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Há urbanização quando as taxas de crescimento demográfico no espaço das

cidades são maiores que tais taxas no campo. Certamente o êxodo rural é o
grande responsável pela formação e consolidação do espaço urbano na era
industrial. Em outras palavras, as cidades no mundo contemporâneo se
formaram à medida em que houve saída populacional do campo para as cidades
fabris que nasceram a partir do século XVIII na Inglaterra. No caso, é a
Revolução Industrial o grande fator de desenvolvimento dos espaços urbanos
modernos por causa da atração demográfica ao seio das cidades que
concentrarão trabalho e renda.

Desde o século XVIII, na Inglaterra, e à medida que os espaços e zonas


industriais se espalhavam pelos países, veríamos nascer e crescer espaços
urbanos associados aos parques fabris.

O êxodo rural ocorreu em diferentes momentos e de diferentes modos ao longo


dos últimos dois séculos, em certas regiões do globo esse fenômeno está
ocorrendo hoje.

O êxodo rural em boa medida foi determinado pelo surgimento de espaços


industriais. Na Inglaterra, no curso do século XVIII, houve gradativo fluxo
migratório do campo à cidade quando considerável parcela da população
buscara trabalho na indústria nascente em Londres, em Liverpool ou em
Manchester, já no Brasil o fluxo do campo à cidade se deu fortemente a partir
dos anos 1950 e 1960 quando a população camponesa saía de regiões rurais
do Nordeste brasileiro a fim de trabalhar em fábricas na Zona Leste da capital
paulista ou no Rio de Janeiro, enquanto que em países como o Chade, na África,
ou o Afeganistão, na Ásia, tais fluxos não ocorreram em grandes quantidades
até hoje.

Deriva do exposto acima que há cidades que se desenvolveram lenta e


gradativamente (Londres, Paris ou Detroit) enquanto outras cidades se formaram
muito rapidamente em crescimento significativo e em menor tempo (São Paulo,
Cidade do México ou Johanesburgo). Nos países de industrialização pioneira,
sobretudo Reino Unido, Estados Unidos e França, a urbanização ocorreu de
maneira rápida no final do século XIX, mas hoje caminha mais vagarosamente.
Já nos países em desenvolvimento a urbanização ocorreu especialmente no
pós-Segunda Guerra, de maneira desigual e muito rápida.

O Reino Unido já era predominantemente urbano do final do século XIX, os


Estados Unidos em 1920. O Brasil, entretanto, apenas na década de 1960.

Os Setores de Atividades Econômicas


Os setores de atividades econômicas nos permitem avaliar o quanto a economia
do país ou região é mais complexa e, daí, podemos inferior o grau de
urbanização da região analisada. Em países urbanizados a PEA tende a ocupar
de maneira mais expressiva os setores secundário e terciário da economia, já
em países com maiores populações rurais, evidentemente, a PEA se distribui em
atividades econômicas ligadas ao setor primário.
Setor Primário: atividades econômicas associadas à extração de matéria-prima,
invariavelmente ligadas ao campo e às zonas rurais. Exemplos: agricultura e
pecuária.

Setor Secundário: atividades econômicas associadas à transformação da


matéria-prima em bens de capital ou em bens de consumo. Ocorre na indústria.
Exemplos: indústria têxtil e indústria petroquímica.

Setor Terciário: atividades econômicas associadas à circulação dos bens


oriundos da indústria. Diz respeito às atividades do comércio e de serviços.
Exemplos: serviços de telefonia móvel, serviços de Internet, motoristas via
aplicativo e Shoppings Centers.

O Município & a Cidade


Município e Cidade: apesar de usarmos, muitas vezes, esses conceitos no dia a
dia sem grande distinção, há diferença importante entre cidade e município.

Cidade: a definição de cidade varia de país a país e conforme diferentes autores


sua definição ganhará contornos diferentes. Entretanto, as cidades
contemporâneas apresentam características econômicas muito próprias e
certamente sua população economicamente ativa (PEA) se distribui
maciçamente em atividades econômicas dos setores secundário e terciário. As
cidades apresentam estruturas e funções de comando em relação aos espaços
rurais.

Segundo o critério da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento


Econômico (OCDE) as cidades seriam espaços urbanos que apresentam mais
que 150 habitantes por quilômetro quadrado (150 hab./km²). Neste exemplo
temos um critério meramente quantitativo, tanto quanto os critérios da
Dinamarca ou da Islândia que consideram cidades aqueles espaços que
apresentam 250 habitantes ou 300 habitantes, respectivamente.

Porém, os espaços citadinos podem também ser caracterizados através de


critérios qualitativos. No caso, o predomínio econômico dos setores industriais
ou comerciais junto à população empregada em alguma atividade econômica.

O fato de cidades estarem associadas ao desenvolvimento de atividades


industriais, no mundo contemporâneo, faz com que as cidades em países de
industrialização pioneira (Reino Unido, EUA e França) apresentem-se como
espaços urbanos que se desenvolveram mais lentamente e associadas às fases
da atividade fabril. Entretanto, em lugares onde a industrialização é fenômeno
tardio, as cidades se desenvolveram muito mais velozmente e em muitos casos
é o setor terciário que atrai massas camponesas à cidade. Hoje, a propósito,
uma das características da urbanização acelerada tem resultado na formação de
megacidades em países como Indonésia, Índia ou Nigéria.
Já no Brasil, entretanto, a cidade é definida legalmente pelo IBGE, o qual a define
como distrito sede do município.
Município: sede do poder local. No Brasil os municípios são entes federativos
onde atuam os poderes locais do Executivo e Legislativo, respectivamente na
Prefeitura e Câmara Municipal. No caso, nós poderíamos dizer que os
municípios se expressam como limite territorial administrativo. Além disso, os
municípios, por serem divisões territoriais administrativas, englobam em seu
interior tanto o espaço urbano quanto os espaços rurais. É comum em regiões
metropolitanas o espaço urbano se estender por todo território municipal e, em
casos de metropolização, extrapolar os limites municipais para municípios
vizinhos.

Vejamos os mapas abaixo da Região Metropolitana de São Paulo:

Figura 1. Região Metropolitana de São Paulo. Limites territoriais dos municípios.

O que podemos observar, no mapa acima, são os limites territoriais dos


municípios paulistas que compõem a Região Metropolitana de São Paulo. Para
cada município há uma Câmara Legislativa e uma Prefeitura conforme abordado
acima. Mas quando observamos o espaço urbano (mapa abaixo) conseguimos
constatar que o espaço das cidades ultrapassa os contornos legais e limites
administrativos de cada município. Quer dizer, há expansão territorial do tecido
urbano e crescimento horizontal das cidades. À tal fenômeno damos o nome de
conurbação. Em outras palavras, com a expansão horizontal do espaço urbano
e a junção de duas ou mais cidades, integradas através de importantes vias de
acesso, se transformam num único e grande aglomerado urbano a que
chamaremos de metrópole.
Figura 2. Malha urbana na Região Metropolitana de SP. Imagem de 1986. Foto: Nasa.

