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Saúde mental: O impacto do isolamento social nos

jovens em Centros Educativos


Licenciatura em Psicologia
Metodologia da Investigação em Psicologia II

Docentes:
Marco Daniel de Almeida Pereira
Helena Teresa da Cruz Moreira
Carlos Fernando de Paulo Carona

Bernardo Alves, nº 2021199479


Bruno Rainho, nº 2021216417
Cristiana Aleixo, nº 2021215700
Henrique Goulart, nº 2021241469
Mariana Bento, nº 2021247009
Pedro Dantas, nº 2021234066

Novembro de 2022
Sumário

Os Centros Educativos têm um papel importante no desenvolvimento do jovem, na medida


em que os retiram do contexto problemático e lhes fornecem ferramentas para se reintegrarem
na sociedade, nomeadamente intervenções individuais (programas específicos), familiares e
escolares. Porém o isolamento pode levar ao aumento de problemas do foro mental.

Quando isolados da sociedade, os jovens tendem a centrar-se bastante nos seus


pensamentos e a perder o controlo das suas emoções, o que por sua vez tem um impacto
negativo na sua saúde psicológica.

Este estudo pretende compreender quais as implicações do afastamento social nos


diferentes contextos: jovens em cumprimento de medida de internamento em regime aberto e
fechado e jovens em contexto social normativo.

2
Índice

Estado da arte .......................................................................................................................................... 5


Objetivos ................................................................................................................................................. 7
Descrição Detalhada ................................................................................................................................ 7
Participantes ........................................................................................................................................ 7
Desenho da investigação ..................................................................................................................... 8
Procedimento de recolha de dados ...................................................................................................... 9
Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ):...................................................................... 9
Questionário de Autorregulação para Crianças e Adolescentes (ERQ-CA): .................................. 9
Escala de Ruminação (ERR-10-A) ................................................................................................ 10
Análise estatística dos dados ............................................................................................................. 10
Considerações éticas.......................................................................................................................... 10
Disseminação dos resultados ............................................................................................................. 11
Cronograma ........................................................................................................................................... 12
Bibliografia............................................................................................................................................ 13
Anexos................................................................................................................................................... 15
Anexo 1 – Questionário de Capacidades e Dificuldade (SDQ)......................................................... 15
Anexo 2 – Questionário de Autorregulação para Crianças e Adolescentes (ERQ-CA) .................... 17
Anexo 3 – Escala de Ruminação (ERR-10-A) .................................................................................. 19
Anexo 4 – Declaração de Participação .............................................................................................. 21

3
Índice de figuras e tabelas

Fig. 1 – Modelo Estrutural dos efeitos diretos do isolamento no bem-estar psicológico assim
como dos efeitos mediados pela ruminação cognitiva e pela desregulação emocional ........ 8 Erro! Marcador não definido.

Tabela 1 – Cronograma do Projeto de Investigação ........................................................... 12


Erro! Marcador não definido.

4
Estado da arte

No contexto do sistema de justiça juvenil, ao cumprirem medidas tutelares educativas,


alguns jovens parecem estar mais predispostos e vulneráveis ao desenvolvimento de problemas
de saúde mental (5). Por exemplo, alguns dos jovens que se encontram a cumprir medidas nos
Centros Educativos sofreram de traumas físicos ou psicológicos, bem como distúrbios
relacionados com o abuso de substâncias (9).

O psicólogo Daniel Rijo afirma e defende que uma percentagem avassaladora dos jovens
em Centros Educativos já beneficiou de medidas de promoção e proteção, contudo e face a uma
fraca capacidade de avaliação e intervenção por parte das entidades responsáveis pela matéria
de infância e juventude (escolas, contexto familiar, etc), estes jovens continuaram a executar
atos delinquentes (5).

A alta existência de perturbações mentais, em jovens a cumprir medidas tutelares


educativas, em que 93% dos adolescentes cumpriam critérios para o diagnóstico de pelo menos
uma perturbação mental e cerca de 65% para duas ou mais (9), pode levar ao desenvolvimento
de psicopatologias e envolvimento em comportamentos delinquentes (5). Após a entrada nos
Centros Educativos podem ser diagnosticadas psicopatologias destacando-se a perturbação de
conduta (8), perturbação do desafio e oposição e perturbação de hiperatividade (5). Quando
feita uma comparação entre sexos é possível observar uma diferença onde o sexo masculino
tem uma alta tendência comparado com o sexo feminino para elevados índices de
psicopatologias e desvios de conduta (9), assim como uma maior prevalência da delinquência
em classes mais baixas (1).

