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Agora a parte mais importante da redação do ENEM

3- Proposta de intervenção Os corretores da redação não


Se você já fez o Enem ou já viu uma esperam que durante o tempo de
proposta de redação do exame, deve prova você encontre uma solução
lembrar que logo depois do tema é
para o problema tematizado. Eles
requisitado que o candidato elabore uma
proposta de intervenção que respeite os somente esperam que você
direitos humanos. Esse é um trecho muito exponha alguma ação que ajude
importante da proposta de redação e que no enfrentamento do problema.
não deve ser ignorado. Só a proposta de
Não precisa ser nada inédito, só
intervenção já vale 200 pontos da nota da
sua redação. precisa ser uma intervenção bem
estruturada.
Mas, como fazer uma proposta de intervenção correta e completa?

Ela precisa ter 5 elementos:

1. Ação (o que fazer?)


2. Agente (quem vai fazer?)
3. Efeito (para quê fazer?)
4. Modo (como fazer?)
5. Detalhamento (explicação e exemplos)
Ação
CUIDADO!!!
A sua proposta de intervenção
deve partir de uma ação concreta É comum que os candidatos pensem
para intervir no problema. Para no verbo “conscientizar” como ação
da proposta de intervenção. No
isso, pergunte a si mesmo: “o que é
entanto, esse não é um verbo válido
possível fazer para intervir no
como ação. Isso porque a
problema apresentado no tema?”.
conscientização não é uma ação
Normalmente, essa ação vai ser
visível. “Conscientizar” acaba sendo
marcada por um verbo propositivo. mais um efeito da proposta do que
uma ação em si.
Pense no que você poderia fazer para criar a conscientização. Por exemplo: “é preciso criar
campanhas a fim de conscientizar a população”. Nesse caso, “criar campanhas” é a ação, e
“conscientizar a população” é o efeito.
AGENTE

Depois de pensar na ação, você deve informar quem


seria o responsável pelo seu planejamento e execução. É
muito comum que a responsabilidade seja de órgãos
governamentais, como ministérios, prefeituras e
secretarias. Outras possibilidades de agentes são as
famílias, escolas, associações, ONG’s etc.
MODO

Também é necessário deixar marcado de que modo a ação


será colocada em prática. No caso da criação de
campanhas, por exemplo, para apresentar o modo você
poderia escrever que elas se efetivariam por meio da
divulgação na televisão e rádio. Uma dica para você indicar
o modo é utilizar a expressão “por meio de…”.
EFEITO

O efeito se refere ao objetivo da ação que você está


propondo. É o resultado que você espera obter com a
sua intervenção. Se o tema da redação fosse “obesidade
infantil”, por exemplo, você poderia escrever que “é
importante criar campanhas a fim de diminuir a
obesidade infantil”. “Diminuir a obesidade infantil” seria
o efeito da ação escolhida.
DETALHAMENTO

Você já deve ter ouvido falar que a proposta de intervenção


do Enem precisa ser detalhada e ficou desesperado
achando que teria que fazer várias propostas. Mas não
precisa, viu? É necessário fazer uma única proposta
completa e bem detalhada. Os detalhamentos nada mais
são do que exemplos e explicações sobre os 4 elementos
que vimos até aqui (ação, agente, modo e efeito).
Lembrando que o uso de conectivos sempre ajuda a manter a coesão e a coerência do seu texto.
Veja agora a CONCLUSÃO de quatro textos

Apenas o primeiro será a continuidade do


texto trabalhado na introdução e no
desenvolvimento. Vidas secas, Fernanda
Quaresma, Iguaracy, PE - 2021
“Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à
cidadania no Brasil”.