Quando analisamos a malha urbana das metrópoles não conseguimos


diferenciar os limites municipais, nem suas fronteiras em virtude do fenômeno da
conurbação.

Figura 3. Conurbação entre São Paulo e Guarulhos. Neste fenômeno duas cidades se integram e se
transformam num mesmo espaço urbano, tal fenômeno é fundamental para formação das metrópoles.
Foto: Éder Diego.

Crescimento das Cidades


O crescimento das cidades, segundo discutido acima, se dá em diferentes
velocidades. Deriva daí, no caso, que há países com maiores taxas de
urbanização que outros. Através da Taxa de Urbanização nós conseguimos
averiguar o nível de urbanização dos países. A Taxa de Urbanização mensura o
crescimento percentual da população que vive nas cidades. É um "indicador que
mede o crescimento percentual da população que vive em núcleos urbanos, em relação à
população total considerado em períodos determinados, geralmente anuais, deduzido dos
períodos intercensuais que se consideram a cada dez anos" (SAHOP, 1978).’’

Apesar de acelerado processo de urbanização a partir dos anos 1950 e do


fenômeno da urbanização ter se espalhado para os países da América Latina,
da África e da Ásia, é só no ano de 2007 que a população absoluta mundial em
espaços urbanos ultrapassou a população que vivia em regiões rurais. A data
especificada pelas projeções da ONU para ultrapassagem foi 23 de maio de
2007. Calcularam que 3.303.992.253 de pessoas viviam nas cidades e que
3.303.866.404 viviam no campo.

Figura 4. Urbanização. Mais pessoas nas cidades que no campo segundo dados da ONU. Os dados a
partir de 2010 são estimados.

Observemos a evolução do espaço urbano em diferentes regiões do globo


conforme a tabela abaixo.

Figura 5. Taxa de Urbanização mundial e por regiões mundiais. Dados do PNUD/ONU.

O que se depreende dos dados da tabela acima é que a maioria das regiões em
2015 apresentavam taxas de urbanização superior aos 50%, exceto o Sul da
Ásia (33,8%) e a África Subsaariana (43,9%).
Ásia e África: são os dois continentes menos urbanizados, exceto na porção
norte africana, a exemplo do Egito, da Líbia e da Tunísia, cujas sociedades de
comércio com a Europa elevaram o êxodo rural. Na Ásia a exceção ocorre nos
países de industrialização recente, a exemplo de Taiwan, Hong Kong e Coréia
do Sul, e em economias petrolíferas do Oriente Médio.

É graças a essas regiões, África e Ásia, que a taxa de urbanização mundial não
ultrapassou a marca dos 50% antes de 2007. A propósito a Ásia Meridional,
assim conhecida, é grande formigueiro humano com países muito populosos, a
exemplo da Índia, Paquistão e Bangladesh. Já o Sudeste Asiático, com
demografia ligeiramente superior aos 50% nos espaços urbanos, também
apresenta países muito populosos, a exemplo da Indonésia.

Europa Ocidental e América do Norte: os países mais ricos tendem a ter, como
se pode constatar com os países da Organização para Cooperação Econômica
e Desenvolvimento (OCDE), elevadas taxas de urbanização já nos anos 1970.
Como podemos constatar na tabela acima, em 1975 a taxa de urbanização
nesses países já era de 69,3%. Estes países são desenvolvidos e apresentaram
urbanização mais lenta. A urbanização dos países ricos da OCDE em 2004 e em
2015 apresentava taxas de urbanização na casa dos 76,8% e 79,4%,
respectivamente. Itália, Áustria e Alemanha, apresentam ao menos 75% de
populações urbanas, mas dispõem de grandes vilarejos com menos de 5 mil
habitantes. Tais vilas são habitats rurais agrupados e nos propõe uma reflexão
quanto à qualidade de sua natureza rural, pois apesar do aspecto paisagístico e
de dados estatísticos a configurarem como zonas rurais, a vida econômica e
cultural da população local se dá em torno de atividades urbanas.

América Latina: a América Latina e o Caribe já apresentavam elevada taxa de


urbanização em 1975. Hoje é a região mais urbanizada do globo.

A urbanização rápida em regiões mais pobres do planeta Terra tende a


desencadear muitos problemas urbanos, a exemplo da favelização e poluição de
lençóis freáticas.

Megacidades e Cidades Globais

As megacidades são grandes aglomerações urbanas cuja demografia excede os


10 milhões de habitantes, este conceito se atribui à cidade ou ao município-sede
com população superior aos 10 milhões de habitantes. Trata-se, conforme se
pode constatar, de conceito meramente quantitativo.

Exemplifique-se, pois, o Rio de Janeiro é um município cuja população é de 6,6


milhões de habitantes aproximadamente, mas a concentração demográfica na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro é de 12,6 milhões de habitantes. Em
outras palavras, é a Metrópole do Rio de Janeiro que constitui uma importante
megacidade porque se somarmos a população das cidades do Rio de Janeiro,
de Niterói, de Duque de Caxias e de Nova Iguaçu etc. teremos, portanto, os 12,6
milhões de habitantes. Saliente-se que o conjunto de municípios da metrópole
carioca perfaz importante zona metropolitana que se constituiu através de
significativo processo de expansão horizontal do espaço urbano. Ou seja, houve
intenso processo conurbação.

Figura 6. Limites Municipais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: EMPLASA.

Veja na imagem de satélite abaixo a grande massa urbana da metrópole carioca:

Figura 7. Malha urbana da região metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: Satélite LANDSAT

Observa no mapa acima fenômeno semelhante ao da formação da metrópole de


São Paulo. Entretanto, quando consideramos a população da cidade de São
Paulo já o temos uma megacidade, isto é, a população da capital paulista excede
a cifra necessária para ser considerada uma megacidade. Só a cidade de São
Paulo apresenta 12,5 milhões de habitantes enquanto a Região Metropolitana
de São Paulo apresenta 22 milhões de habitantes. Dados estimados pelo IBGE
em 2018.

Reitere-se que nesses casos de megacidade se trata de um conceito meramente


quantitativo. Apesar dos exemplos brasileiros de megacidades, tal conceito não
se aplica apenas para a urbanização do Brasil, mas para todos os países.

No caso do Brasil ainda, nós podemos dividir as cidades conforme seus


tamanhos a classificamos em cidades pequenas, cidades médias, cidades
grandes, cidades milionárias e, por fim, megacidades.