De forma a auxiliar no desenvolvimento individual, social e profissional, os Centros


Educativos disponibilizam ambientes estruturados onde os jovens têm acesso a intervenção
psicológica especializada (2), intervenção psicofarmacológica e realização de modelos
psicológicos multissistémicos e cognitivo-comportamentais (5). Mais especificamente são-lhes
disponibilizadas intervenções individuais focadas na promoção de capacidades, competências
sociais, estratégias de coping adaptativas, competências de estudo e o seu envolvimento em
atividades; intervenções familiares onde se pretende um envolvimento dos progenitores, a
promoção de competências de comunicação e resolução de problemas, capacidade de
supervisão e criação de uma rotina familiar e intervenções escolares de forma a promover a
adoção de estratégias e práticas com vista à mudança desejada (5).

5
De acordo com Johson Semedo, para que a reinserção na sociedade e no seio da família
seja feita de uma forma mais simples, este defende que aquando da entrada dos jovens nos
Centros Educativos estes possam ter consigo objetos com valor sentimental (7).

O isolamento social, apesar de necessário em casos específicos, não mostra uma grande
eficácia, uma vez que os jovens quando saem retornam aos mesmos contextos, o que gera uma
grande taxa de reincidência (12).

As lacunas identificadas assentam essencialmente na fraca avaliação e intervenção escolar,


familiar e hospitalar nos problemas de saúde mental antes do contato com o sistema de justiça
juvenil (1); em défices na articulação entre equipas, bem como do rigor científico nas
intervenções implementadas; a escassez de literatura relativa aos procedimentos implementados
nos Centros Educativos de avaliação e intervenção e a ausência de avaliação dos Centros
Educativos nos jovens aquando da sua saída (10).

6
Objetivos

Jovens integrados no Sistema de Justiça Juvenil parecem estar mais vulneráveis ao


desenvolvimento de problemas de saúde mental. O presente projeto de investigação tem como
principal objetivo perceber de que forma o internamento em Centros Educativos se reflete na
saúde mental dos jovens. Para além disso, temos como objetivos:
• Entender em que medida o isolamento social, mediado pela ruminação cognitiva e pela
desregulação emocional, tem um impacto negativo na saúde mental dos jovens;
• Comparar o bem-estar psicológico entre jovens dentro e fora de Centros Educativos;
• Averiguar se jovens a cumprir medida tutelar educativa em regime fechado tendem a
apresentar maiores níveis de ruminação cognitiva e desregulação emocional
comparativamente à população geral (jovens);
• Encontrar uma correlação positiva entre o isolamento e impactos negativos no bem-estar
psicológico em jovens a cumprir medida tutelar educativa, tendo em conta que é esperado
que exista uma correlação mais forte em jovens em regime fechado comparativamente com
os de regime aberto e uma correlação fraca/ nula em jovens não institucionalizados, uma
vez que não se encontram isolados da população e fora do contexto normativo.

Descrição Detalhada

Participantes
O projeto de investigação elaborado pelo nosso grupo visa a recolha de informação de três
grupos distintos: jovens institucionalizados em Centros Educativos em regime aberto, jovens
institucionalizados em Centros Educativos em regime fechados, jovens não institucionalizados
em Centros Educativos.

O número de participantes que pretendemos avaliar é bastante imprevisível, tendo em conta


o contexto, uma vez que a entrada no Centro Educativo não possui uma medida/quantidade
fixa. Contudo, o nosso objetivo é recolher dados de cerca de 75 participantes no total:

a) Jovens entre os 12 e os 16 anos institucionalizados em Centros Educativos, em território


nacional, sob medida tutelar educativa, em regime aberto que, no primeiro momento de
avaliação, não tenham entrado no Centro Educativo há mais de um mês;

7
b) Jovens entre os 12 e os 16 anos institucionalizados em Centros Educativos, em território
nacional, sob medida tutelar educativa, em regime fechado que, no primeiro momento de
avaliação, não tenham entrado no Centro Educativo há mais de um mês;
c) Jovens estudantes entre os 12 e os 16 anos, que não estejam sob medida tutelar educativa
em Centros Educativos, nem nunca tenham estado - este grupo tem uma função
comparativa em relação aos dois grupos mencionados anteriormente;

É considerado critério de exclusão para os três grupos a presença de qualquer doença


patológica diagnosticada.

