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Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó


Professora: Tânia Cazuni Meneghetti
Curso de Fonoaudiologia - Unochapecó
Componente: Motricidade Orofacial

FISSURAS LABIOPALATINAS

RESUMO:As fissuras labiopalatinas são os defeitos congênitos


mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser
humano, atingindo uma criança a cada 650 nascidas,de origem
latina, a palavra “fissura” significa fenda, abertura. A maioria dos
estudos considera as fissuras labiopalatinas como defeitos de não
fusão de estruturas embrionárias;
PALAVRAS-CHAVE: Fissuras labiopalatinas; malformações;
criança; defeitos de não fusão;

Acadêmicas: Edna Karen Block e Sabrina Bernardo

CHAPECÓ-SC, 11 DE NOVEMBRO DE 2023


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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………. 3

2.0 FISSURAS PALATINAS: O QUE É, QUAIS SUAS ESTRUTURAS, FUNÇÕES

AFETADAS E SUAS ALTERAÇÕES/ DESORDENS ESPERADAS…………………............... 3

3.0 TIPOS DE FISSURAS PALATINAS E SUAS ALTERAÇÕES/ DESORDENS ESPERADAS ……… 4

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS ………………………………………………………… 4

4.0 RECURSOS TERAPÊUTICOS..................................................................................................... 7

4.1 ESTRATÉGIAS CONVENCIONAIS………………………………………………………… 7

4.2 ESTRATÉGIAS ALTERNATIVA…………………………..……………………………………8

5.0 CONCLUSÃO ………………………………………………………………………………….. 9


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1.0 INTRODUÇÃO

As fissuras labiopalatinas são os defeitos congênitos mais comuns entre as malformações que afetam a
face do ser humano, atingindo uma criança a cada 650 nascidas, no Brasil, existem 28
estabelecimentos de saúde credenciados no SUS para esse tipo de atendimento. Não há apenas uma
causa para a ocorrência da fissura.As causas das fissuras labiopalatinas podem ser genéticas, ou
seja, caso alguém da família tenha tido o mesmo quadro na infância, as chances são maiores de
incidência. Somado à predisposição genética, os fatores teratogênicos e ambientais podem acelerar
ainda mais o surgimento destas deformidades.
Os fatores ambientais podem ser nutricionais, com a falta de vitaminas e minerais, como também
químicos consumo de drogas, fumo e álcool utilizados pela mãe do bebê durante a gravidez. E hoje,
com o avanço das tecnologias de imaginologia, é possível identificar a ocorrência de fissura por
exames de imagens no período pré-natal, as consequências da fissura labial podem ser diversas na
vida da criança, e vão além da aparência, como a insuficiência velofaríngea que afeta a fala,
dificuldades na alimentação, entre outros desafios.

O primeiro desafio que as crianças têm ao nascer com uma


malformação congênita de fissura labiopalatina é de sofrer
interferências em seu dia-a-dia, o maior é a dificuldade para
alimentar-se, podendo ocasionar desnutrição, anemia,
pneumonia aspirativa e infecções de repetição (RIBEIRO;
MOREIRA, 2005)

Felizmente, o diagnóstico da fenda labiopalatina pode ser feito ainda na gestação, através de um
exame de ultrassom morfológico. A confirmação, pode vir a partir da 22ª semana, por volta de 5
meses e meio, também com um exame de imagem. Após o diagnóstico pré-natal, a gestante será
encaminhada para uma equipe especializada que lhe informará como pode ser feito o tratamento
neonatal e como cada profissional promoverá a reabilitação funcional e da aparência do bebê.

2.0 FISSURAS PALATINAS: O QUE É, QUAIS SUAS ESTRUTURAS E FUNÇÕES


AFETADAS, ALTERAÇÕES OU DESORDENS ESPERADAS?

Nas primeiras semanas de vida do embrião, essas estruturas estão separadas e vão se juntando com o
passar do tempo e ocorre assim, a fusão das proeminências nasais mediais e proeminências dos arcos
zigomáticos, que torna o desenvolvimento da face completo, quando isso não acontece, surgem
algumas aberturas, estas, são chamadas de fissuras.
Ademais, as fissuras são consideradas malformações ou fechamento incompleto que pode ocorrer no
palato duro, palato mole e lábio superior, podendo gerar diversos tipos de fissuras que podem
acometer tanto a fala, alimentação, deglutição e sucção do indivíduo afetado.
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3.0 TIPOS DE FISSURAS PALATINAS.