No Brasil o IBGE classifica as cidades da seguinte maneira:


Pequenas - até 100 mil habitantes.
Médias - de 100 mil até 500 mil habitantes.
Grandes - de 500 mil até 1 milhão de habitantes.
Milionárias - acima de 1 milhão de habitantes.
Megacidades - acima de 10 milhões de habitantes.

Observemos as megacidades no mundo:

Figura 8. Megacidades no Mundo.

A partir do mapa-múndi, das maiores aglomerações urbanas mundiais, podemos


constatar que tais cidades se distribuem, sobretudo, em países pobres ou em
desenvolvimento. No caso, a maior parte das megacidades se localizam em
países pobres ou em desenvolvimento por causa da característica de sua
urbanização que ocorreu, invariavelmente, de maneira rápida a parir dos anos
1950.

Quando observamos a urbanização na Índia, constatamos que houve


crescimento urbano muito rápido. Apesar de a Índia possuir baixa taxa de
urbanização, há 4 megacidades em seu território, logo é um dos países que
apresentam a maior quantidade de megacidades no mundo. São elas: Nova
Delhi, Mumbai, Calcutá e Bangalore. O outro país que apresenta 4 megacidades
é a China, no caso: Xangai, Pequim, Shenzhen e Guangzhou. As características
de ambos os países são similares no que diz respeito à demografia e à intensa
urbanização nas últimas décadas.
As demais megacidades em países pobres ou em desenvolvimento são Daca,
no Bangladesh, Jacarta, na Indonésia, Manila, nas Filipinas, Cairo, no Egito,
Lagos, na Nigéria, Cidade do México, no México, Buenos Aires na Argentina e
Moscou na Rússia. Além de São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil.

Os únicos países ricos que apresentam megacidades são Japão e Estados


Unidos. Nos Estados Unidos há duas megacidades, Nova Iorque e Los Angeles.
Essas cidades são importantes centro financeiro e tecnológico que atraem
enorme contingente demográfico, tanto de regiões do próprio Estados Unidos,
quanto de países estrangeiros. Aliás, conforme vimos em capítulo sobre
migrações os Estados Unidos têm a maior população de imigrantes do mundo.
A cidade de Tóquio, no Japão, é importante cidade multifuncional e atrai pessoas
de todo o país e de países estrangeiros.

Já as Cidades Globais figuram no topo da hierarquia urbana. Tais cidades são


importantes centros de tomada de decisões, são espécies de nós da economia
globalizada, pois sua influência econômica excede o nível nacional e até
continental. As cidades globais influenciam os fluxos de negócios, os
intercâmbios políticos e as trocas culturais em níveis globais.

As cidades globais são importantes centros financeiros e econômicos na rede de


cidades da economia globalizada. As cidades globais, em 2010, foram
classificadas conforme o grau de importância que exercem na economia
mundial. Foi a rede de pesquisa GaWC (Globalization and World Cities) da
Universidade de Loughborough, da Inglaterra, que fizera esse estudo e
classificou 129 cidades globais nas categorias Alfa, Beta e Gama.

Essas categorias são subdivididas em Alfa ++; Alfa +; Alfa; e Alfa -. Há as


subdivisões em Beta +; Beta; e Beta -; além de Gama +, Gama; e Gama -.

Figura 9. Cidades Globais. Só duas são consideradas alfa ++, Nova Iorque e Londres.
Observemos o mapa global cities

Figura 10. Global Cities. Fonte: GaWC.

Lista das cidades globais


Alfa ++: Londres e Nova York;
Alfa +: Hong Kong, Paris, Singapura, Xangai, Tóquio, Pequim, Sydney e Dubai;
Alfa: Chicago, Mumbai, Milão, Moscou, São Paulo, Frankfurt, Toronto, Los Angeles, Madrid, Cidade do
México, Amsterdã, Kuala Lumpur e Bruxelas;
Alfa –: Seul, Joanesburgo, Buenos Aires, Viena, São Francisco, Istambul, Jacarta, Zurique, Varsóvia,
Washington, Melbourne, Nova Déli, Miami, Barcelona, Bangkok, Boston, Dublin, Taipei, Munique,
Estocolmo, Praga e Atlanta.

Beta +: Índia, Lisboa, Copenhague, Santiago, Dallas, Filadélfia, Atenas, Berlim, Bogotá, Cairo, Düsseldorf,
Hamburgo, Houston, Manila, Montreal, Roma, Tel Aviv e Vancouver.
Beta: Auckland, Beirute, Bucareste, Budapeste, Cidade do Cabo, Caracas, Chennai, Cantão (China),
Cidade de Ho Chi Minh, Carachi, Kiev, Lima, Luxemburgo, Manchester, Mineápolis, Montevidéu, Oslo,
Riade e Seattle.
Beta –: Abu Dhabi, Birmingham, Bratislava, Brisbane, Calcutá, Calgary, Casablanca, Cleveland, Colônia,
Denver, Detroit, Genebra, Cidade da Guatemala, Helsinque, Lagos, Manama, Monterrey, Nicósia, Osaka,
Cidade do Panamá, Perth, Port Louis, Rio de Janeiro, San Diego, San Juan (Porto Rico), Shenzhen, Sófia,
St. Louis e Stuttgart.

Gama +: Adelaide, Amã, Antuérpia, Baltimore, Belgrado, Bristol, Charlotte, Cincinnati, Doha, Edimburgo,
Glasgow, Hanoi, Hyderabad, Jidá, Cidade do Kuwait, Lahore, Nairóbi, Portland, Riga, San José (Costa
Rica), San Jose (EUA), Tunis e Zagreb.
Gama: Almaty, Columbus, Edmonton, Guadalajara, Indianápolis, Kansas City, Leeds, Lyon, Phoenix,
Pittsburgh, Quito, Roterdã, San Salvador, Santo Domingo e São Petersburgo.
Gama –: Acra, Austin, Belfast, Colombo, Curitiba, Durban, George Town, Gotemburgo, Guayaquil,
Islamabad, Ljubljana, Marselha, Milwaukee, Mascate, Nagoya, Orlando, Ottawa, Porto, Porto Alegre,
Pune, Richmond, Southampton, Tallinn, Tegucigalpa, Turim e Wellington (Nova Zelândia).

Fonte: Brasil Escola. Acesso: 04.05.2021.

O Brasil tem 4 cidades globais (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto
Alegre). A mais importante delas, categoria alfa, é São Paulo. São Paulo é uma
das poucas cidades do hemisfério sul considerada global na categoria alfa. A
cidade global é um critério qualitativo, diferentemente das megacidades. As
cidades globais têm importante inserção na economia mundial e funcionam
como nós econômicos na rede da economia globalizada, conforme supracitado.