Desenho da investigação
Este projeto de investigação insere-se num tipo de estudo quantitativo não experimental, de
comparação de grupos. É um estudo longitudinal prospetivo que terá três momentos de
avaliação ao longo de seis meses. Esta análise trimestral tem como objetivo descartar a hipótese
de que os problemas internalizantes e externalizantes dos jovens se devem ao período de
adaptação.

O nosso projeto possui uma variável independente passiva (o isolamento) com três níveis:
regime aberto, regime fechado e não institucionalizados; uma variável dependente (saúde
mental) onde vão ser avaliados possíveis problemas psicossociais. Queremos também averiguar
se esta relação entre a variável independente e dependente pode ser mediada por fatores como
a ruminação cognitiva e a desregulação emocional.

Ruminação
Cognitiva

Bem-estar
Isolamento psicológico

Desregulação
Emocional

Fig. 1 – Modelo Estrutural dos efeitos diretos do isolamento no bem-estar psicológico assim como dos efeitos mediados
pela ruminação cognitiva e pela desregulação emocional

8
Procedimento de recolha de dados

Para o presente projeto de investigação optámos por utilizar três inquéritos de autorresposta
para avaliar jovens entre os 12 e os 16 anos institucionalizados em Centros Educativos, em
território nacional, sob medida tutelar educativa, em regime aberto e fechado, bem como jovens
estudantes na mesma faixa etária, que não estejam nem nunca tenham estado sob medida tutelar
educativa em Centros Educativos. Iremos também proceder à recolha de dados
sociodemográficos, nomeadamente, a idade, o sexo e no caso dos Centros Educativos, o tipo
de regime..

Estes inventários/questionários de autorresposta serão aplicados a todos os grupos, de três


em três meses, num período de sete meses. São dirigidos aos três grupos de participantes do
projeto de investigação com o objetivo de compreender de que forma o isolamento social afeta
os jovens institucionalizados no seu bem-estar psicológico. Os questionários que serão
respondidos no contexto onde os participantes estão inseridos são os seguintes:

Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ):

O questionário de capacidades e dificuldades, construído por Goodman e colaboradores


(1998) é um questionário de autorresposta que pretende recolher informação sobre
comportamentos mal adaptativos em crianças entre os 2 e os 17 anos. É constituído por 25 itens,
divididos por 5 escalas: problemas emocionais, problemas de conduta,
hiperatividade/desatenção, problemas de relacionamento com colegas e comportamento pró-
social. A escala de resposta possui três alternativas (“Não é verdade”, “É um pouco verdade” e
“É muito verdade”) cotadas com 0, 1 ou 2 pontos. Este questionário refere-se aos
acontecimentos dos últimos seis meses. Os estudos de Marzocchi e colaboradores tornaram este
método válido e fiável pois permite avaliar as crianças e jovens de forma rápida e precisa,
contribuindo para a identificação precoce de problemas. (Ver Anexo 1).

Questionário de Autorregulação para Crianças e Adolescentes (ERQ-CA):

A escala de regulação emocional é um instrumento de autorresposta, adaptado por Gullone


e Taffe (2012) que pretende medir de que forma os jovens regulam as suas emoções. É
constituído por 10 itens, divididos em duas subescalas: Reavaliação Cognitiva, constituída por
6 itens e Supressão Emocional, constituída por 4 itens. Os itens são pontuados através duma
escala de Likert que varia entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente). É um

9
instrumento com boa consistência interna para avaliar as estratégias de regulação emocional.
(Ver Anexo 2).

