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O processo de obtenção de fármacos a partir de produtos naturais ocorre por intermédio de 3

mecanismos primordiais que consistem primeiramente na extração dos componentes da


matriz original, seguido a identificação dos componentes que foram extraídos e isolamento das
substâncias bioativas desejáveis. Uma vez realizada a extração, é preciso conhecer quais
componentes foram extraídos. Para tal, são empregados diferentes tipos de técnicas, sejam
elas físicas ou químicas.

O planejamento e desenvolvimento de fármacos é baseado em alguns passos. O primeiro deles


é a identificação da doença alvo, do alvo farmacológico do fármaco, estabelecer os
procedimentos testes, encontrar o protótipo, determinar a relação estrutura atividade e
identificar o grupo farmacofórico.

Protótipo: composto que denota uma provável propriedade terapêutica. Usado como ponto
de partida para o planejamento de fármacos e pode ser encontrado por diferentes tipos de
estratégias

- modelagem molecular

- RMN

-Triagem de compostos naturais ou sintéticos

Então é preciso conhecer a fisiopatologia da doença para a qual eu estou desenvolvendo o


fármaco para poder selecionar o alvo ou alvos corretos que estão realemente relacionados
com a doença e em seguida selecionar o teste correto para que eu realmente tenha o alvo que
está sendo estudado interagindo com a molécula que está sendo testada.

Principio ativo: composto isolado de um extrato natural e que é responsa´vel pela atividade
farmacológica deste. Se eu to estudando uma planta e eu sei que ela possui uma atividade,
essa atividade deve vir de alguém. A molécula presente na planta que é responsável por essa
atividade se chama de principio ativo. É esse principio ativo que é conhecido como protótipo
porque eu posso ter esse principio ativo como base e a partir dele desenvolver modificações
que me permitam encontrar o composto sintético desejado.

As fontes de protótipo

- natureza: plantas, microorganismos, animais, processos bioquímicos (neurotransmissores e


hormônios) e da química marinha.

Plantas – extratos de plantas (provem do conhecimento popular do uso de uma determinada


espécie para o tratamento de uma doença.

Ligantes endógenos: adrenalina, a adrenalina já existe no organismo e a partir dela podem ser
desenhadas medicamentos que terão efeitos agonistas, efeitos semelhantes ao próprio
composto endógeno que é o ligante natural. Mas isso não se aplica apenas para o agonista, eu
também posso mimetizar essa estrutura química do ligante endógeno para sintetizar um
antagonista, como é o caso do propranolol.

- síntese: nesta técnica o fármaco é desenhado e sintetizado e testado para saber se esse
fármaco pode exercer a ação de um protótipo, mais uma vez, para fazer isso é preciso ter
conhecimento sobre a doença alvo e o alvo farmacológico. O processo de síntese pode ser
dividido em síntese química tradicional ou síntese combinatória e paralela. Então, como o
próprio nome já diz, a síntese orgânica origina compostos sintéticos. Compostos sintéticos são
moléculas desenhadas e planejadas que depois serão testadas e verificadas. No caso da síntese
paralela, vários compostos serão desenhados em grande escala e testados em uma máquina
automática.

- in sílico: consiste no uso de ferramentas computacionais para identificar protótipos e com


isso conseguir um fármaco. Essas ferramentas computacionais permitem identificar moléculas
que podem ter ação no alvo. Isso economiza tempo e dinheiro.

No caso do RMN permite verificar como é a estrutura de uma determinada molécula e como
essa estrutura pode ser otimizada para propiciar a ligação dessa molécula com seu alvo
biológico. Então aqui nós temos um receptor, um alvo biológico e os sítios de ligação desse
alvo biológico. Então digamos que aqui eu tenho uma molécula que ainda não tem a estrutura
conformacional ideal para encaixar no sítio ativo e dessa forma não apresenta nenhum efeito
biológico e após a realização do rmn da molécula é possível identificar como é a estrutura e a
partir daí começa a otimização da molécula e o processo de otimização da molécula dá origem
ao que nós chamamos de epítomo e isso origina uma molécula que se encaixa perfeitamente
na região do sítio de ligação. Só que nesse caso eu tenho duas porções aí de uma molécula e
então eu preciso inserir uma ligação aqui para linkar essas duas porções e originar o protótipo
e esseprototipo pode sofrer alterações na estrutura e a partir dessas alterações pode ser
realizado um estudo estrutura-atividade para poder saber qual tem melhor efeito e melhor
encaixe.

Pode-se constatar que as descobertas de fármacos ocorreram, em determinados


momentos, como fruto do acaso ou baseadas no uso de determinados produtos naturais,
em geral de origem vegetal, e foram, gradualmente, substituídas por estratégias racionais
que se fundamentam na estrutura do biorreceptor eleito como alvo-terapêutico
(biomacromolécula) ou em modificações moleculares planejadas na estrutura do ligante
natural (micromolécula)2.

O acaso na inovação em fármacos

Vários fármacos disponíveis no mercado contemporâneo foram descobertos ao acaso ou


intuitivamente3, através de observações inesperadas de fatos do dia-a-dia ou em etapas de
triagem clínica.

A descoberta da penicilina (1), por Alexander Fleming em 1928, é um exemplo


emblemático quando consideramos que a partir de então nasce a antibióticoterapia, com
impacto fabuloso na qualidade de vida da humanidade. Sua descoberta se dá após
Fleming, um médico escocês que trabalhava em microbiologia no Hospital St. Mary, em
King Cross, Londres, evidenciar a inibição do crescimento de cepas de Staphillococcus em
uma placa de cultura esquecida em seu laboratório, com posterior identificação de
contaminação por fungos do gênero Penicillium. Esta observação perspicaz viabilizou a
antibióticoterapia4. Se o acaso tem um exemplo histórico datando do início do século 20,
décadas após observa-se um segundo exemplo na Inglaterra. Desta feita, refere-se à
descoberta do sildenafil (2), fármaco originalmente planejado por Campbell e
colaboradores5 como anti-hipertensivo e antianginal que, em função da baixa eficácia
terapêutica dos efeitos cardiovasculares observados, acaba desenvolvido para tratamento
da disfunção erétil através de um novo mecanismo farmacológico, a partir da constatação
de efeito colateral evidenciado na etapa inicial dos ensaios de triagem clínica
mpedimento estérico: tensão provocada pelas interações
repulsivas quando átomos se aproximam muito um do outro.

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