Nova Iorque: a megacidade, a cidade global e a capital do mundo e centro


financeiro
New York, New York! A esquina do mundo. A Broadway é conhecida como a
encruzilhada do mundo por causa de sua importância e influência na indústria
da cultura e entretenimento.

A cidade de Nova Iorque é uma das megacidades americanas, pois a cidade


homônima possuía (2010) a expressiva demografia de 8,5 milhões de
habitantes, mas sua região metropolitana, em 2013, excedia 21 milhões de
habitantes, a terceira maior aglomeração urbana da América (atrás da Cidade
do México & de São Paulo).

A cidade exerce influência em várias áreas das atividades econômicas mundiais,


desde a moda, ao sistema financeiro até as artes. Localiza-se num importante
porto natural que é fundamental nó econômico para os Estados Unidos, o Porto
de Nova Iorque. É dividida em cinco condados (espécie de municípios): Bronx,
Brooklin, Manhattan, Queens e Staten Island (ver mapa abaixo). Nova Iorque
tem duas importantes bolsas de valores em seu distrito financeiro na ilha de
Manhattan, mais precisamente em Wall Street (Bolsa de Nova Iorque e Nasdaq)
cujas ações influenciam na economia mundial inquestionavelmente, além disso,
sedia a Organização das Nações Unidas.

Ademais, Nova Iorque tem museus de renome internacional como o Metropolitan


Museum of Art que é o maior dos Estados Unidos e seu acervo tem artefatos de
5 milênios. Em Nova Iorque há os museus especializados em arte moderna como
o Museum of Modern Art (MOMA), em Manhattan, e o Guggenheim Museum. O
maior museu de história natural do mundo também fica em Nova Iorque, o
famigerado American Museum of Natural History.

Nova Iorque sedia centros administrativos de grandes corporações


internacionais, importantes universidades (Universidade da Cidade de Nova
Iorque & Universidade de Columbia).

Possui aeroportos internacionais, três importantes, o JFK no Queens, o


Aeroporto Internacional de Newark, em Nova Jérsei, e o aeroporto La Guardia,
também no Queens. Conforme se depreende do exposto até aqui é fácil
constatarmos que Nova Iorque é uma cidade multifuncional e dada a magnitude
de sua infraestrutura é compreensível porque figura no topo das cidades globais.

Figura 11. Os cinco condados de NY. Mapa com os aeroportos da Região Metropolitana de NY.
Metrópoles, fruto da conturbação.
As metrópoles, conforme vimos acima, constituem grandes aglomerações
urbanas resultantes da conturbação. No caso, poderíamos dizer que as
metrópoles são a junção de duas ou mais cidades. O processo de expansão
horizontal do espaço urbano tenderá a formar metrópoles à medida que houver
integração física ou funcional de cidades diferentes. A malha urbana se espraia
no solo das cidades e, junto a cidades vizinhas, vão se transformando numa só.
Há integração no sistema de transportes (rodovias e ferrovias metropolitanas),
nos serviços através de ônibus intermunicipais ou de trens interurbanos.

As metrópoles apresentam densa rede urbana e, economicamente, exercem


influência em outras cidades e regiões. O nível de influência em outras cidades
e regiões variará de acordo com o tamanho da metrópole e sua inserção na
economia regional ou global. Tanto quanto o tamanho das cidades há também o
tamanho das metrópoles em notória hierarquia.

As aglomerações urbanas são perceptíveis do espaço como grandes centros


luminosos à noite, quanto maior a extensão da área luminosa maior a extensão
do espaço urbano.

O continente europeu apresenta algumas das metrópoles mais importantes do


mundo. A Europa ocidental, sobretudo, é um dos espaços urbanizados mais
significativos na superfície da Terra e este fato é fruto do pioneirismo industrial
nesse continente que levou massas consideráveis de populações do campo em
direção às cidades nascentes em intenso êxodo rural desde os séculos XVIII e
XIX.

Alguns exemplos de metrópoles mundiais na Europa são: Paris, na França,


Londres, na Inglaterra. Na Europa há algumas metrópoles continentais como
Roma, na Itália, Viena, na Áustria, Estocolmo, na Suécia, Istambul, na Turquia,
Madri e Barcelona, na Espanha.

Além disso, há o Vale do rio Ruhr, que cruza a Alemanha e os países baixos, o
qual inclui regiões de metrópoles nacionais alemãs como Colônia, Dusseldorf e
Frankfurt, além de Bruxelas e Amsterdã, que são metrópoles nacionais da
Bélgica e Holanda, respectivamente.

Observe o mapa abaixo:


Figura 12. Metrópoles Européias à noite. Foto: NASA.

Há importantes metrópoles no mundo, além das européias. Nos Estados Unidos,


as mais importantes metrópoles são Nova Iorque, Washington e Boston na costa
leste, destacam-se Los Angeles e São Francisco na costa oeste. Ao sul dos
Grandes Lagos há importantes metrópoles associadas à atividade industrial
como Pittsburgh, capital do aço, e Detróit, que já foi conhecida como a capital do
motor, por ser sede de indústrias como a Ford, a Chrysler e a General Motors
(GM), além de Houston e Dallas, no Texas, e Miami, na Flórida.

Na Ásia há as importantes metrópoles no Japão e na China. No Japão se


destacam Tóquio, Nagóia e Osaka. A metrópole de Tóquio é considerada uma
das mais importantes do mundo e compõe, junto com Nova Iorque e Londres, as
três maiores cidades mundiais, além disso Tóquio é importante centro financeiro.

Ao sul de Tóquio há a importante cidade de Yokohama que é a segunda maior


cidade do Japão e está fortemente integrada à capital nipônica através de
ferrovia que data do século XIX, de 1872. À sudoeste de Tóquio há Nagóia que
é importante centro de transportes e indústria automobilística do país com sedes
da Mitsubishi Motors e da Lexus (divisão de veículos de luxo da Toyota),
ademais, Nagóia é importante cidade portuária e aeroportuária, além de
importante cidade religiosa, pois aí se localiza o Santuário Xintoísta Atsuta. Já
Osaka, mais à sudoeste de Nagóia, é o segundo mais importante centro
financeiro do país.
Figura 13. Cidades japonesas.

Megalópoles: junção de duas ou mais metrópoles em grandes concentrações


urbanas constitui as megalópoles.

Os maiores exemplos de megalópoles encontramos nos Estados Unidos e no


Japão. Nos Estados Unidos há três megalópoles: BosWash, ChiPitts e San-San.
Na Europa discute-se a existência de duas megalópoles.