Escala de Ruminação (ERR-10-A)

Instrumento de autorresposta adaptado por Treynor, Gonzalez & Nolen-Hoeksema (2003),


com o objetivo de medir a tendência para a ruminação. É constituído por 10 itens, os quais estão
organizados numa escala de Likert que varia entre 1 (quase nunca) e 4 (quase sempre). É
composto por duas subescalas/fatores: Reflexivo (Reflection) e Cismar (Brooding). O fator
reflexivo da ruminação está associado a menos depressão a longo prazo, mas a mais depressão
a curto prazo, podendo ser efetivamente adaptativo. O fator cismar, por sua vez, está associado
a mais depressão tanto a curto como a longo prazo e, consequentemente, ligado a um lado
menos adaptativo da ruminação. A versão portuguesa do modelo apresenta boas características
psicométricas.

Análise estatística dos dados


Para analisar estatisticamente os dados recolhidos da população em estudo, iremos utilizar
uma análise de correlação de forma a perceber de que forma as variáveis mediadoras
(desregulação emocional e ruminação cognitiva) se correlacionam com o isolamento e o bem-
estar psicológico. Iremos também proceder a uma análise de regressão linear par observar de
que modo o isolamento, assim como a desregulação emocional e a ruminação cognitiva
influenciam os níveis de bem-estar psicológico e uma análise de comparação de médias de
amostras emparelhadas para analisar se existem diferenças estatisticamente significativas nos 3
grupos diferentes.

Considerações éticas
O primeiro passo a realizar para avançar com o projeto de investigação seria a submissão
do projeto à Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra. Após aprovação, avançaríamos com pedido de autorização à
Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), bem como aos diretores dos
Centros Educativos de Vila do Conde, do Porto, de Coimbra e de Lisboa. Pediríamos,

10
igualmente, aprovação por parte da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGE),
assim como aos diretores da escola Básica e Secundária Quinta das Flores e Colégio São
Teotónio, ambas em Coimbra.

Posteriormente, seria entregue aos encarregados de educação dos menores um pedido de


autorização para a participação no estudo e após parecer positivo dos Centros Educativos
avança-se para o início do projeto de investigação, junto dos jovens que estes acolhem. Antes
da implementação dos questionários, os participantes serão informados dos objetivos do estudo,
bem como da importância dos resultados. Para além disso, será assegurada a confidencialidade
dos participantes, bem como dos dados por estes facultados.

Disseminação dos resultados

Dos meios possíveis para divulgar os resultados obtidos perante a comunidade científica
destacamos os seguintes: seminários/congressos e publicação do artigo científico. É igualmente
importante disseminar os resultados para o contexto dos Centros Educativos, nomeadamente a
equipa clínica (psicólogos e psiquiatras), equipa técnica (monitores e professores) e direção do
Centro. Para facilitar o acesso aos resultados pela comunidade geral, estes podiam ser
divulgados em revistas científicas e jornais.

11
Cronograma

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3
Submissão do
projeto à Comissão
X
de Ética da
FPCEUC

Contatar as
instituições para X
recolha de dados

Solicitar
autorizações às
instituições e aos
X
adultos
responsáveis pelos
participantes

Recolha de dados X X X

Análise dos dados X X X X

Redação do artigo
X X X X X X X X X X X X
científico

Comunicação da
X
investigação

Tabela 1 – Cronograma do Projeto de Investigação

12
Bibliografia

1. Benavente, R. (2012). Delinquência juvenil: Da disfunção social à psicopatologia.


Análise Psicológica, 20(4), 637–645.

2. Brazão, N., da Motta, C., & Rijo, D. (2013). From multimodal programs to a new
cognitive – Interpersonal approach in the rehabilitation of offenders. Aggression and
Violent Behavior, 18(6), 636–643.

3. Dias, C. F. (2018). Jovens com psicopatologia a cumprir medidas tutelares


educativas: Estudo exploratório sobre articulação da lei com a saúde mental [Master's
thesis, Universidade Católica Portuguesa]. Repositório Institucional da Universidade
Católica Portuguesa. http://hdl.handle.net/10400.14/30020

4. Haney, C. (2003). Mental health issues in long-term solitary and supermax


confinement. Crime & delinquency, 49 (1) 124-156.