Fernanda Quaresma, 20, Iguaracy (PE)


Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família
vivem uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do
protagonista não recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o
“mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo.
Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se a
problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela
invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é
imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação
oficial da população.
DESENVOLVIMENTO - 1º PARÁGRAFO
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente
falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já
estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania
completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis.
Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido – em outras
palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é
possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da
mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3
milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem
reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão.
DESENVOLVIMENTO - 2º PARÁGRAFO
Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete,
também, na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão
ocorre, pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde
a Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja,
de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de
desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito
às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são
obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das
mais diversas discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento
se, antes, não tiverem sua identificação oficial.
CONCLUSÃO - 4º parágrafo
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro
está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema.
Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação
deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade
Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas,
divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro
oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de
mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os
meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do
seu nome e identidade.
CONCLUSÃO - 4º parágrafo
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro
está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater (AÇÃO) esse grave
problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, (AGENTE) ampliar (AÇÃO) o acesso aos
cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto
Nacional de Incentivo à Identidade Civil,(MODO) o qual irá articular, junto aos gestores dos
municípios brasileiros,(AGENTES) campanhas, divulgadas pela mídia socialmente
engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania,
além de instruções para realizar o processo, a fim de mitigar (EFEITO)as desigualdades
geradas pela falta dessa documentação.(DETALHAMENTO) Afinal, assim como os meninos
em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome
e identidade. (FRASE_FECHO)
O filme “Coração da Loucura” – que narra a história da psiquiatra Nise
da Silveira – retrata a desumanização sofrida pelos indivíduos que
possuem psicopatologias, o que dificulta a realização de tratamento
adequado e a inserção social destes. Nesse sentido, a temática da obra
está intimamente relacionada à sociedade brasileira atual, visto que o
estigma associado às doenças mentais é um problema que restringe a
cidadania no país. Com efeito, hão de ser analisadas as causas que
corroboram esse grave cenário: a desinformação e a mentalidade
social.
Portanto, o Ministério da Educação deve promover a informação segura a respeito das
doenças mentais desde os primeiros anos da vida escolar por meio da adição de uma
disciplina de saúde mental à Base Nacional Curricular, além de realizar campanhas
informativas na mídia, visando à plena educação psicossocial da população. Somado a
isso, o Ministério da Saúde pode dirimir o preconceito por intermédio da divulgação de
vídeos em suas redes sociais que contem a história de portadores de doenças mentais
– ressaltando a necessidade de desenvolver a empatia e o respeito – a fim de que a
sociedade seja mais democrática e inclusiva. Com essas medidas, “Coração da
Loucura” será apenas um retrato passado do Brasil, que será socialmente justo e
promoverá de forma efetiva a saúde mental de seus cidadãos.
Helário Azevedo e Silva Neto, de 17 anos, Ceará (CE)

O Período Colonial do Brasil, ao longo dos séculos XVI e XIX, foi


marcado pela tentativa de converter os índios ao catolicismo, em
função do pensamento português de soberania. Embora date de
séculos atrás, a intolerância religiosa no país, em pleno século XXI,
sugere as mesmas conotações de sua origem: imposições de dogmas
e violência. No entanto, a lenta mudança de mentalidade social e o
receio de denunciar dificultam a resolução dessa problemática, o que
configura um grave problema social.
DESENVOLVIMENTO - 1º PARÁGRAFO

Nesse contexto, é importante salientar que, segundo Sócrates, os


erros são consequência da ignorância humana, Logo, é válido
analisar que o desconhecimento acerca de crenças diferentes influi
decisivamente em comportamentos inadequados contra pessoas que
seguem linhas de pensamento opostas. À vista disso, é interessante
ressaltar que, em algumas religiões, o contato com perspectivas de
outras crenças não é permitido. Ainda assim, conhecer a lei é
fundamental para compreender o direito à liberdade de dogmas e,
portanto, para respeitar as visões díspares.
DESENVOLVIMENTO - 2º PARÁGRAFO

Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo


Freire, um seu livro "Pedagogia do Oprimido", é necessário
buscar uma "cultura de paz". De maneira análoga, muitos
religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em denunciar casos
de intolerância, sobretudo quando envolvem violência.
Entretanto, omitircrimes, ao contrário do que se pensa, significa
colaborar com a insistência da discriminação, o que funciona
como um forte empecilho para resolução dessa problemática.
Sendo assim, é indispensável a adoção de medidas capazes de assegurar o
respeito religioso e o exercício de denúncia. Posto isso, cabe ao Ministério da
Educação, em parceria com o Ministério da Justiça, implementar aos livros
didáticos de História um plano de aula que relacione a aculturação dos índios com
a intolerância religiosa contemporânea, com o fito de despertar o senso crítico
nos alunos; e além disso, promover palestras ministradas por defensores públicos
acerca da liberdade de expressão garantida pela lei para que o respeito às
diferentes posições seja conquistado. Ademais, a Polícia Civil deve criar uma
ouvidoria anônima, tal como uma delegacia especializada, de modo a incentivar
denúncias em prol do combate à problemática."
CAIO NOBUYOSHI KOGA, 18 anos, São Paulo

Conserva a Dor
O Brasil cresceu nas bases paternalistas da sociedade europeia, visto
que as mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais,
inclusive do voto. Diante desse fato, elas sempre foram tratadas como
cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade que as demais.
Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a
violência contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da
falta de conscientização da população.
CAIO NOBUYOSHI KOGA, 18 anos, São Paulo

Conserva a Dor
O Brasil cresceu nas bases paternalistas da sociedade europeia, visto
que as mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais,
inclusive do voto. Diante desse fato, elas sempre foram tratadas
como cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade que as
demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências,
como a violência contra a mulher, fruto da herança social
conservadora e da falta de conscientização da população.
TEMA:

"A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira". ENEM 2015


DESENVOLVIMENTO - 1º PARÁGRAFO

Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do


pensamento da população brasileira. São constantes as notícias
sobre o assédio sexual sofrido por mulheres em espaços públicos,
como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena reação a fim de
acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a
normalidade da postura machista da sociedade e a permissão velada
para o seu acontecimento. Esses constantes casos são frutos do
pensamento machista que domina a sociedade e descende
diretamente do paternalismo em que cresceu a nação.
DESENVOLVIMENTO - 2º PARÁGRAFO

Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher


permanece na contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A
mulher é constantemente tratada com inferioridade pela população e
pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que demonstra com
clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que,
chegando à polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa
que estava vestindo. A violência se torna dupla, sexual e psicológica;
essa, causada pela postura adotada pela população e pelos órgãos
públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à vítima.
CONCLUSÃO
O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve
ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente
sofreram e foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique
corretamente a lei, acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além
de promover a conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre
a violência contra a mulher. Cabe à sociedade civil o apoio às mulheres e aos
movimentos feministas que protegem as mulheres e defendem os seus direitos,
expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado
e da sociedade, aliado ao debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar
com a violência contra a mulher.
Enem 2018: tema “a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.

“Por isso, para combater tal manipulação, é necessário que o Ministério


da Educação, com o auxílio de escolas, promova saraus e campanhas,
em diversas mídias de massa que mostrem a importância dos jovens
buscarem fontes variadas de informação, por meio de incentivo à
leitura de jornais, livros e sites confiáveis, com a finalidade de criar uma
população com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas,
barrando-as e, consequentemente, beneficiando o regime democrático”.
Enem 2018: tema “a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.

“Por isso, para combater tal manipulação(EFEITO), é necessário que o


Ministério da Educação, com o auxílio de escolas (AGENTES), promova
(AÇAO) saraus e campanhas, em diversas mídias de massa que mostrem
a importância dos jovens buscarem fontes variadas de
informação(DETALHAMENTO), por meio de incentivo à leitura de jornais,
livros e sites confiáveis (MODO), com a finalidade de criar uma população
com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, barrando-as
e, consequentemente, beneficiando o regime democrático”.(EFEITO)

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