3.1 Classificação das fissuras:

Cada fissura palatina é classificada de acordo com a localização da malformação.


Ademais, as fissuras podem ser completas ( associada a uma fenda alveolar, onde todo o palato e
lábio podem ser afetados) ou incompletas (afeta apenas uma determinada parte do palato e/ou lábios,
sem abranger o restante).

Imagem de frente:

Imagem das fissuras labiais:

Imagem das fissuras labiopalatinas:


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TABELA DOS NÍVEIS DE AGRAVAMENTO DAS FISSURAS

Através dessa tabela, podemos distinguir as fissuras, percebendo as mais agravantes, as labiopalatinas
são as mais complicadas e perigosas para o bebê, pois o mesmo não terá a capacidade de deglutir, e
não terá a amamentação adequada, pois não tem força, nem o tônus necessário para praticar a pega da
mama, é necessário intervir nesses casos, os procedimentos de correção não são feitos logo após o
parto, é esperando pelo menos três meses após o nascimento para criança passar por cirurgias que
iram corrigir essa deformidade preocupante.

Lábio Alvéolo Palato Duro Palato Mole

Pré-forame + - - -
incompleta
Unilateral ou
Bilateral

Pré-forame + + - -
Completa unilateral
ou bilateral

Pós-forame - - - +
incompleta

Pós-forame completa - - + +

Transforame + + + +
unilateral ou
bilateral
FONTE: AUTOR PRÓPRIO

Para entender ainda melhor nossa tabela


trouxemos essas imagens que vai identi-
ficar cada ponto que pode passar por
alterações.

Fonte: Google Imagens

Spina, 1972; Silva Filho et al 1992


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Como não pode faltar, temos a classificação das fissuras segundo Spina afirma ser:

Pré-forame incisivo:
● Surge na parte do palato primário, afetando alvéolo e lábio.
● Pode ser apenas um sinalzinho vermelho ou até mesmo uma fenda em todo o palato primário
(fissura completa).
● Pode ser classificado em unilateral direita ou esquerda, bilateral ou até mesmo mediana.

Transforame Incisivo:
● Afeta lábio, palato primário e secundário, ou seja envolve toda a estrutura, desde o lábio até a
úvula
● Pode ser classificado em unilateral direita ou esquerda, bilateral ou até mesmo mediana.

Pós-forame incisivo:
● Afeta apenas o palato, mantendo o lábio e alvéolos ileso
● É considerado uma fissura completa quando atinge partes do palato entre o forame incisivo e
úvula e incompleto quando atinge apenas uma parte dessa região

Submucosa:
● Ocorre no palato secundário, podendo afetar a musculatura do palato mole e/ ou tecido ósseo
do palato duro, sem afetar a camada da mucosa.
● Pode ocorrer de forma isolada, relacionada a fissuras do palato primário ou até mesmo
síndromes.

Raras:
● Excessivamente incomum.
● Fissuras que surgem em lugares inesperados, como bochechas, pálpebras, orelhas, nariz e
ossos do crânio e face.
● Não tem um protocolo de tratamento definido.
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4.0 RECURSOS TERAPÊUTICOS

Pessoas com acometimento do palato, tendem a ter uma disfunção velofaríngea (DVF), ou seja, um
escape muito grande de ar, fala anasalada, insuficiência velofaríngea e ações compensatórias durante a
emissão de consoantes oral.
Diante destes fatos, a equipe de profissionais (Médico Clínico, Ortodontista, Médico Cirúrgico e o
Fonoaudiólogo) se reúnen para discutir cada caso e decidir qual a melhor intervenção para
determinado caso, ou seja, se precisa realizar alguma cirurgia como queiloplastia e palatoplastia, é
necessário fazer uma prótese de palato ou obturador faríngeo, intervenção fonoterápica ou outros
recursos.
No entanto, quando a intervenção por cirurgia é realizada em casos onde a musculatura faríngea tem
uma boa movimentação, já nos caso que apresentam hipodinâmica é mais interessante a aplicação de
um obturador faríngeo, que pode ser usado por um determinado tempo ou permanentemente,
juntamente com os recursos da fonoterapia, para ajudar com a produção da fala e respiração correta.
Além disso, quem faz a prótese é o dentista, acompanhado de um profissional fonoaudiólogo para que
ambos consigam avaliar a aderência e se o mesmo está dando um bom resultado para determinado
paciente.
Geralmente as próteses de palato permitem ao indivíduo fazer a separação das cavidades oral e nasal
durante a fala, permitindo também a emissão de ar nasal durante a pronúncia de vogais, consoantes
nasais e durante a respiração. Estes são utilizadas anteriormente aos procedimentos cirúrgicos (geram
um prognóstico melhor para a realização do mesmo), e quando associadas a fonoterapia intensiva bem
realizada, pode promover um melhor fechamento velofaríngeo por conta da boa mobilidade das
paredes faríngeas, resultando em melhoras na fala, favorecendo as condições necessárias para a
intervenção cirúrgica.