5. Ferreira, C., & Martins, P. C. (2022). Intervenção na saúde mental dos adolescentes
nos centros educativos portugueses – um estudo preliminar. Revista Contexto & Saúde,
22(46), Artigo e13188.

6. Peter Greenwood. (2008). Prevention and Intervention Programs for Juvenile


Offenders. The Future of Children, 18(2), 185–210.

7. Rádio Renascença. (2022, junho, 24). Delinquência juvenil. "Maior parte tem
necessidades de intervenção em saúde mental" - Renascença. Rádio Renascença.

8. Ribeiro da Silva D. Salekin R., Rijo D. (2019). Psychopathic severity profiles: A


latent profile analysis in youth samples with implications for the diagnosis of conduct
disorder. Journal of Criminal Justice, 60, 74-83.

9. Rijo, D., Brazão, N., Barroso, R., da Silva, D. R., Vagos, P., Vieira, A., Lavado, A.,
& Macedo, A. M. (2016). Mental health problems in male young offenders in custodial
versus community based-programs: implications for juvenile justice interventions.
Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health, 10(1).

10. Sousa, A. F. M. B. (2018). A intervenção em centro educativo: fatores de risco e de


proteção e o seu papel na reinserção social [Master's thesis, Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação da Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade
do Porto. https://hdl.handle.net/10216/113357

13
11. Teixeira, A., Silva, E., Tavares, D., & Freire, T. (2014). Portuguese validation of the
Emotion Regulation Questionnaire for Children and Adolescents (ERQ-CA): relations
with self-esteem and life satisfaction. Child Indicators Research, 8(3), 605–621.

12. Underwood, L., & Washington, A. (2016). Mental Illness and Juvenile Offenders.
International Journal of Environmental Research and Public Health, 13(2), 228.
13. Valentine, C. L., Restivo, E. & Wright, K. (2019). Prolonged isolation as a predictor
of mental health for waived juveniles. Journal of offender rehabilitation, 58, (4), 352–
369.

14. Washburn, J. J., Romero, E. G., Welty, L. J., Abram, K. M., Teplin, L. A.,
McClelland, G. M., & Paskar, L. D. (2007). Development of antisocial personality
disorder in detained youths: The predictive value of mental disorders. Journal of
Consulting and Clinical Psychology, 75(2), 221–231.

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Anexos

Anexo 1 – Questionário de Capacidades e Dificuldade (SDQ)

O questionário de capacidades e dificuldades, construído por Goodman e colaboradores


(1998) é um questionário de autorresposta que pretende recolher informação sobre
comportamentos mal adaptativos em crianças entre os 4 e os 17 anos. É constituído por 25 itens,
divididos por 5 escalas: sintomas emocionais (“Fico nervoso/a em situações novas”), problemas
de conduta (“Ando sempre à pancada”), hiperatividade/desatenção (“Geralmente acabo o que
começo”), problemas de relacionamento com colegas (“Os meus colegas geralmente gostam de
mim”) e comportamento pró-social (Gosto de partilhar com os outros”. A escala de resposta
possui três alternativas (“Não é verdade”, “É um pouco verdade” e “É muito verdade”) cotadas
com 0 ou 2 pontos, à exceção da resposta “É um pouco verdade” que é sempre cotada com 1
ponto. A pontuação total das dificuldades é obtida pela soma da pontuação de todas as escalas
à exceção da escala de comportamento pró-social e pode variar entre 0 e 40. Os estudos de
Marzocchi e colaboradores tornaram este método válido e fiável pois permite avaliar as crianças
e jovens de forma rápida e precisa, contribuindo para a identificação precoce de problemas.

Versão Portuguesa – Fleitlich, B., Loureiro, M., Fonseca, A., & Gaspar, M. F. (2005).

Instruções: Encontras a seguir 25 frases. Para cada uma delas marca, com uma cruz, um dos
seguintes quadrados: Não é verdade; É um pouco verdade; É muito verdade. Ajuda-nos muito
se responderes a todas as afirmações o melhor que puderes, mesmo que não tenhas a certeza ou
que a afirmação te pareça estranha. Por favor, responde baseando-te na forma como as coisas
te têm corrido nos últimos seis meses.

