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Neuropsicologia e Implicações Éticos-Legais

 Função Memória e suas Implicações forenses;

A partir da analise da contribuição da memória nas implicações forenses


podemos afirmar que a memoria tem por função três linhas de análise:

 Prejuízo da memoria, decorrente de demências.


 Simulação de problemas de memorias como no caso de fingir uma
amnesia;
 O papel da memória no depoimento de testemunhas confirmando do
que foi dito em processo jurídico, a confiabilidade.

O que são as falsas memórias?

Para a neurociência memoria corresponde a toda informação que pode


ser fixada no cérebro, seja em curto prazo ou longo prazo. Quando
falamos de memória precisamente nos referimos a lembranças de fatos
experienciamos em algum momento, entretendo a veracidade
relacionada a esses fatos de forma inquestionável seria de certa forma
um ato falho e exagerado, mediante ao aspecto falível que a memoria
pode apresentar. A certa maneira, a memoria nos permite acessar
variados acontecimentos ao longo da vida, mas esses fatos podem ser
reconstruídos e não reproduzidos fielmente em relação a detalhes que
podem ser deletados em longo prazo. Assim, as falsas memórias podem
ser consideradas, como falhas nessas recordações, modificando fatos
que existiram ou criando outros que nunca aconteceram, considerando o
aspecto maleável da memória.

 Exemplos de outros casos como este para exemplificar seu ponto;

Guilherme Rosa (2023) destaca no artigo: “Gente inocente é presa por


memórias falsas no Brasil” o caso de Israel de Oliveira Pacheco
condenado há onze anos e meio de prisão por estrupo de uma jovem no
Rio Grande do Sul, quando mesmo com exames de DNA que
comprovaram que a mancha de sangue encontrada na cena do crime
não pertencia a Israel, a prova técnica foi ignorada pelos
desembargadores do caso que basearam a sentença final apenas no
reconhecimento da feiro pela vitima que não isentaria a possibilidade de
Israel de sido cumplice no crime mesmo que nunca tenha sido
mencionado outro homem pela mesma vitima. Conforme aponta Rosa, o
caso de Israel ilustra como no sistema judiciário brasileiro, as
lembranças das testemunhas e das vítimas são levadas mais em conta
do que as provas técnicas apresentadas. O problema reforça a falha de
confiar em um mecanismos falho como a memória.

Ainda em seu artigo, Rosa aponta que trabalho de policiais e juízes pode
influenciar o depoimento das vítimas de crimes a ponto de elas
fabricarem memórias falsas, acreditarem nas mesmas e incriminarem
inocentes. “As provas técnicas são muito importantes, e muitas vezes
são ignoradas em favor da memória”, diz a psicóloga Lilian Stein, da
PUC do Rio Grande do Sul, especialista no assunto e autora do
livro Falsas Memórias. “Assim como o caso de Israel, existem trocentos
outros casos no Brasil em que pessoas pegam penas gravíssimas por
crimes que podem não ter cometido.” (Rosa, 2023)

 Impactos na tomada de decisão/sentença;

Como analisado acima a partir do caso citado, podemos observar como


uso de falsas memórias podem implicar diretamente em decisão ou
sentença em processo jurídico, a partir do ponto em que muitos casos,
as provas técnicas não se contrapõem à apresentação e ou uso dessas
memórias criadas gerando possíveis constatações que não existiram
como observado no caso acima. O reconhecimento falho, confiando na
memoria falsa do reconhecimento de um perfil possivelmente padrão,
gerou contra um individuo inocente uma prova inquestionável apoiada
em uma falsa alegação.
Bibliografia
Rosa, Guilherme. 2023. Gente inocente é presa por memorias falsas no Brasil.
Disponível em: https://advocaciamarizdeoliveira.com.br/gente-inocente-e-presa-
por-memorias-falsas-no-brasil/

Schimidt, Sabrina; Almeida, Fabiane de. 2021 Neuropsicologia e implicações


ético-legais. Universidade LaSalle

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