Dentro de toda essa intervenção é importante lembrar que há a intervenção de duas estratégias, sendo
elas:

4.1 Estratégias convencionais:

● Obturador faríngeo ou prótese de palato:


O obturador faríngeo ou prótese de palato consiste em um aparelho removível, que possui
uma porção anterior, uma porção intermediária (velar) e uma porção faríngea. A porção
faríngea é uma extensão fixa em direção à rinofaringe, o bulbo faríngeo, cuja função é atuar
dinâmica e funcionalmente em interação com a musculatura da faringe, no controle do fluxo
de ar oronasal. É utilizado quando o palato não apresenta tecido suficiente para a realização
do fechamento do músculo velofaríngeo para a fala, ou ainda, na presença de uma velofaringe
hipodinâmica (Witt et al., 1995; Reisberg, 2004; Pegoraro-Krook, Aferri e Uemeoka, 2009;
Goiato, Santos e Villa, 2010).

● Terapia intensiva: A intervenção consiste em um acompanhamento em conjunto com a


prótese de palato ou sem, onde vai ser analisado o fluxo nasal através do espelho de Glatzel,
escape de ar e se o fluxo está saindo pelo local correto, amostra de fala espontânea,
observação gradativa das modificações de fala e respiração do paciente, além dos exercícios
que servem para estimular a fala, respiração e posicionamento correto da língua, sempre
corrigindo e auxiliando o paciente a perceber sua dificuldade, seja na produção dos sons ou
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na posição da língua. Contudo, conforme o paciente vai sentindo uma melhora, ele acaba se
envolvendo cada vez mais com a terapia, conseguindo resultados ainda mais satisfatórios.

● Fonoterapia:
A fonoterapia voltada a pessoas com fissuras labiopalatinas é muito parecida com com outros casos de
desvios fonéticos e fonológicos, porém analisa muito os comprometimentos das estruturas da face do
paciente.
Por conta disso, o enfoque da terapia sempre vai ser baseado nas questões fisiológicas do indivíduo,
pois às vezes, ele acaba não sentindo tanto a articulação, gerando assim uma descoordenação dos
órgãos envolvidos na fonação.
Ademais, terapia fonoarticulatória voltada a fissuras labiopalatinas tem grande foco nas produção
isolada de fonemas, sejam eles vogais ou consoantes, e quando esses são conquistados, passa-se para a
formação de sílabas, palavras, frases, discursos espontâneos com o mínimo de esforços e pressão no
ponto articulatório.
Geralmente inicia-se a terapia com fonemas anteriores por conta da sua fácil visualização, depois
passava para os surdos, pois não exigem tanta pressão para a sua articulação e por último os plosivos
que exigem maior pressão.
Para a realização da fonoterapia, também pode ser usado pistas visuais, cinestésicas, táteis e auditivas,
assim como as outras
Além disso, a fonoterapia visa buscar mudanças tanto nos aspectos motores, como também nos
cognitivos, mas sempre mantendo o foco na comunicação social do paciente.
Um modelo muito interessante para ser usado com pessoas com fissuras labiopalatinas é o de
Oposições Máximas Modificado que utiliza o contraste de duas palavras que diferem em apenas um
fonema, que se diferenciam em dois ou mais traços distintivos. O propósito desse modelo é mostrar a
função contrastiva dos fonemas, fazendo com que a criança sinta necessidade de reparar o seu erro,
pois suas trocas prejudicam sua comunicação (CERON; KESKE-SOARES, 2007). Este enfatiza
aspectos cognitivos-linguísticos como no caso de fonemas plosivos que são trocados pelo golpe de
glote.

4.2 Estratégias alternativas:


Intervenção cirúrgica:

Queiloplastia
Queiloplastia é uma cirurgia realizada para reconstrução de lábios.
Nos casos de fissuras que acometem os lábios, ocorre o trabalho de uma equipe multidisciplinar, entre
estes profissionais estão o Médico Clínico, Ortodontista, Médico Cirúrgico e o Fonoaudiólogo.
Além disso, a cirurgia é realizada com o paciente com idade de 3 a 6 meses.

