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Cirurgia Pediátrica
Desenvolvimento anormal
Há três tipos básicos de anomalia do desenvolvimento que levam a defeitos de
estrutura congênitos.
1) malformação: é uma formação deficiente do tecido (desenvolvimento intrínseco
anormal); por exemplo, a onfalocele, é uma malformação da parede abdominal.
Malformação
Quando ocorre mais de uma malformação, podemos ter uma associação ou uma
seqüência.
Associação: Conjunto de anomalias que costumam estar acompanhadas. Um
exemplo é a associação VATER.
Seqüência: Padrão de anomalias que deriva de uma malformação ou fator
mecânico (“anomalias encadeadas”). Um exemplo é a Seqüencia Robin.
Sequência é um padrão de anomalias encadeadas, que deriva de uma
malformação ou fator mecânico.
Síndrome
O termo síndrome é utilizado quando há um padrão reconhecível de anomalias
que se sabe (ou se pensa) estarem relacionadas a fator causal.
Exemplo de síndromes cromossômicas: Trissomia XXI (Down), Trissomia XVIII
(Edwards), Trissomia XIII (Patau).
Exemplo de síndromes não cromossômicas: Wiedemann-Beckwith (também
denominada EMG: exônfalo, macroglossia, gigantismo); Peutz-Jeghers.
Malformações menores
São as mais comuns.
Exemplos; Apêndice pré-auricular, isoladamente apenas problema estético.
Sinus pré auricular, que pode estar associado a cisto; é pequena
malformação da orelha externa, podendo ser assintomático ou causar processos
infecciosos (abscessos pré-auriculares).
Cisto dermóide: contém material sebáceo, sendo o diagnóstico
diferencial histológico. A localização mais comum de cistos dermóides é no ângulo
externo do supercílio esquerdo. Os cistos dermóides podem ocorrer ao longo da
linha média. Quando esta massa for em crânio ou face, pode ter extensão
intracraniana, necessitando de avaliação com ressonância magnética.
Fissura labiopalatina
A fissura labiopalatina é uma das malformações craniofaciais mais
frequentes, sendo a prevalência estimada de um caso para cada 700 a 1000
nascimentos. Na embriogênese normal, a pré-maxila, que é um componente do
processo frontonasal do embrião (e corresponde ao segmento da gengiva de onde
se originarão os dentes incisivos superiores), se funde com os processos
maxilares, formando o alvéolo (gengiva) e o lábio superior, entre 4 e 6 semanas.
Posteriormente, entre a 8ª e a 12ª semanas, ocorre a fusão completa do palato.
A falha da fusão labial, mais comumente unilateral, pode prejudicar o
fechamento subsequente do palato, o que ocorre em 2/3 dos casos (sendo a
apresentação mais comum). Portanto, considera-se esta combinação de
malformações como Sequência de Fissura Labiopalatina.
Existem vários sistemas de classificação das fissuras. A mais utilizada em
nosso país é a de Spina, modificada por Silva Filho, que é baseada no forame
incisivo como referência anatômica. As fissuras pré-forame incisivo são aquelas
que se situam à frente do forame incisivo, envolvendo lábio e alvéolo de maneira
completa, ou incompleta. As fissuras pós-forame incisivo situam-se posteriormente
ao forame incisivo, de forma completa ou incompleta. As fissuras transforame
incisivo atravessam o forame, sendo, portando, completas, podendo ser unilaterais
(que é a apresentação mais prevalente da fissura labiopalatina)ou bilaterais.
Observa-se, também, a coexistência de fissuras pré-forame com pós-forame,
representando uma forma atenuada da fissura transforme.
Seguimento da Reabilitação
Procedimentos primários:
Sequência Robin
(Pièrre Robin, estomatologista francês, fez a observação original em 1934)
Apresentação Clínica
60% das crianças apresentam a forma pura da seqüência; 40% tem
síndrome associada.
Existe Intensidade variável de obstrução respiratória, geralmente pela
glossoptose.
É comum distúrbio de deglutição, e virtualmente todas as crianças tem
algum grau de desnutrição se não tratadas adequadamente.
Tratamento
Ainda permanece controverso. Na maioria dos centros europeus, e nos
centros brasileiros parceiros de Bauru (Centrinho), é conservador inicialmente,
com sucesso em 85% das crianças. Para a obstrução respiratória, manejo postural
é a primeira medida; se necessário, coloca-se cânula nasofaríngea; não havendo
evolução adequada, 10-15% precisarão de traqueostomia (Distração osteogênica
de mandíbula ainda não foi adequadamente avaliada).
O aleitamento natural é virtualmente impossível, não sendo recomendado
para estas crianças. Pode ser necessário uso de sondas. É sempre recomendada
uma suplementação calórica da dieta.
A palatoplastia é realizada a partir de 1 ano de idade.
Hemangiomas e
Malformações vasculares
Marcas de nascença
• Hemangiomas
• Malformações vasculares
capilares
venosas
linfáticas
arteriais
mistas
Em 1996, e em 2007, foram feitas revisões desta classificação pela Sociedade
Intenacional para o Estudo de Anomalias Vasculares (ISSVA), a partir de
observações subseqüentes.
Hemangiomas
Hemangioma infantil
• Hemangioma
• Arterial anomalies
• Cardiovascular anomalies
• Eye anomalies
Malformações vasculares
Malformações capilares
São malformações planas, de baixo fluxo, mais comuns em cabeça e
pescoço. A maioria é assintomática, podendo ser tratadas com LASER para
descoloração. Um subtipo importante são as manchas em vinho do Porto, que tem
associação com a síndrome de Sturge Weber (quando associada a angiomatose
de leptomeninge), que pode levar a déficit neurológico de evolução progressiva na
infância.
Malformações venosas
São lesões que lembram hemangiomas, e representam 40% das
anomalias vasculares. Elas são relativamente pequenas, estão presentes ao
nascimento, não tem preferência por sexo e crescem junto com a criança até a
puberdade, quando aumentam de tamanho, e não apresentam involução
espontânea. Dependendo da evolução, não necessitam tratamento, ou podem ser
tratadas por compressão, escleroterapia ou ressecção cirúrgica.
Malformações arteriais
São malformações relativamente raras, de alto fluxo, que tendem a formar
fístulas arteriovenosas; as formas clínicas são diversas, e o prognóstico difícil de
estabelecer. Algumas lesões podem ser tratadas por embolização, outras
necessitam intervenções múltiplas, e representam risco potencial de desfecho
fatal.
Malformações linfáticas
Malformações combinadas
As malformações descritas não são necessariamente puras; são conhecidas
diversas formas de combinação dessas malformações. Existem muitas síndromes
relacionadas a essas combinações.
Onfalocele
Defeito de região umbilical, revestido por membrana, pela qual podemos
observar alças, e frequentemente também o fígado. Embora haja
questionamentos quanto ao mecanismo de formação deste defeito, podemos dizer
que seria uma forma de persistência do umbigo fetal, ou seja, uma malformação.
Por este motivo, temos a possibilidade de associação a síndromes ou outra
malformação, o que ocorre em 50% dos casos. Também é comum haver algum
grau de hipoplasia pulmonar pelo tórax pequeno. O tratamento cirúrgico primário
pode se feito em onfaloceles menores; em defeitos gigantes, ou seja, diâmetro
maior que 5 cm, o tratamento cirúrgico tem de ser estagiado.