BosWash: concentra as mais importantes cidades dos Estados Unidos,


conhecida como a Megalópole do Nordeste. Se estende desde as regiões
suburbanas de Boston, no estado de Massachusetts, até a capital Washington
D.C. e abrange e integra grandes metrópoles como Philadelphia, na Pensilvânia,
Baltimore, no Maryland, e a grande Nova Iorque. Essa região, em 2010,
concentrava quase 20% da população dos Estados Unidos à época: 53 milhões
de habitantes em apenas 2% da extensão territorial norte-americana.

ChiPitts: megalópole dos Grandes Lagos. População estimada em 50 milhões


de habitantes que se estende das metrópoles de Chicago, em Ilinóis, até
Pittsburgh, na Pensilvânia. A propósito Pittsburgh, conhecida como a capital do
aço conforme supracitado, é a segunda maior cidade da Pensilvânia. No caso, o
estado da Pensilvânia tem duas metrópoles que compõem as duas megalópoles
do manufacturing belt americano. Além disso, ChiPitts abrange as metrópoles
de Cleveland, no Ohio, Detroit, no Michigan, e Toronto, na província de Ontário
no Canadá.

San-San: megalópole norte-americana no estado da Califórnia. Estende-se


desde San Francisco até San Diego e abrange as metrópoles de Los Angelis,
Las Vegas e grandes cidades como a capital Sacramento. A megalópole se
estende, como grande espaço urbano, até Baja Califórnia, no México.
Figura 14. Metrópoles e Megalópoles dos Estados Unidos. 2009.

Tokkaido: no Japão, o conjunto de cidades discutidas acima, constitui a maior


aglomeração urbana da humanidade: a megalópole Tokkaido! O Cinturão do
Pacífico possui mais de 80 milhões de habitantes e o Japão configura uma das
maiores economias do mundo (atualmente só atrás dos EUA e da China).

A megalópole de Tokkaido abrange áreas que se estendem de Tóquio, Nagóia


e Osaka, só a capital possui com 37 milhões de habitantes e constitui a maior
metrópole mundial.

Dorsal Européia ou Banana Azul: grande concentração urbana que se estende


desde a Inglaterra até o norte da Itália. Um dos mais importantes espaços
industriais do mundo que abrange porções territoriais das maiores economias da
Europa.

No coração dessa megalópole, cujo espaço urbano não é contíguo em 100%,


mas fortemente integrado por toda infraestrutura moderna dos sistemas de rede:
transporte, Internet e serviços, há ao menos uma metrópole global (Londres), o
maior porto do continente europeu (Roterdão, na Holanda) e o maior porto do
Mar Mediterrâneo (Gênova, Itália). O porto de Gênova concorre com os portos
de Marselha e Barcelona, ambos na Espanha. Aliás, até 2002 Roterdã figurava
como o porto mais movimentado do mundo, mas ultrapassado por portos
asiáticos, no caso Xangai e Cingapura.

Outrossim, na Dorsal Européia há importantes metrópoles continentais como


Viena, na Áustria, e metrópoles nacionais como Milão, na Itália, Munique, na
Alemanha, Roterdã, na Holanda, e Antuérpia, na Bélgica.
Figura 15. Megalópole Banana Azul. Note que o conjunto de cidades na Europa que perfazem a
megalópole se assemelha a uma ''banana'' no mapa de norte a sul.

As Funções Urbanas: as cidades desempenham atividades econômicas


específicas segundo a perspectiva da divisão econômica do trabalho. Em outras
palavras, as cidades têm funções específicas dentro do espaço urbano de trocas
econômicas e de matérias-primas. Algumas cidades periféricas, em espaços
metropolitanos, são cidades-dormitório porque sua população economicamente
ativa faz todos os dias a migração pendular.

Função Religiosa: Meca, na Arábia Saudita e Bom Jesus da Lapa, no sertão da


Bahia. Essas cidades atraem grande número de fiéis todos os anos em virtude
de seus templos religiosos.

Em Meca estão as duas Mesquitas mais importantes para os muçulmanos e por


causa disso todo ano milhões de fiéis peregrinam para essa cidade (Hajj). O
turismo religioso de Meca é a terceira maior fonte de renda do país, só perde
para a exploração petrolífera e para a indústria petroquímica.

Figura 16. Espaço interno da Mesquita Sagrada (Al-Haram) na Arábia Saudita. Fonte: PIXABAY.
O Santuário de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, fica às margens do Rio São
Francisco e é local de culto e peregrinação desde o século XVII. O Santuário foi
construído no interior da gruta local. Estima-se que a cidade receba 2 milhões
de fiéis por ano. Esse número é bastante significativo se considerarmos que o
município de Bom Jesus da Lapa dista 796 quilômetros de Salvador. Alguns
chamam essa cidade de Meca brasileira.

Há inúmeros exemplos de cidades sagradas de diferentes religiões. Varanasi,


na Índia; a cidade do Vaticano, na Europa; Jerusalém, no Oriente Médio; no
Brasil ainda há Aparecida do Norte em São Paulo.

Função Turística: Veneza, na Itália e Ouro Preto, em Minas Gerais.

Veneza é famosa pelos seus canais e passeios românticos em barquinhos que


atravessam a cidade. As estimativas sugerem que Veneza recebe mais que 50
mil pessoas por dia. A cidade encanta os turistas por causa de sua arte e
arquitetura. Essa cidade é considerada uma das mais belas do mundo. Atrai os
turistas para a Basílica de São Marcos, o Grande Canal e a Praça São Marcos.

Ouro Preto, em Minas Gerais, é uma jóia rara no coração da serra da


Mantiqueira. A literatura do arcadismo brasileiro, bem como o barroco brasileiro
do século XVIII associado à atividade mineradora nos legou uma das cidades
mais bem arquitetadas do Brasil, suas Igrejas e arte atribuída a Antônio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho, atraem turistas do mundo inteiro e de diversas
regiões do Brasil.

Figura 17. Ouro Preto, Minas Gerais. Igreja S. Francisco de Assis, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho. No interior dessa Igreja, no teto da nave central, há a pintura do famigerado Mestre Ataíde,
alguns a chamam de Capela da Cistina do Brasil. Foto: Éder Diego.
A antiga Vila Rica, ex-capital de Minas Gerais, está encrustada em terrenos do
pré-cambriano e sua natureza rochosa possibilitou uma das maiores jazidas
auríferas do mundo moderno. A cidade foi palco de eventos marcantes de nossa
história, a exemplo da Inconfidência Mineira e da execução de Tiradentes. Os
grandes nomes de nossa literatura, Cláudio Manuel da Costa e Thomaz Antônio
Gonzaga, além de inconfidentes, figuram entre nossos maiores poetas.