Não é É um pouco É muito


verdade verdade verdade

Tento ser simpático/a com as outras pessoas. Preocupo-me


com o que sentem ฀ ฀ ฀

Sou irrequieto/a, não consigo ficar quieto/a muito tempo ฀ ฀ ฀


Tenho muitas dores de cabeça, de barriga ou vómitos ฀ ฀ ฀
Gosto de partilhar com os outros (comida, jogos,
esferográficas, etc.) ฀ ฀ ฀

15
Irrito-me e perco a cabeça muitas vezes ฀ ฀ ฀
Estou quase sempre sozinho/a, jogo sozinho/a. Sou
reservado/a ฀ ฀ ฀

Normalmente faço o que me mandam ฀ ฀ ฀


Preocupo-me muito ฀ ฀ ฀

Gosto de ajudar se alguém está magoado, aborrecido ou


doente ฀ ฀ ฀

Não sossego, estou sempre a mexer as pernas ou as mãos ฀ ฀ ฀


Tenho pelo menos um bom amigo/uma boa amiga ฀ ฀ ฀
Ando sempre à pancada. Consigo obrigar os outros a fazer
o que eu quero ฀ ฀ ฀

Ando muitas vezes triste, desanimado/a ou a chorar ฀ ฀ ฀


Os meus colegas geralmente gostam de mim ฀ ฀ ฀
Estou sempre distraído/a. Tenho dificuldades em
concentrar-me ฀ ฀ ฀

Fico nervoso/a em situações novas. Facilmente fico


inseguro/a ฀ ฀ ฀

Sou simpático/a para os mais pequenos ฀ ฀ ฀


Sou muitas vezes acusado/a de mentir ou enganar ฀ ฀ ฀
As outras crianças ou jovens metem-se comigo, ameaçam-
me ou intimidam-me ฀ ฀ ฀

Gosto de ajudar os outros (pais, professores ou outros


jovens) ฀ ฀ ฀

Penso nas coisas antes de as fazer ฀ ฀ ฀


Tiro coisas que não são minhas, em casa, na escola ou
noutros sítios ฀ ฀ ฀

Dou-me melhor com adultos do que com os da minha idade ฀ ฀ ฀


Tenho muitos medos, assusto-me facilmente ฀ ฀ ฀
Geralmente acabo o que começo. Tenho uma boa atenção ฀ ฀ ฀

16
Anexo 2 – Questionário de Autorregulação para Crianças e Adolescentes (ERQ-CA)

A escala de regulação emocional é um instrumento de autorresposta elaborado, inicialmente


para adultos, por Gross e John (2003) e adaptado para crianças e adolescentes por Gullone e
Taffe (2012), pretende avaliar a utilização de duas estratégias de autorregulação emocional. A
escala para crianças e adolescentes é constituída por 10 itens, divididos em duas subescalas:
Reavaliação Cognitiva, constituída por 6 itens (por exemplo: “Quando estou preocupado/a com
alguma coisa, tento pensar nela de uma forma que me ajude a sentir melhor”) e Supressão
Emocional, constituída por 4 itens (por exemplo: “Eu controlo os meus sentimentos sobre as
coisas, mudando a forma como penso sobre elas”). Os itens são pontuados através duma escala
de Likert que varia entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente). É um instrumento
com boa consistência interna para avaliar as estratégias de regulação emocional.

Instruções: Estas 10 afirmações são sobre como te sentes, e como mostras as tuas emoções e
sentimentos. Algumas das afirmações podem ser parecidas, mas são diferentes em alguns
aspectos importantes. Por favor, lê cada frase e assinala a opção que é mais verdadeira para ti.
Tenta não demorar muito em nenhum dos itens. Não há respostas certas ou erradas, responde
de acordo com o que geralmente sentes.

1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não concordo nem discordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente

Discordo Concordo
totalmente totalmente

Quando me quero sentir mais feliz, penso em algo


1 2 3 4 5
diferente.

Guardo os meus sentimentos para mim próprio/a. 1 2 3 4 5

Quando me quero sentir menos mal (ex. triste,


1 2 3 4 5
zangado/a, preocupado/a), penso em algo diferente.
Quando me sinto feliz, tenho cuidado para não o
1 2 3 4 5
mostrar.