Palatoplastia
Neste procedimento, é realizada uma cirurgia para correção do palato nos casos de pacientes com
fissuras que acometem palato duro e mole.
Lembrando que acometimentos do palato podem ocasionar em ronco, apneia do sono, pigarro e
engasgos, por isso a grande importância do procedimento.
Este também envolve a equipe multidisciplinar, composta pelo Médico Clínico, Ortodontista, Médico
Cirúrgico e o Fonoaudiólogo.
Além disso, a cirurgia é realizada com o paciente com idade de 1 ano a 1 ano e 6 meses.
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5.0 CONCLUSÃO

É durante o primeiro atendimento que se faz o diagnóstico da anomalia e se determina quais


serão os profissionais envolvidos, bem como as etapas do tratamento. Essas determinações
ocorrem à luz do conhecimento atual e de acordo com a complexidade da anomalia, além da
presença de síndromes e doenças associadas. Como as alterações anatômicas e funcionais
apresentam a complexidade progressiva, uma vez que podem envolver várias áreas de
atuação, e uma equipe com diferentes profissionais deve estar envolvida. Dentre as alterações
funcionais, caracterizam-se as alterações significativas na fala, devido à voz hipernasal,
comprometimento de estruturas orofaciais e funções de mastigação, sucção e deglutição, e até
alterações na linguagem é de extrema importância a presença de nós fonoaudiólogos para
auxiliar no tratamento do paciente.
É evidente a influência de fatores genéticos e ambientais na ocorrência das fissuras
labiopalatinas, logo, é imprescindível que haja novos estudos e novas descobertas. Dessa
maneira, haverá a possibilidade do auxílio para o aconselhamento genético, ao se descobrir
com antecedência a presença ou não desta entidade. E nos casos confirmados, preparar a
família, assim como identificar os principais fatores de riscos para que sejam evitados.
Apesar dessa condição estar presente em uma parcela significativa da população e apresentar
manifestações que abrangem tanto os aspectos genéticos, embriológicos, anatômicos, clínicos
e sociais, os portadores de fissuras labiopalatinas podem ter hábitos de vida normais.
Devido ao caráter congênito da doença e sua ampla repercussão clínica, o tratamento
interdisciplinar torna-se fundamental. Alguns autores comprovam que somente a abordagem
interdisciplinar proporciona melhorias na qualidade de vida e a integração plena dessas
pessoas à sociedade.
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REFERÊNCIAS

1. Palone MRT, Silva TR, Vargas VPS, Dalben GS. A relação do gene IRF 6 com a
ocorrência de fissura labiopalatina. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba. 2015; 17(2):107 –
108.
2. Girelli K, Dornelles S, Collares MVM, Costa SS. Caracterização do posicionamento e ação
motora de língua em pacientes com fissura labiopalatina em um serviço de referência de Porto
Alegre. Revista da AMRIGS, Porto Alegre. 2013;57(3): 202-207.
3. Nunes LMN, Pereira AC, Queluz DP. Fissuras orais e sua notificação no sistema de
informação: análise da Declaração de Nascido Vivo ( DNV) em Campos dos Goytacazes, Rio de
Janeiro, 1999-2004. Ciência & Saúde Coletiva, 2010; 15(2):345-352.
4. Antunes CL. et al. Planejamento Ortodôntico para Pacientes Portadores de Fissuras
Labiopalatinas: Revisão de Literatura. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde 2014;16(3):239-43.
5. Ozawa TO. Aspectos etiológicos, classificação, etapas e condutas terapêuticas para o
tratamento interdisciplinar das fissuras labiopalatinas. Curso de Anomalias Congênitas
Labiopalatinas. Bauru; 2013.
6.FISSURAS labiopalatinas. Brasil a era, [S. l.], p. 01-509, 13 maio 2013.
7.ANOMALIAS E DEFORMIDADES CRANIOFACIAIS. CHT SAÚDE, [S. l.], p. 01-600, 5
jun. 2018.
9. Harville EW, Wilcox AJ, Lie RT, Abyholm F. Cleft Lip and Palate versus Cleft Lip Only: Are
They Distinct Defects? Am J Epidemiol 2005;162:448–453.
10. Paranaíba LMR et al. Cleft lip and palate: series of unusual clinical cases. Braz J
Otorhinolaryngol. 2010;76(5):649-53.
11. Fogh-andersen P et al. Cleft palate: A genetic and epidemiologic investigation. Clinical
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