Não por acaso, a cidade possui muitos títulos dada sua importância histórica. É
considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1980, Patrimônio
Estadual de Minas Gerais desde 1933 e Monumento Nacional desde 1938.

Função Portuária: Roterdã, na Holanda e Vitória, no Espírito Santo. Essas


cidades são importantes para o fluxo de mercadorias no contexto da economia
mundial, funcionam como nós econômicos no tecido do comércio global.
Geralmente essas cidades estão integradas às cidades industriais e grandes
metrópoles.

Função Industrial: Pittsburgh, nos Estados Unidos e São Bernardo do Campo,


em São Paulo. Essas cidades atraem grande fluxo de capital e investimentos por
causa de sua importância econômica e forte concentração de indústrias.

Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA), é considerada a capital do aço. Sua produção


siderúrgica é fundamental para a atividade secundária ao sul dos Grandes
Lagos. Até meados dos anos 1960 essa cidade era o maior polo siderúrgico do
mundo, por isso a alcunha de capital do aço.

São Bernardo do Campo, em São Paulo, é importante polo industrial do Brasil


com grandes montadores de automóveis. É uma das cidades que compõe a
microrregião industrializada do ABC paulista.

São Bernardo sedia filiais do ramo industrial automobilístico desde a década de


1950, estão na cidade a Ford (até 2020), Mercedes-Benz, Toyota, Volkswagen
e Scania, além de importantes fábricas de autopeças.

Função Financeira: Frankfurt, na Alemanha, e São Paulo no Brasil, as cidades


que sediam bolsas de valores possuem economia e turismo fortemente atrelado
às atividades financeiras.

Função Político-Administrativo: cidades capitais de países.

Ottawa no Canadá. No Brasil, Brasília. A sede dos poderes instituídos nos países
se localiza em cidades cuja função é político-administrativo.

Cidades Dormitório: geralmente essas cidades estão em regiões periféricas de


grandes metrópoles. A cidade-mãe, dos espaços metropolitanos, recebe intenso
fluxo migratório diário em busca de trabalho e renda dos municípios vizinhos. A
esse fluxo populacional nós chamamos migração pendular.

Nos Estados Unidos tais cidades são conhecidas como subúrbios, no Brasil são
as periferias das grandes cidades.
Cidades Multifuncionais: as cidades multifuncionais são grandes e têm
significativa diversidade econômica. Sua riqueza não se concentra em uma
atividade econômica apenas, mas em diversos ramos econômicos. Exercem
mais que uma função urbana. Abrigam centros-financeiro, industrial, turístico,
portuário etc.

As grandes metrópoles Nova Iorque (EUA), São Paulo, (Brasil), Londres,


(Inglaterra), e Tóquio, no Japão, são importantes cidades multifuncionais.

Hierarquia Urbana: o nível de importância das cidades é mensurado através de


fatores econômicos e de sua infraestrutura. A partir disso há maior ou menor
importância das cidades e resulta daí níveis de subordinação entre as cidades.

Figura 18. Modelos de Hierarquia Urbana. Clássico & Atual. Observa-se que o
esquema atual evidencia uma espécie de rede urbana (nós econômicos), não
mais uma hierarquia rígida.

Rede Urbana: refere-se à malha urbana e suas relações entre si através de fluxo
de pessoas, capital, bens e serviços, informações etc.

Urbanização no Brasil

No Brasil, conforme visto acima, o IBGE classifica as cidades da seguinte


maneira:
Pequenas: até 100 mil habitantes
Médias: de 100 mil até 500 mil habitantes
Grandes: de 500 mil até 1 milhão de habitantes
Milionárias: acima de 1 milhão de habitantes
Megacidades: acima de 10 milhões de habitantes.

O processo de urbanização no Brasil ocorreu de maneira bastante rápida, tal


processo está intimamente atrelado à industrialização no País a partir dos anos
1930. Basicamente é nos anos 60, do século XX, que o Brasil conhece intenso
êxodo rural por causa da expansão da indústria, e de maneira mais acentuada,
na região Sudeste. Outrossim, a urbanização nacional ocorreu de modo muito
desigual em termos regionais evidenciando concentrações industriais,
demográficas e econômicas.
Taxas de urbanização brasileira segundo dados do IBGE

Figura 19. Evolução na taxa de urbanização do Brasil. Fonte: IBGE.

A urbanização se intensificou no pós-Segunda Guerra em países pobres, a


exemplo do Brasil, mas é a partir da década de 1960, processo que se estende
até a década de 2000, que a urbanização no Brasil dobrou. A propósito, é na
década de 1960 que houve inversão demográfica, ou seja, a população urbana
excedeu, em porcentagem, a população rural.

O Brasil, a partir de 1980, apresenta crescimento nas taxas de urbanização, mas


esse crescimento é percentualmente menor se comparado às décadas
anteriores. Ou seja, houve, a partir de então, desaceleração no processo de
urbanização do País.

Observe na tabela acima que de 1950 para 1960 o crescimento na taxa de


urbanização foi de 9%. Da década de 1960 para 1970 o crescimento foi de 11%.
Já de 1970 para 1980 o crescimento foi de 10%. Da década de 1980 para o
censo de 1991 o crescimento foi de 8% em ligeira desaceleração. Por fim, de
1991 para 2000 o crescimento foi de 7% e de 2000, para o censo de 2010, o
crescimento urbano foi de apenas 3% em evidente desaceleração.

É significativo que a urbanização na última década perdeu força. As cidades que


mais crescem no país, aliás, são as cidades médias.

Urbanização por regiões, segundo estimativas do IBGE:

Figura 20. Urbanização nacional por regiões. Fonte: IBGE.


Nordeste: a região nordeste do Brasil apresenta as menores taxas de
urbanização do País. Em 2010 a região apresentava 73,13%, mas a menor do
país. Além disso, a urbanização na região Nordeste foi a menos acentuada e
ocorreu, portanto, de maneira mais vagarosa. Tal fato é atribuído à concentração
fundiária e ao forte êxodo rural para regiões do Centro-Sul.

Norte: a região é a segunda menos urbanizada no País. A região Norte tem a


menor concentração demográfica nacional e as parcelas populacionais que
vivem na região, habitam em espaços urbanos que elevam as taxas de
urbanização. Destacam-se Manaus, no estado do Amazonas, e Belém, no
estado paraense. O relativo desenvolvimento industrial, nessas cidades, atraiu
populações de outras regiões brasileiras.

Sul: a urbanização na região Sul avançou de maneira mais modesta até meados
da década de 1970. A região Sul do país é marcadamente, ao longo da imigração
européia, agrícola, policultora e em pequenas propriedades.