Quando estou preocupado/a com alguma coisa, tento 1 2 3 4 5

17
pensar nela de uma forma que me ajude a sentir
melhor.

Eu controlo os meus sentimentos não os mostrando. 1 2 3 4 5

Quando me quero sentir mais feliz em relação a


1 2 3 4 5
alguma coisa, mudo a forma como penso nela.

Eu controlo os meus sentimentos sobre as coisas,


1 2 3 4 5
mudando a forma como penso sobre elas.
Quando me sinto mal (ex. triste, zangado/a,
preocupado/a), tenho cuidado para não o mostrar 1 2 3 4 5

Quando me quero sentir menos mal (ex. triste,


zangado/a, preocupado/a), em relação a alguma 1 2 3 4 5
coisa, mudo a forma como penso sobre isso.

18
Anexo 3 – Escala de Ruminação (ERR-10-A)

Instrumento de autorresposta inicialmente construído por Nolen-Hoeksema e


colaboradores (1991) com 22 itens, mede a frequência com que os indivíduos tendem a ruminar.
Devido a algumas fragilidades psicométricas, este questionário foi adaptado por Treynor,
Gonzalez & Nolen-Hoeksema (2003) que removeram 12 itens que podiam ser confundidos com
conteúdo depressivo. A nova versão é então constituída por 10 itens, os quais estão organizados
numa escala de Likert que varia entre 1 (quase nunca) e 4 (quase sempre). É composto por duas
subescalas/fatores: Reflexivo (Reflection) que se refere ao esforço pessoal na resolução de
problemas cognitivos de forma a aliviar sintomas negativos e Cismar (Brooding) que reflete
uma comparação passiva do indivíduo da sua situação atual com um padrão desejável. O fator
reflexivo da ruminação está associado a menos depressão a longo prazo, mas a mais depressão
a curto prazo, podendo ser efetivamente adaptativo. O fator cismar, por sua vez, está associado
a mais depressão tanto a curto como a longo prazo e, consequentemente, ligado a um lado
menos adaptativo da ruminação. A versão portuguesa do modelo apresenta boas características
psicométricas, nomeadamente a nível da consistência interna e da fiabilidade.

Versão Portuguesa – Dinis, A., Gouveia, J. P., Duarte, C., & Castro, T. (2011).
Instruções: As pessoas pensam e fazem coisas muito diferentes quando se sentem tristes,
deprimidas ou em baixo. De seguida está apresentada uma lista de possibilidades. Por favor, lê
cada uma das seguintes frases e assinala com um X, usando a escala abaixo, quantas vezes
(quase nunca, às vezes, frequentemente ou quase sempre) pensas ou fazes cada uma das
situações abaixo apresentadas quando te sentes em baixo, triste ou deprimido/a. Por favor,
indica o que geralmente fazes e não o que julgas que deverias fazer nessas situações.

Quando me sinto em baixo, triste ou deprimido(a):

Quase Às Quase
Frequentemente
nunca vezes sempre

Penso: “O que é que eu fiz para merecer isto?” ฀ ฀ ฀ ฀

Analiso situações recentes para tentar


compreender porque é que estou triste ou ฀ ฀ ฀ ฀
deprimido/a.

19
Penso: “Porque é que eu reajo sempre deste
modo?” ฀ ฀ ฀ ฀

Afasto-me sozinho(a) e penso no porquê de me


sentir deste modo. ฀ ฀ ฀ ฀

Escrevo aquilo em que estou a pensar e de seguida


analiso o que escrevi. ฀ ฀ ฀ ฀

Penso acerca de uma situação recente, desejando


que ela tivesse corrido melhor. ฀ ฀ ฀ ฀

Penso: “Porque é que eu tenho problemas que


outras pessoas não têm?” ฀ ฀ ฀ ฀

Penso: “Porque é que eu não consigo lidar melhor


com as coisas?” ฀ ฀ ฀ ฀

Analiso a minha personalidade e tento


compreender porque é que me sinto triste ou ฀ ฀ ฀ ฀
deprimido(a).

Vou para algum sítio onde possa estar sozinho


para pensar sobre os meus sentimentos. ฀ ฀ ฀ ฀

20
Anexo 4 – Declaração de Participação

21

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