofra uma despolarização e, se essa
despolarização atingir o limiar (potencial supra limiar), essa pequena mudança de
carga positiva irá empurrar os sítios compostos por pequenas porções de
aminoácidos e proteínas carregadas positivamente e voltadas para a face interna da
membrana celular, que está carregada negativamente no repouso. Assim, quando
começa-se a entrar um pouco de carga positiva na célula, há um processo de repulsão
dessas cargas dos sítios, que serão repelidas e o sítio será empurrado para fora,
mudando a conformação do canal iônico, que se abre. Nesse momento, como o lado
Isabelle Marques e Luísa Mourad - 2020
interno da célula está mais negativo e o sódio está mais concentrado no meio externo,
esse íon sódio irá entrar rapidamente na célula. O sódio, por sua vez, tende a atingir
seu potencial de equilíbrio, porém, não atinge, pois ele é interrompido por um sítio de
inativação ligado a esse canal iônico. Por isso, esse canal é chamado de voltagem
tempo dependente, já que após aproximadamente 1 mili segundo, esse canal é
inativado. Nesse momento, o canal estará aberto, porém, inativo, não sendo possível
a passagem de sódio e, assim, não gerando um novo potencial de ação. Isso
corresponde ao período refratário absoluto da célula.
Para que essa célula possa voltar a gerar potencial de ação, é preciso refazer
as estruturas de repouso desse canal de sódio voltagem dependente e isso ocorre
trazendo novamente a voltagem da membrana para o seu estado de repouso. Para
isso, há o canal de potássio voltagem dependente, que será aberto quando a célula
está despolarizada.
ocorre até atingir o ponto em que inativa-se o canal de sódio voltagem dependente.
Nesse momento, no fim da fase ascendente, já há o estímulo necessário para abrir
os canais de potássio voltagem dependente. Além disso, há os canais de potássio
que estão sempre abertos, mas esses canais que estão sempre abertos não são
suficientes para trazer a célula de volta para o repouso em um tempo adequado,
demorando muito tempo, se funcionando sozinhos, para fazer com que a célula
retorne para o repouso.
o potencial de ação, pois precisa-se de uma força de potencial de ação maior do que
o normal. À esse período, chama-se período refratário relativo.
Com o fechamento dos canais de sódio e potássio voltagem dependente, a
célula volta ao seu potencial de repouso, graças ao movimento de íons gerados tanto
pela bomba de sódio e potássio quanto pelos canais de potássio sempre abertos.
OBS: Neste gráfico acima é possível perceber que o sódio é o íon responsável pela
fase ascendente (curva azul escura) e o potássio é o íon responsável pela fase
descendente (curva azul clara). No momento em que a permeabilidade à sódio e
potássio estão iguais, há a fase de pico ou ultrapassagem do potencial de ação.
PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL
O potencial de ação é gerado e conduzido
através da membrana celular e essa condução
ocorre do ponto da sua formação para um lado
específico ou seja, é unidirecional. Isso ocorre
porque o potencial de ação é gerado próximo ao
corpo celular de um neurônio e se propaga para
as porções terminais do axônio. Isso se repete
continudamente após cerca de 1 milissegundo,
propagando-se o potencial.
Isabelle Marques e Luísa Mourad - 2020
PROPAGAÇÃO SALTATÓRIA
Quando o axônio do neurônio é mielinizado, a propagação do potencial de
ação ocorre de forma saltatória. Nesses casos, a perda iônica é menor. Além disso,
com a bainha de mielina, cria-se um fator de isolamento que reduz a resistência
interna e aumenta a resistência externa da membrana, fazendo com que os íons
passem pelo interior do axônio, local onde a resistência é bem menor e, por isso, o
potencial de ação de propagação saltatória passa com uma velocidade maior do que
a propagação ponto a ponto.
Conforme o potencial passa com uma maior velocidade através do neurônio,
ele excita áreas onde há os canais disponíveis, que se situam em regiões não
mielinizadas chamadas nós/nódulos de Ranvier. Assim, ao gerar um potencial de
ação nesses nós, os íons passam por dentro dos axônios até atingirem outro nódulo
de Ranvier, onde irá gerar outro potencial de ação. Dessa forma, os íons saltam pela
bainha de mielina, sendo chamada de propagação saltatória, que é uma propagação
muito mais rápida.