O norte do Paraná foi importante região de expansão do café e do fluxo


migratório de italianos, ucranianos e japoneses ao Brasil. Os dois estados mais
meridionais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, são marcados pela agricultura
familiar tradicional.

Entretanto, à medida que houve expansão da soja e da agricultura de alto padrão


tecnológico se intensificou a urbanização no sul do país associado ao êxodo rural
e às atividades agrícolas fortemente associadas à agricultura industrial
(agroindústria).

Centro-Oeste: coincide com a construção de Brasília e o avanço das fronteiras


agrícolas o crescente índice demográfico na região Centro-Oeste do país.

A partir dos anos 1970 a expansão agropecuária (agroindústria com alto padrão
tecnológico) em direção ao Cerrado nacional, atraiu grandes fluxos demográficos
que não se fixaram no campo, mas em espaços urbanos por conta da crescente
atividade do setor de comércios e serviços.

Sudeste: os estados de São Paulo e Rio de Janeiro concentram importantes


atividades industriais desde meados do século XX. Além disso, Minas Gerais,
por causa dos pólos mineralógicos, tem significativa taxa de urbanização ligada
às atividades industriais de empresas como a ex-Cia Vale do Rio Doce (hoje
apenas VALE).

A industrialização do Brasil está fortemente associada às cidades paulistas e


cariocas, já a consequente urbanização está intimamente atrelada aos grandes
fluxos migratórios da região Nordeste e Sul que fizeram crescer sobremaneira
as cidades no Sudeste por conta do famigerado êxodo rural brasileiro que se
intensificou na década de 1960.

As Metrópoles no Brasil
A criação de regiões metropolitanas no Brasil se deu através de força de lei,
apesar do conceito da geografia urbana. Ou seja, a conurbação de espaços
urbanizados resulta em grandes aglomerados urbanos que recebem o nome de
metrópole conforme sabemos. Entretanto, no Brasil, o Estado nacional, através
do governo federal, criou as primeiras nove regiões metropolitanas do país em
1973.

No caso, criou-se as regiões metropolitanas das seguintes cidades: São Paulo;


Belo Horizonte; Porto Alegre; Curitiba; Salvador; Recife; Fortaleza; e Belém. Rio
de Janeiro foi transformada em região metropolitana em 1974. Essas cidades
apresentavam, já na década de 1970, elevado grau de urbanização e
importância econômica na rede de cidades do Brasil. Desde então essas cidades
cresceram demograficamente e em importância econômica. Porém, o grau de
integração física e funcional entre elas não era o mesmo.

A partir dos anos 1990 a criação de regiões metropolitanas cresceu


significativamente porque a Constituição Federal, de 1988, delegou aos
governos estaduais a criação de regiões metropolitanas. Uma crítica em relação
à criação de regiões metropolitanas é feita por estudiosos de urbanização no
Brasil, pois a criação legal de regiões metropolitanas não significa que haja
verdadeiramente uma metrópole naquela região.

Hierarquia Urbana no Brasil. Censo 2000 – IBGE


A hierarquia de cidades brasileiras, no ano 2000, apresenatava a seguinte
classificação:

Metrópoles Globais: Rio de Janeiro & São Paulo;


Metrópoles Nacionais: Fortaleza; Recife; Salvador; Curitiba; Porto Alegre;
Goiania e Belo Horozonte;
Metrópoles Regionais: Goiânia; Belém; e Manaus.
Centros Regionais e Subregionais 1 e 2.

Os conceitos importantes da hierarquia urbana


Metrópoles: figuram no topo da hierarquia urbana. São espaços densamente
urbanizados com elevado grau de sofisticação em seu sistema de comércio e
serviços, pois abriga sedes empresariais das mais importantes empresas
transnacionais. Além disso, dispõem de grande rede hoteleira de alto padrão e
grandes hospitais, centros de pesquisas, aeroportos internacionais, sede de
grandes bancos, terciário superior, a exemplo da Av. Paulista etc. Sua influência
se estende por vastas regiões do território nacional.

Centros Regionais: são espaços de referência urbana em escalas regionais e


abrigam importantes universidades, centros de comércio e varejo, shopping
centers e serviços médicos especializados

Centros Sub-regionais: exercem influência local, são espaços urbanos cujo


dinamismo influencia economia local.

Tal hierarquia pode ser analisada no mapa abaixo


Figura 21. Metrópoles do Brasil. 2000, IBGE.

São Paulo e Rio de Janeiro são importantes metrópoles globais, segundo essa
classificação do IBGE. Vele salientar que ambas as metrópoles globais do Brasil
são megacidades, pois possuem populações que excedem os 10 milhões de
habitantes. Ademais, São Paulo é metrópole global categoria alfa e Rio de
Janeiro é metrópole global categoria beta.

Hierarquia Urbana no Brasil. Regic 2007 – IBGE


Segundo o estudo do IBGE sobre a rede urbana nacional e sua influência
econômica no território brasileiro temos que ‘’os 12 principais centros urbanos do
País, com grande porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de
influência direta’’ são os seguintes:

Figura 22.metrópoles nacionais. Fonte: IBGE.

O REGIC é o estudo que o IBGE faz sobre as Regiões de Influências das


Cidades. Tal estude permite configurarmos a rede de cidades do Brasil e
analisarmos seu grau de influência econômica e classificá-las hierarquicamente.
O REGIC de 2007, feito pelo IBGE, reconfigura a hierarquia das cidades
nacionais. Houve alterações significativas quando compadara esta hierarquia
urbana com a do ano 2000.

A metrópole de São Paulo deixou de partilhar com a metrópole do Rio de Janairo


o posto máximo da hierarquia e passou a ser considerada como a única Grande
Metrópole Nacional.

Quando comparamos a importância econômica das duas maiores cidades do


Brasil e suas respectivas áreas metropolitanas notamos considerável diferença
entre ambas (São Paulo e Rio de Janeiro).

Produto Interno Bruto – PIB


A influência econômica que São Paulo exerce, na economia do Brasil, é
notoriamente superior à influência que qualquer outra cidade exerce no país.

A metrópole de São Paulo, no caso, tem um PIB muito superior ao da metrópole


do Rio de Janeiro e certamente parte considerável dos comandos econômicos
nacionais são decididos em São Paulo, haja vista que a Bolsa de Valores do
Brasil se aloja apenas na cidade de São Paulo.

Segundo os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2016, o PIB


brasileiro foi de 6,26 trilhões de reais e só a cidade de São Paulo correspondeu
a 11% do PIB nacional, já a cidade do Rio de janeiro correspondeu a 5,3% do
PIB brasileiro, a cidade de Brasilía correspondeu a 3,8%, Belo Horizonte a 1,4%
e Curitiba a 1,3%. Essa relação proporcional se refere a dados do IBGE para o
ano de 2016 e reflete claramente o quanto a cidade de São Paulo tem uma
economia superior à do Rio de Janeiro. Tais dados sequer consideraram as
cidades das metrópoles, caso fosse certamente a parcela da metrópole paulista
na economia nacional seria muito mais eloquente.

