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SEMANA DA CIRURGIA PLÁSTICA – LACIP UFMT

06 A 10 DE JULHO DE 2020

RESUMO DA AULA 02:

Tema: Fissura Labiopalatina.

Palestrante: Dr. Fabrício Almeida.

Produção do material:

Myrella Zágna Leite do Rêgo,


Aluna de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão.

Contato: (82)98887-3819

Instagram: @my.na.med
I. Fissura labiopalatina: • Há também grande relação com o tabagismo e
etilismo.
A fissura labiopalatina é vulgarmente conhecida como
lábio leporino, porém é um nome bastante pejorativo A fissura palatina é uma lesão que ocorre ainda na vida
e devemos evitar a utilização dessa nomeação. intrauterina, durante a gestação.

A fissura labiopalatina é uma abertura paramediana, Entre a quarta e oitava semana de vida intrauterina
ficando ao lado da linha média. são formados os processos faciais: processo
frontonasal, juntamente com as narinas, processos
II. Epidemiologia da fissura labiopalatina:
maxilares e processos mandibulares. Esses crescem e
A fissura labiopalatina é a anomalia craniofacial mais se unem formando a face completa. Quando existe
comum nos tempos atuais, sendo mais comum na etnia alguma deficiência na fusão desses e processos a
dos índios americanos, o que evidencia o aspecto fissura labiopalatina é formada.
genético dessa lesão.
Quando a fusão dos processos faciais é completa há
Além disso, é mais comum o sexo masculino e também apenas um forame, chamado de forame incisivo
mais comum sendo a fissura palatina no lado esquerdo. encontrado a cerca de 1,5cm atrás dos dentes incisivos
na linha média.
A incidência mundial é de 1/700 nascidos vivos.
Entretanto, quando ocorre uma deficiência nessa fusão
é formada uma fenda/fissura labiopalatina, ocorrendo
de formas diferente.

IV. Classificação de Spina:

É a classificação mais utilizada no Brasil e tem como


referência de classificação o forame incisivo.

III. Etiopatogenia:

A fissura labiopalatina é causada por uma conjunção de


• Pré-forame: quando a fissura acomete apenas
fatores, com causa multifatorial, possuindo os
para frente do forame.
seguintes aspectos:
• Pós-forame: fissura acomete tecidos atrás do
• Genéticos: quando a fissura labiopalatina é forame.
presente na família os descendentes tem uma • Transforame: quando atravessa o forame.
chance maior de vir a ter, cerca de até 7%,
As fissuras podem acometer apenas lábio ou
sendo vários genes envolvidos nessa lesão.
apenas palato, assim como também podem
• Deficiência de ácido fólico e anemia: também
acometer as duas estruturas. Além disso, as
são fatores relacionados a uma maior
fissuras podem ser unilaterais ou bilaterais.
incidência da lesão.
• Entre as drogas, destacam-se:
Corticoides;
Anticonvulsivantes: a fenitoína aumenta em
até 10 vezes a incidência da fissura
labiopalatina;
Isotretinoína.
• Otites médias de repetição – podendo levar a
prejuízos auditivos;
• Desafios sociais e psicológicos.

VI. Tratamento:

O tratamento desse paciente é complexo e desafiador,


exigindo uma equipe multidisciplinar ativa e completa
com: serviço social, psicologia, nutrição, enfermagem,
fonoaudiologia, odontologia, pediatria,
otorrinolaringologia, cirurgia plástica e anestesiologia.

VII. Protocolo de tratamento cirúrgico:

O protocolo envolve 5 cirurgias básicas, mas podem ser


necessárias outras cirurgias, devido à complexidade do
tratamento longo, durando desde o pós natal até a
idade adulta.
Figura acima: interrupção da cinta muscular do orbicular da boca,
sendo uma fissura unilateral. Cirurgias básicas:

• Labioplastia: pode ser realizada a partir dos 3


meses de idade, pois antes dos três meses o
bebê possui uma quantidade grande de
estrógenos maternos e as cartilagens e tecidos
ficam mais edemaciados e maleáveis. A
cirurgia antes do período dos 3 meses pode ter
resultados não ideais.
Regra dos 10: A criança deve ter pelo menos 10
libras (cerca de 4,5 kgs), 10 de hemoglobina e
Figura acima: fissura bilateral, sem musculatura no processo 10 semanas de vida.
central - prolábio.

• Palatoplastia: deve ser realizada a partir dos 12


Figura acima: meses de idade, sendo o período ideal entre os
Figura A: musculatura palatina íntegra. 12 aos 18 meses de idade, devido a aquisição
Figura B: presença da fissura palatina e interrupção da
musculatura.
da fala pela criança.

V. Disfunções causadas pela fissura


labiopalatina:

• Distúrbios da fala;
• Distúrbios da mastigação;
• Distúrbios da deglutição;
• Enxerto ósseo alveolar: se o paciente não tiver
complicações ou intercorrências nos
procedimentos anteriores, prossegue-se para
a cirurgia de enxerto ósseo alveolar.
Realizada entre os 7 e 14 anos, quando o
paciente tende a ter o alinhamento dental,
mesmo sem tratamento ortodôntico o
cirurgião é autorizado a realizar o enxerto
ósseo alveolar.
Esse tratamento requer que o paciente já Ossos foram colocados e a mucosa fechada.
possua dentes permanentes, o que requer um
tempo de espera para realização da cirurgia • Cirurgia ortognática: após 6 meses do
variável, dependendo de cada paciente. procedimento de enxerto ósseo é realizado um
RX para verificação da “pega” do enxerto, ou
seja, se os ossos implantados tiveram uma boa
integração.
A cirurgia ortognática é realizada quando o
crescimento facial já está completo, por volta
dos 16 – 17 anos de idade.
Esse procedimento é sempre realizado após o
tratamento ortodôntico.

O enxerto ósseo pode ser coletado de várias


partes do corpo, como do osso ilíaco.

Mordida classe III: os dentes da arcada


superior mordem um pouco mais atrás da
arcada inferior, necessitando de correção.
Após o tratamento ortodôntico, percebemos
a manutenção da mordida classe III, ou seja,
sem melhora, necessitando da cirurgia.
• Rinoplastia: realizada quando o crescimento
da face está finalizado, entre os 16 anos ou
após a cirurgia ortognática.

Antes e depois do procedimento da cirurgia:

Antes e depois do procedimento de rinoplastia.

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