Vôos e Importância Aeroportuária


No ano de 2018, por exemplo, os aeroportos da metrópole de São Paulo
receberam muito mais passageiros que as metrópoles do Rio de Janeiro e
Brasília.

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o número de


passageiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos foi de 41 milhões, já o
Aeroporto de Congonhas, São Paulo, recebeu 21 milhões de passageiros.

Enquanto isso, o número de passageiros no Aeroporto Internacional de Brasília


foi de 17 milhões contra 14 milhões do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no
Rio de Janeiro.

Demografia
Quanto à demografia há uma diferença considerável entre as metrópoles de São
Paulo em relação à metrópole do Rio de Janeiro. A população da metrópole
paulista é de 22 milhões de habitantes contra 12 milhões de habitantes na
metrópole do Rio de Janeiro.
Segundo o estudo sobre a rede urbana:
‘’São Paulo, Grande Metrópole Nacional, tem projeção em todo o País, e sua rede abrange o Estado
de São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do sul de Minas, estendendo-se para Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Concentra, nos municípios que a compõem, cerca de 28,0% da
população brasileira e 40,5% do Produto Interno Bruto PIB de 2005. A alta concentração/primazia se
reflete no PIB per capita, que é de R$ 21,6 mil para São Paulo, e R$ 14,2 mil para os demais
municípios do conjunto.’’ Fonte: IBGE.

Figura 23. Mar de prédios em São Paulo a partir do Mirante do Edifício COPAN. Ao fundo a serra da
Cantareira. Metrópole Global e Megacidade. Foto: Éder Diego.

Rio de Janeiro, decadência?


O fato do Rio de Janeiro ter fechado sua Bolsa de Valores no ano 2000 para
operar somente títulos públicos e em 2002 ter sido incorporada pela B3, que é a
Bolsa de Valores oficial do Brasil e sediada em São Paulo, fez com que a
metrópole caioca perdesse muito em influência no País e tal fato reflete sua
posição de Metrópole Nacional em menor grau de importância se comparada à
Metrópole de São Paulo.

Nas últimas décadas, a cidade do Rio de Janeiro sofreu uma série de reveses
econômicos, seja por causa de sua perda de posição como Capital do Brasil,
seja pela privatização de algumas empresas estatais que têm sede na cidade.

Segundo o estudo sobre a rede urbana:


‘’O Rio de Janeiro, Metrópole nacional, tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo,
em parcela do sul da Bahia, e na Zona da Mata de Minas Gerais, onde divide influência
com Belo Horizonte. Essa rede conta com 11,3% da população do País e 14,4% do PIB
nacional (em 2005). O PIB per capita é da ordem de R$ 15 mil no centro, e R$ 14,8 mil nos
demais municípios da rede.’’ Fonte: IBGE.

Observe o mapa:
Figura 24. Hierarquia urbana do Brasil, 2007. IBGE.

Brasília: Metrópole Nacional!


Brasília exerce grande influência no Brasil, não por causa de sua importância
econômica que é quase nula, mas pelo fato de ser a capital do País. Trata-se da
cidade-capital do Brasil.

Nota: ‘’a Cidade-Capital é sede do poder político dos Estados, nela situa-se o conjunto
de instituições governamentais – administrativos, legislativos e judiciários – que
materializa o poder estatal. Essas instituições regulam a vida política da sociedade em
determinado território.’’ Demétrio Magnoli, 2005.

Segundo o estudo sobre a rede urbana:


‘’A população da rede de Brasília representa 2,5% da população do País e 4,3% do PIB
nacional (em 2005). A extensão dessa rede também é reduzida, compreendendo o oeste
da Bahia, alguns municípios de Goiás e do noroeste de Minas Gerais. Essa rede tem alta
concentração de população e renda no centro, que responde por 72,7% da população e
90,3% do PIB da rede. Entre todas as redes, esta tem o mais alto PIB per capita, R$ 25,3
mil.’’ Fonte: IBGE.

As demais cidades do Brasil, Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte
(MG), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Belém (PA) e
Manaus (AM), figuram como metrópoles. O fato marcante do último REGIC, do
IBGE, é a reconfiguração de nossa hierarquia urbana com três novas
metrópoles. No caso, Campinas (SP), Florianópolis (SC) e Vitória (ES),
passaram a ser compreendidas como metrópoles pelo IBGE.

Megalópole Brasileira: o eixo Rio-São Paulo


Não há conurbação em toda extensão urbana entre as metrópoles do Rio de
Janeiro e São Paulo no Sudeste, mas há forte fluxo de mercadorias, informações
e pessoas envolvendo duas das maiores cidades mundiais e as maiores
nacionais. Configura-se, na região, a megalópole do eixo Rio-São Paulo.
Trata-se da megalópole brasileira, no vale do rio Paraíba do Sul, espaço limitado
fisicamente pela Serra do Mar e pela Serra da Mantiqueira, entre as cidades ‘’à
beira’’ da mais importante rodovia do País, a BR-116. A via Dutra é o mais
importante eixo de circulação econômica do Brasil e interliga as maiores cidades
do Sudeste em notória e crescente integração física e funcional do espaço
urbano-industrial, além de grande densidade demográfica.

No vale do Paraíba estão importantes polos econômicos nacionais. Desde São


Paulo ao Rio de Janeiro, numa distância próxima a 400 km, há importantes polos
industriais como Jacareí (SP) e Guaratinguetá (SP) Resende (RJ) e Barra Mansa
(RJ), além do polo siderúrgico em Volta Redonda (RJ). Ademais, há o tecnopólo
de São José dos Campos e Taubaté, ambos em São Paulo.

Entre a serra do Mar, a leste, e a Serra da Mantiqueira, a oeste, há intervalos


rurais entre espaços conurbados de Jacareí e São José dos Campos, de
Taubaté e Pindamonhangaba, de Guaratinguetá, Lorena e Aparecida do Norte,
todos em São Paulo, e da conurbação entre Volta Redonda e Barra Mansa, no
Rio de Janeiro. Entretanto, a integração entre essas regiões é funcional.

O processo de integração se intensifica também através da ponte aérea entre os


Aeroportos de Congonhas e Guarulhos (SP) e Tom Jobim e Santos Dumont (RJ).

Figura 25. Megalópole brasileira no eixo Rio-São Paulo através de imagem de satélite. Fonte: NASA Earth Observatory
- Earth Observatory, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=31207146

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